sábado, 30 de março de 2013

Incompetência e irresponsabilidade

Mostre me um prejuízo em uma estatal e eu lhe mostro o dedo do governo. Mas dessa vez foi bem rápido! Em menos de 3 meses, a Eletrobrás revelou o quanto de prejuízo uma ingerência irresponsável pode fazer. Como o governo detém 67% das ações, obrigou a Eletrobrás a aceitar o tal pacote de renovação antecipada das concessões com redução de tarifa. 
Para fazer gracinha visando sua reeleição em 2014, Dilma não se preocupou em causar um prejuizo monstro de 6,7 bilhões na empresa. Dane-se, deve ter pensado, eu quero é ganhar a eleição! Não houve um plano para redução de custos que suportasse esse desconto, uma reestruturação do sistema, como se faz nas empresas privadas quando se tem que reduzir custos. Nada! Foi uma canetada e pronto! A bruxaria estava feita.
Claro, que a conta ia ser paga por alguém. Vai ser paga, principalmente, pelos funcionários que serão demitidos. Serão 5400 famílias de funcionários da Eletrobrás afetadas pela demissão em massa. Esse é o governo do PT!

Do mesmo modo como não se preocupa em causar prejuízos nas estatais, ou nas autarquias, em que o estado é majoritário, ou mesmo interferir negativamente em empresas privadas como a Vale, a presidAnta já deixou claro que "um pouco de inflação" não faz mal. Para um país que já sofreu dessa doença grave e teve que se submeter a tratamentos de choque, uma declaração como essa, partindo da chefe do executivo, é como um médico dizendo ao paciente que ele tem uma metástase, mas que não precisa de se preocupar, porque a metástase é pequena. É óbvio que o recrudescimento da inflação é preocupante, até porque, dos males econômicos, a inflação é dos mais difíceis de se extirpar e dos mais incapacitantes para a economia.

A incompetência da presidAnta está flertando com a irresponsabilidade. Isso não se pode admitir. A gestão temerária ou irresponsável da nação exige um posicionamento radical das forças políticas que se opõem a esse descalabro. Não se pode ficar calado e conivente com uma situação em que todos estamos vendo os pilares da economia se desmanchando diante de nós. As contas externas estão se deteriorando rapidamente. Petrobrás e Eletrobrás  fazendo prejuízos históricos. O PIB achatado. A inflação tomando as rédeas de novo.
Vamos ter que esperar até quando para reconhecer que essa senhora não tem a mínima competência para administrar o país?

quinta-feira, 28 de março de 2013

Cala a boca, Ofélia!

Mesmo que penalize sempre em maior grau as camadas mais pobres da população, a presidenta diz que a inflação não é uma das suas preocupações  e que isso (o controle da inflação) pertence a teorias econômicas ultrapassadas.
É um espanto uma Chefe de Estado dizer isso com tanta irresponsabilidade.
Mas nem tudo está perdido, pois parece que, entre as preocupações da presidenta, além de ganhar as eleições de 2014, claro, se inclui o crescimento do país. 
Obviamente, talvez só alguns dinossauros ideológicos e ecoterroristas o sejam, mas pessoas digamos normais, não podem ser contra o crescimento econômico. Se a população cresce, a economia tem que crescer, senão a miséria simplesmente aumenta. Isso é só uma questão matemática.
Com o que não se pode concordar, porém,  no raciocínio da presidenta, é que crescimento e controle da inflação sejam coisas antagônicas. Esse pensamento, sim, é que é ultrapassado.
A inflação é como a febre, não é a doença, é um sintoma. Mas se ignorarmos os sintomas a doença progride e um dia pode matar o paciente. No caso brasileiro, a inflação é sempre uma consequência do descalabro das contas públicas. Não é a tal inflação de demanda (derivada do consumo), até porque, por mais que se louve a ascenção da classe C e a "erradicação da miséria" com 70 reais por mês, não é essa massa de dinheiro que vai mover a economia. Mesmo porque essa massa de dinheiro não foi riqueza criada, mas riqueza transferida. Em outras palavras, algumas pessoas passaram a ter mais dinheiro, não porque tenham produzido algo novo com o trabalho, mas porque o governo tirou de uns e deu a outros. Transferiu de mãos um dinheiro que já estava "no mercado". Portanto não se pode falar em crescimento do mercado consumidor. Não se discute aqui, os eventuais benefícios e correção de injustiças, se é que houve. O que se quer demonstrar e que no Brasil não temos inflação de demanda. Temos, sim, desinvestimento na produção. Temos, sim o Estado, mau gastador, se agigantando cada vez mais via carga tributária e jogando  o nosso dinheiro pela janela. Basta citar o desperdício na obra da transposição do S.Francisco na qual já foram gastos 12 bilhões, nos estádios (vide Engenhão, no Rio,  que foi orçado em 60 milhões, custou 380 e está fechado por problemas estruturais), ...e nessa toada seguem vários outros maus exemplos.
Dilma não mencionou, porém, que além de descontrole da inflação, estamos patinando também em um pífio crescimento econômico e para resolver essa questão ela não apresenta nenhuma teoria econômica que não seja ultrapassada.
Havia uma personagem de programa humorístico chamada Ofélia, que só abria a boca para dizer besteiras e seu marido sempre a mandava se calar. Pois, Dilma deveria aprender e, quando não souber o que dizer, permanecer calada. O estrago, com certeza, será menor.




