quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Onde é o fundo do poço?

Como se não bastassem todos os fatos desabonadores que vemos quase que diariamente envolvendo figuras públicas do nosso parlamento, tivemos que assistir ontem à posse do reencarnado Jader Barbalho no Senado. E com direito a caretas do filhinho, pimpolho "simpático", que pelo jeito, vai nos fazer caretas também quando crescer, de cima de uma tribuna pública qualquer. Afinal, a função pública nesse país é hereditária, não é? Mas, voltando ao assunto, a nação assiste abestalhada à posse de um político que já tinha sido banido da vida pública por corrupção.
O pior é que o Senado chegou a cogitar fazer o pagamento de 30 mil reais relativos ao mês de dezembro ao senador que "trabalhou" do dia 27 ao dia 28. Voltou atrás, mas ainda assim vamos ter de lhe pagar 4 dias de "trabalho".
É muita desfaçatez, é muita cara-de-pau! Isso só acontece porque vivemos num país sem povo. Aqui os 3 poderes da República parece que se mancomunaram contra a nação e uma nação sem povo não reage, não faz nada!
Sempre quando pensamos que já chegamos ao fundo do poço, as nossas instituições dão um jeito de nos desmentir. Afinal onde será que fica o fundo desse imenso poço de lama chamado Brasil?

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

A pancada no Conselho Nacional de Justiça

O ministro Marco Aurélio de Mello deu liminarmente razão à Associação dos Magistrados retirando atribuições do Conselho Nacional de Justiça, aquele cuja presidente há pouco tempo disse que há no Brasil "bandidos de toga".
É triste pois já temos no país pouquíssimas instituições que cumprem o seu papel e o CNJ é uma dessas poucas, mercê principalmente do trabalho individual, corajoso e ético de sua atual presidente. Assim, depois de tanta luta para se implantar um Conselho tutelar da magistratura, quando esse Conselho começa realmente a funcionar é frustrado em suas atribuições.
O plenário ainda voltará ao tema, mas pelo andar da carruagem, e já dada a primeira pancada, não há muita esperança que a decisão coletiva seja diferente.
Infelizmente essa decisão monocrática não nos espanta. Já podíamos esperar por ela, pois estava se tornando quase escandalosa a grita geral contra o Conselho. A preocupação dos magistrados não é com a corrupção galopante que vai engolfando todos os escalões de todos os poderes da República. Haja vista o caso do mensalão que, depois de 7 anos, ainda não foi a julgamento e possivelmente não irá antes que as penas prescrevam. Longe disso, a grande preocupação que os magistrados indicam ter é com as suas próprias sinecuras e privilégios e quase que só se manifestam para pleitear mais privilégios ou defender a manutenção dos já existentes.
O ministro Mello acrescenta mais um triste capítulo à história do poder judiciário, esse mesmo poder que prima pela ausência e omissão nas horas difíceis e delicadas do país quando a democracia periga e precisa de instituições que a defendam.
Na última vez, na história ainda recente, em que a própria presidente foi participante ativa, o país foi mergulhado em 21 anos de ditadura e onde esteve o Supremo nesse tempo todo? Calou-se diante das prisões arbitrárias, dos assassinatos e da tortura dos cidadãos.

Ainda hoje, depois de décadas de restabelecimento da democracia, o poder judiciário continua distante da nação. Para a massa ignara a imagem que fica é que a Justiça é uma instituição de ricos e poderosos para defender ricos e poderosos. Para a grande parcela do povo é uma isntituição cara e desnecessária. E isso é muito, muito ruim, pois sem esse poder a República e a democracia são coisas impossíveis. E de caudilhos a nossa história anda repleta.

domingo, 4 de dezembro de 2011

Frituras de D.Dilma

D.Dilma, logo após ser eleita, apareceu no programa da Ana Maria Braga tentando fazer uma omelete. Populismo em estado puro para a classe média emergente, mas isso não vem ao caso. Apesar do fiasco à frente do fogão, D.Dilma mostra ser uma excelente cozinheira "no que se refere à questão de" frituras.
Não é nada mais, nada menos, o que ela faz com seus ministros corruptos. Frita-os em praça pública. Assim, quando caem, já estão tão esturricados pelas denúncias, contradições, desmentidos, fotos e vídeos comprometedores, etc., que nem seus próprios correligionários de partido reclamam ou tentam salvá-los. Aliás, naquelas alturas, o partido já quer mesmo se ver livre do ministro antes que o dano à sua (do partido) imagem esteja comprometida de vez. A fritura política é uma atitude covarde de quem não quer, ou não pode, tomar decisões difíceis ou duras.
No caso da "presidenta" isso fica mais flagrante, ou constrangedor (dependendo do ponto de vista), porque ela é tida e havida como sendo uma gerentona ríspida, dura e implacável, que cobra, que exige, que xinga, que esbraveja, que faz até ministros chorarem nas reuniões. Essa, pelo menos, é a imagem que se quer fazer colar à sua pessoa. Se é verdadeira ou é apenas uma imagem marqueteira, não se sabe, mas isso também não interessa. Interessa, sim, a contradição: uma gerentona tipo sargento não teria peias, nem pudores de demitir um auxiliar quando pego com a boca na botija. Por quê Dilma hesita então? Há várias explicações:
1) cálculo político - a fritura atinge o mesmo objetivo preservando a presidente do ato duro e unilateral; mas, todos dizem que Dilma não sabe fazer política, não tem gosto, nem habilidade para tal
2) comprometimento - pode-se, evidentemente, supor que a presidenta, por ter feito parte do governo Lula, possa estar de alguma maneira comprometida com o esquema de corrupção implantado naquele governo. Isso só o tempo revelará, à medida que outros fatos, ou "malfeitos", forem aparecendo.
3) a terceira e última hipótese é a de que ela, de fato, não pode tomar a decisão. Não tendo sido ela quem escolheu o ministro, não tem a autoridade para demití-lo sem que o verdadeiro chefe, ou melhor dizendo governante, concorde.
Qualquer que seja a verdadeira causa das delongas e tergiversações da presidenta em tomar atitude no caso das várias demissões de ministros a que ela foi obrigada, bom para o país não é. Paralisa-se o governo e perde-se um tempo enorme com os jogos de cintura, defesas fajutas, idas e vindas ao Congresso, para no fim chegar-se à decisão que já poderia ter sido tomada várias semanas antes.
Considerando que estamos no início da quadragésima-nona semana de governo, com o sétimo ministro sendo fritado, e supondo uma média de 3 semanas de fritura por ministro, calcula-se que perdemos no país 21 semanas, quase a metade do tempo disponível. Isso sem considerarmos que o ministro Negromonte já está na mira da frigideira, assim como a Ana de Holanda e o Haddad que vai cair sozinho tentando a prefeitura de São Paulo.
E ainda vai haver reforma ministerial em janeiro? Vai faltar torresmo.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Ocupe Wall Street ou Democracia no século 21

Uma frase atribuida a Khrushchev, nos dá uma interessante definição de democracia. Segundo ele, seria “o governo do povo, para o povo e pelo povo, quer o povo queira, quer o povo não queira”. As democracias ocidentais hoje se transformaram mais ou menos nisso. A opinião, os desejos, a vontade do povo nunca se vê refletida nas ações de governo. O povo nao se reconhece nesses governos que estão sempre muito mais preocupados com a banca e com o “mercado“ do que com o bem estar de um simples cidadão comum. Não estou falando de Brasil, estou falando de America e Europa. Esse distanciamento entre o poder de fato (expresso pela “realpolitik”) e o poder nominal, leva a esse desconforto manifesto em movimentos como os de Ocupe Wall Street. Ninguém sabe contra o que estão protestando, mas todos mais ou menos concordam que protestar é preciso.
Outras manifestações desse alheamento são, a meu ver, a despolitização geral, especialmente incômoda quando se dá entre os jovens, e a vida desmotivada e desiludida dos adultos afundados em depressão e somente preocupados com seus problemas pessoais.
Houve uma época em que o sonho ainda não tinha acabado, em que o cinismo e o ceticismo ainda não haviam se infiltrado na alma das gentes. Era a época, criticada por alguns como romântica, das revoluções na porta de casa, da crença de que cada um de nós como indivíduo era único e fazia a diferença.
Posmodernamente, o sonho desfeito jaz no chão do cinismo cotidiano e o gado humano entra e sai dos metrôs como zumbis, alheios a tudo e a todos, já que não fazem mais diferença alguma.
A fé deu lugar às crendices, o amor, ao sexo descomprometido, a amizade, aos interesses, e os vínculos cederam seu espaço à solidão acompanhada. Não admira que o escapismo proporcionado pelas drogas, legais ou não, seja parte integrante da paisagem cotidiana.
De vez em quando alguém estertora seu desânimo vital e sai atirando nos seus semelhantes a troco de nada como se a dizer, «vocês não acreditavam, mas eu sou capaz de fazer alguma diferença!». Grupos neonazistas se reúnem com a atração da crença de que, dentro do grupo, se pertence a "algo maior". O mesmo racioncínio vale para explicar a proliferação das religiões caça-níqueis televisivas.
Enquanto isso, o "sistema", o "mercado", segue sua espiral de fazer mais lucro a qualquer preço, não se importanto com as pessoas, com as leis (eles fazem as leis) nem com o planeta. Enquanto os bancos submetem populações inteiras ao sacrifício do desemprego e do aumento de impostos, recebem dos governos, de graça, bilhões e bilhões de recursos financeiros que dariam para salvar da fome a África inteira. E as pessoas, apesar dos protestos, não tem chance de mudar coisa alguma. Que democracia é essa em que o poder passa longe de quem deveria ser a sua fonte e o seu objetivo? Essa é a "moderna" democracia ocidental quer o povo queira ou não queira.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Estado privado x nação sem povo

