domingo, 2 de julho de 2017

Que preguiça!

Tem hora que o Brasil dá uma preguiça! Êta país cansativo! Anda pra lá, anda pra cá e nunca sai do mesmo lugar. Num momento é uma inflação descabelada, absurda, paralisante, como a que durou por aqui por mais de 30 anos.
Outra hora, é a economia como um todo, que patina. Nos anos 80 tivemos uma década perdida. Agora, tudo indica que estamos indo pra outra.
E ainda há as crises políticas, das pequenas, das médias e das grandes.

De 25 em 25 anos o Brasil passa por uma crise de grandes proporções. Só de constituições, já tivemos 7, em nossos menos de 200 anos de independência. A primeira, em 1824, foi "outorgada" pelo Imperador, portanto nascida ilegítima após um golpe de Estado, em que o D. Pedro I dissolveu a Assembleia e mandou prender vários constituintes. Entretanto, foi a que mais tempo durou.

Na República, tivemos a segunda Constituição, promulgada em 1891 e nove meses depois de sua promulgação, o primeiro presidente, Deodoro da Fonseca, deu um golpe e fechou o Congresso. E 20 dias depois foi obrigado a renunciar. Como se vê, começamos bem.

Depois, passamos pelas Constituições de 34, 37, 46 e 67, até chegarmos à atual Constituição de 1988. E, no intervalo entre elas, uma série interminável de golpes e contragolpes, além de períodos em que não houve constituição alguma em vigor, como, por exemplo, entre 1930 e 34. É muita coisa para uma nação em tão pouco tempo.

Só como comparação, a constituição americana vigora desde 1789, ininterruptamente.

Agora estamos, de novo, em plena crise política, talvez a maior da nossa história, misturada com uma baita crise econômica, ambas sem perspectiva de terminarem tão cedo. Novamente, as questões básicas como educação e saúde, ficam pra depois. Estamos sempre adiando o futuro, que jamais é alcançado. É cansativo viver em um país assim.


sexta-feira, 30 de junho de 2017

Togas na lama

De vez em quando, murcha um pouco a esperança que a gente tinha de que esse país iria ser passado a limpo. Essas recentes decisões, a absolvição de João Vaccari e a restituição do mandato ao Aécio, são dois maus exemplos de que a reação à Lava Jato tem conseguido vitórias importantes. Tudo isso, sem falar na reação, aberta e frontal, que Gilmar Mendes vem comandando de cima de suas cadeiras, no Supremo e no TSE.
É a reação de quem quer preservar o velho, o antigo regime, o regime de benefícios e privilégios a uma casta, enquanto o restante da população só tem deveres e contas a pagar.

É por isso que chegamos a essa situação: um país rico com um povo pobre e ignorante. A esquerda sempre atribuiu esse descompasso social aos interesses imperialistas. Se fosse assim, estaria fácil a solução. Depois de 8 anos de governos petistas, não teríamos mais a tal influência imperialista e todos estaríamos no paraíso. 
Isso é a lenda. A realidade é que não há influência imperialista alguma. O que há é que os donatários das capitanias hereditárias estão ainda por aí. São eles que mandam e desmandam.  Antes, esses donatários eram escolhidos por el-Rey, dentre as famílias a quem interessava cooptar ou adular, em troca de apoio à Coroa.

Agora, são escolhidos pelos poderosos de plantão, entre as empresas com as quais interessa trocar favores. E o sistema funciona para protegê-los, de ambos os lados do balcão de negócios.

O mais nojento de tudo é ver o poder Judiciário fazendo parte desse teatro, dessa trágica peça terceiro-mundista. As togas ficam ainda mais ridículas nas costas de pessoas com as caras de Lewandowski, Gilmar Mendes e Marco Aurélio. Provocam vergonha alheia.

Tudo o que se fez na Lava Jato está sendo desfeito - despistadamente, mas está - quando os processos chegam aos "altos escalões da República". É um triste país, esse que não consegue sair da lama. E coitado do seu povo.


segunda-feira, 26 de junho de 2017

Temer: herança maldita

O americanos chamam de pato manco ("lame duck") ao presidente em final de exercício de mandato, quando já não manda nada; e nem os garçons lhe servem mais um cafezinho.

E o que é Michel Temer nessa altura do mandato senão um grande, enorme, exuberante, pato manco? O mandato ainda não está no fim. Ou está? Ninguém sabe, mas em qualquer circunstância, Michel Temer já não manda nada.
Michel Temer agora é um refém da Câmara. Dela agora depende o seu futuro, o seu foro privilegiado e seu próprio mandato. Que vai sangrá-lo até obter todo o butim ainda possível de ser obtido.

Após a denúncia de Janot, o governo Temer acabou. O que veremos daqui pra frente é um país em frangalhos, sofrendo, ansiando por uma liderança impossível, e tendo que assistir o tempo passar, até que 2018 chegue com suas novas, e mesmo assim, parcas, esperanças. E Michel Temer não terá a grandeza de renunciar. Jamais! Vai lutar com unhas e dentes para continuar sentado naquela cadeira, que o afasta de Sérgio Moro. E que se dane o país!

Temer jamais foi um gigante no espectro político. Ao contrário, sempre foi um anão. Sempre foi um homem de conchavos, de conversinha, de acertos de bastidores. Foi jogado ao proscênio da política, pelo PT, que precisava cooptar o PMDB para fazer as falcatruas que fez. Temer é a herança maldita do PT. Não podemos esperar agora, que esse anão político tenha um gesto de grandeza.

