Dá para fazer um estudo sócio-psicológico dos apelidos do pessoal da propina, revelados pela operação Lava Jato.
Começou com o "Brahma", para designar o chefe da quadrilha, o mesmo que, nas planilhas da Odebrecht recebe o codinome de "Amigo". Ficou famoso também o "Feira" e sua mulher "Dona Xepa".
O estudo desses codinomes revela muita coisa, desde a imagem que deles tinham os corruptores, os ativos da relação, até características físicas ou de personalidade exibidas por eles.
Fico pensando: se a adoção de codinomes visava esconder a verdadeira identidade do agente passivo, por que não se adotava um codinome neutro, como XY57A, ou simplesmente um número de matrícula, tal como 007?
A segunda pergunta é: quem seria o criativo responsável pela invenção e adoção desses codinomes? Seria sempre a mesma pessoa? Ou o Departamento de Propinas, oops, Operações Estruturadas, tinha uma divisão que cuidava da atribuição desses apelidos de acordo com certas normas e regras burocráticas?
Acho que essas perguntas ficarão sem resposta, até porque são meras curiosidades socio-piscológicas. Os codinomes só interessam à Lava Jato até serem decifrados. Depois, viram folclore.
A lista é extensa e aqui vão alguns casos mais emblemáticos. O Italiano Antônio Palocci é uma referência óbvia. O Pós-Itália, já exige alguma interpretação, mas fica claro quando se considera que Guido Mantega, também tem origem italiana e sucedeu ao Palocci como ministro da Fazenda.
Feira, codinome de João Santana, é evidentemente uma referência à feira de Santana. Dona Xepa se refere à barganha que se faz com os produtos restantes no final da feira.
Cajú poderia ser referência à cor dos cabelos de algum político, o que dificultaria muito a identificação, mas a referência é mais simples e direta, trata-se apenas de Romero Jucá.
Moch faz referência à famosa mochila onde João Vaccari Neto carregava dinheiro vivo, mas em outras planilhas, ele é identificado simplesmente como JVN.
Proximus é Sérgio cabral, governador do estado, onde está a sede da Petrobras, o alvo da sangria. Escritor é Sarney, membro da Academia Brasileira de Letras e autor de "Marimbondos de Fogo". Rio é Marcelo Nilo.
Atleta é Renan Calheiros, talvez uma referência às suas performances fora do Senado. Nervosinho é Eduardo Paes, o que não deixa de ser uma crítica, assim como Caranguejo atribuído a Eduardo Cunha.
Avião é o codinome da bela deputada pelo PCdoB, Manuela D'Ávila e Lindinho o de Lindbergh Farias. E não deixam de ter uma pitada de humor os codinomes Drácula, para Humberto Costa, Colorido para Fábio Branco e Eva para Adão Vilaverde.
Mais hilário ainda é houve até quem quisesse escolher o próprio apelido. Foi o caso da doleira, Nelma Kodama, que escolheu o codinome Angelina Jolie. Esse seria mesmo um codinome bastante difícil de se relacionar à pessoa. Basta olhar a foto da doleira e cada um conclua por si.
E há outros casos, também mais complicados de se correlacionar, ou mais misteriosos, como Passivo, atribuído a Jacques Wagner. Por quê será? Por outro lado, Gim Argello era identificado como Alcoólico, o que é óbvio demais para quem queria esconder a identidade.
Agora com a liberação dos dados das contas da Suíça, não teremos mais codinomes, mas as verdadeiras identidades dos ladrões de dinheiro público. Perde-se em folclore, mas ganha-se em respeito à coisa pública.
sábado, 22 de outubro de 2016
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