sexta-feira, 30 de março de 2012

Não me engana que eu não gosto

Agora o caso é sério. Joseph Blatter, presidente da Fifa, apesar de todos os diplomáticos dedos e todos os salamaleques que a liturgia do cargo requer, disse alto e bom som o que já deveria ter dito há muito tempo: queremos ação e não só palavras.
Caro Sr. Blatter, ou o senhor está sendo ingênuo ou está jogando pra torcida. Quem conhece - ou pelo menos deveria conhecer - a turma governante desse país de faz-de-conta, sabe, ou deveria saber, que não se trata de gente séria. Trata-se de gente acostumada a falar mentiras, de cima de um caminhão físico ou virtual, para um povo inerte e ignorante, que acredita ou finge que acredita. Trata-se de gente que quer usar a Copa como cabo eleitoral e como mais uma fonte de roubalheira e não está nem minimamente preocupada com o sucesso ou insucesso desse evento esportivo em si.
Obras em estádios, transportes, acomodações? Tudo isso vai ficar pra última hora para permitir contratos sem licitações ao quíntuplo do preço justo. Não adianta a Fifa gritar, nem espernear, nem xingar. Nada vai ser diferente, o script já está montado antes mesmo da escolha do Brasil como sede.
Sr. Blatter, sabe o que a Fifa deveria fazer enquanto é tempo? Cancele tudo e mude o evento com mala e cuia pra Inglaterra. Lá já estão preparados e a União Européia, em crise financeira, agradece.

quinta-feira, 29 de março de 2012

São Chico e São Millôr

Em uma semana lá se foram Chico Anísio e Millôr. E o Brasil ficou mais triste e mais burro. Talvez seja um (mau) sinal: dois humoristas partindo de uma só vez; isso deve nos levar a refletir em que nação estamos nos transformando.
O riso fácil, o bom humor, a gozação, a capacidade de achincalhar e expor as mazelas escondidas em pretensas coisas sérias, a carnavalização e o deboche (no bom sentido) sempre foram características essencialmente brasileiras, mais bem representadas pelo que se convencionou chamar de "alma carioca". Tudo isso foi muito bem sintetizado na arte desses dois monstros sagrados: o guru do Méier e o gênio dos caracteres.
Gênios de outro tempo, um tempo em que não éramos politicamente corretos, mas éramos mais sinceros em nossos sentimentos e palavras. Um tempo em que se podia rir de tudo e principalmente de si mesmo, sem culpa e sem precisar de explicações. Tempo em que dicionários não eram ameaçados de censura. Tempo em que os fundamentalismos e os fanatismos não encontravam terreno onde prosperar, pois éramos um povo que não acreditava fácil, que duvidava de tudo e que sempre conseguia perceber as intenções veladas por baixo das peles de cordeiro.
Estamos perdendo essa característica, estamos nos tornando um povo mal-humorado, correndo para lá e pra cá, esbaforidos no trânsito, estressados, com medo permanente de tudo e de todos, com medo do Outro. É por aí que proliferam os extremismos, o fanatismo e o fundamentalismo. Nessas áreas escuras da vida social, onde o riso é suprimido, é que vicejam os germes do totalitarismo e do fascismo. Que S.Francisco Anísio e S.Millôr orem por nós e nos protejam.

terça-feira, 27 de março de 2012

terça-feira, 13 de março de 2012

E viva o PIBinho!

