domingo, 19 de dezembro de 2021

O auto-erotismo de Bolsonaro


Li na internet, um texto de Áurea Carolina que diz : "o bolsonarismo é um projeto racional que sempre passa pela manipulação dos afetos"

Isso me levou a pensar, em primeiro lugar, que talvez eu estivesse errado quando supunha ser o bolsonarismo um movimento irracional e fanático. 
O fanatismo inegavelmente é um componente essencial, mas o fio condutor pode muito bem ser um projeto absolutamente racional, estabelecido com o objetivo de provocar a irracionalidade do fanatismo, tanto nos seus seguidores, quanto nos seus adversários. O fanatismo é o caldo de cultura onde viceja o bolsonarismo. Ele não sobrevive em um ambiente asséptico, em outras palavras, racional.

O segundo ponto importante é a constatação da "manipulação dos afetos". Bolsonaro e suas sequelas (leia-se, filhos) são manipuladores dos afetos, no sentido em que usam as pessoas até atingirem seus objetivos e, quando desnecessárias ou prejudiciais aos seus interesses mesquinhos, as descartam. Quando Bolsonaro precisa ou quer se aliar a alguém, passa a usar uma linguagem homo-afetivo-erótica: "vamos nos casar", "estamos namorando", "ficamos noivos". 
E, evidentemente, quando quer afastar o ex-aliado, continua com a linguagem afetiva de "fui traído".

Os exemplos dessa prática estão na lista a seguir, composta toda ela, por ex-aliados de Bolsonaro que, em algum momento, mais cedo ou mais tarde, não só foram alijados do grupo, como, a maior parte delas, foi destratada, caluniada e execrada pela manada bolsonarista e taxados de traidores.
Alguns exemplos: 
Gustavo Bebbiano, Joyce Hasselmann, Alexandre Frota, Janaína Pascoal, Sen. Major Olímpio, Sérgio Moro, Luiz Henrique Mandetta, General Santos Cruz, Luciano Bivar, Wilson Witzel, Paulo Marinho, delegado Waldir e outros.

Poucos casos são de divórcio amigável. Em geral são ex-colaboradores que simplesmente perderam a importância no cenário político, mas não representam qualquer ameaça,  tais como Magno Malta e Onyx Lorenzoni. Esse último, coitado, está divorciado de Bolsonaro, mas ainda mora na mesma casa, porque precisa da pensão.

Bolsonaro, na verdade, só é apaixonado por ele mesmo. É um caso sério e neurótico de auto-erotismo. O afeto é tão curto (sem trocadilho) que não atinge nenhuma outra pessoa. Felizmente para nós, brasileiros, essa comédia burlesca está nos momentos finais.










quarta-feira, 4 de agosto de 2021

Voto auditável, eis a questão.

 A discussão do momento é sobre o voto impresso. Eu penso que, para examinarmos a questão, além das paixões, além dos interesses partidários e das ideologias, devemos considerar algumas premissas:

1- Democracia significa governo do povo, pelo povo e para o povo. Embora seja ainda um conceito abstrato e talvez irrealizável - uma vez que iguala, no direito ao voto, aqueles que não são iguais - a democracia é o regime formal, sob o qual vivemos, ou supomos viver.

2- Isso quer dizer que os governos, em qualquer nível, devem ser formados respeitando-se a vontade da maioria, para o Bem ou para o Mal.

3 - Apura-se a vontade da maioria pelo voto, processo instituído como um aprimoramento e uma evolução do escrutínio por aclamação. Aliás, nem mesmo na antiga Atenas o voto era por aclamação.

4- Sempre que possível, deve-se adotar processos mais aprimorados de apuração dessa soberana vontade popular.

Isso dito, voltemos ao assunto em questão. O sistema de votação por urna eletrônica é uma evolução do sistema de contagem física de votos no papel. Isso traz vantagens e desvantagens, como tudo na vida. A principal vantagem é a rapidez na apuração. Outra vantagem apontada seria a fidedignidade da contagem, afinal o computador não erra na soma. 

A desvantagem é que o processo é obscuro para a maioria dos usuários (leia-se, eleitores). Nós, exemplares de homo sapiens, não estamos a ver nada que registre o nosso voto, a não ser alguns barulhinhos na urna, depois que apertamos a tecla "confirma".
Além disso, a contagem pode ser simplesmente modificada por um código malicioso de computador!!!!! Isso anula  a suposta vantagem da fidedignidade e o voto digital fica apenas com a vantagem da rapidez.

