sábado, 17 de dezembro de 2022

O tempo e a memória

Grandes autores falaram sobre a memória e o tempo. Érico Veríssimo em “O tempo e o vento”, Marcel Proust em seu “Em busca do tempo perdido” também.

Estão interligados. Perder a memória é também perder aquele tempo em que se viveu. Por isso, penso que a maior decrepitude a que pode chegar um ser humano é a decrepitude da memória. Os exemplos mais clássicos são os portadores da doença de Alzheimer. 

No final do processo, a pessoa que habitava aquele corpo já não existe mais. O tempo pra ela também já não existe, não passa. Tudo torna-se um eterno presente fosco e vazio. É a pior forma de não-existência. 

O maior prêmio a que um ser humano íntegro pode aspirar é terminar a vida consciente. Ter a consciência do momento final, sem medo e podendo se despedir dos entes queridos, agradecer pelo amor e cuidados recebidos e deixar a eles a última mensagem de carinho e amor incondicionais que permearam aquelas vidas. 

Se Deus existisse é isso que eu pediria a ele para os meus últimos momentos. 


(A propósito do texto de Adélia Prado: "O que a memória ama, fica eterno")

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