domingo, 20 de março de 2011

A bobagem do anti americanismo

Os Estados Unidos, como qualquer outro país, tem suas qualidades e defeitos. Entretanto, parece que é moda, já há algum tempo, xingá-los e acusá-los de culpa de todos os males que afligem a humanidade. É verdade que a política externa americana não ajudou muito; ao contrário, depois do presidente Theodore Roosevelt e sua política do "big stick", tudo que a diplomacia americana fez foi piorar as coisas. Apoiou ditaduras, inventou falsos líderes (como Saddam Hussein), fez guerras em todos os continentes, desenvolveu um anti-comunismo paranóico que destruiu muitas nações e muitas vidas. Tudo isso por medo. 
Os Estados Unidos foram a primeira nação em que o poder se originou realmente do povo e foi construída pelo povo, pedra a pedra, palmo a palmo. A revolução francesa logo se perdeu no bonapartismo e seu império, e, depois,  na restauração do rei. Na luta contra o estado britânico, os colonos americanos tiveram que improvisar um exército e sustentá-lo com as próprias economias de fazendeiros. E a ameaça aos Estados Unidos era percebida sempre como uma ameaça a esse povo e aos seus direitos recém-conquistados, portanto uma ameça à própria democracia. A afirmação desse país se fez pela guerra, primeiro contra os ingleses, depois contra os espanhóis. Depois contra tudo e  contra todos que pudessem representar risco.
Essa postura belicista e internvencionista, aliada a uma economia absolutamente hegemônica, foram os fatores geradores desse sentimento anti americano que, depois de vigorar timidamente nos anos 60, até agora só fez crescer. Uma parte desse sentimento é realmente uma reação ao que os americanos fizeram ou fazem no mundo, mas outra parte tem um travo inequívoco de despeito pelo que eles são e representam. 
Por outro lado, não podemos esquecer que, sem a entrada dos Estados Unidos na Segunda Guerra, talvez a Grã-Bretanha não tivesse conseguido resistir aos alemães e aí a história da humanidade seria diferente. Dá para imaginar o que seria dos semitas (não só os judeus, evidentemente) e da população negra em todo o mundo, se a Alemanha nazista prevalecesse.
A gente, a minha geração, eu inclusive, usávamos xingar os Estados Unidos por se opor aos regimes de Castro, Ho-Chi-Min, Pol Pot do  Khmer Vermelho, Mao, etc.
Hoje sabemos o que Fidel fez na ilha, quantos civis inocentes Pol Pot trucidou no Camboja. Hoje sabemos o que aconteceu na Alemanha Oriental, na Estônia, Ucrânia, Polônia, Hungria, Albânia, etc., durante o domínio comunista. Se não houvesse uma nação militarmente poderosa a se lhes opor, como é que esse regime totalitário por definição, seria impedido de dominar outras nações?
Excessos e erros foram cometidos, mas os Estados Unidos não são uma exceção. A Alemanha cometeu erros ainda maiores. A Rússia idem. Os impérios português, espanhol e britânico cometeram também seus genocídios. A Bélgica tem uma história vergonhosa no Congo. A Holanda tem uma história semelhante na África do Sul. E a França, idem na Argélia. Aliás, foi na Argélia que a França inaugurou a tortura sistemática praticada pelos agentes do estado, como método de combate. Até mesmo o Brasil, país dito pacífico, mas que na Guerra do Paraguai dizimou a população masculina, tem suas manchas históricas.
Portanto não há anjos nem demônios na política internacional. Dirigir nosso ódio a uma nação em particular revela mais de nós mesmos do que deles. Repito, o anti-americanismo tem muito de despeito pela nação rica, poderosa, laica e democrática que eles construíram. Há babacas lá como cá e a Sarah Palin não me deixa mentir. Mas não será hostilizando essa nação que nós conseguiremos elevar a nossa. Precisamos deles como parceiros comerciais (assim como eles precisam de nós) para não ficarmos daqui a  alguns anos, sob o domínio da China. Há alguém desenvolvendo um sentimento antichinês por aí?

quinta-feira, 17 de março de 2011

O retorno do dragão



Charge copiada do excelente Blog Fusca Brasil mostra Delfim Neto quando era o czar da economia nos anos de chumbo da ditadura militar; ou seja, antes de virar "consultor" dos governos do PT. Teremos repeteco?

domingo, 13 de março de 2011

A altivez do Japão

Definitivamente o Japão não é um país de coitadinhos. Pertencendo ao único país que já sofreu um ataque nuclear (duplo!),  o povo japonês não se abateu, como não se abate também agora com essa catástrofe natural.
Isso não quer dizer que seja um povo passivo, que aceita tudo. Ao contrário, durante a Segunda Guerra provaram ser dos mais valentes, capazes dos maiores sacrifícios, até mesmo o de entregar a vida pelo seu país sem pestanejar. Depois da guerra, com o país devastado não ficaram lamentando o sofrimento. Puseram mãos à obra e construíram a segunda (agora terceira por causa da China) economia mundial, com uma população quase igual à do Brasil, mas ocupando um território 22 vezes menor, cheio de ilhas, montanhas e vulcões.
Enquanto isso, nós, República desde 1889, sem sofrer ataques de nenhum país, com um território vastíssimo, o maior manancial de água doce do mundo, a maior floresta, a maior área de terra agricultável, sem falar de outras tantas benesses que se tornaram até lugar-comum, permanecemos deitados em berço esplêndido. 
Enquanto isso,  nós, que reclamamos sem reivindicar;  que queremos direitos de mão beijada sem dar a contrapartida dos deveres, que buscamos privilégios ao invés de cidadania, que temos um cipoal de leis que não cumprimos,  mendigamos tanto, acusamos tanto outras potências de nos explorarem, jogamos tanto a culpa de nossos males nos outros ou no "destino histórico" e nada fazemos para reconstruí-lo, que já fomos conhecidos como o país dos coitadinhos. E continuamos, coletivamente, aceitando tudo que nos é impingido: ineficiência do Estado, burocracia excessiva, tributos escorchantes, corrupção dos agentes públicos, políticos da pior qualidade; e, individualmente, ficamos tentando escapar ou driblar esse estado de coisas mediante a malandragem, sonegação, propinas, ou seja, atitudes em que não se enfrenta e não se  resolve o problema.
Até quando? Até quando vamos permanecer essa nação infantil, incapaz de tomar seu próprio destino nas mãos e construir uma sociedade realmente rica, ou seja, próspera, fraterna, justa, igualitária, republicana? Até quando vamos nos recusar a crescer e enfrentar as dificuldades com altivez e determinação, como está a nos dar o exemplo o povo japonês?
Temos agora um momento histórico excepcional, e "de quebra" um bônus demográfico em que nossa população não é extremamente jovem, nem extremamente velha, ou seja, estamos no auge de nossa capacidade de trabalho e geração de riqueza. Não podemos perder essa oportunidade, mas temo que já estamos atrasados em várias áreas cruciais, em especial na educação. E sem educação, não seremos cidadãos plenos. Sem plena cidadania, não seremos capazes de exigir mudanças e tomar as rédeas do poder soberano, que teoricamente emana do povo. Nossa grande diferença para a nação nipônica está aí: na cidadania plenamente exercida com deveres e direitos sendo respeitados e cumpridos. Portanto, não pedem esmolas, mas ação legítima de governo. E não ficam a esperar, põem as mãos à obra, ajudam-se mutuamente e constroem e reconstroem seu próprio país, tantas e quantas vezes for necessário. Banzai! 万歳  

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