Ora, rapidez para conduzir ao erro ou ao resultado fraudulento não é vantagem nenhuma. Os que, por razões insondáveis,  não querem o voto auditável, juram de pés juntos que a urna eletrônica é indevassável e o sistema é seguro e à prova de invasão. Não é verdade. Todos sabemos que não há sistema eletrônico indevassável ou à prova de invasão. Estão aí as invasões do Pentágono, ou mesmo do próprio STF ou Receita Federal para os desmentir.

Outro ponto a considerar é que, mesmo que o sistema fosse perfeitamente seguro, ele não é transparente. A transparência é fator essencial na manifestação da vontade democrática. Qualquer cidadão tem o direito de saber se sua vontade foi ou não considerada em qualquer apuração. Sem isso, adeus democracia. O que teremos será um simulacro, um teatro.

Por último, voltando aos antigos, "Quod abundat non noscet", o que abunda não prejudica. Isso quer dizer que ainda que o sistema atual fosse a oitava maravilha, não há problema algum em torná-lo mais transparente e confiável. Por quê então tantos não querem um sistema de contagem auditável? Não é fácil responder a essa pergunta sem entrarmos no terreno pantanoso da fraude e da burla. Mas o Brasil é um país onde  fraude e a burla são impensáveis, não? 



sábado, 29 de maio de 2021

Idade das Trevas

Para alguns estudiosos, a História é cíclica. A teoria desenvolvida pelo historiador Reinhardt Kosseleck não foi a primeira a levantar essa hipótese. 

Karl Marx, citando Hegel, já afirmara: “Hegel observa em uma de suas obras que todos os fatos e personagens de grande importância na história do mundo ocorrem, por assim dizer, duas vezes. E esqueceu-se de acrescentar: a primeira vez como tragédia, a segunda como farsa”.

Considerando isso, estou convencido de que estamos entrando em uma nova Idade das Trevas. Os sinais estão em toda parte: fervor religioso extremo, fanatismo, negação da ciência - e até mesmo da realidade - em favor de uma narrativa mitológica (muitas vezes mitômana), regressão cultural, desvalorização do conhecimento. 

Paradoxalmente, nunca tivemos tanto domínio da tecnologia na vida diária. Da alimentação aos medicamentos, da universalização da informação às interações sociais e ao acesso físico e virtual a qualquer parte do globo rapidamente, a tecnologia está indissociável de nossas vidas. 

Ao mesmo tempo, nunca tivemos tanto medo dela. Proliferam por aí as mais estapafúrdias teorias sobre o que quer que seja. Seremos dominados pelas máquinas, a IA está controlando as nossas vidas, e por aí vão as teorias conspiratórias.

Vejamos o caso das vacinas, uma das maiores conquistas da medicina, porque evita a doença, ao invés de simplesmente lutar para curá-la ou amenizar seus efeitos. Pois não são poucas as pessoas, algumas de alto nível cultural, inclusive médicos, a propalar as maiores sandices contra a vacinação.

Outro exemplo: dominamos, ainda que incompletamente, as viagens espaciais. Temos tecnologia para mandar pessoas ou robôs a Marte. Para que isso seja possível tivemos que colocar todo o conhecimento da geofísica em ação, calcular os movimentos planetários relativos entre si, etc., etc.  Pois surge, em pleno século XXI, uma turma que não só acredita, mas desenvolve uma teoria conspiratória, a de que a Terra seja plana!

O ser humano acredita em tudo! Em pleno século XX, mata-se e se morre em nome de uma entidade abstrata, a que chamam Alá, Deus ou  Jeová. A partir daí, tudo é possível. Quem não mataria em nome de um poder mais palpável e mais concreto como um ditadorzinho local?

Concluindo: a tecnologia não melhora o animal Homo sapiens, só lhe confere maior capacidade de exercer sua ignorância e barbárie. A Idade das Trevas não nos abandona nunca.

sábado, 20 de março de 2021

Freud x Antônio Conselheiro

Desconfio muito de quem vive pregando lições de moral aos outros. Geralmente é um puritano com taras irreveláveis. Aquilo contra o qual investe, furiosamente, representa seus demônios interiores, que o atormentam diuturnamente e cujas imagens ele enxerga em tudo e em todos.

