quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

O morto-mór de 2016

David Bowie, Carrie Fischer,  Humberto Eco, George Martin, Ettore Scola, Muhammad Ali, Prince, Michael Cimino, Elie Wiezel, Tunga, Tereza Rachel, Ferreira Gullar, Naum Alves de Souza, Edward Albee, Elke Maravilha, Cauby Peixoto,  Sábato Magaldi, Pierre Barouh, Billy Paul, Hector Babenco, Andrzej Wajda, Abbas Kiarostami, Gene Wilder, Flávio Gikovate, D. Paulo Evaristo Arns, Ivo Pitanguy, George Michael... e agora Debbie Reynolds.  A lista é grande! Foram muitas personalidades importantes na cultura, nas artes e na ciência, que ficaram para sempre em 2016.  O mundo ficou mais triste e mais burro sem eles!

A lista é ainda incompleta sem os nomes dos jogadores, técnico, jornalistas e dirigentes do Chapecoense, aquela lamentável morte coletiva que entristeceu todo o Brasil.

Podemos também incluir na lista um outro tipo de mortos: aqueles que estão fisicamente entre nós, mas é como se estivessem já no além, devido à irrelevância em que se tornaram. Em 2016 ficou claro que eles pareciam habitar nosso mundo, mas realmente habitavam um outro, paralelo, o submundo do crime organizado. Entre todos, se destacam os fantasmas de Dilma Rousseff, Eduardo Cunha, Lula, Sérgio Cabral e Renan Calheiros que já está com um pé na cova. E, por falar em morto-vivo e fantasma, onde é que anda mesmo o Aloísio Mercadante? Esse está se fingindo de morto para que a Lava Jato não se lembre dele.

Mas um parágrafo especial deve ser reservado sobretudo para o morto-mór de 2016, aquele que já devia ter ido para o quinto dos infernos há muito tempo, mas parece que nem o capeta o queria. É o inefável ditador daquela pobre ilha do Caribe, que se intitulava El Comandante e que não titubeou em matar, pura e simplesmente, seus opositores políticos, mas que foi bafejado e adulado não só pelos mortos-vivos citados acima, mas também por toda uma classe terceiro-mundista deslumbrada que se intitula intelectual.

Custou mas foi. Se lamentamos a morte de tanta gente importante que, enquanto viveu,  fez o mundo melhor, o ano de 2016 teve pelo menos isso de bom, levou finalmente um dos últimos dinossauros de uma ideologia que desgraçou um século inteiro.






terça-feira, 27 de dezembro de 2016

2016, Ano da Redenção

Como será que vai ficar conhecido esse ano de 2016? Penso que na história do Brasil nunca houve um ano tão sobrecarregado de acontecimentos notáveis. 

Foi um ano em que aconteceu tanta coisa que até parece que os Jogos Olímpicos ocorreram uns 3 anos atrás. Pois 2016 foi o ano da primeira e única Olimpíada na América do Sul! Foi um ano em que o Brasil ganhou uma espetacular medalha de ouro no salto com vara e várias e inesperadas medalhas no remo. 

Mas foi também o ano em que se revelou ao país estupefacto, que aqui se sediava uma organização criminosa, responsável pelo maior crime de corrupção da história da humanidade. E, pior! Essa organização era comandada pelos líderes políticos dos partidos que estavam no poder, em outras palavras, a OrCrim era comandada pelo próprio presidente da República!

Foi o ano em que figurões poderosos, políticos e do meio empresarial, se viram trancafiados nas celas e submetidos à Lei, como qualquer outro cidadão que tenha cometido crime, coisa com a qual não estavam acostumados. Foi o ano do protagonismo do Ministério Público, que  a gente nem sabia que existia, e do poder Judiciário de primeira instância. Foi o ano do juiz Sérgio Moro, herói nacional!

E foi também o ano em que a Suprema Corte do país se revelou uma vergonha pública, uma corte inútil, que sequer defende a Constituição e então não serve para nada! Uma corte que aceita conchavos, que faz conchavos, como se fosse um partidinho qualquer. Uma Suprema Corte do passado de um país atrasado, agarrada a um juridiquês ridículo e a ritos processuais antiquados e anacrônicos, que se posta de costas, não só para a sociedade, mas de costas para os usos e costumes dos novos tempos. Estamos no século 21 e o STF ainda não saiu do 19.

Foi o ano do impeachment, porque não poderia ter sido diferente, mas foi o ano da crise econômica mais profunda de nossa história em consequência do governo criminoso que acabou por cair pela vontade do povo. Foi o ano em que a povo brasileiro se fez ouvir no Planalto.