O Brasil nunca foi uma nação de fortes vínculos sociais. Nossa sociedade começou constituída por partes estranhas entre si: representantes da metrópole portuguesa, escravos, e uma classe empobrecida de brancos, mulatos e pardos, pequenos proprietários rurais e pequenos comerciantes urbanos, que não se percebiam como elementos de uma só nação. Ninguém queria trabalhar pois o trabalho estava reservado aos escravos, que o faziam por obrigação e sob o chicote. A organização social era zero, cada um por si. O Estado já estava constituído. Era um Estado importado e imposto de cima para baixo, cuja existência tinha o único propósito de arrecadar toda a riqueza que pudesse e levá-la para a matriz, sem qualquer compromisso com o povo que aqui vivia. Isso perpassou todos os séculos 16,17, 18 e 19.
Com a independência e principalmente depois com a República se poderia esperar que a nação tomasse as rédeas do Estado e o submetesse a estar a serviço do povo e não a ser servido por ele. Infelizmente não foi isso o que aconteceu. As oligarquias locais, que antes davam vênias às cortes portuguesas, tomaram conta do butim e fizeram do Estado uma espécie de fazenda particular. Todos os movimentos com a intenção de fazer do Estado realmente uma coisa pública, fracassaram. Essa oligarquia sempre foi "sábia" como a famosa frase de Antônio Carlos de Andrada: façamos a revolução antes que o povo a faça. Ou seja, mudemos para que tudo fique como está.
Assim chegamos ao século XXI e quem vemos no poder? uma ex-guerrilheira, um ex-metalúrgico! , agarrados a eles, a mesma velha oligarquia, agora representada por Sarney, Collor, Temer e companhia; A mesma oligarquia dos velhos tempos, agora aliada ao PCdoB, PDT, PTB, etc., repartindo privadamente a mesma carcaça do Estado.
Dá para entender porque é que nossos problemas nunca se resolvem. Enquanto não alijarmos essa gente e não tornarmos o Estado brasileiro realmente uma coisa pública, nada vai mudar nesse país.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

O câncer da nação

Lula está com câncer. Ponto. Há centenas de outros brasileiros com câncer também exatamente nesse momento e não estão recebendo nem a atenção, nem minimamente o conforto que Lula recebe. Por quê? porque a elas só resta a alternativa do SUS, aquele sistema “quase-perfeito” que Lula lhes deixou. Aquele sistema que Lula queria ensinar ao Obama para que o copiasse. Na rede há muitos comentários desejando que Lula se trate no SUS. Isso tem criado um sentimento de indignação na militância petista. Não entendo porque essa indignação. Lula tornou o SUS e a saúde no Brasil quase perfeitos! Por quê não se trataria lá? Não ia gastar um tostão, nem onerar seu plano de saúde e ainda teria um tratamento muito melhor que o do sírio-libanês, um tratamento quase perfeito. O bom é que nesse tempos de superinformação as coisas acontecem rápido e a velha demagogia agora está sendo pega de calças na mão muito mais cedo. Nosso país também está com câncer! A doença insidiosa que está estrangulando o futuro de milhares de brasileiros, drenando recursos que poderiam ser destinados à saúde e à educação, chama-se CORRUPÇÃO e e´um tipo de câncer social. Instala-se furtivamente sem que o hospedeiro perceba, cresce rápido e espalha-se em metástases por todo o organismo e é muito difícil vencê-lo. Mas esse câncer, sim, tem que ser combatido de imediato, com todas as armas disponíveis, com toda a energia da nação, antes que nos destrua.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Gerentona Eficiente?

E a dona Dilma, hein? Que show! ... de ineficiência. Se a carruagem dela continuar andando nesse ritmo, vai emplacar logo o campeonato de pior governo do Brasil de todos os tempos! Vai bater o recorde do Sarney. O governo Dilma não tem rumo, vai atabalhoadamente tomando decisões aqui e ali sem nexo umas com as outras. Uma demagogiazinha aqui para a classe média, outra ali para os "cumpanhero". E, na maioria das vezes, não toma decisão alguma, é simplesmente atropelada pelos fatos. Isso quando não manda chamar ou telefona para o desencarnado para pedir a benção, ou licença, para mandar mais um ministro pra casa depois de deixar o dito cujo sangrar em praça pública e de declarar-lhe "inteira confiança". Uma hora demite 30 próceres de alto coturno, como no ministério do Turismo, e deixa dizerem que está fazendo uma faxina no governo porque isso "pega bem" com a nova classe média; outra hora, diz que não é bem assim, não vai fazer faxina nenhuma, que os partidos da "base aliada" se acalmem, etcétera e tal... Já sabíamos que não houve e não há plano algum de governo. O negócio é governar para a tal base aliada e deixá-los se locupletar por mais quatro anos. Mas há limites até para a desfaçatez do PT e amigos. Até mesmo para eles há limites. A tal opinião pública, que Lula no seu desvario bonapartista dizia que eram "eles" já começou a se mexer. A opinião pública é lenta e gorda e se mexe devagar. Não somos um povo muito afeito às manifestações de rua que não sejam de comemoração de futebol e carnaval. Gostamos das manifestações alegres. Mesmo assim o povo começa a se mexer. Até mesmo antigos simpatizantes do PT, gente de esquerda sem ser militante, já desistiu de defender essa coisa que aí está. E as ainda pequenas passeatas convocadas pelas redes sociais, que o jornalista governista puxa-saco Paulo Henrique Amorim classificou de multidinha, estão se tornando cada vez mais caudalosas. Até mesmo um povo lesado politicamente, como é o povo brasileiro, um dia acorda e percebe que seu bolso está doendo. Aí, sim, pelo lado do bolso, talvez a consciência desperte e a nação venha às ruas cobrar o que é seu de direito e que lhe está sendo surrupiado às escondidas e às claras mesmo. Então não precisaremos mais de guias, gurus, iluminados, nem mesmo de gerentões ou gerentonas para administrar o que nos pertence e principalmente pertence às gerações vindouras.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

A pátria: Mãe ou madrasta?

Para a maioria dos cidadãos o Estado brasileiro é uma madrasta cruel e impiedosa. Cobra-nos impostos escorchantes e quase nada dá em troca. Na área da saúde é o caos que todos conhecemos. Quem tem um pouco mais de condição financeira paga seu plano de saúde para ter um atendimento melhorzinho e que está ficando também cada vez mais precário. Afinal empresas que administram planos de saúde (para as quais o Estado é uma mãe) tem como objetivo o lucro e portanto sempre que puderem irão tentar diminuir os custos (pagando pouco aos médicos, recusando autorização para exames, etc. etc.). Na verdade, não era para existirem esses planos, se o Estado cumprisse o seu papel de prover a saúde pública com uma rede de ambulatórios e hospitais exemplares, bem equipados, com médicos e demais funcionários bem pagos e cobrados pela qualidade do seu trabalho. Na área da educação o caos ainda é maior, se isso for possível. O que abre espaço para as entidades privadas de ensino (para as quais o estado é uma mãe), cujo objetivo mais um vez é o lucro e não o investimento na educação dos seus "clientes". Saúde e educação não podem ser objeto de lucro. Todo e qualquer investimento em saúde e educação tem que ser a fundo perdido, que perdido não estará, uma vez que um povo educado e saudável é o maior patrimônio de uma nação. Para onde quer que olhemos, vermos o Estado abdicando de suas funções de interesse público e entregando-as a terceiros cujo interesse é obviamente privado. Vejam as rodovias, os portos, os aeroportos: ou são privatizados ou terceirizados ou concedidos a terceiros que dali, daquele patrimônio público, vão obter seus lucros privados e ainda são "financiados" pelo mesmo Estado, via BNDES, como vai acontecer agora com as concessionárias dos aeroportos. Para essas empresas, o Estado é uma mãe gentil. Outro caso é o da indústria automobilística "nacional". Dona Dilma, alegando estar defendendo a manutenção dos empregos locais, resolveu aumentar o IPI dos carros com componentes importados. Para fazer a mesma "defesa" podia ter diminuído o IPI das empresas locais. Seria uma forma mais eficaz de manter os postos de trabalho e ainda propiciar ao povo brasileiro o acesso a carroças um pouco mais baratas, já que as que temos são as mais caras do mundo. Nessa toada vai o Estado cumprindo esse papel espúrio que lhe desenharam: a privatização dos recursos públicos em favor de uma minoria, de uma elite (essa sim) de oligarcas que há séculos vem mantendo esse povo subjugado na ignorância e na pobreza e que agora tem um parceiro novo: os partidos de "esquerda" cujo papel nessa história será o de coonestar a roubalheira histórica e ainda fazer o controle dos movimentos sociais blindando essa oligarquia contra quem pudesse levantar-se contra ela ao defender o interesse público legítimo. Não, os oligarcas estão ao lado do povo. Isso é "provado" com o apoio a Sarney, Collor e outros, dos partidos da base aliada capitaneados pelo PT. Outros filhos queridos do Estado são as ONG's. Entidades que se dizem "sem fins lucrativos e não-governamentais" só vivem à custa do Erário para as quais são destinados pro anos alguns bilhões de reais. Por serem não-governamentais não estão sujeitas ao controle como estão as autarquias e os órgãos da administração pública. Mas os recursos financeiros, ou seja, o din-din, esse tem que sair do nosso bolso. E agora está claro para que servem essas ONG's, em sua maioria, para esconder ou tentar esconder o desvio de dinheiro público. Não há razão alguma para que o estado tenha de sustentar essas ONG's. Se o trabalho que fazem é relevante e necessário (caso da Fundação Butantã por exemplo) que elas sejam transformadas em autarquias e contempladas com verbas oficiais, um orçamento e controles. Se não, que tentem obter recursos de doações particulares! Mas tirem a mão do meu bolso!