O melhor exemplo disso são os padres envolvidos com pedofilia, que, do alto dos púlpitos, geralmente, são os mais veementes e ardentes pregadores da moralidade sexual e da castidade, até que sejam descobertos!

Quanto mais fanático for o pregador, mais atolado estará nos pecados que condena. Freud explica.

Faço esse paralelo a propósito dos bolsonaristas, que vivem apelando para Deus acima disso, Deus acima daquilo. 

Autodenominam-se patriotas, excluindo dessa classificação todos os demais que não comungam da mesma cartilha aloprada. Supostamente só eles querem o bem do país e todos os seus adversários políticos representam o Mal encarnado. 

Dos que atrelam religião, então, aos seus discursos, deve-se correr léguas de distância. Falam de perdão, mas se pudessem, o atirariam ao fogo do inferno. Falam de caridade, de amor, mas ai de quem resolver criticar seus dogmas! Se tivessem poder para isso, fariam como a Inquisição.

O que mais me impressiona, entretanto, é o seu dogmatismo messiânico. Seu líder é a encarnação da perfeição humana, infalível e inatacável. Não conseguem ver nele a realidade de um político do baixo clero, inexpressivo, até cair-lhe nas mãos a bandeira anti-petista. Isso não combina com o fervor religioso.

No Brasil temos predecessores desse fenômeno. Desde Antônio Conselheiro em Canudos, esperando a volta de el-rey D.Sebastião, até o Messias Bolsonaro de agora, incluindo, é claro, o deus Lula, cada qual com seu séquito de seguidores fanáticos.

Coitado do país que precisa de um Salvador!

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quinta-feira, 18 de março de 2021

E agora, Urubus?

Encontra-se no Youtube, um espantoso vídeo de uma "live" feita com o Roberto Jefferson, o ex-desembargador Ivan Sartori e o jornalista Paulo Enéas.

Espantoso porque Jefferson não tem papas na língua e fala o que quer e como quer e ataca os Supremo como um todo e seus membros em particular com expressões chulas, de baixo calão, e acusações graves, até de participação no crime organizado.  Não que o STF não mereça ser criticado - longe de mim essa ideia - mas diante da reação recente do ministro Alexandre de Moraes mandando prender um deputado por ter expressado opinião negativa sobre a Corte, o que fará então com Roberto Jefferson, se tiver coragem para tanto? 

Quem tiver paciência de assistí-lo na íntegra saberá do que estou falando.

Reproduzo aqui o texto recebido de uma pessoa amiga, com o qual concordo em gênero, número e grau:

O vídeo tem de mais de uma hora e o assisti todo. Destacam-se afirmações como: 
  • Democracia demais é anarquia; 
  • São 11 urubus
  • Fachin está ligado ao narcotráfico 
  • Elogio a Ustra

Roberto Jefferson tem excelente conhecimento da política no país e uma memoria privilegiada. Corajoso, como Tenório Cavalcanti, ameaçador como Lacerda,  evangélico assumido, o que não combina com a sua voz histérica e histriônica. 
Talvez pareça, sim, um pastor exorcista.

É um homem que detém segredos da República e de todos os Poderes. Sabe mais do que o cuspe acumulado no canto da boca, mais do que a saliva seca que não o intimida.

Bom orador, ameaçador, oferece um 38 para ajudar o presidente e os milicos. E revela vontade de duelar com o ex-guerrilheiro Zé Dirceu, o qual, recorda, lhe desperta "os instintos mais primitivos".

É um homem poderoso no sentido de deter segredos de autoridades. Só isso explica a sua desenvoltura.

Muito bem informado sobre o destino político do Presidente: PFL, só com a saída do traidor Major Olímpio e de outros 6; 

Por fim, lembra do cuspe do ex-deputado Jean Willys, a quem só se refere como sodomita,  em Jair Bolsonaro no dia da votação do impeachment da Dilma; e admite que o pegaria pelo colarinho e lhe quebraria os dentes , bem como rasgaria qualquer intimação dos ministros urubus. 
Me deu medo ."


A mim, medo não deu, mas curiosidade. Quero saber qual será a reação dos onze urubus, oops!, ministros. 







segunda-feira, 8 de março de 2021

Entre duas bostas

No Brasil certas coisas não acabam. Andamos, andamos e, como condenados, não saímos do lugar. Essa pena, nem Dante conseguiu imaginar em sua Comédia. Somos condenados a arrastar, como Sísifo, essa carga que constitui o Estado brasileiro, sobrecarregada com os bandos de políticos corruptos que tornam esse tormento ainda mais pesado.

