quarta-feira, 29 de agosto de 2012

É bobo ou espertalhão?

Lula, mais uma vez, faz o papel de ignorante (ou espertalhão). Disse que está decepcionado com o voto dos ministros indicados por Dilma, (Fux e Rosa Weber) que votaram pela condenação de João Paulo Cunha.
Ora, o que Lula esperava? Que os indicados por ele e sua sucessora tivessem o compromisso de votar conforme a vontade e interesse de quem os indicou? 
Isso mostra que Lula, ou não entende como funcionam as instituições da República, ou propositalmente finge não entender. Desconhece, apesar de ter sido presidente,  que o poder Judiciário é ser um poder independente do Executivo.
Ao dizer o que disse, quer equiparar a nomeação de um ministro da Suprema Corte à nomeação de apaniguados para os demais cargos públicos, loteados entre os "companheros".
 Em qualquer dos casos é vergonhoso que um ex-presidente se manifeste assim, desprezando completamente a ética e ofendendo os ministros indicados por ele e por sua sucessora, ao atribuir-lhes uma obrigação tácita de subserviência que eles evidentemente não podem ter.
Mas estamos acostumados a essas manifestações de  Lula de desprezo e desconsideração pela lei e pelas instituições democráticas e republicanas. 

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

O (mau) exemplo do ministro

Dias Toffoli votou como Dias Toffoli. Não poderia nem ter votado, uma vez que, tendo sido advogado do Partido, deveria, por imposição ética, ter se declarado impedido. Seu voto constrange o Supremo e coloca em suspeição o resultado. 
Não dá para entender seu afã em participar de um julgamento que só pode ser uma verdadeira "saia justa". Para se livrar da desconfiança teria que condenar todos os mensaleiros, especialmente os petistas, mesmo que não tenha plena convicção de sua culpa. Quando os absolve (como fez com João Paulo Cunha) passa imediatamente a impressão de que o fez por fidelidade aos seus antigos companheiros.
Até parece que as instituições brasileiras já não estariam suficientemente desacreditadas, que o povo confiaria nas autoridades, no Congresso, na polícia, na Justiça. 
O que menos a República precisa agora é de uma suspeita pairando sobre o voto de um ministro da Suprema Corte do país.
Como somos um país cordial ninguém com capacidade de argüir o ministro o fez. A "urbanidade" fala acima de tudo. Ninguém quer ser o chato da vez, o cri-cri, o picuinha. Preferimos passar por cima de tudo, varrer tudo para debaixo do tapete e continuarmos a vidinha de mentira como se tudo estivesse resolvido.
Desse jeito jamais sairemos da mediocridade. Se não formos capazes de ver com os olhos bem abertos nossos defeitos e nossos problemas, não seremos capazes de corrigí-los e nosso destino será o de continuar a ser eternamente o país de um futuro que nunca chega.
O exemplo vem de cima, ministro Dias Toffoli!


sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Lições do Mensalão - Duas classes de cidadãos

Surpresa com o voto de Lewandovski ontem não houve.  Já se esperava que o ministro de d. Mariza Letícia começasse a traçar o caminho da absolvição dos políticos do PT. Sua função nesse julgamento será essa, como ele mesmo já nos fez saber, ao dizer que faria um contraponto ao ministro relator.
O que ficou estranho, portanto, foi a sua posição rigorosa contra os réus não políticos (Pizzolato, Marcos Valério, Cristiano Paz e Ramon Hollerbach) pois, pela lógica, os mesmo argumentos usados para condenar os quatro deveriam ser usados para condenar também João Paulo Cunha. As empresas que se relacionavam irregularmente com o Banco do Brasil eram as mesmas que se relacionavam com a Câmara. Os agentes que corromperam Pizzolato eram os mesmos que entregaram ou mandaram entregar (Banco Rural) dinheiro vivo à esposa de J. Paulo. O "modus operandi" exatamente o mesmo. Saques de enormes quantias na boca do caixa. Dinheiro vivo para não ser rastreado. Todos os modos operacionais de gente fazendo lavagem de dinheiro.
Mas, para o min. Lewandovski, o sr. Pizzolato cometeu crime e João Paulo, não. A diferença fundamental entre eles é que J.Paulo é do PT. Parece que, para o min. Lewandovski, ser do PT confere uma espécie de imunidade penal ao cidadão. Se esse cidadão faz parte do governo, então a imunidade ainda é maior, porque aí surge a necessidade de se achar um ato de ofício praticado por ele, que seria mais ou menos como querer encontrar um recibo de propina.
A lei penal não exige o ato, mas a lei é apenas a lei. O que vale são as interpretações da lei, que alguns dos insignes doutores magistrados estão aprendendo a  fazer com o Doutor Márcio Thomaz Bastos e ensinando para nós, chusma ignorante.
Para condenar um ungido do  partido só com confissão de culpa.
Eles são cidadãos de primeira classe tem todos os privilégios,  nós os de segunda ou terceira, temos todas as obrigações.