segunda-feira, 25 de março de 2013

Passividade violenta

O povo brasileiro é um povo passivo, certo? Errado! Apesar de pouco nos manifestarmos publicamente, de não protestarmos contra a canalhice que passou a dominar a política nacional, não somos um povo totalmente passivo. Digo isso porque basta olharmos para as torcidas organizadas de futebol. Bastar ver como se comportam os membros dessas torcidas, da Mancha Verde à Gaviões da Fiel. Fazem da sua opção esportiva uma religião, com todo o fanatismo que comportam os sistemas de crença de dogmas indiscutíveis.
Sou atleticano de coração e de alma. Nasci atleticano como os demais e morrerei atleticano. Isso dito, torço pelo meu time, mas nem por isso penso que os torcedores dos outros times tenham que ser atacados pelo simples fato de existirem. Eles só não fizeram a melhor escolha, mas isso é problema deles.
Depois dos lamentáveis episódios ocorridos recentemente com as torcidas do Coríntians e Palmeiras temos que nos perguntar qual é o motivo dessa selvageria. O que há de errado com as pessoas? O que está por trás disso tudo? Qual é o significado? Por outro lado, também percebemos o mesmo ranço violento nas manifestações contra a blogueira Yoani Sanchez.
Se vivêssemos sob uma ditadura, eu diria que haveria uma revolta latente, que, não podendo se expressar pelos canais "normais", estaria sendo desviada para o futebol. Mas, não. Não é o caso, pelo menos ainda.
Pensando bem, a gente até se esquece que vivemos sob a  égide da violência. No Brasil nenhum cidadão transita pela cidade, ou pára no semáforo sem medo, sem olhar pro lado ou espiar atrás. O que era uma característica das cidades grandes, generalizou-se. As outrora pacatas cidades do interior também hoje são palco de violência de vário tipos, inclusive daquela que é ter que conviver em maior ou menor grau com as cracolândias.
Ese ambiente rotineiro de violência em potencial onipresente tem que mexer com a cabeça das pessoas. O estresse provoca reações irracionais, desperta o animal que todos temos dentro de nós, adormecido pelo verniz civilizatório, mas facilmente despertado quando os instintos básicos são chamados à ação. De estar preparado para a ação e agir é um pulo. Uma simples "fechada" de automóvel pode provocar reações inesperadas. Quando então se juntam várias pessoas, despersonalizadas no meio da massa, vestindo o mesmo uniforme e berrando as mesmas palavras de ordem, está montado o cenário para a irrupção do monstro. É o "Nós" contra "Eles" básico dos tempos primitivos.
Oxalá, pudéssemos canalizar toda a nossa raiva, diante da impotência na vida urbana, para ações mais efetivas de mudança social! Mas, como não temos uma cultura de coletividade, não o fazemos, a não ser quando somos mobilizados por uma torcida "organizada" que substitui a nossa vontade e a nossa razão.

