sexta-feira, 28 de abril de 2017

Homens de saia

A Igreja Católica está pondo as manguinhas de fora de novo! Não bastasse já ter criado o PT e a mística do Lula, a CNBB demonstra que não esqueceu nada e, pior, não aprendeu nada.

Muitos de nós, que fizemos carreatas pelo PT, que votamos e torcemos por essa agremiação no passado, fomos sendo desiludidos e aprendendo com a dura realidade, que tudo não passava de uma fantasia, de um mito. O que os próceres do PT queriam mesmo era se lambuzar na mesma lama que acusavam seus opositores de se lambuzarem. O que o PT tinha era inveja deles.

E a Igreja poderia ter se enganado também. Poderia ter se desiludido também. Poderia ter aprendido, como muitos de nós aprendemos. Essa lista é extensa e estrelada : Fernando Gabeira, Ferreira Gullar, Arnaldo Jabor, Nélson Motta, Lobão, etc.
Mas a Igreja jamais fez o "mea culpa". Ao contrário, agora que o PT caiu em descrédito total, parece que a Igreja quer assumir o seu (dele) lugar. Está apoiando a "greve" contra as reformas, como se fosse um partido político, distribuindo cartilhas, comunicados, padres vociferando nos púlpitos.

Estranho é que, desde o mensalão e nos piores momentos da exposição pública das entranhas podres do seu partido de estimação, não se ouviu um pio da Igreja. Jamais ouvimos algum padre reclamando da roubalheira, do desmonte da economia do país. A Igreja, que diz defender os pobres, não disse nada quando o desemprego provocado pela Anta-presidenta já crescia assustadoramente em 2014. Só agora, quando seu mito maior aproxima-se cada vez mais da prisão, a Igreja ressurge. E ataca. Ataca sem sequer saber o que faz. Ataca provocando, se seus apelos fossem atendidos, mais recessão e mais problemas para uma população, que está pagando caro pela escolha que fizemos no passado.

A questão da Previdência é uma questão matemática, não ideológica. Aliás, só é ideológica quando se tenta preservar da reforma algumas classes privilegiadas, como a do setor público. Para quem prega igualdade, não haverá maior contradição!

Se a Igreja quer ajudar no debate nacional, deveria pelo menos procurar se inteirar do assunto, antes de sair dando pitaco dos púlpitos. Meu pai, anticlerical, é quem tinha razão quando dizia: "não se pode confiar em homem de saia".

quinta-feira, 27 de abril de 2017

Povo ferido

O povo brasileiro está machucado, ferido em seu brio, em sua auto-estima, em seu amor próprio. O povo brasileiro, um povo que adora ser alegre, otimista, "pra cima", está de cabeça baixa, humilhado perante outros povos, sem perspectiva de um futuro melhor, sem esperança quase.
Os políticos e seus comparsas empresários não roubaram só nosso dinheiro, roubaram os nossos direitos, nossas novas gerações, nosso futuro, nossa saúde, nossa educação, nossa qualidade de vida.

Cometeram crimes de alta traição à pátria. Crimes sem perdão e sem contemporização. Quando vejo ministros da mais alta Corte do país, com peninha de Bumlai porque está doente, com câncer, eu me pergunto: ficaram esse ministros com peninha das crianças que morreram por causa dos crimes que o Sr. Bumlai cometeu?

Quando um juiz manda para casa uma Adriana Ancelmo para cuidar de seus filhinhos adolescentes e riquinhos que estão sem pai e sem mãe, eu me pergunto: e os milhares de adolescentes cujas mães, vítimas do tráfico e da dependência, estão nas celas imundas e fétidas dos presídios, sem a menor perspectiva de sair de lá? E os milhares de adolecentes, capturados pelo tráfico, muitos que nem nunca souberam quem eram seus pais, que vivem como molambos abandonados à própria sorte, exatamente porque o Estado foi assaltado por uma Adriana Ancelmo, que até pouco tempo desfilava com seus sapatos Loboutin de sola vermelha? Esses deserdados do poder público não merecem a preocupação dos senhores juízes? 

Pois eu e muitos brasileiros, queremos é que o Sr. Bumlai , assim como muitos outros, apodreçam. Que vão para o quinto dos infernos, com câncer ou sem ele e preferivelmente de dentro de uma cela tão suja e infecta quanto foram os crimes que cometeram contra o seu país, contra o seu povo.