Notas: 
(1) Art. 312 do Código Penal - Crime de Peculato - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, 
público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio. 
(2) Art. 316 - Crime de Concussão - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida.
(3) Art. 317 - Corrupção Passiva - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora  da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem.

Somente nos casos de crime de prevaricação é que expressamente o Código Penal estipula a exigência de ato (ou omissão) de Ofício.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

We, the people

As palavras são símbolos e tem uma força enorme. Conforme escolhemos as palavras, isso vai demonstrando o que somos e o que pensamos.
"Nós, o povo..." São essas as primeiras palavras da Constituição Americana, proclamada em 1787. 
Já a nossa primeira Constituição, de 1824, começa com a frase: " Em nome da Santíssima Trindade..." E a Constituição atual, de 1988, se inicia- com um "Nós, os representantes do povo,..."
Há uma diferença fundamental entre ser o povo e ser seu representante. Representar não é o mesmo que ser. Representar nos remete ao teatro, à ficção, à substituição da realidade por uma "representação" de si.
Nesses símbolos pode-se perceber toda uma diferença entre as culturas desses dois povos. Um, o do norte, não entrega seu destino nas mãos de ninguém. São eles que fazem e desfazem, para o bem ou para o mal.
Enquanto aqui, no sul, já começamos a falar em nome de uma Santíssima Trindade, que como não está aqui e ninguém vê, em nome dela pode se alegar qualquer coisa. Mesmo quando substituímos essa entidade espiritual por um agente mais concreto, ainda há alguém que fala e decide em nome do povo.
Por isso a apatia, a falta de identificação com os símbolos nacionais, o maior interesse na trama da novela. O povo, esse desconhecido em nome de quem tantas mentiras são ditas e em benefício de quem tantos crimes são cometidos, é o grande ausente da nossa história.


sábado, 18 de agosto de 2012

Serenidade na Corte!

Parabéns ao ministro Ayres Britto pela segurança e serenidade com que está a conduzir o julgamento do mensalão. Quanto mais o min. Marco Aurélio o ataca, mais eu creio que ele está no caminho certo. Aliás quem devia apresentar a serenidade que pede aos outros, seria o próprio ministro Marco Aurélio de Mello. Dia, sim, dia, não, vemos uma entrevista dele atacando ou o ministro Joaquim Barbosa, ou o presidente do STF. Não é oportuno, não é elegante, não é benéfico para o país essa atitude de um juiz da Suprema Corte. Felizmente, o ministro Ayres Britto não cai nessa provocação e continua seu trabalho com muita tranqüilidade, garantindo até agora, que o processo não se arraste indefinidamente e que os votos não sejam intermináveis como alguns gostariam que fosse.
Em nome de uma lisura processual, contra a qual ninguém se insurge, percebe-se claramente um movimento de procrastinação que não é legítimo e não pode ser tolerado. Se um ministro pode dizer se considera A ou B, culpado ou inocente em dois minutos e ainda expor as razões pelas quais chegou a essa conclusão, em, no máximo, digamos, meia-hora, nada justifica que estenda esse processo por tempo indefinido, com firulas e repetições dos mesmos argumentos (além de citações enfadonhas e desnecessárias) até a náusea!
Essa atitude só faz piorar a imagem já desgastada que a nação tem do seu judiciário.
Que os ministros sejam mais objetivos e claros. É disso que o país precisa. O povo brasileiro precisa recuperar a crença em uma de suas  mais importantes instituições.
Não precisamos de picuinhas entre ministros, nem de demonstrações anacrônicas de erudição bacharelesca e bolorenta . Precisamos é de clareza e serenidade na Corte.

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Esquerda ou direita?