Foi o ano em que o presidente da Câmara foi deposto pelo Supremo e o presidente do Senado desafiou a ordem de deposição do mesmo Supremo e ficou por isso mesmo.

Foi o ano da delação das delaçoes! Poderíamos dizer que foi o ano da Odebrecht, mas prefiro pensar que 2016 tenha sido o ano da redenção do povo brasileiro como dono de seu destino. E o ano em que começamos a pôr nas grades todos esses canalhas, ladrões, traidores da pátria, que nos exploraram por tanto tempo. Que venha 2017 e a continuação dessa limpeza!

quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

Lula, o estafeta da Odebrecht

Antes de conhecer o esquema direito, a gente achava que Lula seria o chefe dos chefes, o comandante geral do esquema de propinas administrado pelo PT, PP e PMDB.
As empreiteiras faziam pose de vítimas, coitadinhas, as virgens seduzidas ou estupradas por aqueles que comandavam e ditavam as regras do jogo, como lamentou Léo Pinheiro, da OAS, em uma de suas delações.
Eram as regras do jogo, disse ele, e quem não jogasse por essas regras estaria "fora de campo".
Pois agora, conhecida a delação monstro da Odebrecht, que não precisa mais ser vazada pois o Departamento de Justiça americano não opera com "segredos", mas age transparentemente como deve ser em um país que respeita seus cidadãos, fica claro e perceptível que a situação era inversa. Quem comandava o esquema, definia os papéis e até mesmo as ações de governo, era o cartel criminoso, o cartel das empreiteiras, dirigido pela mui conhecida Odebrecht.
O capo dei tutti i capi da organização criminosa internacional, que atuou em 12 países, não foi ninguém mais, ninguém menos que a ex-poderosa Odebrecht. Mandava e desmandava. Planejava e mandava executar atos de governo, como as tais 9 medidas provisórias que confessadamente assumiu ter ordenado que se editassem, por serem de seu interesse.
Lula agia, na presidência, como um empregado da empresa; e não só no tempo em que era presidente, mas também depois, quando deixou em seu lugar um poste para continuar fazendo o que a Odebrecht queria que se fizesse.
Claro que a Odebrecht, magnânima, permitia também que outras empreiteiras fizessem uso do trabalho de seus empregados, mas quem liderava era ela, que definia os destinos da nação. Estávamos nas mãos deles e não sabíamos.
O uso do poder foi de tal maneira que é quase um milagre que todo esse arcabouço tenha vindo por água abaixo, por obra de um juiz que resolveu investigar direito um simples posto de gasolina e suas atividades de lavagem de veículos e de dinheiro.
Por essa e por outras é que, apesar de tudo, a gente ainda acredita que Deus é brasileiro.

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Lista dos países onde a Odebrecht atuou criminosamente, além do Brasil: 
Angola, Argentina, Colômbia, República Dominicana, Equador, Guatemala, México, Moçambique, Panamá, Peru e Venezuela. Total de propina paga: 2 bilhões, 630 milhões de dólares. E ainda faltam dados de outros países, incluindo Cuba.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

Apelidos ou Codinomes?

Vai entrar para o anedotário político a criatividade dos operadores do Departamento de Propinas da Odebrecht. Temos que rir para não chorar.
A lista é grande, obviamente, pois para cada corrupto há ao menos um apelido ou codinome correspondente. 
É interessante notar que codinomes foram usados por muitos daqueles que se diziam esquerdistas, revolucionários, anticapitalistas, para esconder a própria identidade e que acabaram pura e simplesmente no fundo do esgoto do próprio capitalismo, tentando esconder a identidade de nós outros, os honestos, que não precisam escondê-la de ninguém.
Pois o anedotário já vai recolhendo pérolas. Dá para montar aquele joguinho de duas colunas, em que se tem ligar os nomes certos da direita com os da esquerda.

Uma pequena amostra da lista atualizada é a seguinte:

  1. Amigo                Quem, senão ele, o Inefável Exu de Garanhuns.
  2. Italiano              Antônio Palocci
  3. Boca mole          Heráclito Fortes
  4. Esfiha                Samir Assad
  5. Kibe                  Adir Assad
  6. Brahma             Ele, de novo, o Inefável Exu Nove-dedos.
  7. Caju                  Romero Jucá
  8. Caranguejo        Eduardo Cunha
  9. Justiça              Renan Calheiros
  10. Indio                 Eunício de Oliveira
  11. Babbel              Geddel Vieira
  12. Primo                Eliseu Padilha
  13. Las Vegas          Anderson Dornelles (assessor de Dilma)
  14. Angorá              Moreira Franco
  15. Campari            Gim Argelo
  16. Gripado             Agripino Maia
  17. Botafogo           Rodrigo Maia
  18. Feia                  Lídice da mata
  19. Moleza              Jutahy Magalhães
  20. Encostado         ? -ainda não conhecido
  21. Todo Feio           Inaldo Leitão
  22. Velhinho            Francisco Dornelles
  23. Grisalhão           ? - ainda incógnito   
  24. Piqui                 Ciro Nogueira
  25. Kafta                Gilberto Kassab
  26. Proximus           Sérgio Cabral
  27. Xepa                 Mônica Santana
  28. Feira                 João Santana
  29. Nervosinho        Eduardo Paes
  30. Misericórdia       Antônio Brito
  31. Santo                Geraldo Alckmin
  32. Mineirinho          Aécio Neves