Como disse o Dep. Roberto Freire em seu blog, o ministro Guido Mantega passou o ano de 2011 exaltando o primeiro PIB do governo Dilma, que, segundo ele, ia ter 5% de crescimento. Agora, na hora da verdade, em que o crescimento do PIB foi um fiasco de 2,7%, o mesmo ministro Guido Mantega vêm eufórico à televisão dizer que o PIB foi excelente, que o governo errou por pouco, que a previsão anterior era de 3%, blá, blá, blá...
Pergunta-se: o ministro mentiu antes, quando já sabia que o crescimento do PIB não ia passar de 3% mas continuava dizendo que ia ser 5%, ou mente agora quando tenta fazer um número parecer o que não é?
O Dep. Freire desmonta toda a argumentação ufanista ao apresentar os números tais como são. Demonstra que mesmo o crescimento de 2,7% se deveu principalmente ao agro-negócio que cresceu 3,9% enquanto que a indústria em geral cresceu só 1,6% e a indústria de transformação (excluindo as commodities) cresceu somente 0,1% ou seja, nada! E os dados de janeiro de 2012 confirmam o pior, a desaceleração dessa atividade econômica.
A presidenta, em seguida, vai à Alemanha destemperar os europeus acusando-os de culpados pelo pífio desempenho brasileiro com o "tsunami" de moeda estrangeira invadindo o Brasil. A quem ela quer enganar? Aos europeus é que não é, mesmo porque eles estão suficientemente preocupados com seus próprios problemas e não estão nem aí para as bobagens que essa ex-militante terceiro-mundista fala ou deixa de falar.
Se não é incapacidade de entender a situação, é má fé mesmo. Todo e qualquer ser pensante sabe que a enxurrada de dólares ao Brasil decorre de um único motivo: a nossa belíssima taxa de juros. Enquanto lá fora o capital especulativo é remunerado de 0,5 a 2% AO ANO, aqui pagamos oficialmente 0,8% AO MÊS! E essa mesma belíssima taxa de juros é um dos entraves ao crescimento industrial. O outro ponto que explica o pífio crescimento é o que em tempos de globalização o custo Brasil fica cada vez mais escancarado. Nossa indústria (especialmente a de transformação que produz mais valor agregado e deveria ser incentivada) não é competitiva lá fora devido ao custo Brasil, representado pela imensa e escorchante carga tributária, pela baixa produtividade devido à mão-de-obra despreparada e de baixa escolaridade, pela ineficiência estatal e pela precariedade da infraestrutura. Enquanto não somos competitivos os chineses nos dão um banho.
A transferência de renda do governo Lula, utilizada como cabo eleitoral, já se completou, portanto a classe média emergente já emergiu o que tinha de emergir. O país entretanto continua sem mercado interno forte e por isso tem que exportar o seu excesso produtivo ou então parar de crescer. É o que estamos vendo. Isso nada tem a ver com tsunamis cambiais ou protecionismo europeu.
D.Dilma e Sr. Mantega, podem continuar a sobretaxar o capital estrangeiro que o PIBinho de vocês não vai nem mexer. Seria interessante voltarem seus esforços para reabilitar a nossa abandonada infraestrutura e para executar um plano de investimentos consistente, isso sim é que seria governar de fato. Mas, parece que nesse desgoverno isso é um sonho impossível. Vamos nos acostumando com Pibinhos.

sábado, 10 de março de 2012

Chute no traseiro do governo

Na semana passada a saia justa do governo Dilma foi a declaração do secretário da FIFA de que o Brasil deveria levar um chute no traseiro por causa do atraso nas obras da Copa. Faço apenas uma correção à frase do secretário: deveria ter dito, ao invés do Brasil, que o governo do Brasil merecia o chute na bunda.
Não vale argumentar sobre a prepotência da FIFA, soberania, etc. Uma vez que o governo brasileiro não só aceitou, mas patrocinou, deu aval e tudo fez, inclusive com o "lobby" ativo do Lula, para que a Copa de 2014 viesse para cá, esperando obviamente tirar vantagens políticas desse fato, as regras do jogo foram também aceitas por esse mesmo governo.
Esse mesmo governo Lula-Dilma se esqueceu que, no caso de uma instituição como a Fifa, palavras e promessas vazias, sem a ação correspondente, não seriam suficientes. A Fifa, ao contrário dos eleitores brasileiros, iria cobrar resultados pois há muito dinheiro e responsabilidade envolvidos. Um governo incompetente em um país avacalhado e corrupto, não deveria ter se comprometido em fazer o que já se sabia que não daria conta.
Foi uma temeridade ter aceito patrocinar a Copa. Não tínhamos, nao temos e nem teremos a infra-estrutura para 2014. Falta transporte urbano, faltam hotéis, falta segurança nas ruas, faltam portos e aeroportos. Em suma: falta tudo. Se a Fifa insistir nessa aventura essa Copa será um fiasco.
A grosseria do secretário pode ser explicada de duas maneiras: ou está procurando criar um motivo para o "rompimento" ou está realmente cansado das promessas não cumpridas e desculpas esfarrapadas. É interessante perceber que a população brasileira não se abalou com a frase do secretário. Quem ficou com os brios feridos, foi o governo Dilma, porque afinal não foi a pifia oposição brasileira quem fez o diagnostico da incompetencia, mas uma instituição internacional centenaria e mundialmente celebrada.
O secretário Valcke disse o que muitos brasileiros gostariam de dizer: esse governo deveria ganhar um belo chute no traseiro!