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Eu ia comentar o ridículo da nossa presidente na ONU querendo dar lição de moral aos outros povos quando me deparei com esse artigo do brilhante J.R.Guzzo na revista Veja dessa semana. Pronto! Está lá tudo! Não preciso acrescentar mais nada. Leiam, porque é imperdível.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

A vanguarda do atraso

Pois é, Steve Jobs se foi e a Apple não chegou ao Brasil. Todos sabemos porque: o Brasil não é um país amigável aos negócios. 
A burocracia e a carga de impostos em cascata dificultam e emperram a instalação de empresas e a inovação. Jobs seria bem-vindo e benquisto em quase todos os países do mundo, menos aqui e em algumas republiquetas de quinta categoria.
Nosso destino é seguir pagando pelos produtos da Apple o dobro do preço que pagam os americanos e continuar com a internet mais cara do mundo e à velocidade de carroças do século XIX.
Não basta termos uma população iletrada maior que a de muitas nações do mundo, não basta termos as maiores taxas de juros, não basta termos, de novo, a maior inflação, não basta a violência e a corrupção desenfreadas, o crime organizado mais infiltrado no tecido social que as máfias italianas. Não basta. Temos que dificultar ainda mais o progresso do país não democratizando o acesso à tecnologia de ponta.
Dilma foi à China e o anúncio mais pomposo daquela viagem inútil foi que a Foxconn (de Taiwan, diga-se de passagem) iria trazer uma fábrica de iPads para cá e criar 6 mil empregos direto em Jundiaí. De imediato o presidente da Foxconn nos chamou de indolentes e pediu financiamento do BNDES, só 12 bilhões de dólares! Até agora nada aconteceu. E tudo indica que essa fábrica só virá para o Brasil no dia em que "o Sargento Garcia prender o Zorro" como disse a corregedora.
Se a "presidenta" está realmente preocupada com a manutenção dos empregos brasileiros ao ponto de aumentar o IPI dos carros importados, por quê não facilita a vida das empresas que estejam interessadas em criar empregos aqui? Por quê não inicia um programa sério de desburocratização (o que ajuda a combater a corrupção) e de desoneração das empresas, se não de todas, pelo menos das empresas de tecnologia e inovação?
A indústria automobilística, de tecnologia velha, não precisa de proteção uma vez que já recebeu seu investimento de volta várias vezes e não traz nenhum benefício tecnológico para o país. Essa mesma indústria automobilística está gerando cada vez  menos empregos por unidade produzida, porque pode substituir pessoas por robôs muito facilmente na linha de montagem.
Outro ramo econômico protegido no Brasil são os bancos. Esses não criam tecnologia alguma e também vão reduzindo o emprego de mão de obra, uma vez que agora somos nós, os usuários, que fazemos o grosso do trabalho de varejo.
Sendo assim só nos resta exportar commodities, que a natureza generosamente nos dotou, e esperar que o seu preço possa compensar todo o "custo Brasil" de burocracia e desperdício que inevitavelmente são exportados junto.
Exportamos nossas riquezas para sobreviver e como tem pouco valor agregado nossa mão de obra é parcamente remunerada e nada de novo em conhecimento e avanço tecnológico fica por aqui.
Enquanto isso, outros países, como Taiwan, Coréia, Singapura e mesmo a China, recebem fábricas de produtos de alto valor agregado e se desenvolvem. Para onde vai a riqueza?

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Discurso ultrapassado

O presidente Obama foi direto ao ponto: se os palestinos querem a paz com Israel, que façam-na. Fazer a paz dá trabalho e não se consegue com blá-blá-blá, mas com ações efetivas nesse sentido. 
Na verdade o que a  autoridade palestina ou o Hamas querem é a manutenção do "status quo",  por que é isso que os justifica; e jogam a culpa por não fazerem a paz, em cima de Israel e dos Estados Unidos, que isso é fácil. Estão pouco se lixando para o sofrimento de sua população. São "políticos"!
A nossa presidenta entretanto, desfiou na ONU o mesmo rosário terceiro-mundista, bolorento, datado, velho e ultrapassado. Por essa arenga, a paz tem que ser feita só por um lado, o lado do "imperialismo". O outro, o dos coitadinhos, fica deitado na areia esperando Israel abaixar a cabeça e submeter-se inteiramente às suas exigências que incluem Jerusalém, etc. etc. Mesmo assim nada garante que vão se decidir pela paz e abandonar o projeto da extinção do Estado judeu.


Até os cisnes do Itamaraty sabem que isso jamais vai acontecer. Para os nossos diplomatas (que já foram bons nisso) o fato de que esse discurso nada têm a ver com a vida real não importa. Porém, se para eles tudo é apenas uma questão de marketing político, para Israel é uma questão de sobrevivência e só quem teve sua existência física ameaçada por séculos de intolerância e horror pode avaliar o valor de é ter um Estado que os proteja. 
Israel jamais vai abandonar a defesa de seu povo e a promessa dos sobrevieventes do holocausto foi: Nunca mais! Nunca mais o povo judeu vai se entregar inerme à sanha de assassinos de plantão.


O povo árabe pode viver bem e em paz. Com a riqueza do petróleo era para as nações do oriente, ajudando-se mutuamente, estarem em posição de vanguarda social e econômica, mas infelizmente, governadas por títeres e ditadores ainda não conseguiram sair do estado de pobreza, ignorância e miséria. Tenho a esperança que a primavera árabe seja duradoura e vire o jogo para fazer desses povos, nações prósperas e felizes que possam viver em paz com seus primos e irmãos.


No dia em que o progresso social e econômico chegar aos povos árabes essa luta contra Israel, ou contra quem quer que seja, perderá o sentido: povos ricos, bem alimentados e bem educados não querem fazer a guerra.


Mas não será um palavreado terceiro-mundista que fará esse milagre. Nem a intervenção de nenhuma nação do ocidente o fará, como nunca fez. Só quem pode produzir no mundo árabe essa transformação libertadora é seu próprio povo, como parece que está começando a fazer. Salam aaleik!

terça-feira, 20 de setembro de 2011

E agora essa do IPI...

Dizem na roça que "em tempo de chuva todo sinal é de chuva". No governo do Brasil, tudo que acontece é motivo para aumentar imposto. O governo Dilma dá sinais contraditórios não somente na política, mas também na economia. Há pouco tempo a presidenta dizia-se preocupada com a crise econômica e o risco de contágio à economia brasileira. Queria estimular o povo a consumir, tanto que resolveu impor ao Banco Central o corte na taxa de juros, passando, como um trator, por cima de qualquer veleidade de autonomia dessa instituição. Preocupava-se também, dizia a presidenta, com a competitividade das empresas brasileiras frente às importações em virtude da nossa moeda fortalecida. Pois bem, justo agora que nossa moeda perdeu em 49 dias (de 25/07 a 11/09) cerca de 18% em valor frente ao dólar, D. Dilma resolve aumentar o IPI sobre carros com componentes importados. O discurso é, como sempre, "proteger a indústria nacional", como se o Brasil só produzisse carros. E os calçados, a indústria têxtil, de brinquedos, eletrodomésticos, eletrônicos e quinquilharias em geral, que são muito mais afetados pelas importações da China? Não merecem a atenção presidencial, nem proteção? Não dão empregos? Não pagam impostos? Pois a poderosa indústria automobilística "nacional" - que lá fora produz veículos de boa qualidade e de preços muito mais baixos e aqui as carroças conhecidas de sempre - segundo a presidenta e seu assecla, digo assessor, o ministro da economia, precisa de proteção "tadinha" pois não consegue concorrer com os carros coreanos e agora também os chineses que chegam por aqui. Segundo o discurso oficial estão protegendo os empregos no Brasil exatamente quando temos uma das mais baixas taxas de desemprego históricas. E o povo, como fica? Vai pagar mais esse imposto indireto se quiser comprar um veículo com mais conforto ou mais segurança do que lhes é oferecido pelas montadoras multinacionais estabelecidas aqui. Por outro lado, as montadoras estão com sorrisos até as orelhas. Suas "filiais" brasileiras já eram as que mais davam lucro entre as unidades espalhadas pelo mundo. Agora, sem a concorrência externa, dificultada pelo imposto adicional de 35%, além das pesadas taxas de importação e da recente desvalorização cambial, as montadoras locais vão espertamente aumentar também os seus preços (oferecendo, é obvio, as mesmas porcarias). O governo ganha dos dois lados pois com o aumento dos preços aumenta a arrecadação de IPI, PIS, COFINS e ICMS dos automóveis produzidos aqui. E nós ficamos acachapados, pagando mais tributos e sem possibilidade de escolha, como sempre. Quousque tandem, Catilina, abutere patientia nostra! Até quando, Catilina, abusarás da nossa paciência!

sábado, 20 de agosto de 2011

Faxina mal feita

Sabe aquele caso da faxineira que você contrata para limpar a sua casa e ela sempre vai quando você está fora, no trabalho, e aí você um dia descobre que a faxineira só fingia que limpava, quando, na verdade, escondia toda a sujeira debaixo dos tapetes?
Pois a presidenta Dilma está fazendo exatamente tal e qual a faxineira malandra. Finge que está fazendo uma devassa e extirpando a corrupção do governo quando na verdade ela, durante o governo Lula, conviveu com essa gente toda e com todo esse "esquema" sem abrir o bico. E ainda aceitou como ministros todos esses que agora demite como se tivesse sido traída ou pega de surpresa.
Se, como presidenta, quisesse fazer mesmo uma devassa, seria muito fácil: mandasse investigar os ministérios mais suspeitos e levantasse ela própria os dados para tomar as decisões. Ferramentas institucionais apropriadas estão disponíveis, afinal é para isso que devem servir os arapongas da Abin!
Mas, não, a presidenta é pautada pelos fatos: ou são revelações da imprensa ou são prisões efetuadas pela própria Polícia Federal no cumprimento de suas atribuições. Quando fica impossível ignorar a sujeira ela pega da vassoura. Só e somente só.
Isso significa que a tal faxina nada mais é que uma estratégia de marketing; é um jogo para a torcida; não é para valer e os corruptos sabem disso. Só não podem se deixar flagrar. Se conseguirem roubar no anonimato, sem serem descobertos pela imprensa ou pela polícia, podem continuar em paz que não serão molestados.
Até que um dia, o dono da casa - o povo - talvez acorde e perceba que está pagando a faxineira, mas a casa está ficando cada vez mais suja.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

O Brasil já está falido

Uma obra na BR-040 em Minas Gerais, o viaduto Márcio Rocha, erguido em substituição ao traiçoeiro e mortal Viaduto das Almas é um exemplo da falência do Estado brasileiro. Demorou 12 anos para ser construído! Só na sétima data de inauguração foi realmente aberto ao público. E custou 60 milhões de reais ao invés dos 33 milhões previstos inicialmente.
Para um projeto tão minucioso e demorado e uma construção tão lenta e cara, o viaduto é simplesmente uma decepção. A começar pelas suas duas entradas, em curva! Esse viaduto veio para substituir uma pinguela em curva ao final de duas baixadas e que matou mais de 50 pessoas durante sua famigerada vida útil. Mas, as curvas traiçoeiras lá estão, justo nas entradas da ponte.
As pistas de acesso, nos dois sentidos, estreitam-se abruptamente. Caminhões que descem a pista no sentido Rio-BH são obrigados a se embolar nessa parte da pista ou fugir para o acostamento. Logo depois desse ponto há um barranco que tira toda a visão depois da curva, portanto o veículo que estiver no acostamento corre o risco de ser atropelado por um outro na descida que tenha sido obrigado a vir para o mesmo acostamento devido ao estreitamento abrupto da pista.
Conforme reportagem de ontem do jornal "O Estado de Minas" alguns motoristas chegam a preferir o viaduto antigo, pois alí ao menos havia radares e redutores de velocidade que tornavam a travessia um pouco menos perigosa.
Pois bem, os Estados, como organizações sociais, também podem falir e não só no aspecto econômico e financeiro como está acontecendo com alguns dos mais ricos países da Europa e América. O Estado está falido quando não consegue cumprir as suas obrigações básicas para com o povo que o sustenta; e portanto deixa de ter razão de existir.
O Estado está falido quando já não cumpre a sua função, quando deixa de ser instrumento para o bem público para virar uma organização privada. É função do Estado, de qualquer Estado, proteger a vida e promover a educação, a saúde e a segurança de seus cidadãos. Quando não o faz e ainda custa caro é direito e mesmo o dever dos cidadãos proclamar a sua falência e organizar-se de outra maneira mais profícua. No Brasil isso é urgente. Estamos perdendo tempo e gerações de brasileiros estão deixando de se desenvolver. Temos que reconhecer que esse modelo faliu. Vamos nos organizar de uma outra maneira!