Quando aparece no horizonte uma réstia de esperança, ela logo se esvai, como chuva de verão. Agora, por obra e graça do Facchin, Lula está inocentado. Como uma mágica, de repente, numa canetada, desaparecem todos os "malfeitos". Lula, livre, leve e solto pode concorrer à presidência em 2022. 

E, como efeito colateral, Facchin acabou de dar um senhor reforço à candidatura de Bolsonaro, que estava se desmilinguindo. E a corrida presidencial, então,  se anuncia um "deus-nos-acuda". Dependendo dos ânimos e das provocações dos petistas, essa será talvez a mais sangrenta campanha política da história brasileira.

Condenados estamos a ter que escolher entre o fogo e a brasa. Entre uma extrema porcaria de direita e uma extrema porcaria de esquerda. O Brasil não merecia isso. Já tivemos demais. Nossa economia não anda. O desemprego não cede. A corrupção não pára. Os poucos voos que, apesar de tudo, conseguimos alçar, não passam de voos de galinha. Nossa queda já está prevista com antecedência.

Por quanto tempo, suportaremos isso, sem reagir?


domingo, 7 de março de 2021

República de Sucupira

Bolsonaro é o nosso Odorico Paraguassu! Merecemos! Na novela de Dias Gomes, o prefeito de Sucupira tem como meta de governo, construir e inaugurar um cemitério na cidade.  Para atingir esse objetivo, move mundos  e fundos, chegando até a contratar um pistoleiro para "produzir" o primeiro defunto, já que ninguém morre na cidade, durante seu mandato. No seu discurso de campanha afirma: "Se eleito, o meu primeiro ato como prefeito será o de cumprir o funéreo dever de mandar fazer o construimento do cemitério municipal."

O presidente da Sucupira atual, não precisa contratar pistoleiros porque o que não está faltando, em seu governo, são mortos, aos quais ele se refere com desdém, até mais desdém do que Odorico Paraguassu.




segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

Brinquedinhos presidenciais

 Bolsonaro na presidência é uma bomba atômica ambulante para o país. Pode nos levar à destruição em questão de segundos. Basta abrir a boca e vomitar uma de suas besteiras inconsequentes. 

Tal qual uma criança, Bolsonaro não mede as consequências dos seus atos. Faz o que quer e pronto! Danem-se os que não gostam.

Só que presidir um país requer um equilíbrio psicológico que ele não tem. Tal como no caso do governo Dilma, fica muito claro que o sistema presidencialista não funciona. Você elege um cidadão acreditando em algumas promessas e depois que ele assume, joga tudo pro alto e os eleitores tem que aguentá-lo por 4 anos, com todos os riscos imanentes. 

A demonstração de inconsequência chegou ao ápice agora no caso da Petrobras. Pior que isso, o energúmeno ainda avisou que vai ter mais. Imediatamente caíram os preços de todas as autarquias, pois ele pode intervir em qualquer uma e o Brasil ainda tem mais de 600 empresas estatais à sua disposição. E não há nenhum mecanismo de freios e contra-pesos a nos proteger contra a insanidade presidencial. Estamos descendo ladeira abaixo desembestados.

Aí publicam que o governo vai fazer isso e aquilo para atrair investimentos do exterior! Seria de rir, se não fosse de chorar! Qual investidor sério vai botar seu rico dinheirinho nessa bagunça? Nesse pantanal jurídico de leis e regulamentos, em que tudo e mais alguma coisa pode parar num tribunal e ser decidido cada hora de um jeito diferente? Nem a Suprema Corte sabe o que quer! De 2 em 2 anos firma uma nova jurisprudência sobre o que havia peremptoriamente decido pouco tempo atrás.

Esqueçam essa balela de investimento! O Brasil não consegue nem comprar vacina! O presidente destratou a China, destratou a Índia, fez pouco caso do nosso melhor Instituto e depois, teve que enfiar o rabo entre as pernas e mudar o discurso. Mas não mudou totalmente, não. Como uma criança mimada teve recaídas.