O sindicalismo brasileiro nasceu no bojo do Estado Novo, fascista. De direita portanto. A CLT foi nada mais que uma adaptação tropical da "Carta del Lavoro" de Mussolini. Foi nesse tipo de sindicalismo, consentido, tutelado pelo estado, que nasceu e cresceu o principal ramo do PT e seu maior líder. Apesar de ter sido sempre relacionado com o movimento político da esquerda, Lula nunca foi de esquerda. O Lula político foi uma cria do General Golbery, que precisava de alguém "confiável" dentro do sindicalismo, para garantir o controle dos sindicatos no processo de abertura política que inevitavelmente teria que ocorrer.
Lula foi um achado também para a esquerda, pois poderia ser a síntese e símbolo, como de fato veio a fazê-lo, da ascensão da classe operária ao poder, mito tão ao gosto dos velhos bolchevistas.
Lula então, espertamente, foi se amoldando ao figurino da esquerda pretendido para ele e traçado pelos "intelectuais" do Partido. 
O problema é que, como sapo barbudo a classe média o rejeita, e depois de várias derrotas o partido muda de tática e resolve simplesmente se aliar aos antigos adversários. É o maquiavelismo em estado puro. E faz isso sem despegar-se (ao menos na teoria) da ideologia que se traduz na cor de sua bandeira. Vive um momento esquizofrênico em que apresenta uma face (barbuda) para o público interno e uma outra (escanhoada) para os demais.
O incrível acontece e o partido, que não fazia alianças, agarra-se à burguesia para chegar ao poder. 
Ainda não sabíamos qual tinha sido o preço pago. Ainda não sabíamos que a alma do partido estava vendida. 
Assim, endossado por setores da burguesia, representados pelo seu vive, José Alencar, e tutelado dentro do Planalto por José Dirceu, o grande e poderoso chefe da Casa Civil, Lula chegou lá, mas não tinha nem autonomia, nem segurança para governar de moto próprio.
Foi então que o impensável aconteceu, alguém de dentro do sistema, ao ser contrariado, resolveu por a boca no trombone e quase pôs tudo a perder. O Zé, em situação insustentável, e para evitar que o fogo chegasse à cadeira do presidente, teve que sair.  
A princípio, Lula parecia desorientado mas, pouco a pouco, tendo que agir por conta própria, sem o aconselhamento do grande tutor, acabou por descobrir a si próprio como a oitava maravilha do século. Passado o susto inicial e ajudado pela anemia e tibieza da oposição, Lula, a partir daí, só fez crescer. 
Para mal da nação,  o que cresceu, no entanto,  foram as suas piores qualidades. A megalomania, a ignorância travestida de simplicidade, a falta de visão global e de futuro, a mesquinhez, o imediatismo, o nepotismo,  a ganância por privilégios e mordomias tão a gosto da atividade sindical.
Ao mesmo tempo, percebendo que a oposição não o atacava por ter também telhados de vidro, descobriu-se inimputável, um verdadeiro teflon, onde nada colaria. 
A partir daí, o antigo pelego confiável de Golbery "chutou o balde" e perdeu todas as amarras. Voltou às origens sindicais. Abraçou-se ao assistencialismo da mais legítima estirpe getulista.  Subiu metaforicamente em um caminhão e daí passou a governar mediante comícios, no afã de manter a tal popularidade. 
Ao mesmo tempo, garantiu a continuidade do apoio das "elites" ao aliar-se cada vez mais fortemente a Sarney e Collor, (e posteriormente a Maluf) pouco se importando com a ideologia ou a falta dela. Escolheu e fez a sucessora. Dançou, pintou e bordou com a popularidade. E deixou o planalto com tristeza, com síndrome de abstinência que parece durar até hoje. E o partido?
Agora o partido se vê às voltas com Dona Dilma, que não é genuinamente petista, nem política e parece não gostar  desse tipo de atividade. O partido, que não sabe mais se é de esquerda ou de direita, não decide que rumo tomar quando os sindicatos açulam os funcionários públicos às greves. Essa ruptura nas bases é interessante de ser observada. Vamos ver no que vai dar.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Ali Babá

Eram quarenta acusados. Um morreu, outro fez acordo e agora são trinta e oito. Mas eram quarenta! Esse número é cheio de simbolismo: foram 40 anos o tempo que as tribos de Israel ficaram vagando pelo deserto, antes de entrarem na terra prometida; são 40 os dias da quaresma; eram quarenta os companheiros de Ali Babá.