Temer foi um acidente de percurso. Em nenhuma outra circunstância, chegaria à presidência da República e sequer ao Senado. A Câmara é o seu habitat. A acomodação dos interesses do quadro partidário a sua força. Fora isso, não existiria o político Michel Temer. Mas, também não passa disso e só chegou à presidência pelas artes, ou melhor, pelas bruxarias do dono e senhor absoluto do PT. A vida política de Michel Temer está no fim. Vamos ver quanto tempo dura um pato manco.



domingo, 25 de junho de 2017

Bundas novas

Qual é a solução para o Brasil hoje? Tenho me perguntado isso e não estou encontrando resposta.

A atual classe política, viciada, corrupta, é que vai fazer as reformas que são necessárias? Não estou falando da reforma trabalhista, nem da reforma da previdência, que são necessárias, mas secundárias, diante da importância maior da grande reforma, necessária e urgente, que é a reconstrução do Estado Brasileiro! Sem isso, qualquer outra coisa está fadada a, mais cedo ou mais tarde, nos conduzir a novas crises.

O modelo patrimonialista do Estado nos levou a essa catástrofe. Não podemos permitir que isso se repita. Não podemos aceitar que o Estado Brasileiro seja entregue nas mãos de grupos privados, enquanto o conjunto da sociedade, os financia, mediante impostos que não retornam em benefício algum.

Mas, se não for a classe política, quem é que vai conduzir esse processo? O executivo já está descartado por razões óbvias, até porque é a vertente mais perigosa da classe política, em função do poder que concentra. Seria então o poder Judiciário? Não me parece adequado, nem sequer possível.

A conclusão, a que se chega, é que não temos instituições preparadas para uma situação como essa. Fôssemos uma monarquia parlamentar teríamos a figura do monarca pairando acima dessa sujeira, dissolvendo o parlamento e convocando novas eleições, não só para formar um novo governo, mas até mesmo para elaborar uma nova Constituição.

Mas, se fôssemos uma monarquia parlamentar, provavelmente não teríamos chegado ao ponto a que chegamos... Porém, não adianta sonhar. Temos é que enfrentar a nossa dura realidade: não há, no horizonte político, uma solução à vista. E então? Como ficamos? Vamos continuar a arrastar essa crise até quando?

Alguém tem a ilusão de que em 2018 tudo vai se resolver com uma nova eleição, nos mesmos moldes de tudo o que já foi feito? Com a mesma divisão de poder e a mesma repartição do Estado? Mudaremos apenas as bundas nas cadeiras, mas os velhos métodos vão prevalecer?

Hoje sabemos que se, ao invés da Dilma, tivéssemos eleito o Aécio em 2014, estaríamos na mesma, ou até mesmo em uma pior situação. Portanto, não será elegendo um novo corrupto, efetivo ou em potencial, em 2018, que solucionaremos a questão.

É nesse horizonte escuro e enfumaçado que muita gente vê como solução a intervenção das Forças Armadas.  Elas tomariam as rédeas e conduziriam o país a uma refundação! Em tese, até poderia ser, mas quem é que garante que as Forças Armadas vão se comportar direitinho assim? Quem é que as controlará?

Não está fácil ser brasileiro hoje em dia. Mas, uma coisa é certa, precisamos mudar o país e as instituições já.  O sistema de privilégios e castas precisa ser abolido. O poder tem que realmente provir do conjunto dos cidadãos. O Brasil precisa se transformar urgentemente numa democracia, antes que se torne uma anarquia generalizada.

Cadê o líder?

Seria muita ingenuidade pensar que a operação Lava Jato continuaria a desvendar toda a sujeira escondida debaixo dos tapetes dos palácios de Brasília, sem ter nenhuma obstrução, nenhuma tentativa de bloquear suas atividades, ou, pelo menos, anular seus efeitos.

Tudo o que estamos vendo o governo Temer fazer, desde a nomeação do atual ministro da Justiça, é tentar melar todo o processo. O mesmo pode se dizer do conjunto da Câmara e do Senado, com algumas ramificações no Judiciário.
Estão todos combinados, articulados e orquestrados para fazer essa operação não chegar a lugar algum, ou, pelo menos isentar toda a classe política de qualquer punição. Agora, não importa mais a ideologia, nem o partido. Agora é "um-por-todos-e-todos-por-um". São eles contra o Brasil.

Isso mostra que a força da Lava Jato é também a sua fraqueza. Ao desvendar a universalidade da roubalheira, a Lava Jato deixou claro que não é seletiva, não tem partido; mas, a exposição de gregos e troianos, demonstrando que todos estão no mesmo barco, fez com que eles se unissem no mesmo propósito.

Agora não interessa mais ao PT se degladiar com o PSDB, nem vice-versa. O que interessa agora é tentar salvarem-se todos. Para isso, são todos muito hábeis e traquejados. A mudança de tom de Gilmar Mendes e de Reinaldo Azevedo já foi o prenúncio de que a máfias estavam se unindo. Já não se vê, nas redes sociais, a petralhada atacando o Aécio, nem mesmo atacando o Temer. Aliás, quem ataca o Temer e o Aécio, agora, são os coxinhas de ontem.

Esse é um momento crítico de nossa história: ou eles vencem a guerra e saem livres e acaba-se o que resta desta malfadada república, ou vencemos nós e teremos que reconstruir esse país, com uma nova Constituição e novas estruturas de poder.
Para que ocorra a segunda hipótese, é necessária uma liderança política competente, isenta e comprometida com a cidadania, que possa coordenar esse processo, que não será fácil. O grande problema é: onde está essa liderança? Quem poderá desempenhar esse papel?

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