Idos de Agosto

Agosto começou pegando pesado: a crise dos Estados Unidos, o rebaixamento, o risco de contágio a toda economia mundial, a fragilidae européia, a queda das bolsas, etc. E, por aqui, também a situação não está nada boa. O governo Dilma vem pulando de crise em crise e quando quer consertar só piora, como foi agora a nomeação de Celso Amorim para o ministério da Defesa. Por outro lado, apesar das quase 30 demissões, as denúncias e até mesmo prisões de figuras do alto escalão do governo não param de pipocar. Na economia, não se sabe o que fazer com o dólar, a inflação resiste a todas a manobras, a taxa de juros não pára de subir e a moeda supervalorizada dificulta as exportações. E não há sinais de reversão desse quadro a curto prazo.
A presidenta já deve estar estafada. Ainda nem começou a governar e já teve que sair de extintor na mão para apagar vários incêndios que, entretanto, nunca se extinguem totalmente. Já teve que chamar o antecessor para ajudá-la, mas não dá para continuar nessa toada porque, além de tudo, isso desmoraliza.
Suas assessoras mais próximas, Ideli e Gleisi, podem até formar uma dupla caipira, mas não são as pessoas mais indicadas para a articulação política. Uma é fraquinha demais e a outra nem conhece Brasília. Dilma, dizem, não tem paciência para a articulação política. Isso fica complicado porque afinal o cargo que ela ocupa não é técnico, é o cargo mais político da República. A presidência fica então sem interlocução, falando sozinha, fechada entre quatro paredes, e se relacionando com o mundo político através da caneta e do Diário Oficial: nomeia, demite, nomeia, demite.
Assim vamos de mal a pior. Cabe então a pergunta: qual era mesmo a intenção de Lula ao tirar do bolso do colete o nome de Dilma para disputar a presidência? Podemos fazer ilações, pois Lula conhecia Dilma muito bem e sabia de sua incapacidade (ou ojeriza) política. E Lula é esperto, como sabemos. Então, ao escolher Dilma, fez um cálculo. Ela podia não ganhar a eleição e assim ficaria: se ela ganha, foi Lula que a elegeu; se perde, perdeu por seus próprios deméritos apesar do apoio de Lula.
Se tivesse perdido, Lula seria automaticamente candidato em 2014. Como ganhou, Lula não pode agora admitir que já é candidato (embora se comporte como tal), mas sabe ele que Dilma não se aguenta até 2014 e que naturalmente sua candidatura se apresentará ao partido como a mais viável.
Até lá, Lula ficará na mídia por bem ou por mal. Quando não tiver nada acontecendo basta uma aparição sua com algumas frases "de efeito" atacando alguém ou falando uma de suas besteiras favoritas que irá para as chamadas dos jornais.
Até lá, se a situação política - que, como dizia Tancredo, é como nuvem - não tiver mudado, e a hora do estelionato eleitoral do PT já não tiver passado definitivamente.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Sai, encosto!

O Desencarnado foi quem soprou no ouvido da Dilma o nome do Celso Amorim. Ele foi a pior escolha que ela poderia ter feito para o min. da Defesa. Mas o que o Desencarnado quer com isso? Ora, é a teoria do quanto pior melhor, ou seja, quer um governo instável e sujeito a crises permanentes para que ele, ou venha de extintor de incêndio mostrando o quanto é f…, ou anule todas as chances da megera em 2014 para que ele volte glorioso, sucedendo-se a si mesmo no governo tampão.
O golpe pode até ser bem bolado, mas o tiro lhe pode sair também pela culatra. Depois de empossado, com sua veia rubra latejando de amores por Cuba, Irã e Venezuela, ninguém sabe o que o ministro da Defesa pode aprontar. Como ele é mais realista que o rei vai querer mostrar serviço demais e é por aí que o caldo pode entornar.
Quanto aos militares, só têm duas alternativas: ou se calam e cumprem a Constituição ou se rebelam e aí têm que virar a mesa de novo e ninguém sabe onde iremos parar.
O risco é de todos nós.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Novos líderes mundiais!?

Os Estados Unidos estão quebrando? Essa é a grande interrogação que paira hoje sobre toda a economia mundial. Os Estados Unidos foram tão hegemônicos no século XX, a distância do valor de sua economia da dos demais países era (e ainda é) tão grande, que uma coisa como a quebradeira do país seria inconcebível até pouco tempo atrás.
Pois hoje é um dos grandes temores não claramente confessados pelos economistas, investidores, governos e mesmo o público em geral. Nesse emaranhamento econômico em que vivemos, um terremoto econômico-financeiro no hemisfério norte não deixará de nos abalar a todos, a uns mais, a outros menos, mas vai sobrar tsunami para todo mundo. E dessa vez, a Europa, lidando com seus próprios problemas, não pode sequer amortecer o tombo.

Os grandes impérios não caem da noite pro dia e não caem silenciosamente. Sua derrocada arrasta a todas as nações periféricas e geralmente se produz um retrocesso cultural e tecnológico. Foi assim na decadência do império romano. Está sendo assim na decadência do império americano. Sim, porque o que estamos vivendo hoje nada mais é que a derrocada de um império. Tudo se processa muito mais rápido e tem efeitos cada vez mais globais. E não se sabe se isso é melhor ou pior. O que se sabe é que é incontestável a ascensão da China e de outros emergentes tais como a Índia e o Brasil à liderança da economia mundial. É claro que nenhum desses países tem a estrutura e o desenvolvimento social comparável ao europeu-americano. As inovações e os avanços tecnológicos também não são os carros-chefes da economia desses países.Portanto, a se confirmar sua ascensão ao primeiro plano econômico mundial, vamos provavelmente enfrentar uma estagnação, se não um retrocesso, na evolução tecnológica mundial.
O modelo democrático e, principalmente, o modelo do estado do bem-estar social estão fadados a perder também posição de referência e de ideal a ser perseguido por nações desenvolvidas. A China é uma ditadura e deve permanecer assim por muito tempo, pelo menos enquanto perdurar o sucesso da economia. A Índia, maior democracia do mundo, convive com a miséria e a indigência milenares e os aceita do ponto de vista cultural e religioso. Além disso é uma colcha de retalhos étnicos e religiosos, cujo povo se desentende em 22 línguas oficiais (além do inglês) e mais de 1600 outros idiomas não-oficiais.
E o nosso pobre Brasil, o que tem a oferecer de novidade ao mundo? Somos uma democracia imperfeita em função da baixíssima representatividade política e da ausência quase total de identidade partidária. Nosso senso de coletividade, de bem comum, nossa coesão social também são quase nulos. A corrupção endêmica e a privatização do Estado o tornam caro e ineficiente. Somos grandes produtores de alimentos e de "commodities" e é só. Temos uma cultura alegre e musical, mas que está sendo desmanchada pela violência urbana. Não somos grandes produtores de tecnologia, o nível de educação do nosso povo é lamentável, a infraestrutura, que já não cobria boa parte do país, está sucateada e sem possibilidade de recuperação a curto e a médio prazo pois exige investimentos que o Estado perdulário não pode prover.
Assim, com esses três países sendo a opção da vanguarda econômica, a visão de futuro de curto prazo não pode ser muito otimista. Vamos provavelmente viver um retrocesso cultural e tecnológico até que o processo histórico por si só e por meio de mecanismos semelhantes ao da seleção natural, faça surgir uma nova etapa na história humana e novos modelos sociais e econômicos se levantem no horizonte.
Quem viver, verá.

terça-feira, 19 de julho de 2011

Hora da limpeza

Tivéssemos uma estadista, ao invés de uma aventureira, na presidência da República, estaria na hora de, à maneira de Sebastian Piñera, presidente do Chile, demitir a maioria dos ministros, especialmente aqueles que não foram de escolha própria. Melhor ainda seria fazer uma grande reforma ministerial, diminuindo o número de ministérios para mais ou menos uns 10.
Virão alguns analistas dizer que isso não é possível em nome da tal governabilidade, que Dilma tem que satisfazer os apetites de todos os partidos de sua base, etc., etc., senão não governa.
Isso é um blá-blá-blá sem consistência e sem apoio na realidade. Afinal, na situação presente, existe alguma governabilidade? Como é que se pode gerenciar um ministério que é uma colcha de retalhos sobre a qual só se tem a autoridade formal? Quem realmente manda sobre essas imensas parcelas do poder público são grupos, partidos, oligarquias e facções que representam outros interesses. Representam tudo, menos os interesses da nação, do povo, que teoricamente os teria escolhido como representantes.
Já que governabilidade não há, como ficou demonstrado na fragorosa derrota da votação do código florestal, ou como se demonstra quotidianamente com a confusão ministerial reinante em que um funcionário de escalão inferior faz chantagem com um ministro, denuncia o outro, ameaça a todos, inclusive a presidenta e ela, ou não tem a coragem, ou não tem a possibilidade de dar-lhe um belo pontapé nas ancas. Por quê?
Essa é a estranha pergunta que fica no ar. Por que cargas d’água uma presidenta que passa a imagem de durona, mandona, autoritária, não toma uma posição firme e decidida contra essa gangue e define um novo ministério, no tapa. Lula não faria isso e sabemos todos por quê. Mas, para uma “corajosa” ex-guerilheira que enfrentou a tortura sem denunciar seus companheiros, mentindo habilmente para os seus torturadores enquanto sofria fisica e psicologicamente dores inenarráveis, fazer isso seria uma brincadeira de criança.
Ah, mas e a questão da responsabilidade? Dilma não pode parar o país para fazer uma reforma dessas, diriam outros. Só que não precisa parar mais do que já está parado. Não se consegue avançar em ponto algum, as obras da Copa estão aí esperando, as estradas caindo aos pedaços, os aeroportos transbordando, os portos atulhados e ineficientes, nem mesmo no famigerado PAC, peça chave da propaganda oficial, há alguma coisa andando. O crescimento da economia se deve unica e exclusivamente à iniciativa privada.
Portanto o país não vai parar por causa de uma troca de ministros, que não fazem nada, por outros que se espera possam fazer alguma coisa. E a redução do número de ministérios seria o item mais importante, não só para reduzir o custeio, mas para melhorar a própria governabilidade. Com mais de 40 ministros, talvez a presidenta não saiba nem o nome de todos eles de cor.
Quais seriam os ministérios a se manter? Na minha lista ficariam onze: a Casa Civil, a Casa Militar, a Defesa, Educação e Cultura, Energia, Indústria e Comércio, Infraestrutura e Transportes, Fazenda, Justiça, Relações Exteriores, Meio Ambiente. Ao invés de três porquinhos, teríamos onze apóstolos, sem o Judas. Sem os tais porquinhos, talvez a lama diminua também.
Tenho a certeza que após o berreiro inicial, todos os governistas e apoiadores de nascença acabariam ficando quietinhos procurando se acomodar no novo sistema e descobrir alguma brecha para voltar às velhas práticas. O máximo de revolta que se pode esperar dessa gente será o falar mal da presidenta pelas costas, mas isso já o fazem.
E, se triscarem, dona Dilma, Sibéria neles!