quinta-feira, 21 de março de 2013

São Sepé

Na história do Brasil há uma epopéia muito triste e muito bonita ocorrida no Sul, na região das Missões jesuíticas. O filme "A Missão", com Robert De Niro e Jeremy Irons,  nos conta uma parte dessa história, mas termina com a guerra e não prossegue o relato do heroísmo e dor vividos por aquele povo. Trata-se da história de Sepé Tiaraju, também conhecido como São Sepé.
Se tivesse sido reconhecido pelo vaticano, esse seria realmente o primeiro santo legitimamente brasileiro. Sepé era um índio guarani. Li sua história, ainda criança, em um almanaque cujo nome não recordo. Mas a história ficou em minha memória, pois era uma saga daquelas de deixar boquiaberto e cheio de fantasias, um menino de dez anos, numa época em que nem havia televisão direito.
Sepé vivia em paz com sua gente, numa belíssima região de rios e quedas d'água,  em uma das Missões  jesuíticas, ou Reduções, que era como os jesuítas as chamavam. Os jesuítas eram catequistas que hoje seriam apedrejados em praça pública por quererem "violar a inocência" do bom selvagem e "adulterar-lhes a cultura". Mas na época os jesuítas eram progressistas. 
Enquanto os leigos, portugueses e espanhóis, só viam nos índios uma possível mão-de-obra escrava, os jesuítas defendiam-lhes a liberdade e trabalhavam para promover o desenvolvimento intelectual e cultural daqueles povos, ensinando-lhes... o catolicismo, claro, mas também a escrita, a aritmética, rudimentos de ciência, economia, música, ou seja, promoviam o ser humano para realizar-se em sua plenitude, o que é muito diferente de o deixar vagando pelos matos, picado de mosquitos, apanhando malária, morrendo ainda criança ou atingindo no máximo 30 anos e já encarquilhados como um velho de 90.
Fizeram esse trabalho com excelência nos Sete Povos das Missões. O problema é que estavam no caminho das duas potências imperialistas da época: Portugal e Espanha.
O Tratado de Madri reformulava a divisão das terras feitas pelo anterior Tratado das Tordesilhas. Ou seja, os poderosos se sentavam à mesa na Europa e dividiam o mundo entre si, sem perguntar nada a ninguém, como se fossem os donos incontestados da Terra.
Esse Tratado "devolveu" as terras onde estavam as missões a Portugal. A Espanha ganhou outras coisas em troca. Então foi requerido que os jesuítas e os guaranis deixassem a terra, perdendo inclusive 1 milhão de cabeças de gado que, na época, constituía o maior rebanho bovino das Américas! Eles se revoltaram e, juntamente com os jesuítas,  resolveram enfrentar os portugueses e os espanhóis à bala. Aí começa a epopéia que durou 6 anos.
Sepé Tiaraju era um destemido chefe tribal, educado pelos jesuítas,  que lutou com unhas e dentes, inspirando coragem e fé nos seus companheiros e teria dito aos colonizadores : "Esta terra tem dono!"
Morreu lutando, mas nesse momento nasceu uma lenda que ficou nas histórias dos pampas. Diz a lenda  que ele tinha uma marca, um sinal de nascença, na testa, que brilhava nas noites escuras, ou quando ele estava em combate. Naquela última batalha o sinal (também chamado "lunar")  brilhou mais forte e era um modo de ser reconhecido no calor e na poeira da luta. Mas esse sinal foi também a sua perdição. Era por ele que os inimigos procuravam. Sabiam que, morto Sepé, a resistência guarani acabaria. Quando finalmente o atingiram, ele foi arrebatado aos céus por S.Miguel e o sinal de sua testa passou a brilhar no céu, nas noites escuras do Rio Grande, tornando-se a constelação do Cruzeiro do Sul!

Com Sepé morreram os jesuítas da Missões e muitos sonhos. Pouco depois a Companhia de Jesus foi expulsa dos territórios portugueses, a começar pelo Brasil.
Agora, por ironia, a América do Sul propicia um jesuíta ao papado.

Notas:


quarta-feira, 20 de março de 2013

Fazendo o diabo na terra do sole mio

É cansativo falar da Dilma o tempo todo, mas ela não deixa que a gente mude de assunto. Agora é essa farra em Roma.
Em primeiro lugar, para quê tanta gente nessa "cometiva"? Quase todos são "revolucionários" marxistas e, por definição, ateus militantes. O quê que foram fazer na entronização do Papa?
A Dilma, ainda vá. É a Chefa de Estado, muito embora vários outros chefes de Estado tenham se considerado desobrigados dessa missão, como o presidente da França e o rei da Espanha, só para mencionar dois países latinos, de maioria católica e vizinhos da Itália. Não foram e mandaram representantes.
Mas nós, vizinhos do fim do mundo, não podemos perder essa "boquinha livre", né? 
Mas levar aquela corrimaça de gente, fica até meio jeca, provinciano mesmo. 
E todos, em grande estilo terceiro-mundista, ocuparam 52 quartos de hotel e alugaram 17 veículos. E para visitar um Papa que está pregando austeridade e simplicidade!!!
A embaixada brasileira está situada em um belíssimo monumento, o Palazzo Pamphili, localizado em dos mais belos pontos turísticos de Roma, a Piazza Navona. Mesmo assim, não foi considerado adequado para receber a "excelentíssima" presidenta, que preferiu gastar o dinheiro público em um dos hotéis mais sofisticados da cidade, ocupando ali 30 quartos. A "Folha" informa que só para levar as bagagens foram alugados um caminhão-baú e dois furgões. Eita, nós!
Outra pergunta-que-não-quer-calar é: o que fazia o Mercadante lá? Se ainda fosse o Gabriel Chalita, podíamos debitar à conta da beatice, mas o Mercadante? O quê o ministro da Educação faz numa comitiva em que só a chefa se encontrou com o Papa e mesmo assim por míseros 30 minutos?
Por essas e por outras é que se entende o apego dessa gente ao "pudê". Não estão alí para servir, mas para serem servidos. São os novos senhores de engenho. E, como não faziam parte da "zelite" não estavam acostumados com essas mordomias, que criticavam nos outros, mas depois que experimentaram, ah, que delícia! Quem quer largar esse osso? Vão fazer "o diabo" para continuarem lá.