Portanto, fica no ar uma questão: falta um no banco dos réus, como disse o advogado de Roberto Jefferson. Os quarenta ladrões foram denunciados, falta porém o mais importante deles, o grande beneficiado pela compra de votos do mensalão. Falta Ali Babá.

E agora, José?

Dilma ordenou que o governo ficasse longe do julgamento do mensalão. Atitude sensata de quem observa e respeita o mandamento constitucional de separação e independência de poderes. Afinal ela não é presidenta do PT, mas de toda a nação.
Não demorou muito veio a reação. Lula ficou fulo, o Zé ficou revoltado e o Partido começou a pressionar para que o governo se manifestasse (evidentemente a favor dos réus). Essa gente demonstra a todo instante que não está nem aí para as leis e instituições do país. O que lhes interessa é seu projeto de poder a todo custo, a qualquer custo.
Tanto fizeram que Dilma autorizou o amarra-cachorro lulista, Gilberto de Carvalho, a se pronunciar. Autorizou de leve, mas autorizou. E isso é mau. Isso demonstra que a presidenta não tem autonomia, que é refém do Partido, que é refém de Lula, que é refém do Zé. 
Lula é refém do Zé, porque o Zé sabe que Lula sabe; porque o Zé tem como provar que Lula sabe e já sabia desde antes de sua primeira eleição. O ovo da serpente havia sido chocado em Santo André. O laboratório tinha servido bem ao teste de "como ficar no poder para sempre", mesmo com alguns percalços inesperados, como o de Celso Daniel, que afinal tinha sido "resolvido" ao estilo Stalin.
Mas o Zé não quer ir pra forca sozinho. O Zé aceita ser quase tudo, só não aceita ser mártir. O Zé quer porque quer que haja um amplo, geral e irrestrito movimento em seu favor. O Zé quer os estudantes nas ruas, o funcionalismo gritando em passeatas, as centrais sindicais agitando bandeiras em frente ao Supremo, o governo engajado em público e  nos bastidores pressionando os ministros. Era isso que o Zé queria, mas está difícil de conseguir. Até quando vão segurar o Zé?

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

O show do Doutor e o ovo da serpente

O Doutor Márcio Thomaz Bastos ontem deu um show. Perante o plenário do Supremo, acusou (vejam bem, a-cu-sou) a Procuradoria Geral da República de ter "inventado" o mensalão. Disse que tudo não passa de uma "fantasia" e que a acusação é "desprovida do senso de realidade". Em outras palavras, só não chamou o Procurador de santo. Para o Doutor Márcio, o Procurador Geral é um fantasista, mentiroso, irresponsável, pois só um irresponsável poderia inventar um tipo de denúncia tão grave contra pessoas que ocuparam cargos tão importantes na República.
 Se não forem irresponsáveis, então (no raciocínio tortuoso do Dr. Márcio) o Ministério Público é constituído de perigosos golpistas. Não há outra conclusão.
É preciso muita coragem e costas muito largas para desacatar assim, publicamente,  um dos pilares do Poder Judiciário, que é o Ministério Público. Defender seu cliente é uma prerrogativa e dever seu, mas partir para o ataque com essa dureza, faz-nos pressupor que há mais coisa armada por aí. O Doutor Márcio e os réus estão mostrando que não temem o Supremo, não temem o julgamento, não temem o Ministério Público
Ao contrário, estão indignados de terem sido levados à barra dos tribunais. Como ousam questionar o que fazemos? parecem dizer. São inimputáveis, estão acima da lei por pertencerem ao Partido ou serem seus aliados. O Partido é inatacável, é o dono da verdade. O que o Partido manda, deve ser feito sem questionamentos.
O dinheiro, foi desviado, sim, para pagar dívidas e compromissos do Partido, como já admitem, mas isso está bem. É ilegal, sim, mas e daí? Se foi para o bem do Partido, está tudo bem. Quase falta dizer, é ilegal, mas a gente muda a Lei, e aí fica legal. Como a lei retroage para beneficiar o réu, não há crime.
De fato, estão mudando a Lei. No caso dos bônus por volume que as agências de publicidade deveriam ter devolvido ao Banco do Brasil, por exemplo, mudou-se a lei. Posteriormente ao crime. E já os advogados apelam pedindo a sua retroação para beneficiar os réus.
O Doutor Márcio admoesta os ministros do Supremo de que eles estão "julgando pessoas"! Só faltou completar: e não são pessoas comuns!
Realmente, se sua sapiência não o relembrasse aos ministros, eles não saberiam o quê estão julgando. Como se, em algum lugar do planeta, alguma corte julgasse coisas e animais, ao invés de julgar pessoas.
Tenha a santa paciência, Doutor Márcio! Se não quer poupar os ministros do Supremo, poupe-nos,  ao menos a nós, de seus silogismos e ataques vulgares. O Doutor Márcio Thomaz Bastos, que prestava seus serviços dando conselhos aos membros do governo Lula e ao próprio Apedeuta em relação ao Mensalão, enquanto ainda era ministro da Justiça, o que é ilegal e aético, devia ter um pouco de vergonha de fazer esse papelão. 
Mas o que é isso? Vergonha é uma palavra que está caindo em desuso! E a serpente, como diz a ministra Eliana Calmon, está nascendo à vista de todos!