quinta-feira, 8 de março de 2012

Dia da Mulher

Conta-se que algumas mulheres operárias da indústria têxtil e de confecção, em Nova York, iniciaram um protesto no dia 8 de março de 1857 contra as péssimas condições de trabalho e os baixos salários. Houve uma forte e violenta repressão policial que acabou por trancar as mulheres dentro da fábrica e atearam fogo, o que provocou a morte de 130 delas.
Em 1907 celebrou-se o cinquentenário desse acontecimento e em 1909 o Dia Nacional da Mulher foi oficialmente introduzido como celebração anual nos Estados Unidos pelo Partido Socialista. Na União Soviética esse evento é celebrado oficialmente desde 1917 por decreto de Lênin. Na China a celebração começou em 1922; e em 1977 a ONU declarou o dia 08 de março como o Dia Internacional da Mulher.
De lá para cá, apesar de grandes mudanças ocorridas, há ainda milhares de mulheres vivendo sob o regime de semi-escravidão, submetidas à violência sem limites, humilhadas, impedidas de se desenvolver como pessoas, como se fossem criminosas desde o nascimento. Porque esse ódio? Porque os homens descarregam essa carga de raiva e ressentimento contra essa outra metade da humanidade?
As religiões tem uma grande parcela de culpa nesse preconceito, mas isso não explica tudo. É preciso uma análise psicanalítica para se entender a misoginia, pois afinal todos nascemos de uma mulher, que é a pessoa a quem amamos pela primeira vez. Essa mulher foi a responsável por nos alimentar, agasalhar e proteger e, sem ela, muitos teriam suas vidas terminadas bem cedo. O que leva então a parte masculina da sociedade a introjetar valores machistas que vêm resvalando em muitos casos para a psicopatia? Nas sociedades primitivas e tribais os estudiosos explicam o baixo valor da mulher por sua relativa incapacidade de guerrear, mas essa explicação carece de fundamento há alguns séculos no mundo "civilizado".
Para mim a persistência do machismo se dá por causa de dois fatores: o medo atávico masculino da figura feminina e o papel desempenhado pela própria mulher como propagadora desse machismo. Desenvolverei esses dois pontos em próximas postagens. Aguardem o próximo capítulo!
E, de qualquer modo, hoje como em todos os dias: Amor, saúde e muitas alegrias a todas as mulheres!

terça-feira, 6 de março de 2012

Mundo faz-de-conta

O recente incêndio na estação brasileira na Antártida expõe uma de nossas mais lamentáveis e profundas feridas: o descaso com a pesquisa e desenvolvimento científico, como parte do descaso com a Educação como um todo.
O desgoverno Dilma já tinha formalizado esse descaso via orçamento. Ano após ano, durante o desgoverno do seu antecessor, o orçamento do ProAntar vinha caindo e chegou a míseros 11 milhões de reais na peça orçamentária (outra ficção governamental) de 2012. Esse valor representa uma redução de 42% em relação ao ano de 2011!
Pois agora, o governo vai ter que gastar 100 mil só na recuperação da estrutura física da base, sem contar a contabilização da perda de 10 milhões em equipamentos e a perda inestimável e irreparável de horas, dias, meses e anos de pesquisas, além de duas vidas humanas.
Pergunta-se: para quê temos essa base na Antártida se negamos a ela qualquer atenção? Temos a base por uma questão de aparência? para sossegar os militares? só para fincar o pé e demonstrar nossa soberania ao mundo? Afinal se outras nações tem bases lá, nós também temos que ter... É um pouco o eterno complexo de vira-latas aliado à incompetência governamental dourada com ufanismo de quinta categoria e populismo sindicalista.
Só que não é fingindo que investimos em educação e desenvolvimento científico que chegaremos lá. Os ministros da Tecnologia, tanto o que sai quanto o que entra, demonstram entender menos do assunto que o bispo Crivella entende de anzol. E a única coisa que as autoridades palacianas fizeram até agora foi lamentar profundamente.
Quem lamenta somos nós, caras-pálidas, que pagamos os impostos!

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