terça-feira, 19 de março de 2013

Nossa maior tragédia

Nova tragédia anunciada e periódica se abate sobre o Rio. Todo ano, na época das chuvas, ocorrem deslizamentos e mortes na região de Petrópolis. É como a seca no nordeste. A gente sabe que existe e, como não se faz nada para mudar a situação, o que resta aos passados, presentes e futuros flagelados é se lamentar e esperar pela próxima desgraça.
A culpa é da natureza implacável ou do homem que teima em desafiá-la? As encostas são perigosas, não se pode morar lá. Mas o que fazem nossas autoridades? Retiram as pessoas, oferecem-lhes alternativas de moradias, impedem que outros se instalem nesses locais? Não. 
Fingem de cegas, surdas e mudas durante o ano inteiro e na hora em que as casas desabam, vêm para a televisão com caras falsamente compungidas lamentar o fato e prometer ajuda e soluções mirabolantes que jamais vão acontecer.


É claro que aí entra o governo federal também e libera mundos e fundos (mais fundos, que mundos) para "resolver" de vez o problema. Os fundos já se sabe onde vão parar. Em despesas nos restaurantes chiques de Paris onde os convidados brincam em volta da mesa com guardanapos na cabeça.
E agora a presidAnta ainda diz que a culpa é do povo que não quer sair do lugar onde não deveria estar. Ora, bolas. O Estado tem ou não tem o poder de polícia, de fazer cumprir as leis? Por que então permite que as pessoas decumpram as leis e as regras, expondo sua própria vida? O Estado gosta tanto de interferir na vida do cidadão a ponto de querer dizer até se um pai pode ou nao dar uma boa palmada na bunda de seu filho. Por que numa hora dessas o Estado não está lá, presente, exercendo sua função e impedindo que as pessoas estejam onde não deveriam estar?
A presidAnta diz ainda que vai tomar medidas drásticas. Não tome não, dona Dilma! Em 2011 a Sra. disse que ia tomar medidas drásticas e os desabrigados daquela época estão sem moradia até hoje. Nenhuma das casas prometidas, para as quais o governo federal liberou 545 mihões, ficou pronta!
É por causa da omissão e da ausência do Estado que tragédias como essa, como a de Santa Maria, e várias outras acontecem.
Infelizmente a maior tragédia desse país é ter a classe política que temos, com muito, mas muito, raras exceções.

segunda-feira, 18 de março de 2013

Fatura atrasada.

Politicagem e corrupção sempre existiram, mas o PT elevou-as,  ambas, ao estado da arte. Fez delas um meio de hegemonia e de destruição dos dois elementos principais de uma democracia: o pluripartidarismo e a oposição política.
Ao cooptar qualquer partido, de qualquer programa e ideologia, para dentro da chamada "base aliada", comprando-lhes a adesão por meio do fisiologismo e da corrupção pura e simples, como ficou sobejamente demonstrado no caso do mensalão, o PT subverteu as bases da democracia representativa no que ela tem de essencial: a própria representatividade.
Elegemos esses senhores para nos representar, para defender as idéias e valores em que acreditamos, para lutar pelos interesses de uma determinada parcela da sociedade. Mas isso tem que ser feito à luz do dia. Os partidos tem que ter uma linha programática e seguí-la no exercício de sua missão política.
Quando um partido é cooptado, não por um programa, uma idéia, um projeto, mas à custa de vantagens escusas, deixa de cumprir a função para a qual existe. É simples assim.
Fôssemos um país sério, no caso do mensalão, por exemplo, todos os partidos que "aderiram" ao governo por meio de corrupção teriam seu registro cassado. Esses partidos abandonaram a sua missão, a sua razão de existir, portanto não há sentido em continuarem a fazer parte do processo político.
É por isso que existem 39 ministérios e, como disse o sr. Gerdau, estamos no limite da burrice. Tem que ter lugar para todos nessa arca de Noé às avessas, que, ao invés de nos salvar, está é nos levando pro dilúvio.
Aliado do governo ou não, tendo negócios com o governo ou não, o sr. Jorge Gerdau tem razão. Estamos no limite da burrice, da incompetência, da má-fé, da má gestão dos recursos, do cinismo e da negligência. É preciso que recuperemos um mínimo de dignidade e seriedade no trato com a coisa pública para que a atividade política faça sentido de novo entre nós.
Chega de mentiras, de indignidades, de demagogia, de espertezas, senão um dia a casa cai. Nosso povo pode ser passivo e ignorante, mas um dia abrirá os olhos e verá o quanto foi roubado e expoliado e nesse dia cobrará a fatura, cujo pagamento já está mais que atrasado.

sexta-feira, 15 de março de 2013

Pé de pato, mangalô, três vezes.