quinta-feira, 14 de julho de 2011

14 de Julho - Tomada da Bastilha

Não dava para não comentar o 14 de julho. Que sonho, esse de ver um povo se levantar e tomar o destino nas mãos! Claro que durou pouco e a ditadura do terror que veio depois não compensou. Mas o momento, como inspiração poética e utópica foi talvez único na história da humanidade. Nas ruas de Paris, um povo faminto, sem armas, sem quaisquer outros recursos que a indignação e a raiva, enfrenta o establishment representado pela Igreja e pelo Rei e diz: basta!
Quem dera que outros povos também fizessem o mesmo. Aqui no Brasil necessitamos urgentemente desse basta. Há quinhentos anos somos roubados, há quinhentos anos o futuro de nossos filhos é comprometido. Há quinhentos anos essa nação não tem as rédeas do seu destino nas mãos. Há quem diga, estamos numa democracia, portanto...
Mas que democracia é essa em que o povo não decide, nem direta, nem indiretamente? Temos 16 senadores que não foram votados! Estão lá por maracutaias e acordos de suplência. Estão lá porque doaram dinheiro pras campanhas dos titulares em troca da suplência. E os demais, quantos realmente representam os Estados pelos quais foram eleitos? Sarney, por exemplo, representa realmente os interesses do Amapá? Alguém acredita nisso? Collor representa Alagoas?
E a Câmara dos Deputados com seus 500 e tantos membros? Quem se lembra em qual deputado votou nas ultimas eleições?
O sentimento popular no Brasil é que todos os políticos estão lá para roubar e defender seus interesses particulares. O povo e o Estado são desconhecidos um pro outro, tanto há quinhentos anos como hoje.
Sabemos que temos uma obrigação, pagar impostos, e nenhum direito. O resto é cada um pra si e Deus contra. Precisamos de um 14 de julho na Praça dos Três Poderes.

País dinâmico!

Fiquei quinze dias fora do Brasil e quando voltei o novo caso de roubalheira (o do Ministério dos Transportes) já tinha sido publicado, as desculpas esfarrapadas habituais já tinham sido feitas e o ministro já estava defenestrado. Isso mostra como o governo Dilma é "rápido e eficiente". Há uma confusão no Min. da Educação? Dilma entra de sola e manda recolher o kit homofobia. Palocci é descoberto por ter dado consultorias mais que suspeitas? Dilma fica de butuca, chama o Lula, deschama o Lula e quando vê que o caldo vai entornar, manda o ministro para casa (dele). O BNDES vai dar uma mãozinha financeira ao Sr. Abílio Diniz numa fusão nebulosa com o Carrefour e a malta grita? Dilma empunha o tacape e manda o Luciano Coutinho sair de fininho do caso. E assim vai, de "eficiência" em "eficiência" fazendo um governo casuístico, um governo movido a balão de ensaios: joga pra ver se "pega", se não "pegar" pula-se fora e culpa-se alguém. Afinal são mais de 40 ministérios. Há muita gente disposta ao "sacrifício".
Ou há alguém ingênuo o bastante para pensar que o Haddad criou o kit por sua conta sem que a presidenta soubesse de nada; ou o Luciano Coutinho foi à casa do Abílio Diniz oferecer dinheiro do BNDES sem falar com sua chefa; ou ainda que o Palocci tivesse ficado subitamente rico na campanha eleitoral e a cândida candidata nada conseguiu perceber.
O problema da Dilma é que ela quer manipular a patuléia, criar factóides a seu favor, mas não tem o traquejo, nem os anos em cima de caminhão na porta de fábrica que o seu mentor e criador. Aí fica evidente a manipulação. É como assitir a teatro mambembe de marionetes depois de adulto.
Pois bem, o dinamismo do govreno Dilma termina por aí. Temos obras de infraestrutura para a Copa e para as Olimpíadas esperando. Temos urgência em reformar aeroportos, recuperar estradas, modernizar portos. Não se trata de fazer demagogia com uma centena de casinhas populares, não. Trata-se de coisa séria que pode definir o futuro imediato do nosso país. Se perdermos essa janela de oportunidades, quando será que teremos outra?
O governo Dilma não tem o direito de brincar com o Brasil, nem de jogar fora o nosso futuro. Já chegam os 8 anos de lulismo inconsequente e corrupto. Temos que andar pra frente e rápido, sem esse "dinamismo" de teatrinho de fantoches.

domingo, 5 de junho de 2011

A República assaltada (2)

O caso Palocci parece não ter fim. Ele mesmo se encarrega disso. Se era para fazer aquele tipo de declarações que fez na sexta-feira, não precisava ter nos incomodado, nem à rede Globo, bastaria continuar calado como já estava. O raciocínio de Palocci inclui supostamente uma audiência acima de tudo burra. Ele diz que não fez nada ilícito e ponto final, nós temos que acreditar em sua palavra porque, segundo ele, não há indícios de ilegalidade. Como não, cara pálida? Multiplicar o patrimônio por 20 em período de eleições e receber mais de 10 milhões após ter sido nomeado ministro da Casa Civil não é indício de nada ilegal? O que seria então? Precisava ter as cuecas revistadas para obtermos indício de alguma coisa? Quer dizer que a República tem que aceitar que a palavra do suspeito (cercada de sigilo sobre as atividades inconfessas) é bastante para eliminar a suspeita?
Meu caro, Palocci, nos poupe. Não nos chame de idiotas, porque, se uma parcela até majoritária da população preferiu fechar o olhos aos desmandos do governo anterior, isso não significa que os outros 44 milhões, que votaram contra, vão ficar de olhos fechados também.
Estamos atravessando tempos tristes e dolorosos. A ética nem sequer é considerada como uma possibilidade no mundo político. A Justiça é cega, surda, muda e paralítica. Mesmo assim há uma centelha de luz, mesmo assim há uma parte do povo que não se conforma com a desfaçatez, a cara de pau, a falta de vergonha. Mesmo assim há gente que ama seu país e o quer de volta. Quer vê-lo livre desses assaltantes que fizeram o Estado brasileiro refém de sua volúpia inesgotável de sanguessugas.
Não vamos nos conformar com essas pífias explicações, senhor Palocci e a senhora, presidenta, peça ajuda mesmo ao seu mentor e criador, já que não tem condições mesmo de governar com sua própria cabeça, mas faça logo o que tem que fazer antes que tudo desande. Ou antes que o PMDB engula o seu governo.
A nação não pode ficar paralisada à espera do desfecho desse caso, que é simplesmente um caso de polícia e deveria ser resolvido (não fosse o Palocci quem é e não fosse o Brasil o que é) em uma simples delegacia. A prepotência desse senhor, na entrevista, nos remete ao velho chavão: "Você sabe com quem está falando?" Foi isso o que ele deixou nas entrelinhas: "Eu sou o Palocci, como ousam suspeitar de mim?" "Eu quebro sigilos (dos outros), eu ganho dinheiro usando cargos públicos para me valorizar no mercado e vocês não tem nada com isso. Nada fiz de ilegal e vocês tem que simplesmente acreditar em mim e ponto final".
Será um grande teste para o Brasil o desenrolar dessa história. Se as instituições da República não se levarem a sério e começarem de imediato as investigações, podemos dizer que o petismo terá conseguido seu objetivo: acabou -se a República brasileira.

terça-feira, 17 de maio de 2011

A República assaltada.

O novo caso Palocci merece uma atenção detalhada. A degradação da função pública chegou a tal ponto que nem sequer causa espanto saber que o ministro-chefe da Casa Civil e ex-ministro da Fazenda, defenestrado por outro escândalo e acusado de violação de sigilo bancário, agora apresenta-se à nação como proprietário de um patrimônio que simplesmente cresceu 20 vezes no interregno entre um ministério e outro. Nada contra o enriquecimento. O problema, nesse caso é que é difícil explicar como esse surto de capacidade financeira acometeu Palocci só nos últimos 4 anos e, ainda mais, porque então ele deixou essa consultoria tão fantástica para voltar ao ministério e ganhar um salário de 11 mil reais por mês? Haja vontade de "servir" à nação.
O pior é que as instituições sequer fingem que estão cumprindo seu papel. Não se pode esperar nada do Congresso, mas uma Comissão de Ética Pública da Presidência da República dar o seu aval à varrição para baixo do tapete é demais. O presidente dessa comissão, Sepúlveda Pertence, simplesmente declarou: " Não nos cabe indagar a origem das fortunas dos pobres (?) e dos ricos que chegam a ministro de estado". É patético. Cabe então a nós, povo, indagar: Para quê serve então essa comissão de ética?
Apesar de, para o governo, tudo parecer "normal" e as instituições da República simplesmente ignorarem o assunto, Palocci deve-nos uma explicação. Não adianta desviar a atenção para a legalidade ou ilegalidade de manter uma empresa de consultoria enquanto atuava na campanha da Dilma. Isso é só uma cortina de fumaça. O que se deveria dizer ao povo brasileiro é como ganhou essa dinheirama em apenas quatro anos, que tipo de consultoria prestou e a quem.
Se não, cada vez mais fica exposta a fragilidade das nossas instituições. De quê adianta só cumprir esses rituais hipócritas de declarar patrimônio à Justiça Eleitoral, etc.? De quê adiantam leis e dispositivos constitucionais como o artigo 54 que veda aos deputados a prestação de serviços às empresas públicas e concessionárias? Sempre há uma brecha legal e, para orientar quanto a isso, estão ganhando rios de dinheiro os escritórios de advocacia, com nomes muitas vezes também egressos de funções públicas. Ou seja, é uma suruba total.
Enquanto isso a população ignara segue indiferente sem saber que o pão que lhes falta à mesa, a escola e o hospital que não têm para os filhos, a droga (em todos os sentidos) que lhes é oferecida, tudo isso é consequência desse assalto que algumas classes fizeram do estado brasileiro.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