O brinquedinho dele agora é mandar nas estatais, nas autarquias. Mostrar um poder que teve que se encolher diante do STF. Para a sanha do Supremo, o reizinho deixou mais um aliado cair e nada fez para ajudá-lo. E vão brincando de esconde-esconde, de um lado a Suprema Corte e de outro o Supremo presidente. Ambos se merecem.


domingo, 7 de fevereiro de 2021

Ordenações Afonsinas

 O primeiro código de leis a vigorar no Brasil foram as Ordenações Afonsinas, vigente até 1514, sendo substituído pelas Ordenações Manuelinas de 1521 a 1595 e depois pelas Ordenações Filipinas, de 1603 até a Constituição do Império de 1824.

As Ordenações Afonsinas eram divididas em 5 livros. No Primeiro deles, examinando apenas os títulos das matérias, encontramos disposições para: o Regedor, Governador da Casa da Justiça, Chanceler Mor, Vedores da Fazenda, Desembargadores do Paço, Corregedores, Juízes, Ouvidores, Procuradores, Escrivãos, Meirinhos, Meirinhos das Cadeias, Escrivão dos feitos d'el Rey, Porteiro da Chancelaria, Porteiro da Rolação, Porteiro dante o Corregedor da Corte, Pregoeiro da Corte, Porteiro dante os Ouvidores Nossos, Porteiro dante o Ouvidor da Rainha, Juízes Ordinários, Vereadores, Almotacês, Procurador do Concelho (sic), Alcaide Pequeno das Cidades, Carcereiros da Corte, Carcereiros da Cadeia do Corregedor, Tabeliães, Escrivães, Inquiridores, Contador das Custas, Conde-Estabre, Marechal, Almirante, Capitão-Mor, Alferes-Mor, Mordomo-Mor, Camareiro-Mor, Meirinho-Mor, Aposentador-Mor, Alcaides-Mores dos Castelos, Cavaleiros, Retos, Adais, Almocadens, Monteiro-Mor, Anadal-Mor, Besteiros, Almoxarifes, Porteiro das Correições... e por aí vão.

Dá para entender o Estado brasileiro: um monstro que vive somente para alimentar a si. A primeira e exclusiva função do Estado é manter-se. Não faz mais nada. O Estado, esse Leviatã, apenas devora o que pode, daquilo que a pobre nação produz.

Desde as Ordenações Afonsinas, nas quais não há uma palavra sobre direitos dos cidadãos, apenas funções arrecadadoras e punitivas, até os dias de hoje, o que mudou foi só o tamanho do Estado, que só fez crescer.

A nação já não aguenta mais sustentar esse monstro, mas os nossos agentes públicos não movem uma palha no sentido de nos aliviar, a nós, cidadãos, desse peso inútil. Não fazem porque não lhes interessa. Só não pensam que, se o parasita matar seu hospedeiro, ele morre junto.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

Estelionatário

Bolsonaro foi o grande vitorioso no Congresso. Quem teve seu apoio na Câmara e no Senado foi eleito. Agora, o que fazer com esse capital? Não terá mais desculpa se não implementar as reformas, se não privatizar a maioria das mais de 600 estatais, enfim, se não cumprir as promessas de campanha.
Ele ganhou no Congresso, mas, como consequência está perdendo no sentimento do eleitor. Sua popularidade nunca esteve tão baixa, mas, eu me arrisco a dizer vai ter saudade da popularidade de agora. Agora, apesar da pandemia ou talvez por causa dela,  as últimas máscaras caíram. Está claro, para quem quiser ver, que Bolsonaro foi um embuste, um estelionato eleitoral. E o eleitor não perdoa estelionatário. O que Bolsonaro conseguiu com essa vitória foi uma sobrevida, um respirador mecânico, mas esse mesmo Congresso, que lhe entubou agora, pode tirar os tubos a qualquer momento, na hora que bem entender, ou for mais conveniente. Na pior hipótese (para nós, eleitores), cobraremos o estelionato em 2022.

terça-feira, 26 de janeiro de 2021

No quartel...de Abrantes!

 A pergunta a se fazer não é se o Estado brasileiro é mais, ou menos, eficiente. A questão é se já houve um Estado no Brasil, que possa ser chamado por esse nome. Existe uma classe que se aboletou no poder desde as caravelas, que não tem a menor noção de coisa pública, que só pensa nos próprios interesses e que se especializou em desenvolver mecanismos muito eficazes de autopreservação. 