Já temos uma história longa de inflação e seu combate ineficaz com mágicas e bruxarias. Devíamos já saber que isso não funciona.
Intervenções pontuais nos preços não resolvem, se o problema é macroeconômico. Por quê temos inflação? Em primeiro lugar, porque as contas públicas não fecham. O governo gasta mais do que pode e do que arrecada. Isso se chama irresponsabilidade fiscal. Em segundo lugar, porque as pessoas estão consumindo mais do que a indústria consegue produzir. É o famoso efeito da lei da oferta e da procura.
E, no ano passado, o crescimento da indústria de transformação foi negativo, ou seja, a produção industrial no Brasil diminuiu em vez de crescer. 
Entretanto o governo continua estimulando o consumo, diminuindo impostos aqui, forçando a queda dos juros alí. O governo acredita que o consumo vai resolver o problema do PIB.  Aí é que se engana (e nos engana) porque não é o consumo que vai fazer a economia crescer e, sim, investimentos na produção.
Dilma parece que pensa que suas bruxarias e mandingas vão resolver o problema. 
A questão porém é que a equação para ela não está fechando. Se deixar os juros subirem para segurar a inflação, o pibinho raquítico vai para a UTI. A inflação pode até baixar, mas aí vem a impopularidade. As pessoas começam a perder o emprego, a massa salarial cai, fica mais difícil comprar (afinal esse era o objetivo), enfim, entramos na recessão ou estagnação econômica. E o sonho da reeleição no ano que vem, vai para o beleléu.
A única saída é enxugar os gastos de custeio da máquina pública para sobrar dinheiro para  investir na recuperação da infraestrutura, que já está sucateada há muito tempo.
Só um milagre faria baixar a sensatez em um governo que desperdiçou dois anos andando de lado. Agora, com o processo eleitoral deflagrado pelo Molusco, Dilma pode até "fazer o diabo". O que não fará de jeito nenhum é administrar o país com responsabilidade.
Querem apostar qual vai ser o caminho escolhido pela gerentona? Será o da austeridade, da racionalidade econômica, o caminho que faria bem ao país? Ou será o caminho enganoso e fácil das contas manipuladas, dos intervencionismos estatais perfunctórios, das mágicas e bruxarias? Eu já sei a resposta.

quarta-feira, 13 de março de 2013

O fuá das madames

A presidenta veio à televisão, em belo estilo campanha eleitoral, no dia da Mulher, presentear a nação com uma redução de impostos dos itens da cesta básica. Planejamento detalhado para deixar a dona-de-casa feliz!
Dona Dilma não contou porém, à dona-de-casa telespectadora, que a outra Dilma, a Dilma do B, tinha vetado esse corte nos impostos seis meses antes. Claro! Antes a proposta tinha partido do PSDB, inimigo político! E, mesmo que seja para o bem da dona-de-casa e seus familiares, mesmo que seja para o benefício de todos os brasileiros, proposta de inimigo político não pode ser apoiada. E ponto final. Essa sempre foi a linha do PT.
Foi contra a eleição de Tancredo, foi contra o Plano Real,  foi contra a Lei de Responsabilidade Fiscal, foi contra até a Constituição, que não assinou. Não interessa o mérito da causa, uma vez que não tenha saído da cabeça dos iluminados do partido, o PT é contra.
Desde que se apropriou dos programas sociais do governo FHC, ficou claro que o PT gosta também de plagiar idéias alheias e usá-las como se fossem próprias. 
Por isso não causa espanto que, depois da Dilmona ter vetado, surja agora a Dilminha Ternurinha, boazinha e preocupada com a inflação que a Dilmona causou, para dar o descontinho generoso. 
E depois ficamos sabendo que a bondade foi ainda maior do que o anunciado na TV. O desconto  não vale só para os itens da cesta básica. Vale também para muitos outros, como "foie gras" (pronuncia-se  fuá), "filet mignon" (filé minhon), salmão, bacalhau, patos e gansos.
Agora, sim, agora Dona Dilma ganhou também o coração das madames! Afinal de contas, quem é que vive sem fuá? Pena que deixou o caviar de fora. De fora da lista, bem entendido, madames.