Eles não merecem nada mais que a Lei. O braço pesado da Lei. Só assim resgataremos o nosso orgulho, a nossa capacidade de acreditar no Brasil.

Trio Ternura do Supremo

As maiores ameaças ao país hoje tem nomes próprios: Ricardo Lewandowski, Dias Tóffoli e Gilmar Mendes. Esse é o trio ternura do Supremo.
Ajuntaram-se para melar tudo o que for de competência da Segunda Turma com relação à Lava Jato.

Lewandowski estava isolado nessa Turma, quando sua composição era: Cármen Lúcia, Teori Zavascki, Gilmar Mendes, Celso de Mello e o próprio. 
Com a saída de Cármen Lúcia para assumir a presidência do Supremo, Dias Tóffoli pediu para migrar para essa Turma, provavelmente para fazer peso junto com os votos de Lewandowski. Foi nesse momento que as delações começaram a implicar também o PSDB. De repente, viu-se um Gilmar Mendes bufando,  tomado de ira santa contra a Lava Jato, contra o que chamou de "prisões alongadas", a favor da lei de abuso de autoridade, etc. Tudo isso para minar o poder do juiz Sérgio Moro, para destruir-lhe a estratégia e manter o "status quo ante" (*)
O PSDB e seus agentes estavam muito felizes com a derrocada do PT, mas quando viram o fogo se aproximar de suas vestes cândidas, perceberam que essa estratégia iria queimá-los também. Melhor nesse caso, não arriscar. Mesmo que o PT se safe, ao PSDB interessa é se salvar também. Por isso a mudança de tom de Gilmar Mendes, que parece ser amiguinho de infância de Tóffoli e Lewandowski. Agora são 3 contra 2, sendo que Celso de Mello não é confiável e o próprio Facchin já fez campanha eleitoral para o PT. 

Até agora, tudo indica que o ministro Facchin está se comportando como um verdadeiro magistrado, mas o grande teste será na hora em que tiver que tomar medidas difíceis; até lá não podemos ter certeza de suas posições. Então, houve uma grande virada nessa turma e, de cara, já melhorou a vida de 3 corrputos: o Bumlai, que já estava em prisão domiciliar e agora estará solto; o ex-tesoureiro do PP João Cláudio Genu, reincidente do mensalão, e o lobista Fernando Moura, cuja prisão preventiva foi convertida em domiciliar.

Eles são pacientes. Eles esperam, esperam, até a oportunidade se aprentar, a sociedade cansada diminuir a pressão e aí, num golpe rápido, decidem a questão como nos velhos tempos do compadrio. Pobre Brasil!








quarta-feira, 26 de abril de 2017

Bandidos made in Brazil

Pois é! Chegamos lá! Chegamos ao estado da arte em matéria de bandidagem. Agora, sim, somos exportadores de bandidos. Podemos dizer que agora temos o Bandido MADE IN BRAZIL.
E não é qualquer bandido que exportamos. São bandidos com certificado de origem, D.O.C. (denominação de origem controlada), safra especificada, terroir, etc. e tal.
É um orgulho nacional o que o PCC fez no Paraguai! Assalto a uma empresa transportadora de valores para ninguém botar defeito! Planejamento exemplar, logística correta, efetivo bem treinado, inteligência e contra-inteligência funcionando, coordenação rápida e eficaz, comando inquestionável. Tudo se desenrolou com um profissionalismo impecável!

As polícias brasileira e paraguaia estão anos-luz atrás desses bandidos. O comando e a coordenação se fazem dos presídios. Mas, com toda a dificuldade que essa contingência possa lhes oferecer, o planejamento estratégico segue os manuais das maiores empresas. Identificam o mercado-alvo, os concorrentes, seus pontos fortes e fracos, traçam o plano de expansão dos negócios e o executam conforme o figurino. Há muita empresa por aí que nem chega perto disso.

E aqui, continuamos a enfiar a cabeça na areia, para não ver o que está acontecendo à nossa volta. Há um crime organizado, que vem de cima, se encontrando com um crime organizado que vem de baixo. Os dois se misturam em muitos pontos. Por exemplo: quando aquele helicóptero de propriedade do filho do senador Zezé Perrella foi flagrado pela PF,  com 445 quilos de cocaína, o que foi isso senão a junção das duas bandas da criminalidade? A de Brasília e a dos traficantes. 
Bem juntada, nesse caso, pois o assunto foi completamente esquecido e nada aconteceu, nem mesmo com o piloto, que era "funcionário" da Assembleia Legislativa de Minas e foi obrigado a assumir a responsabilidade pela "carga".