"Façamos a revolução, antes que o povo a faça". Essa frase deveria ter sido proferida por Maria Antonieta enquanto dava tempo, mas foi proferida por um dos próceres da política nacional, o governador mineiro Antônio Carlos de Andrada. Essa frase resume a ideologia dessa classe política. Em primeiro lugar, distingue-se do povo, contra o qual quer agir rápido. Em segundo, se deixar o povo agir, seus privilégios estarão perdidos. Terceiro, sabe muito bem se apropriar dos desejos da plebe e fingir realizá-los para que a plebe se acalme e tudo continue como dantes no quartel de Abrantes.

Há uma versão italiana, cujo Estado é tão capenga como o nosso, dita pelo personagem do romance de Lampedusa, o príncipe de Falconieri: "Para que as coisas permaneçam iguais, é preciso que tudo mude".

Tudo isso me vem à mente, ao assistir ao vídeo do espólio encontrado em presídio de Goiás: 22 pistolas e revólveres, 4423 munições, 527 celulares, 1538 chips de celular, 1 celular via satélite, entre outros "brinquedos". Como é que isso acontece? Todos nós já sabemos ou imaginamos.

Ao fim e ao cabo, chega-se à mesma conclusão: não há Estado no Brasil. O que há é um ajuntamento interesseiro de uma classe que nunca deixou o poder, mesmo quando aparentava fazê-lo.

Enquanto isso, nós, o povo, que não reage, continuamos a viver no quartel de Abrantes.



sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

Fora isso

 No Brasil, a esquerda é hipócrita, a direita é burra e o centro é corrupto. Essa frase poderia ser atribuída a Roberto Campos, mas não é dele. Eu diria, reformando o texto, que a esquerda é hipócrita e corrupta, a direita é burra e corrupta e o centro é corrupto e corrupto.

A corrupção está em todas as bases. A corrupção é um esporte nacional, desde um simples fura-fila de vacina, até as centenas de milhões surrupiados da nação, na cara-de-pau. Sendo assim, ela impregna todo o sistema e cria mecanismos para sua perpetuação. É como um virus, que, inclusive, sofre mutação quando se sente ameaçado.

Os fanáticos e os ingênuos ainda pensam que o governo Bolsonaro luta contra a corrupção. Eu também já fui ingênuo, não posso apontar o dedo aos demais. Mas Bolsonaro se distingue dos demais corruptos pelo seguinte: primeiro, é burro, limitado intelectualmente. Essa é uma característica da direita fanática da qual ele não escapa; segundo, é corrupto de baixo clero, tipo Severino Cavalcanti, contenta-se com alguns caraminguás, rachadinhas e coisas semelhantes. Mas Bolsonaro é louco também, não se importa em botar fogo no país se lhe surgirem as oportunidades e por isso, talvez, seja tão perigoso quanto Lula.

Agora,  demonstrando que sua liderança não tem rumo, diante dos erros primários cometidos durante a pandemia, com a taxa de aprovação em queda livre, só resta a ele cair no colo do Centrão corruptão integralmente. Fora isso é o impeachment.

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Carma ruim

 Às vezes, fico pensando: se Kardec estiver certo, o que será que nós, brasileiros, fizemos em outras vidas para merecer isso? Devemos ter feito parte das hordas de Gêngis Khan, das tropas SS nazistas nos campos de concentração, ou qualquer coisa semelhante. Pois não é possível termos nascido em um país como esse, com as maravilhas que tem, mas com a classe de políticos e governantes que surgem, uns atrás dos outros, assim, sem termos feito nada para merecer isso.

Vivemos uma geração inteira sob as cavalgaduras militares, depois vem Sarney!!!! E depois vem Collor!!! 

Quando temos um governante de aspecto melhorzinho, inteligente, de fala elegante e macia, é o bosta do FHC. 

Em seguida, saímos de Lula, caímos na Dilma, da Dilma pro Temer, do Temer para o Bolsonaro. É demais! 

Sem falarmos no Congresso, cujas bancadas conseguem ser piores a cada legislatura; e do Supremo não precisamos falar. A casa que já hospedou Evandro Lins e Silva, Nélson Hungria, Aliomar Baleeiro, Temístocles Cavalcanti e Pedro Lessa, agora abriga um Lewandowski, um Dias Tóffoli, um Nunes Marques!

Será que somos assim mesmo? Esse carma está difícil de aguentar!

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