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Para a patuleia entender

O Doutor Márcio Thomaz Bastos até há bem pouco tempo era ministro da Justiça. Até há pouquíssmo tempo era advogado do contraventor Cachoeira. Ainda é advogado de um mensaleiro, o vice-presidente do Banco Rural. E dá conselhos e arma estratégias com todos os outros advogados dos mensaleiros. Tudo isso está muito bem, está muito certo do ponto de vista jurídico e legal. Ele pode fazer tudo isso, mesmo que agindo nos limites da lei.
Mas, francamente, para as pessoas comuns, leigas em Direito, que são obviamente a maioria nesse país, essa mistura de funções (mesmo que sejam consecutivas) soa estranho, muito estranho. Todo réu tem direito a um advogado, não se discute, mas tem que ser a mesma pessoa que ocupava uma função pública na qual era chefe da polícia que estava investigando esse mesmo réu? Não havia nem um outro advogado nesse país que pudesse aceitar a causa, por exemplo, de Carlos Cachoeira? ou de algum mensaleiro?
Cabe, licitamente a nós, patuleia ignorante, perguntar:  Qual será o motivo pelo qual o Doutor Márcio é o preferido de 9 entre 10 réus de processos que envolvem o Erário e maracutaias com o governo?  Seu notório saber não está em questão; longe de mim, um leigo, discutir a sapiência do Doutor Márcio. Sabemos que os serviços de sua banca estão entre os mais caros do país, mesmo assim continua sendo o preferido dos réus mais badalados da República. E, sobretudo, parece que o Brasil anda carente de sumidades do Direito, pois tudo vai parar na banca do Dr. Márcio.  Tudo, é modo de dizer, pois talvez só 1% de nossa população tenha condições de pagar por tal sapiência.
Para a maioria de nós, da patuleia, o que vale são os rigores da lei. Para eles, essa nata, a verdadeira "zelite", o que vale são as "tecnicalidades", nas quais, o Doutor Márcio é um "expert".

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

As medalhas do Cazaquistão

A posição do Mercosul no ranking das medalhas até agora é simplesmente ridícula. Juntando-se as medalhas da Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e Venezuela, ainda assim o bloco inteiro fica atrás da  Coréia...do Norte!, que tem 4 medalhas de ouro. Nem se fale na Coréia do Sul, porque aí é covardia. Eles tem 10 medalhas de ouro até agora, em um total de 21.
Esquecendo os nossos "colegas" e considerando só o Brasil, estamos em vigésimo lugar, ostentando duas míseras medalhas de ouro, uma de prata e cinco de bronze. Era de se esperar que estivessem à nossa frente, (além da China, Rússia e USA) França, Itália, Holanda, Grã-Bretanha e Alemanha.
Mas na nossa frente estão países tão pequenos como Belarus e Dinamarca. Tão pobres como África do Sul, Cuba, Cazaquistão e a já citada Coréia do Norte.
Será que o Cazaquistão tem uma política voltada para o esporte/educação melhor que a nossa? Eles estão em sétimo lugar com 6 medalhas de ouro. Devem ter, porque não se ganha medalha olímpica por sorte.
É importante essa análise porque esse quadro de medalhas fala muito de cada país. Demagogia e blá-blá-blá de governo podem até funcionar aqui, para a patuleia boba que vota neles, e acredita nos PAC's e se refestela com as bolsas-isso, bolsas-aquilo, mas na hora da verdade verdadeira, como essa em que disputamos em condições de igualdade, as coisas voltam para os seus devidos lugares e o ufanismo demagógico dá lugar à realidade nua e crua.
Não temos política educacional e por consequência não temos políticas públicas para o esporte (como parte, que é,  da educação). O que vemos imperar aqui, nessa área, é a proliferação de ONG's destinadas, a maioria delas, a fazerem o papel de ralos por onde se escoa o dinheiro público.