terça-feira, 12 de março de 2013

O sub-capitalismo brasileiro

Definitivamente o Brasil não é um país capitalista. Ou, melhor dizendo, o capitalismo no Brasil já está em decadência antes mesmo de ter começado.
O nosso modelo econômico privilegia os monopólios e os oligopólios. Há um excesso absurdo de regras, normas e regulamentações que impõem dificuldades e barreiras enormes ao empreendedorismo. A carga tributária é altíssima e o cipoal de tributos transforma o assunto em um labirinto legal intransponível sem a ajuda de bons, e obviamente caros, advogados.
Em algumas áreas, só é possível atuar se a empresa for gigantesca monopolista. 
A Petrobrás é um exemplo clássico do gigantismo e do monopólio juntos. Não importa que seja estatal. Sendo o único fornecedor de petróleo refinado no país, isso determina que o preço para o consumidor final será praticamente o mesmo nas bombas de um determinado lugar, pois não há concorrência na base.
Dos oligopólios podemos citar como exemplos o  transporte aéreo doméstico, a telefonia, a internet e o fornecimento de energia elétrica. 
Há reserva de mercado para tudo, o que impede que empresas estrangeiras possam disputar qualidade e preço com as empresas nacionais, aprisionando o consumidor numa camisa de força que o obriga a comprar produtos caros e, muitas vezes, de qualidade inferior.
As passagens aéreas, oligopólio, dominado pela TAM e pela Gol, estão entre as mais caras do mundo. As companhias aéreas estrangeiras não podem entrar nesse mercado, portanto fica garantido o oligopólio. O mesmo pode se dizer da indústria automobilística, bafejada por D. Dilma com redução de impostos seletivamente para reduzir a possibilidade de concorrência externa. Diz ela estar preservando o emprego de brasileiros, mas o que está sendo preservado realmente é o lucro e a reserva de mercado dessas empresas.
Na área bancária, idem. Aos poucos a concorrência vai diminuindo e hoje estamos condicionados a escolher entre uma meia dúzia deles. Todos com tarifas mais ou menos padronizadas, mas obviamente não constituem um cartel, muito ao contrário, dirá a Febraban.
Sobre a telefonia e a internet nem é preciso dizer nada pois são as campeãs de reclamações no Procon, além de nos proporcionarem uma das comunicações telefônicas e internet mais caras do planeta.
E as agências reguladoras, aparelhadas pelo petismo, viraram apenas cabides de emprego e moedas de troca no "toma-lá-da-cá" da "governabilidade".  Agora mesmo se lê nos jornais é que o PMDB e o PTB estão em disputa aberta por 24 vagas no comando de seis agências reguladoras. As que estão em jogo são: Aneel (energia elétrica), Anatel (telecomunicações), Anac (aviação civil), Ancine (cinema), Anit (transportes terrestres) e Antaq (portos). Por quê será que os partidos querem indicar nomes para essas vagas? Para que seus lídimos representantes possam exercer o controle dessas atividades de modo a beneficiar a nação e o povo que os elegeu? Alguém se ilude com isso?
É esse o nosso capitalismo "sui generis". Um capitalismo no qual as atividades econômicas, quando não estão nas mãos do Estado são a ele submetidas, mas para atender sempre a grupos de interesses privados embora sustentados com a carga tributária que se extorque de todos os cidadãos.

sábado, 9 de março de 2013

Falta do que fazer

Abaixo estão alguns exemplos do "trabalho" a que se dedicam alguns do nossos "nobres" representantes. São vários projetos de lei em tramitação no Congresso:


PLC 4624-2012
Criará o “Programa Segunda Sem Carne”, proibindo os estabelecimentos alimentícios de órgãos públicos de servirem carne neste dia da semana.


Proposto pelo deputado
Ricardo Izar do PSDC


PLC - 4125 / 2012
Dará ao Município de Terra Roxa, no Estado do Paraná, título de Capital Nacional da Moda Bebê.


Proposto pelo deputado
Reinhold Stephanes do PMDB

PLC - 3367 / 2012
Criará o Dia Nacional de Conscientização da Cardiopatia Congênita, a ser comemorado no dia 12 de junho.


Proposto pelo deputado
Ruy Carneiro do PSDB

PLC - 2229 / 2011
Dará ao o título de Capital Nacional do Alimento ao Município de Marília, no Estado de São Paulo, pois o município é um forte produtor e distribuidor de alimentos.


Proposto pelo deputado
Paulo Freire do PR


PLC - 1938 / 2011
Incluirá o cidadão Júlio Prestes de Albuquerque na galeria dos que foram ungidos pela Nação Brasileira para a Suprema Magistratura, para reparar este cidadão que foi impedido de assumir a Presidência da República por causa do golpe de Estado de 1930.


Proposto pelo deputado
Paulo Abi-Ackel do PSDB



E, quando não são irrelevantes ou ridículas, as propostas são claramente imorais:


PLC - 3839 / 2012
Permitirá a candidatura de políticos que tiveram contas de campanha anteriores reprovadas pela Justiça Eleitoral.