A função pública degradada

Exercer uma função pública deveria causar nas pessoas um certo temor, uma certa apreensão, de não estar à altura, de não ser capaz de exercê-la com a proficiência necessária, de não ter a coragem cívica suficiente para afrontar os inimigos da coletividade. Candidatar-se a uma função pública deveria exigir do cidadão, mais que uma ficha limpa, um exame de consciência, uma avaliação sincera de suas potencialidades e das exigências do cargo, uma auto-análise que revelasse as verdadeiras intenções por trás de tal objetivo. Deveriam os candidatos despir-se primeiro de sua mesquinhez, de seus interesses pessoais, mesmo que legítimos, para dedicar-se de corpo e alma aos interesses da comunidade que os elegeria. Ou seja, é um sacerdócio. A função pública deveria revestir-se do caráter de um dever sagrado e com tal circunspecção deveria ser exercida. 
Não é à toa que os romanos vestiam-se de branco como sinal de pureza quando candidatos a uma função pública. Decorre daí a palavra "candidatus" derivada de "candidus" (branco, limpo). Hoje em dia ninguém é mais cândido. O que vemos é uma profusão de velhacos, espertos, safados, canalhas, torpes, mesquinhos, venais, egoístas, interesseiros, querendo, almejando, salivando de vontade de por a mão no butim do erário.
Novamente os romanos: entre eles o "Aerarium", o tesouro público de Roma, era tão sagrado que ficava guardado no templo de Saturno, junto com os estandartes das legiões e os decretos do Senado gravados em bronze. Isso mostra o quão sério eram as questões públicas para eles. E deveriam continuar a sê-lo, hoje, se houvesse um pouco mais de patriotismo e um pouco menos de cinismo nas figuras públicas.
Mas, ao contrário da pureza de intenções, vivemos uma espécie de Sodoma e Gomorra  na política. Vale tudo. Já nem temos uma oposição digna do nome. É muito difícil exercer a oposição quando o desejo inconfesso é fazer também parte da "festa". E quando nos deparamos com um Roberto Jefferson fazendo oposição ao governo Dilma dá até vontade de chorar. Roberto Jefferson e José Dirceu são as duas faces da mesma moeda. Tanto que brigaram por motivos que jamais saberemos, mas que podemos perfeitamente imaginar. E se não tivessem brigado, o mensalão teria perdurado pelos oito anos e estaria talvez Dirceu agora sentado no trono ao invés da Dilma. Por qualquer ângulo que se olhe é sempre um horror. 
Isso nos leva a outro temor, o da fragilidade de uma democracia sem oposição. O caso do México, em que durante 70 anos reinou o PRI deveria nos servir de alerta. Ou quando a classe política se decompõe sem identidade e nos faz lembrar a República de Weimar que desembocou na ditadura nazista. Ou como quando, na bagunça institucional italiana, criou-se o ambiente político em que proliferou o fascismo. Não há vácuo na política. Quando os verdadeiros líderes abrem mão de seu papel, inevitavelmente surgem os falsos messias querendo "salvar" o povo.
Precisamos urgentemente de candidatos, no sentido original do termo. Precisamos de pessoas que se disponham a fazer política visando o bem comum. Será isso uma utopia? Não existem tais pessoas em nosso país? Estamos condenados eternamente a essa mediocridade? Ou será que, se crescemos e nos desenvolvemos em tantas áreas, conseguiremos enfim desenvolver o nosso sistema político? São perguntas que vão ficando sem resposta em razão dos fatos e do choque de realidade a que somos submetidos todos os dias, mas não podemos perder as esperanças, nem jogar a toalha pois então estaremos admitindo a derrota dos cidadãos de bem.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

A inclusão necessária

A única maneira de deter ou mesmo eliminar a violência (urbana ou internacional) é promover a inclusão social, quer dos grupos de pessoas, quer dos países como um todo, na prosperidade e no progresso sustentável. Não haverá paz no mundo enquanto houver ricos de um lado e pobres do outro lado da cerca.
Quando olhamos para o oriente médio e ásia central só vemos aquilo que o nosso preconceito ocidental-cristão nos permite ver. Só identificamos fanatismo, violência e terror e queremos uma cerca de proteção, um fosso, para separar o nosso mundo do "deles". Isso foi possível até o advento do século XX e agora, no século XXI é simplesmente uma utopia irrealizável. Os mundos se entrelaçam e, queiram ou não, serão forçados ao convívio. Podemos escolher se queremos um convívio conflitante ou cooperativo e pacífico.
No caso da escolha de um convívio conflitante (que é o que temos feito até agora) mesmo sendo o ocidente uma potência militar e econômica, não há nada que garanta a supremacia de nenhuma das partes. O império romano caiu sob o domínio dos bárbaros de então, mesmo tendo sido uma civilização espetacular como jamais se repetiu nesse planeta. A terceira lei da termodinâmica também nos garante que é mais fácil destruir do que construir, portanto a lei natural tende a favorecer os processos menos complexos, incluindo aí as civilizações. Depois, basta fazer um cálculo de custo x benefício e ver que a manutenção dessa desigualdade custa muito caro.
Por qualquer ângulo que se olhe, a paz, o convívio respeitoso entre os povos é uma opção melhor. Para que isso se torne realidade é necessário que comecemos por nos despir da arrogância de considerarmos o nosso ponto de vista melhor que o dos outros. Não estou pregando o relativismo cultural radical que despreze a questão dos direitos humanos fundamentais. Ao contrário, penso que podemos concordar em uma agenda comum, respeitando os seres humanos igualmente em seus direitos e deveres, mas devemos aceitar as diferenças e a autodeterminação, e, para mim,  a chave do sucesso está na inclusão. Um bom exemplo foi a inclusão da sociedade japonesa no mundo da prosperidade. Não se percebe nessa sociedade nenhum resquício de ressentimento contra o que os americanos fizeram lá. E acredito que boa parte da explicação está no fato que a sociedade japonesa não se sentiu marginalizada e fechada em um gueto, ao contrário, foi convidada a participar da geração de riqueza mundial. Se isso funcionou com uma sociedade antípoda em muitos aspectos e não só no geográfico, deverá funcionar em outras sociedades que, de certo modo estão mais perto de nós. O oriente médio, ao lado da Grécia, é o berço da nossa civilização e a maior parte dos nossos valores morais e éticos são derivados dalí. "Ex oriente lux" (o sol nasce no leste) já diziam os romanos. Não podemos nos esquecer disso.


domingo, 20 de março de 2011

A bobagem do anti americanismo

Os Estados Unidos, como qualquer outro país, tem suas qualidades e defeitos. Entretanto, parece que é moda, já há algum tempo, xingá-los e acusá-los de culpa de todos os males que afligem a humanidade. É verdade que a política externa americana não ajudou muito; ao contrário, depois do presidente Theodore Roosevelt e sua política do "big stick", tudo que a diplomacia americana fez foi piorar as coisas. Apoiou ditaduras, inventou falsos líderes (como Saddam Hussein), fez guerras em todos os continentes, desenvolveu um anti-comunismo paranóico que destruiu muitas nações e muitas vidas. Tudo isso por medo. 
Os Estados Unidos foram a primeira nação em que o poder se originou realmente do povo e foi construída pelo povo, pedra a pedra, palmo a palmo. A revolução francesa logo se perdeu no bonapartismo e seu império, e, depois,  na restauração do rei. Na luta contra o estado britânico, os colonos americanos tiveram que improvisar um exército e sustentá-lo com as próprias economias de fazendeiros. E a ameaça aos Estados Unidos era percebida sempre como uma ameaça a esse povo e aos seus direitos recém-conquistados, portanto uma ameça à própria democracia. A afirmação desse país se fez pela guerra, primeiro contra os ingleses, depois contra os espanhóis. Depois contra tudo e  contra todos que pudessem representar risco.
Essa postura belicista e internvencionista, aliada a uma economia absolutamente hegemônica, foram os fatores geradores desse sentimento anti americano que, depois de vigorar timidamente nos anos 60, até agora só fez crescer. Uma parte desse sentimento é realmente uma reação ao que os americanos fizeram ou fazem no mundo, mas outra parte tem um travo inequívoco de despeito pelo que eles são e representam. 
Por outro lado, não podemos esquecer que, sem a entrada dos Estados Unidos na Segunda Guerra, talvez a Grã-Bretanha não tivesse conseguido resistir aos alemães e aí a história da humanidade seria diferente. Dá para imaginar o que seria dos semitas (não só os judeus, evidentemente) e da população negra em todo o mundo, se a Alemanha nazista prevalecesse.
A gente, a minha geração, eu inclusive, usávamos xingar os Estados Unidos por se opor aos regimes de Castro, Ho-Chi-Min, Pol Pot do  Khmer Vermelho, Mao, etc.
Hoje sabemos o que Fidel fez na ilha, quantos civis inocentes Pol Pot trucidou no Camboja. Hoje sabemos o que aconteceu na Alemanha Oriental, na Estônia, Ucrânia, Polônia, Hungria, Albânia, etc., durante o domínio comunista. Se não houvesse uma nação militarmente poderosa a se lhes opor, como é que esse regime totalitário por definição, seria impedido de dominar outras nações?
Excessos e erros foram cometidos, mas os Estados Unidos não são uma exceção. A Alemanha cometeu erros ainda maiores. A Rússia idem. Os impérios português, espanhol e britânico cometeram também seus genocídios. A Bélgica tem uma história vergonhosa no Congo. A Holanda tem uma história semelhante na África do Sul. E a França, idem na Argélia. Aliás, foi na Argélia que a França inaugurou a tortura sistemática praticada pelos agentes do estado, como método de combate. Até mesmo o Brasil, país dito pacífico, mas que na Guerra do Paraguai dizimou a população masculina, tem suas manchas históricas.
Portanto não há anjos nem demônios na política internacional. Dirigir nosso ódio a uma nação em particular revela mais de nós mesmos do que deles. Repito, o anti-americanismo tem muito de despeito pela nação rica, poderosa, laica e democrática que eles construíram. Há babacas lá como cá e a Sarah Palin não me deixa mentir. Mas não será hostilizando essa nação que nós conseguiremos elevar a nossa. Precisamos deles como parceiros comerciais (assim como eles precisam de nós) para não ficarmos daqui a  alguns anos, sob o domínio da China. Há alguém desenvolvendo um sentimento antichinês por aí?

