domingo, 29 de maio de 2016

A cultura da impunidade

Fomos deixando acontecer! Quando acordamos (será que acordamos?) vimos que uma parte do país, dentro das cidades,  está entregue a um Estado paralelo, o crime organizado do tráfico de  drogas. Outra parte, no topo da escala social, entregue a outro crime organizado, a conivência entre grandes empresas e agentes políticos.
Seja o crime organizado de baixo, seja o crime organizado de cima, os dois estão interligados e sufocam a população brasileira. E um existe por causa do outro.

Se os governos, em todas a esferas, não fossem antros de corrupção, haveria dinheiro e políticas públicas que não permitissem, ou melhor, que reduzissem a criminalidade urbana a patamares civilizadamente aceitáveis. A corrupção policial é apenas uma extensão da corrupção política em níveis mais elevados e, nem sempre, esses mundos estão tão distantes assim. Há políticos que se elegem com o apoio das "comunidades", ou seja, com o apoio dos traficantes. E deles dependem e a eles satisfazem.

E aí chegamos ao estupro coletivo dessa menina. Como ela, existem muitas outras, que frequentam os tais bailes funk, que se submetem aos desejos dos "chefes" locais, que, apesar de menores, bebem, usam drogas, se prostituem. Todo mundo sabe que esses "bailes" são promovidos pelo tráfico como um chamariz "comercial", para atrair mais consumidores.

E nao se vê os defensores dos direitos humanos gritarem diante desses absurdos que se cometem todos os dias nas favelas e nas periferias das grandes cidades, das médias e até das pequenas. A polícia, o ministério público, os órgãos de defesa da criança e do adolescente, os juizados de menores, todos fingem que esse universo não existe. Somente quando um caso, como esse, escandaliza a opinião pública, é que se finge tomar providências.

Quantos casos semelhantes acontecem e ninguém faz nada? Ou seremos ingênuos de pensar que esse estupro aconteceu só dessa vez? Na sexta-feira passada não houve baile funk na favela do Barão. Por quê? Porque a polícia estava, mesmo que a contragosto, procurando pelos estupradores. Isso deixa claro que, quando quer, a polícia assume o controle.

Não vai adiantar fazer passeatas contra a "cultura do estupro". Ela faz parte de uma cultura maior, a cultura da corrupção e da impunidade.

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