Proposto pelo deputado
Roberto Balestra do PP


PLC 2301 / 2011
Proibirá a divulgação e a publicação, durante o período de campanha eleitoral, de qualquer investigação, inquérito, processo ou qualquer ocorrência de natureza criminal de crimes culposos praticados por candidatos à eleição.


Proposto pelo deputado
Bonifácio de Andrada do PSDB


PLC - 2167 / 2011
Aumentará os salários dos servidores da Câmara de Deputados, sejam eles de cargos efetivos, cargos em comissão, cargos em comissão especial e do servidor que ocupa cargo de secretário parlamentar.


PLS - 404 / 2011
Criará a Bolsa-Artista, com o objetivo de promover a formação e o aprimoramento de artistas amadores e profissionais em diversas áreas de atuação.


Proposto pelo senador
Inácio Arruda do PCdoB



Ou, então, simplesmente esdrúxulas:


PLC - 1865 / 2011
Proibirá o casamento civil e o casamento religioso entre pessoas do mesmo sexo, anulando todas as uniões civis já realizadas entre homossexuais, além de proibir a adoção de crianças por casais de mesmo sexo.


Proposto pelo deputado
Salvador Zimbaldi do PDT


PLC - 1780 / 2011
Tornará obrigatório o ensino sobre a cultura árabe e a tradição islâmica nas escolas públicas e particulares, para combater a intolerância e o preconceito contra esta tradição.


Proposto pelo deputado
Miguel Corrêa do PT


PLC - 1423 / 2011
Criará o Dia Nacional da Erradicação da Pobreza que será comemorado anualmente no dia 5 de setembro.


Proposto pelo deputado
José Guimarães do PT

sexta-feira, 8 de março de 2013

Dia da Mulher

Hoje, no dia internacional da mulher, convém que reflitamos sobre a situação feminina em inúmeros países, ou mesmo no Brasil. 
O caso recente da menina indiana, estuprada e assassinada (ver post aqui) por seres animalescos, infelizmente não é um caso isolado, nem acontece só na Índia. Há pouco mais de duas semanas, em plena Savassi, bairro "nobre" de BH, as pessoas presenciaram uma cena em que um ex-marido espancou a ex-mulher na rua, jogou a ao chão, deu chutes, e só não fez mais porque houve intervenção dos transeuntes. 
Ontem, assistimos ao final do julgamento do ex-goleiro Bruno, que ao fim e ao cabo, foi condenado apenas a 17 anos de reclusão, por ter mandado matar Eliza Samudio, com todos os agravantes de: premeditação, frieza, cárcere privado, impedimento de defesa da vítima, tortura, motivo torpe, ocultação e vilipêndio de cadáver, obstrução da justiça, etc., etc. 
Como é réu primário, tem direito a cumprir só 1/6 da pena em regime fechado, ou seja, em 3 anos poderá requerer regime semi-aberto. Como já está preso há 2 anos, daqui a 1 ano, no máximo, estará em liberdade. A vítima, uma mulher - coincidência? - perdeu a vida; o algoz, perde uns três anos de vida na cadeia e estamos conversados.
Depois ainda  criticam o ministro Joaquim Barbosa quando ele disse que o sistema penal brasileiro é frouxo, é pró-crime, pró-impunidade. A Associação de Magistrados considerou um absurdo o presidente do Supremo dizer isso. Qual é o absurdo? Ele ter dito isso, ou um assassino confesso ficar preso só por 3 anos, embora condenado a dezessete?
A inversão de valores nesse país é total. É por isso que nem chega a espantar um deputado homofóbico, racista e enfrentando processo por estelionato no STF,  como esse pastor Marco Feliciano, ser indicado presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara. Seria uma grande piada, se não fosse triste.