quinta-feira, 17 de março de 2011

O retorno do dragão



Charge copiada do excelente Blog Fusca Brasil mostra Delfim Neto quando era o czar da economia nos anos de chumbo da ditadura militar; ou seja, antes de virar "consultor" dos governos do PT. Teremos repeteco?

domingo, 13 de março de 2011

A altivez do Japão

Definitivamente o Japão não é um país de coitadinhos. Pertencendo ao único país que já sofreu um ataque nuclear (duplo!),  o povo japonês não se abateu, como não se abate também agora com essa catástrofe natural.
Isso não quer dizer que seja um povo passivo, que aceita tudo. Ao contrário, durante a Segunda Guerra provaram ser dos mais valentes, capazes dos maiores sacrifícios, até mesmo o de entregar a vida pelo seu país sem pestanejar. Depois da guerra, com o país devastado não ficaram lamentando o sofrimento. Puseram mãos à obra e construíram a segunda (agora terceira por causa da China) economia mundial, com uma população quase igual à do Brasil, mas ocupando um território 22 vezes menor, cheio de ilhas, montanhas e vulcões.
Enquanto isso, nós, República desde 1889, sem sofrer ataques de nenhum país, com um território vastíssimo, o maior manancial de água doce do mundo, a maior floresta, a maior área de terra agricultável, sem falar de outras tantas benesses que se tornaram até lugar-comum, permanecemos deitados em berço esplêndido. 
Enquanto isso,  nós, que reclamamos sem reivindicar;  que queremos direitos de mão beijada sem dar a contrapartida dos deveres, que buscamos privilégios ao invés de cidadania, que temos um cipoal de leis que não cumprimos,  mendigamos tanto, acusamos tanto outras potências de nos explorarem, jogamos tanto a culpa de nossos males nos outros ou no "destino histórico" e nada fazemos para reconstruí-lo, que já fomos conhecidos como o país dos coitadinhos. E continuamos, coletivamente, aceitando tudo que nos é impingido: ineficiência do Estado, burocracia excessiva, tributos escorchantes, corrupção dos agentes públicos, políticos da pior qualidade; e, individualmente, ficamos tentando escapar ou driblar esse estado de coisas mediante a malandragem, sonegação, propinas, ou seja, atitudes em que não se enfrenta e não se  resolve o problema.
Até quando? Até quando vamos permanecer essa nação infantil, incapaz de tomar seu próprio destino nas mãos e construir uma sociedade realmente rica, ou seja, próspera, fraterna, justa, igualitária, republicana? Até quando vamos nos recusar a crescer e enfrentar as dificuldades com altivez e determinação, como está a nos dar o exemplo o povo japonês?
Temos agora um momento histórico excepcional, e "de quebra" um bônus demográfico em que nossa população não é extremamente jovem, nem extremamente velha, ou seja, estamos no auge de nossa capacidade de trabalho e geração de riqueza. Não podemos perder essa oportunidade, mas temo que já estamos atrasados em várias áreas cruciais, em especial na educação. E sem educação, não seremos cidadãos plenos. Sem plena cidadania, não seremos capazes de exigir mudanças e tomar as rédeas do poder soberano, que teoricamente emana do povo. Nossa grande diferença para a nação nipônica está aí: na cidadania plenamente exercida com deveres e direitos sendo respeitados e cumpridos. Portanto, não pedem esmolas, mas ação legítima de governo. E não ficam a esperar, põem as mãos à obra, ajudam-se mutuamente e constroem e reconstroem seu próprio país, tantas e quantas vezes for necessário. Banzai! 万歳  

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Belo país, o Chile!

Santiago! A cordilheira domina tudo. Por onde quer que se dirija o olhar lá está ela, majestosa e ameçadora, como uma deusa ciumenta a proteger e a controlar a cidade. A cidade é ampla, as ruas são largas, os passeios generosos, o povo não é caloroso como o italiano, nem sorridente como o brasileiro, mas é polido, educado e não nos olha, a nós brasileiros, com o desprezo invejoso dos argentinos.
Mas dá para sentir que é um povo altivo, orgulhoso de si e de seu país, e que têm motivos para isso. Esse povo lutou para ter o que tem, sacrificou-se, mas não deixou sua história para trás e acabou encerrando nas grades o seu algoz de tantos anos. É um povo Mapuche, que jamais se entrega, jamais desiste.
É um povo que elegeu uma mulher, descasada, sem alarde algum, nem por ser mulher, nem por ser descasada, e que saiu do governo com uma popularidade altíssima sem contudo eleger seu sucessor. Acho que no Chile, ao contrário do Brasil e da Argentina, não há lugar para o populismo. Aqui, se quer um político que dirija a nação e a conduza na resolução de seus problemas. O Chile se recusa a fazer parte do Mercosul, talvez porque pressinta alí um arranjo politiqueiro que tem de tudo, menos seriedade. O Chile busca o melhor para si sem estar alinhado com ninguém. Mantém uma relação comercial especial com os Estados Unidos porque quer e lhe convém e não dá satisfação ao antiamericanismo infantil de outros países do cone sul. Não faz agrados nem a Chavez, nem a Evo Morales, não interfere na guerilha das Farc, não se alinha com a populista Kirchner, nem o fez com o demagogo Lula. Não apoiou a pretensão brasileira de sentar-se no Conselho de Segurança da ONU e nem se absteve de votar a favor de sanções contra o Irã no caso dos direitos humanos.
O Chile foi o único país das Américas a eleger democraticamente um comunista. Depois o retirou do poder, travou uma luta interna ideológica com muitos mortos dos dois lados e encerrou essa fase com a justiça atuando, prendendo, julgando e condenando os crimes cometidos pela direita militar.
E agora segue em frente, abandonando as ideologias ultrapassadas e desenvolvendo-se economicamente sem deixar parcelas de sua população para trás. Investe na educação de seus jóvens e não é à toa que pode se orgulhar de seus dois premios Nobel de literatura: Gabriela Mistral e Pablo Neruda.
O Chile deveria ser um exemplo para todos nós brasileiros de como se constroi uma nação. O Chile pode ter orgulho de sua história.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

O fantasma do ex

Não é o meu caso, mas quem já se divorciou sabe que a ex, ou o ex, nunca deixa de assombrar. E gosta de aparecer nas horas mais impróprias, geralmente para deixar o ex-parceiro em uma situação embaraçosa quando não é para pedir dinheiro ou aprontar algum barraco.
Pois bem o "nosso" ex-presidente, como era de se esperar, já começou esse comportamento de ex inconformado. Resolveu deitar falação no Forum Social criticando desde as centrais sindicais até o governo Mubarak. A questão nem é se as criticas são fundamentadas ou corretas, a questão é de elegância e de comportamento ético diante de um governo que apenas começa e cuja sucessora foi ele próprio que moveu mundos e fundos (e que fundos!) para eleger. O governo constituído e democraticamente eleito (embora sem o meu voto) está aí para isso. Cabe ao governo discutir ou negociar com as centrais sindicais e principalmente na questão da política externa em que o governo tem o dever de conduzir, visando o interesse estratégico e a segurança nacional. Não fica bem e só constrangimentos pode trazer o fato de um ex-presidente ficar dandos pitacos nessa área. Um ex-presidente é um cidadão comum e como tal pode e deve se comportar, o que inclui ficar no anonimato. Pode ter, obviamente, suas opiniões pessoais mas não deveria externá-las assim em fórum público mundial pois não é como cidadão comum que ali foi chamado, mas apenas por ter, há tão pouco tempo, tido acesso aos meandros e negociações  do poder político mundial.
Deveria calar-se em respeito ao país que governou. Deveria calar-se me respeito à sucessora que ajudou a eleger. Deveria calar-se em respeito à própria biografia, se respeito tivesse dela, ao menos para não cair em contradição com o que sempre pregou.
É assim que quer dar exemplo de como se deve comportar em ex-presidente? Lula,tenha um pouco de humildade (palavra estranha no seu dicionário) e aprenda algumas lições de elegância com Fernando Henrique.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

A conta já começou a chegar

Já sabemos que a inflação está ficando sem controle. E, pior, a conta fica mais cara nos gêneros de primeira necessidade, ou seja, como sempre é mais danosa para quem tem menos recursos.
Agora voltam os apagões. Primeiro no nordeste e agora em São Paulo. É claro que as autoridades de plantão tem mil e uma explicações. É claro que não são apagões, mas "apenas" interrupções temporárias de energia, como disse o inefável ministro Lobão. Do mesmo modo se poderia dizer das quase 900 vítimas da região serrana fluminense. Não são mortos, são pessoas com interrupção definitiva dos processos vitais. Belos eufemismos que não escondem a dura realidade dos que sofrem. Não é privilégio do PT e seus asseclas governar com incompetência de mãos dadas com a corrupção. Infelizmente a história do Brasil está cheia desses maus exemplos. Mas o que o governo petista fez de excepcional foi conseguir elevar isso ao estado da arte e ainda tentar tampar o sol com as peneiras mais furadas da ideologia.
Um militante é um ser fundamentalista. Não enxerga a realidade, mas apenas aquilo que o partido lhe diz para ver.
O único problema é que a realidade é teimosa e insiste em se infiltrar no mundo de faz-de-conta criado nessa nossa pobre quase-república. E já vem mostrando as garras, mais cedo do que se esperava. O dragão da inflação, devorando salários e aposentadorias, e destruindo sonhos de consumo. Daqui a pouco a classe C vai ser submergida novamente e vai gritar porque ninguém gosta de andar para trás. O apagão destruindo produtividades, produzindo mais caos urbano, decrescendo a qualidade da vida urbana só servirá de mais um fator de estresse. A partir daí, tolerância zero com os desmandos e roubalheira. Aí veremos se a gerenta presidenta é competenta ou não. Infelizmente não dá mais para acreditar em contos da carochinha: dragões, três porquinhos e Lobão só são bonitinhos nos filmes da Disney. Na verdade são tão feios quanto a bruxa mor.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Governo é governo, oposição é oposição

