sexta-feira, 11 de outubro de 2019

Humanidades A e B

A humanidade está rachando. De um lado estamos vendo espécimes de uma humanidade saudável, conectada, biônica, com expectativa de vida de mais de 100 anos, a humanidade A; de outro lado, convivendo na mesma cápsula do tempo, uma outra humanidade, doente, ignorante, atrasada, com expectativa de vida de 30 anos ou menos. A humanidade B.

Geneticamente ainda somos da mesma espécie.  Em breve, já não seremos.
Essa diferenciação acabará por criar duas espécies biologicamente diferentes. O processo se iniciou há 500 anos, mas foi se acelerando no século XX e o fosso entre essas duas sub-espécies já é evidente.

Vejamos apenas alguns dados elucidativos. Existem hoje 243 milhões de crianças e adolescentes que não estão frequentando escola alguma. Nessa multidão, os 10 países com maior número de crianças e adolescentes fora da escola são, na ordem, Somália, Sudão do Sul, Niger, Burkina-Faso, Mali, Afeganistão, Síria, Chad, Guiné e Senegal. A lista continua, com a preponderância absoluta da África.

Em número de analfabetos a lista é quase a mesma. Dos 20 países com maior número de analfabetos, 18 estão na África.

Do outro lado do muro, o lado da humanidade A, as 20 melhores universidades do mundo são, na ordem: MIT (USA), Stanford (USA), Harvard (USA), Oxford (UK), Cambridge (UK), CalTech (USA), Princeton (USA), Chicago (USA), Yale (USA), Berkeley (USA), Columbia (USA), Imperial College (UK), Pennsylvania (USA), ETH-Zurich (Suíça), John Hopkins (USA), UCLA (USA), UCL (UK), Cornell (USA), Washington (USA) e Nanyang (Singapura). São 14 universidades americanas, 4 do Reino Unido, 1 da Suíça e 1 de Singapura.

O que esses dados nos dizem? Apenas confirmam essa realidade bruta. O fosso entre esses dois mundos só se larga e, cada vez, mais rapidamente. Façamos as hipóteses que quisermos, mas, eu penso que não tem volta. O racha está criado.




terça-feira, 8 de outubro de 2019

Roubalheira institucional

A gente já sabia! Sabíamos que estávamos sendo roubados; que o sistema político brasileiro tinha sido construído para permitir e perpetuar essa situação; que os senhores de baraço e cutelo, do nordeste ao centro-oeste, do norte ao sul, tinham substituído a mão-de-obra escrava que lhes permitiu viver sem trabalhar, pela nossa.

É por isso que a carga tributária brasileira não parou de crescer e quase nada foi devolvido à população em termos de serviços ou infra-estrutura. 
Todas as vezes em que essa elite se viu ameaçada, entregou alguns anéis, para não perder os dedos, mas os recuperou (os anéis) com juros e correção monetária mais à frente.

O país foi construído assim. Seja República Velha, seja Estado Novo, seja Nova República, é tudo mais do mesmo. Repito: o país foi construído assim. Foi projetado para dar para alguns, em detrimento da maioria. Foi projetado para que o Estado sirva  aos donos do poder e mantenha o populacho sob controle, trabalhando e pagando as contas do andar de cima.

É por isso que temos cerca de 55.000 pessoas com foro privilegiado. Querem maior exemplo de anti-republicanismo do que esse? 
É por isso que nunca nos espantamos de os membros do poder judiciário terem as regalias que tem e de alguns, ainda reclamarem do "miserê" de 24 mil reais líquidos por mês. Sem contar com os demais penduricalhos que mais que duplicam os rendimentos líquidos desse cidadão. Há uma frase desse procurador que é emblemática desse país que descrevo. Ele diz em determinado momento que "não tenho origem humilde, não sou acostumado com tanta limitação".

Está claro que esse sujeito se julga no direito divino de usufruir dos privilégios que usufrui, não porque tenha trabalhado e conquistado esses direitos, mas simplesmente porque nasceu assim.

A gente já sabia de tudo isso. O que não sabíamos, e não esperávamos, era que ao eleger um partido de esquerda, e uma pessoa de origem social da casta mais baixa chegasse à presidência da República, esse grupo iria se associar aos oligarcas de sempre e privatizar ainda mais o Estado.

Por isso o espanto de agora com a delação do Palocci. Mesmo com tudo o que já foi revelado, agora com o Palocci contando os detalhes e as conexões, a gente fica de boca aberta. O assalto foi brutal. 
Quem ainda não tinha usufruído das  benesses do poder, se deslumbrou ao chegar lá e, talvez, para garantir desde logo a sua parcela no butim, não mediu esforços e não perdeu tempo. Abocanhou tudo o que pode, tudo o que viu pela frente como oportunidade de enriquecer.

Segundo Palocci, Lula tem 300 milhões de reais, além do sítio e do apartamento, escondidos em paraísos fiscais. E isso é fichinha diante do grosso de dinheiro público que foi surrupiado, só nos anos de governo petista.

 Nunca tivemos uma oportunidade como essa de abrir todas as caixas pretas e de refundar essa nação. Só não sei se sermos capazes de o fazer.

domingo, 6 de outubro de 2019

Decadência de um sistema

Estamos assistindo estupefactos ao desmanche do Supremo Tribunal Federal. Parece a derrocada do império romano, com bárbaros surgindo por todos os lados e os imperadores decadentes, enrolados em suas togas, não sabendo o que fazer, mas fazendo de tudo para se manterem no poder até o último minuto possível.

Gilmar Mendes já perdeu, há muito, todas as estribeiras. E, além delas, perdeu também o decoro, a vergonha, até mesmo qualquer simulacro de seriedade e gravidade. Agora utiliza-se do púlpito privilegiado para atacar os seus desafetos e a todos que possam representar alguma ameaça para si. Usa e abusa, em favor pessoal, de um poder da República.

Dias Tóffoli está adorando! Enquanto Gilmar bufa e atrai os holofotes para si, Tóffoli continua, nos bastidores, a costura para acabar com a Lava Jato, com o apoio do Senado e da Câmara (leia-se Alcolumbre e Maia) e, provavelmente, até do presidente.

Isso demonstra quão podre estava todo o arcabouço político do país. Sabíamos que haveria reação contra a Lava Jato, mas não esperávamos tanta desfaçatez. O Brasil precisa começar de novo, mas o problema é saber como e quem assumiria a liderança dessa empreitada.
Nós, cidadãos comuns, só podemos protestar, mas só os nossos protestos não vão mudar nada. O próprio sistema político evidentemente não vai cometer suicídio, portanto, se mudar, será para pior. 

O que resta então entre todas as possibilidades? Só vejo uma possibilidade efetiva para sanear todo esse sistema: se vier de fora para dentro. E a única instituição que pode fazer esse papel são as Forças Armadas. A que ponto chegamos!!??
Mas há momentos na vida de uma nação que, de tão graves, exigem uma ruptura. Só uma ruptura institucional, com posterior convocação de nova Constituinte, exclusiva e sem a participação dos fichas-sujas, poderia salvar esse país.


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