domingo, 5 de agosto de 2012

Menos latim e mais verdade


Nunca antes neste país estivemos tão próximos do fundo do poço, no que se refere ao funcionamento das instituições republicanas, quanto nesse malfadado governo petista. Historicamente, sempre fomos um país bagunçado. Nossa cultura do jeitinho, da malandragem e do desrespeito às regras, não foi inaugurada pelo PT, obviamente. Mas o lulo-petismo conseguiu oficializar isso, elevando essa bagunça à categoria de arte.  Vale tudo desde que seja para benefício do partido e dos "companheiros".
A atitude escandalosa foi tanta que passamos a considerar a roubalheira como um fato da natureza. Inevitável.
Nessa toada, assistimos à desfaçatez se insinuar também no julgamento do mensalão no STF. Manobras claramente procrastinadoras são plenamente aceitas pela corte e, quando rechaçadas,  como fez o ministro Joaquim Barbosa na primeira sessão, quem passa a ser cirticado é exatamente quem reagiu a isso.
O min. Marco Aurélio, hoje, declara que faltou urbanidade ao relator e que teme pelo momento em que o min. Barbosa se tornará presidente do STF. Como cidadão me pergunto, qual será o motivo desse temor?
Fico com a resposta do ministro relator: é com extrema urbanidade que muitas vezes se praticam as mais sórdidas ações contra o interesse público."
Pois o que falta nesse país não é propriamente urbanidade, nem civilidade. O que falta é civismo, honestidade, capacidade de se indignar e chamar as coisas pelo nome que tem: ladrão é ladrão; dinheiro não contabilizado é roubo, fraude, sonegação e desvio; chefe de quadrilha é chefe de quadrilha; cúmplice é cumplice; comparsa é comparsa.
Menos salamaleques e maneirismos, menos palavrório, enfim,  menos latim e mais verdade! 
O Supremo poderia começar dando essa lição e esse estímulo às novas gerações, que a atual já está perdida.



Nota: Afinal já se passaram sete anos. Quem quiser refrescar a memória sobre o mensalão é só clicar aqui


quarta-feira, 1 de agosto de 2012

A hora da verdade

Até que ponto esse julgamento do mensalão pelo STF será um julgamento sério e isento? Tenho grandes e sérias dúvidas. Primeiro por causa dos antecedentes. Esse tribunal absolveu um ex-presidente cassado por causa de uma simples tecnicalidade: não havia ato de ofício ligando ações de governo à dinheirama que PC Farias tinha amealhado. E o álibi de Collor foi aquele empréstimo do Uruguai, lembram-se? Pois o Supremo "engoliu" tudo isso e o absolveu. Isso dá a ele, Collor, todo o direito de dizer que sua cassação foi um golpe. Golpe de quem? Do PT, seu aliado de agora.
Agora temos a situação esdrúxula de um ministro (Dias Toffoli, aqui)  que foi advogado do PT, foi filiado ao partido, trabalhou no governo subordinado a ninguém menos que Zé Dirceu,  ter a possibilidade de participar desse julgamento. E ainda, sabendo-se que a sua namorada ou companheira advogou exatamente a causa de alguns desses mensaleiros!
Não é possível que tenhamos perdido tão completamente o senso das coisas que isso vá acontecer e todo mundo achar normal, inclusive seus pares do Tribunal.
Se o próprio min. Dias Toffoli não se declarar impedido, só resta esperarmos que o Procurador Gurgel levante a questão. Se não, vamos assistir a uma pantomima, com mais uma desmoralização para o poder Judiciário, que já tem tão pouco crédito perante a nação.
O pior perigo é que, quanto menos poder tiver o Judiciário, menos democracia haverá no país..

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