Esse título faz um plágio do bandido Lúcio Flávio, do tempo em que "bandido era bandido e polícia era polícia". Pois bem, lê-se no blog do PSDB (aqui) que vão fazer oposição. Grande novidade, pois a quem perde eleição não resta outra coisa a fazer, ou então, deve abandonar a política.
Ainda afirmam, porém, que vão fazer uma oposição não destrutiva.Não sei porque insistem tanto em destacar que não fazem oposição destrutiva. Oposição é oposição, não precisa de adjetivos. Quem se opõe é porque não concorda com o programa, ou atos, de quem está na situação. Quem faz oposição o deve fazer consciente de que tem melhores idéias, melhores soluções; e isso não é ser destrutivo, muito antes pelo contrário. Esse é o papel natural da oposição em um regime democrático de uma sociedade civilizada. Não entendo então porque essa insistência em dizer que a oposição não será destrutiva. Parece um pedido de desculpas antecipado. <<Olha, eu vou fazer oposição, mas não se preocupem, vai ser uma oposição "de leve", sem pisar no calo e pedindo licença antes de falar, viu?>>

Vá bem que nossa cultura privilegia o eufemismo em vez da franqueza. Verdades ditas na bucha são consideradas falta de polidez. Mesmo assim, é ser subserviente demais para assumir o papel que lhe foi destinado pelas urnas. O que os eleitores-que-não-votaram-no-governo querem não é uma oposiçãozinha meia-boca. Isso não é ser golpista, não é ser preconceituoso, não é ser nada, é exercer um direito e um dever constitucional.  O que esse eleitor quer é ser representado no Congresso. É ter uma voz que fale por si e não uma que faça oposição consentida como se vivêssemos em uma ditadura. 
Chega de pusilanimidade! Assuma o seu papel histórico PSDB, ou estará ajudando a desconstruir a democracia nesse país. E tem gente que a quer ver destruída, para se implantar o seu projeto de stalinismo tupiniquim.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Uma desgraça brasileira

Desde a época de D.Pedro II que se sabe ser a região serrana fluminense uma arapuca meteorológica. A Serra do Mar, de beleza ímpar, sobe imponente e íngreme e, por isso mesmo, transforma-se um anteparo natural ao movimento dos ventos e das nuvens, provocando precipitações abundantes e freqüentes, especialmente no verão, uma das razões da exuberância da mata atlântica naquela região. Não é preciso ser meteorologista para saber do regime de chuvas ali. E não é sequer preciso estudar engenharia para saber que a construção de casas nas encostas, especialmente numa região em que chove muito, oferece um risco aos seus moradores.
Como as pessoas insistem em ignorar as leis da física, por vários motivos, ignorância mesmo, ganância especulativa, falta de opção, cedo ou tarde temos que nos deparar com tragédias como essa que está ocorrendo agora. Alguns culpam as mudanças climáticas, mas já em 1966 houve uma tragédia semelhante no Rio. Se quisermos podemos listar várias delas: em Teresópolis, em Petrópolis, em Itaipava, em Nova Friburgo, em Angra e nos morros cariocas. As tragédias são repetitivas e previsíveis, como previsível é a reação das autoridades e dos políticos em geral. Todos com cara compungida, oferecendo condolências, lamentando-se, liberando verbas de emergência e prometendo planos para acabar de vez com esse problema. Depois, as chuvas passam, os mortos são enterrados, vêm o Carnaval e outras coisas a fazer esse povo de memória curta se esquecer, como rapidamente se esquecem também os políticos das promessas feitas, das verbas que não saíram do cofre ou não chegaram ao destino e dos planos que não saíram do papel.
Então,  daí a mais um ano ou dois, ou três,  em Janeiro voltam as chuvas e as tragédias a estampar as páginas dos jornais e tudo se repete num ciclo macabro indefinido. Até quando vamos viver assim como nação? Como povo, temos essa característica estranha de jamais resolvermos nossos problemas. Não resolvemos o problema da seca no nordeste, nem o da fome nas cidades, nem o das drogas, nem o da segurança pública, nem o da desigualdade social, nem o da distribuição de renda, nem o da saúde, nem o da educação, nem o da corrupção policial, nem o da infestação mafiosa da classe política. Vamos convivendo bem ou mal com essas mazelas, aceitando umas, contornando várias, resignando-se com outras, mas não tomamos uma atitude resolutiva. Somos inapelavelmente individualistas, não jogamos em equipe, cada um procura resolver seu problema como pode e dane-se o resto.
É assim que queremos emergir, fazer parte do grupo das nações desenvolvidas? Não vamos conseguir enquanto não mudarmos nossa conduta. Não adianta arranjar culpados, ou atirar pedras nas nações que nos superam. Eles nos superam porque são melhores do que nós. São cidadãos que pensam como tal e lutam por sua comunidade. Eles também tem problemas, mas a diferença entre uma nação desenvolvida e uma estagnada está não na ausência ou presença de problemas , mas na maneira de abordá-los e resolvê-los.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

De boas intenções o inferno está cheio

Começou o governo Dilma! Jornais estampam hoje o programa do que será a primeira reunião ministerial, amanhâ, dia 14/01.  Por via das d[uvidas, saltou o dia 13. Pois bem, analisando o que a Presidente quer e dirá aos ministros, até que o programa não é dos piores. 
Começa pelo gasto público, uma farra no governo anterior, que a presidente quer sob controle. Já definiu que o salário mínimo vai seguir a regra estabelecida e ficar em 545 e pronto. Se vier mais do Congresso ela veta. 
Vai dizer que não acatará indicações políticas para as agências. Quer que elas tenham independência tanto do poder econômico, quanto do próprio governo. Em qualquer país do mundo isso seria o normal, mas no Brasil é o caso de dar os parabéns e até soltar foguetes.
Reiterará o compromisso com a ética e as práticas republicanas, apesar de manter em seu quadro de ministros alguns notórios malversadores do dinheiro público, como o ministro do Turismo e a ministra da Pesca com suas verbas indenizatórias,   ou de comportamento ético duvidoso, como o Palocci. Mas, voltando ao tema, o compromisso com a ética é bem vindo apesar de não ser mais que a obrigação do homem público.
Ainda mais: quer estabelecer um marco regulatório para a mineração; reestruturar as empresas distribuidoras de energia; preocupa-se com o câmbio e vai intervir quando necessário; não vai fazer reforma previdenciária, nem tributária, mas vai desonerar a folha de pagamento das empresas e fazer algumas mudanças tributárias puntuais; vai segurar gastos do orçamento de 2011 e quer, de cada ministro, uma meta de redução de gastos no seu ministério. Coroando tudo isso, estabelecerá um Conselho de Gestão. Nenhuma palavra sobre a saúde e nem sobre a educação básica. Bem, diz que quer formar mais serralheiros e eletricistas e que vai atrair mestres e doutores com salários melhores, mas nada disso resolve o problema da educação básica, da qual o país está cada vez mais carente.
Não se pode negar que as intenções são boas, apesar da falta de uma política de saúde e saneamento básico, uma política de segurança pública eficaz e, repetindo, a questão da educação que permanece em aberto. Mas, como nem tudo é possível, se o governo conseguir ao menos fechar os ralos por onde escoa o dinheiro do Erário e mudar as práticas de governança da coisa pública, já terá sido muito. Para dizer a verdade, não espero nem mesmo isso, pois afinal os sinais continuam contraditórios. Acham que um Edison Lobão, sarneysista de carteirinha, vai se dobrar a essa gestão profissional e austera? E quem vai tirá-lo de lá, se não se comportar?  O PMDB, no segundo e terceiro escalão, vai abandonar as práticas não contabilizáveis? Ideli Salvatti, que não terá nada para fazer no anódino ministério que ocupa, vai resistir em usar as mordomias do cargo para fazer viagens internacionais de reconhecimento de técnicas pesqueiras? E o vetusto ministro do Turismo, vai parar de frequentar motéis suportado com o nosso dinheiro? 
Os problemas de Dilma no governo não virão da oposição, mas sim, substancialmente, dos aliados. Como já disse: as intenções são boas, mas o inferno...



domingo, 2 de janeiro de 2011

Sinais trocados

E o inacreditável aconteceu: Erenice Guerra na posse! O que isso significa? Que a bandalheira já está autorizada a prosseguir?  Pois, se ela foi lá é porque foi convidada, não entraria de "penetra"!  E, se foi convidada, Dilma deu o aval, se é que não foi a própria Dilma quem a mandou convidar.
Pegou mal. Não deveria ter começado o governo dando esse sinal aos políticos e desfeiteando o povo que lutou pela Ficha Limpa. É claro que não deveria tampouco aceitar no seu ministério a presença de um Pedro Novais, depois do caso do motel, e nem a de Palocci, se quer realmente demonstrar que o período de tolerância à corrupção ficou para trás.
Mas parece que isso não tem importância para ela. Sabe que vai acabar tudo em pizza mesmo e que o povo ignorante que a elegeu não sabe dessas coisas e, se sabe, também não se importa. Afinal, seu ex-chefe, apesar de todos os escândalos,  sai com popularidade de 83, ou 87%, sei lá.
A outra, Erenice, também está dando um sinal para a Polícia Federal e CGU. Esse sinal é: "ainda sou poderosa, estão vendo? Portanto.não mexam comigo". E foi lá e abraçou a presidente, na cara-dura.
Aí fica uma dúvida. Pelos discursos quase dá para acreditar que a Dilma quer fazer um bom governo, mas entre as palavras e a prática, até agora, há uma distância de anos-luz.

sábado, 1 de janeiro de 2011

Credo Humanista

Desejo um Feliz Ano Novo e década nova a todos e que a humanidade possa encontrar melhores caminhos para si mesma, com menos intolerância e mais amor. Se cada um puder dizer esse "credo", que vai abaixo, com convicção acho que esse objetivo estará alcançado.
  • Acredito na humanidade. Acho que temos mecanismos de superar nossos erros. Que uns podem e devem ajudar os outros nessa caminhada da Vida e na aventura do Conhecimento.
  • Acredito na liberdade: de informação, de crítica, de expressão, de escolha, de ir e vir. Só a liberdade pode conduzir o Homem ao progresso e à felicidade.
  • Acredito na igualdade. Todos devemos ser tratados com equanimidade, em direitos, deveres e oportunidades. A equanimidade é também e principalmente o respeito às diferenças de etnia, crença religiosa, cultura, origem, nacionalidade, gênero e orientação sexual.
  • Acredito na fraternidade entre as pessoas. Todos somos passageiros do mesmo barco e o destino de um afeta o destino de todos.

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