terça-feira, 28 de junho de 2016

BREXIT

Por que é que a saída do Reino Unido da União Européia será o caos? Não concordo com essa tese. A história britânica mostra que eles nunca se sentiram muito confortáveis com relação à Europa em geral. 

Sendo uma ilha, conseguiram manter-se sempre a certa distância do que acontecia no continente. Primeiro foi a Espanha que tentou de todas as maneiras dominar e comandar os britânicos, até que a famosa esquadra de Filipe II, a Invencivel Armada, composta de 130 embarcações,  não conseguiu superar as ações de Sir Francis Drake, um corsário, e naufragou em uma tempestade quando tentava invadir a Ilha.

Foi nesse momento, sob o reinado da outra Elizabeth, que a Inglaterra (e depois o Reino Unido) tomou as rédeas do próprio destino, o que a tornou, mais tarde, um império maior que a própria Espanha.

Desde a união das coroas sob James Stuart (I da Inglaterra e IV da Escócia) até 1973, os britânicos viveram "fora" da Europa. Após a II Guerra, o império, que se desmanchava, criou a Commonwealth, a primeira grande comunidade de nações, que passou a existir sem nenhum vínculo especial com a Europa.

O sonho de uma união europeia foi um sonho muito mais francês que britânico. Isso era, inclusive, o grande plano de Napoleão: unir a Europa, mas deixar os britânicos de fora, contra os quais decretou o Bloqueio Naval, causa indireta da independência do Brasil, como consequência da fuga da família real portuguesa para cá.

Em resumo: a Inglaterra sempre olhou para o Continente com muita desconfiança.  A União Europeía não conseguiu nesses 43 anos, mudar esse estado de espírito. A saída era natural nesse caso, em especial, quando, para os britânicos, o ônus de participar de uma união tão desigual estava se mostrando maior que os bônus. Um exemplo: o sistema de saúde britânico, público e universal e um motivo de orgulho para a nação, estava perdendo recursos para subsidiar o sistema de saúde europeu, leia-se, para subsidiar o sistema de saúde dos gregos. O mesmo se pode dizer das aposentadorias. O Welfare State foi simplesmente demolido. E a imigração, à qual os ingleses já estavam acostumados, dadas as suas relações com a Commomwealth, se tornaram, de repente, um fardo, pois uma coisa é aceitar imigrantes da India ou da Jamaica, que estão culturalmente adaptados aos padrões britânicos. Outra coisa é ter que receber, à força, imigrantes cuja cultura nada tem a ver com a cultura local e ainda podem ser uma ameaça, como ocorreu na França, Bélgica e Holanda. Isso pode parecer egoísta e anti-humanitário, mas essa questão da segurança afeta a todos. Ser humanitário pode ser bonito no papel, mas, quando seu filho pode ser explodido por uma bomba, a coisa muda de figura.

O fato é que a União Européia não conseguiu convencer os britânicos que era melhor ficar. E eles exerceram seu direito de escolha. Respeitemos!

PS- Para o Brasil isso pode ser uma vantagem. É o momento de procuramos acordos comerciais com o Reino Unido.

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