Entre essas duas máfias, ficamos nós, classe média sem poder e sem representação política, órfãos de pai e mãe.

sexta-feira, 21 de abril de 2017

Lula e Eduardo Cunha

Afinal, por muito menos, Eduardo Cunha foi preso. Obviamente, por sua postura arrogante, cheio de si, encarnou o inimigo preferencial da nação. E também tinha contra si, toda a turma do PT , ressentida e com sede de vingança, por ter ele conduzido o processo que deu no impeachment.
Nesse caso, seja por quais razões tenha sido, Eduardo Cunha fez um benefício ao país. Tal qual, Roberto Jefferson.
Cunha se esmerava em tentar obstruir a Justiça, usando de seu poder e seu cargo, ameaçando ex-cúmplices, destruindo provas, etc. Foi isso que levou à sua prisão preventiva. Foi preso e está bem preso. De lá não sairá tão cedo.

Outro caso, porém, causa espanto. É o caso do Sr. Luiz Inácio Lula da Silva. Tentou por todos os meios obstruir a Justiça, inclusive quase sendo beneficiado por uma jogada entabulada com a Anta, sendo nomeado ministro de qualquer coisa. Agora, conforme delatou o Léo Pinheiro, com a Lava Jato em pleno andamento, Lula lhe pediu que destruísse provas. Alguém, em sã consciência, acredita que Léo Pinheiro ficou doido e começou a inventar coisas?

É claro que Lula está trabalhando 24 horas por dia para tentar impedir a Lava jato de atingí-lo. Meios ele teve e tem, mais que Eduardo Cunha. Afinal, Cunha não tinha um partido para chamar de seu. E o que Lula quer, o PT obedece e lhe faz a vontade. Por isso, Lula vai afundar o partido completamente, usando de todos os seus recursos para salvar a pele. Não importa a ele, que o partido se esfrangalhe, descambe em popularidade, consuma recursos, tempo e energia em tentar protegê-lo. Mesmo que o PT acabe, ou se transforme em um partido nanico, enquanto houver algum recurso à disposição Lula o usará para tentar se livrar da prisão.

É característica do sociopata, essa falta de culpa, e a capacidade de enganar. Lula não se livrará do destino que traçou para si, ao roubar do povo que o elegeu, mas ao destruir o PT no processo, acabará também involuntariamente, como Eduardo Cunha,  fazendo um bem ao país.






domingo, 16 de abril de 2017

Prisão do Lula

O país está se perguntando: afinal, a lei vale para todos, ou não? Há algum tempo, sabíamos que não. A lei que valia para o Zé da esquina, não valia para um Eike Batista, um Sérgio Cabral ou um Odebrecht. Agora sabemos que passou a valer também para eles.

Mas, e pro Lula? Entra denúncia, sai denúncia, casos e mais casos são contados, envolvendo não só o Exu, mas seus parentes, filhos, irmão, mulher, nora, até o cachorro e o papagaio; e o dito cujo continua livre e solto, ainda usando o microfone para nos ameaçar a todos com uma possível candidatura.

Sim, porque uma eventual candidatura do Lula, a essa altura, será um tapa na cara do povo brasileiro honesto e pagador de impostos. Deixar esse chefe mafioso ter o direito de disputar qualquer eleição é uma confissão de incompetência nossa, como povo, como democracia e como civilização. Quanto mais se demora para prendê-lo, menos as pessoas acreditam que a Lava Jato represente uma verdadeira mudança no país. É portanto uma questão didática, educativa. Prender o Lula é dizer a todos que realmente não há intocáveis no Brasil e que aqui a lei está valendo para todos indiscriminadamente.

Que os sindicatos e demais pelegos saiam às ruas e berrem à vontade. A Justiça não pode temer manifestações de capangas. Se fizerem arruaça que sejam presos e responsabilizados pelos danos cometidos. A lei, para eles também!

