quinta-feira, 12 de novembro de 2020

Fascismo Nu

Contardo Calligaris, a propósito da biografia de Mussolini de Antônio Scurati  lançada no Brasil pela editora Intrínseca, faz um questionamento importante sobre o que devemos analisar em nós mesmos que contenha os germes, as sementes do fascismo.

Essa autoanálise é importante porque, como dizia Jung, o homem dito civilizado é apenas um bárbaro com um leve verniz de cultura. E o fascismo nada mais é que essa barbárie aflorada à pele e usada como método de conquista e manutenção do Poder. Henry Kissinger ainda completou: "o poder é o mais forte afrodisíaco". Que o confirmem todos os tarados sexuais.

Essa fórmula, portanto, não é nova e significa que o fascismo estará sempre à espreita dentro de nós. Quando pensamos que está acabado e derrotado, ao menor sinal de fraqueza das instituições civilizatórias, ei-lo de volta com suas garras entranhadas no coração das massas populares.

No pós-guerra, ficou muito claro ao mundo que o fascismo tinha ido longe demais: o racismo como política de Estado, a falta total de escrúpulos dos agentes públicos, o terror como mecanismo de controle, a industrialização da morte, tudo isso foi escancarado a um público estupefato, que horrorizado passou a considerá-lo como um desvio, quase uma doença, eliminando-o do espectro  político.

E passamos a acreditar que o fascismo estava erradicado. Ledo engano!

Reapareceu nos anos 80 e 90, na pele dos skinheads, mas foi considerado (erroneamente como sempre) uma aberração ridícula, uma palhaçada própria de guetos culturais. O problema então foi que os governos de esquerda, elevados ao poder, por conta do anti-fascismo, deram com os burros n'água e se mostraram corruptos e incompetentes, além de também sanguinários e inescrupulosos.

A descrença no sistema político, a desesperança das pessoas, está formando de novo o caldo de cultura no qual germinam novamente as sementes do fascismo. Essas sementes estão dentro de cada um de nós, mas quando as condições de vida se tornam precárias, os controles civilizatórios perdem força e emergem as condições primitivas que nos garantiram a sobrevivência em tempos bárbaros. Essas condições são as do eu contra você e, melhor, do nós contra eles.

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