terça-feira, 5 de março de 2013

Petrus Romanus

Dando crédito às profecias atribuídas a S.Malaquias, o próximo e último papa será Petrus Romanus. 
Com esse nome não faltam "papabili", desde D. Odilo Pedro Scherer, o bem cotado arcebispo de S.Paulo, a D. Péter Erdö, arcebispo de Budapeste, também bem cotado, passando pelo africano Peter Turkson, outro com elevada cotação no "ranking". Todos são Petrus.
Para não esquecer ninguém, há ainda D. Jean-Louis Pierre Tauran e D. Jean-Pierre Ricard, arcebispo de Bordeaux.
Dizem  que, no conclave,  "quem entra papa, sai cardeal", portanto pode ser que nenhum deles seja o escolhido pelo Espírito Santo. Aliás, sendo Deus e onisciente, o Espírito Santo já sabe quem será o escolhido, falta só informar isso aos cardeais-eleitores.
A Igreja Católica é como os mineiros, na definição de Millôr: "nunca é o que parece, sobretudo quando parece o que é". Não se pode subestimar a capacidade de articulação e a matreirice desses senhores, cuja soma das idades supera em quatro vezes o tempo de existência da própria Igreja. Podem até disputar prestígio e poder entre si, como disputam, mas na hora "H" eles se unem em uma corporação unida e uniforme, que se mostra monolítica extra-muros.
Gostemos ou não da Igreja, é forçoso reconhecer a importância de seu papel especialmente para o ocidente. A Igreja é constituída de homens e errou (e ainda erra) muito, mas teve um papel inestimável no processo civilizatório, na educação dos povos, na preservação do patrimônio artístico e cultural da Antiguidade clássica. Nenhuma outra organização humana durou tanto tempo, nem sequer exerceu um papel tão preponderante nas mentes e nos corações dos homens. E o Papa, seja quem for, é uma personagem política cujo papel moderador e pacifista tem ajudado a aproximar contrários, como por exemplo, no caso da intermediação entre o ocidente e o Islã.
Entretanto a maior dificuldade do próximo Papa estará dentro da própria organização religiosa. A resistência às mudanças já derrubou mais de um Pontífice, mas o enfrentamento dessas questões é cada vez mais necessário. Ou a Igreja acaba com a corrupção (financeira e de costumes) ou a corrupção acaba com a Igreja. Será que S. Malaquias estava certo?

Respeito ao Supremo!

Pelo menos uma vez por semana, algum dos condenados na Ação Penal 470 (Mensalão) vem a público desancar o Supremo ou o seu presidente. Como as coisas são muito lentas na Justiça, ao invés de estarem trancafiados cumprindo suas penas, ainda estão soltos por aí prontos a dizer besteiras ao primeiro jornalista que aparece. Isso é uma situação desabonadora para a nossa República. As instituições já não tem  muita tradição, não são muito respeitadas ou mesmo conhecidas pelo povo, que não espera muito delas. Aí vem um deputado, ou um senador, que deveriam, em função do cargo, dar um exemplo de respeito e acatamento, fazer exatamente o contrário! Isso deveria merecer alguma sanção. Atacar o Supremo, ou seu presidente, nesses termos (João Paulo chamou o ministro Joaquim Barbosa de irresponsável) teria consequências negativas para o irresponsável atacante, fosse o Brasil uma República que se desse ao respeito.
Infelizmente vamos ter que continuar a conviver com essas provocações até que os senhores ministros se dêem ao trabalho de concluir suas tarefas. Que isso sirva de lição à nossa Suprema Corte em casos futuros. Não basta julgar e condenar quando necessário. É preciso executar a pena, caso contrário estará sujeita ao descrédito por parte dos cidadãos e ao desrespeito por parte dos condenados.

sábado, 2 de março de 2013

O xadrez de Dilma

Dilma antecipou o calendário eleitoral, em verdade e, na prática, diminuindo, o próprio mandato, em dois anos. Por quê ela faria isso? Em dois anos de governo, passou o primeiro demitindo os ministros "trapalhões" que Lula indicou e o segundo à procura de um programa e tentando fazer o PIB não cair no negativo. E agora, vai passar os outros dois em desgastante campanha eleitoral, negaceando o PMDB aqui, cercando o PSB alí e ainda tendo que se defender dos ataques dos tucanos, que, parece, acordaram?
A questão é que Dilma não teve alternativa. O Molusco a obrigou a isso. Quando começou a falar em caravana pelo país, a se reunir com ministros e ditar política externa para a América Latina; enfim, a se comportar como pré-candidato para 2014, o Molusco obrigou Dilma a se colocar definitivamente como candidata antes que fosse tarde, antes que ele e seu partido criassem um fato consumado.
Não bastaram, para calar a boca do Desencarnado, as apurações da Polícia Federal no caso Rose, nem as novas denúncias de Marcos valério, acolhidas pelo Ministério Público. Foi preciso que Dilma assumisse a candidatura desde já e se comportasse como tal, pois agora o espertalhão vai ter que fingir que faz campanha para ela.
Mas isso tem um custo para ela e para o país. Em dois anos com a presidenta em campanha initerrupta a gestão do país vai para as "cucuias". As exigências e ameaças da base "aliada" mudam de tom e passam a ser cada vez mais incisivas, tolhendo qualquer liberdade que a presidenta teria para fazer suas próprias escolhas.  Desde a composição do ministério às inaugurações de obras eleitoreiras, tudo vai ser ditado pela lógica da reeleição em 2014. E o fantasma do Desencarnado permanentemente à espreita de uma oportunidade de dar o bote. Não vai ser fácil equacionar esse jogo de xadrez. Enquanto isso a economia patina e o país espera...Até quando?

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