Já passa de hora de botar esse chefe da Orcrim na cadeia. Bem trancado e que de lá não saia tão cedo. Se sair.

sexta-feira, 14 de abril de 2017

Espantoso país!

Não sobrou pedra sobre pedra. A gente já suspeitava, ou melhor, já sabia que a corrupção rolava solta no mundo político e nas esferas do poder. Mas, por mais que imaginássemos, uma coisa é acreditar, outra coisa é ver.

Agora que os vídeos estão aí aos borbotões falando sobre tudo e sobre todos, chega a ser chocante a naturalidade com que esses crimes eram concebidos, combinados, e agora são revelados. Emílio e Marcelo Odebrecht contam os casos mais escabrosos como se estivessem narrando um acontecimento fortuito, uma viagem prosaica, uma piada de salão. Contam, até com sorriso nos lábios, a traição à pátria que estavam cometendo junto com seus parceiros políticos.

O que merece essa gente? Qual pena seria suficiente para ressarcir a sociedade do dano continuado que nos fizeram? Em primeiro lugar, o confisco de bens ganhos ilegitimamente, tanto da parte das empreiteiras, quanto da parte dos corrompidos. E devolução só não basta. Tem que ser devolução com ágio, para que o equilíbrio seja minimamente restabelecido entre a sociedade expoliada e a ORCRIM.
Além disso, pena de morte para os líderes das organizações, prisão perpétua para os do segundo escalão e para os que fizerem delação (grande benefício em relação à pena de morte) e depois, penas variáveis conforme o código penal, segundo a participação e o dano público produzido por cada agente. Nada menos que isso.

Hão de dizer: mas no Brasil não há pena de morte, nem prisão perpétua! Talvez essa seja a razão de nossas mazelas. Somos um país oficialmente "bonzinho", embora massacremos nossas crianças e adolescentes todos os dias. Desde que seja extra-oficial, o massacre é permitido.
Pois está na hora de revermos essa hipocrisia e admitir em nossas leis, em casos extremos como esse, a pena de prisão perpétua e a pena capital.

Para problemas extremos, soluções extremas. Foi assim em Nuremberg. Diante de um crime hediondo sem precedentes, um tribunal sem precedentes julgou segundo leis sem precedentes. É disso que precisamos agora no Brasil. Diante de um crime dessa natureza, dessa magnitude, não há código civil ou penal que sirva de referência.

É preciso que se mude tudo. A república de 1988 acabou. Precisamos refundar o país em outras bases, com outra Constituição e sem essa organização criminosa que se apoderou do Estado. A solução começa por varrê-los do mapa. É preciso uma ruptura. Não há outra hipótese. Ou vamos acreditar que os bandidos vão comandar seu próprio julgamento e sua própria condenação? Eles ainda estão no poder. Eles ainda fazem as leis. É preciso tirá-los de lá. Rapidamente.

quarta-feira, 12 de abril de 2017

Fim do mundo para as ratazanas

O mundo acabou! Para eles, os políticos, o mundo acabou de acabar. Aquele mundo maravilhoso, em que tudo era possível, no qual o dinheiro nunca faltava, nem para as campanhas mentirosas, nem para o enriquecimento pessoal; mundo em que jamais teriam que enfrentar cobranças e muito menos punição, para felicidade geral da nação, acabou!

Há muito tempo o Brasil devia a si mesmo o enfrentamento dessa realidade. Uma realidade que solapou o desenvolvimento do país, que impedia a realização do potencial dessa nação continental e rica, que foi responsável por muitas vidas fisica, intelectual e socialmente perdidas. Essa traição continuada à pátria é um crime sem precedentes talvez na história da humanidade, considerados o volume e o tempo.

As consequências estão aí, visíveis, nos hospitais carentes, nas doenças endêmicas, no sistema educacional público em frangalhos, na previdência cujas contas não fecham, na infra-estrutura destruída e abandonada, nas decisões propositalmente equivocadas, como, por exemplo, a construção megalomaníaca e desnecessária dos estádios de futebol para a Copa, na falta de segurança, na bandidagem policial, na leniência e morosidade da justiça, no predomínio do tráfico sobre as estruturas do Estado, na situação calamitosa e degradante dos presídios.  A lista pode se estender por muito mais aspectos da vida nacional.

E, nós, o povo, abestalhados, a ver tudo isso acontecendo sob os nossos narizes, mas sem reação, sem acreditar que pudéssemos reagir e dar um basta.

Pois uma conjunção de fatores benignos e até certo ponto inesperados, fizeram uma investigação local de lavagem de dinheiro dar nessa magnífica operação Lava Jato. Naquele momento, havia um ministério público jovem, idealista e competente, e um juiz impoluto e corajoso, em Curitiba, que iriam mudar o rumo da história desse país.

As ratazanas ainda não se deram por vencidas. Seria ingenuidade esperar o contrário, mas aqui dá-se o fenômeno da massa crítica. Depois que um determinado número de pessoas, chamado massa crítica, adota uma nova posição ou assume determinado comportamento, esse fenômeno passa a ser dominante e autossustentável. É por isso que uma pessoa acostumada a jogar lixo na rua, deixa de fazê-lo quando viaja ou se muda para um lugar onde esse mau hábito seja condenado. A massa crítica funciona socialmente, tanto no sentido negativo, quanto no positivo.

Parece que atingimos no Brasil essa massa crítica de pessoas que não mais admitem a corrupção dos agentes públicos como um fato da natureza. É por isso que, apesar da resistência, o mundo desses políticos acabou. Não há mais tolerância.

A lista de Facchin não deixa dúvidas sobre a extensão e a profundidade desse problema. Estamos vivendo um momento histórico de virada. Não será um processo linear, haverá idas e vindas, golpes e contragolpes, mas a virada é inevitável. As entranhas estão expostas, os métodos revelados à luz do dia. O ambiente não é mais propício para as ratazanas. É o fim do mundo delas.

quarta-feira, 5 de abril de 2017

De atores e goleiros

Tem gente que vai dizer que é um exagero comparar o ator José Mayer com o goleiro Bruno. Realmente, um assassinato não pode ser colocado em pé de igualdade com um assédio físico. Mas o que separa as duas atitudes é só uma questão de grau.

No pano de fundo dos dois casos reside uma causa comum: o sentimento, ou a pretensão de domínio do outro. Seja um assédio verbal, seja uma agressão física, seja um estupro, seja um homicídio, tudo isso representa apenas fases subsequentes em uma mesma escalada de violência. Obviamente, nem todo mundo que assedia verbalmente, vai partir para a agressão física, mas, se não o faz, não é por falta de motivação,  e sim por medo da represália.

No caso dos que são, ou se sentem poderosos, o medo da represália, ou das consequências, é menor, especialmente em um país desigual como o Brasil. Já desde a colônia, as escravas (e também os escravos) eram assediados pelos seus donos (e donas) sem contemplação, e até mesmo sem culpa. Naqueles casos, simplesmente, o assediador era, literalmente dono do corpo do outro, portando o assédio, natural.

A escravidão acabou, mas a mentalidade no Brasil, não. As pessoas que tem mais poder, ainda se julgam, em maior ou menor grau, donas das que não tem esse poder. Nas residências de classe média, sabe-se como são tratadas muitas das empregadas domésticas. O abuso continua, inclusive o abuso sexual mesmo. Só que nada disso vem à tona, porque as vítimas não tem voz na sociedade.

Nas empresas, (está aí o exemplo da Rede Globo) o padrão se repete. Quem tem poder se julga no direito de invadir o espaço alheio, de exigir do outro um comportamento que satisfaça-lhes os instintos e as vontades. No caso da Globo, isso já era público e notório. As pessoas, atores e atrizes, se referiam ao famoso "teste do sofá" para serem admitidos e/ou escalados, para essa ou aquela novela.
Daniel Filho e Dennis Carvalho foram nomes apontados no passado como grandes assediadores e nunca se viu nenhuma atitude da empresa no sentido de coibir esse comportamento.

Será que a Globo mudou? Ou foi a sociedade que passou a exigir mais respeito? Tenho certeza que foi o segundo caso. A nossa sociedade está cansada. Cansada de não ter voz, de não ser ouvida, de ser abusada de todas as maneiras e sempre tudo ficar por isso mesmo. A sociedade está dizendo NÃO a todas as formas de abuso, a começar pelo abuso que essa classe política comete contra nós todos os dias, mas passando também por esse comportamento até então tolerado no nosso dia-a-dia. Chega! Quem quer respeito, tem que respeitar. O direito do outro é o limite para a liberdade de cada um de nós.

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