Como se pode ver, a lista percorre todo o espectro político-ideológico, começando no PT, passando pelo PCdoB e terminando no PSDB. Conclusão: a propina é democrática, não discrimina ninguém!


terça-feira, 20 de dezembro de 2016

As pesquisas

Ora direis, ouvir pesquisas! As pesquisas deram um vexame recentemente nas eleições americanas. Todos já cantavam a vitória de Hillary quando foram atropelados pela Reality.

Aqui também não deixamos por menos. A última pesquisa Datafolha diz que Lula seria líder nas simulações de voto de primeiro turno. Essa mesma Datafolha diz que Lula tem um índice de rejeição de 44%, quase empatado com Temer., que é o campeão.

O único problema a aritmética não fecha! O Brasil tem 100 milhões de eleitores. Deduzindo 38% de abstenções e votos brancos e nulos, restam 62 milhões de votantes. Desses 62 milhões, deduzem-se os 44 que não votam em Lula de jeito nenhum, sobram 18 milhões de possíveis eleitores do Molusco; Mas, para que os números da Folha estejam certos, todos esses 18 milhões de eleitores que não rejeitam Lula, teriam que necessariamente votar nele, sem faltar nem um; e ainda assim não dariam o índice de 25 a 28% propalado pela tal pesquisa..

Isso, se e somente se, a base na qual se fez a pesquisa seja realmente representativa do eleitorado brasileiro. É evidente que essas pesquisas embutem vieses inconfessos. E é óbvio que qualquer pesquisa, principalmente as que envolvem probabilidades, podem muito bem ser mais ou menos dirigidas conforme o interesse do pesquisador ou de quem a encomenda. Que o digam as universidades! Que o digam as empresas fabricantes de medicamentos!

Os fatos são incontestes! As últimas pesquisas pre-eleitorais no Brasil e nos Estados Unidos foram retumbantes fracassos. O problema seria apenas das agências se essas pesquisas não acabassem por influenciar o eleitorado. E influenciam, quer para desistir de votar, quer para votar no candidato que esteja melhor colocado. É por isso que a legislação proíbe a divulgação de resultados de enquetes nas vésperas das eleições. Devia proibi-las 6 meses antes.

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

A de(pi)lação da Odebrecht

A Odebrecht depilou as partes íntimas da República. Está tudo exposto, à vista de quem quer que seja. Quase ninguém escapa. Todos os antros e meandros foram raspados e mostrados, de frente e de costas, de cima e de baixo, ao distinto público, que, boquiaberto, assiste perplexo a esse filme pornô sem censura e sem fim.

O pior é que o distinto público é quem paga a produção desse filme, mas só descobre tardiamente que foi ele quem pagou pela espetaculosa produção. Os atores e atrizes já são velhos conhecidos do público. Estão sempre atuando e fazendo os papéis mais diversos. A maioria sempre preferiu o papel de mocinhos, mocinhas e santos pudicos e compenetrados, mas agora foram obrigados a se despir e mostrar tudo. Ou melhor, a Odebrecht, a cafetina do showbizz que vivia em conjunção carnal com esses atores, vinha gravando todas as cenas e agora é quem nos está mostrando esse filme pornô classe B.

O filme é nauseante não só para os ingênuos e os moralistas, mas também para quem já adotou uma postura cínica diante das telonas dessa República malcheirosa. Muitos de nós já imaginávamos as cenas picantes, as conversas sussurradas, as promessas veladas, as piscadelas de olhos, os bilhetes indecorosos, os michês passados debaixo das mesas, mas o filme produzido e que está em cartaz foi muito além da mais obscena imaginação.

O conúbio da Odebrecht com o poder demonstra como a nossa República está apodrecida. Demonstra que a democracia aqui é simplesmente uma ficção. Quem elege, quem manda, quem decide onde gastar o dinheiro público, que projetos aprovar, que projetos rejeitar, que prioridades atender são essas cafetinas, cuja maior representante é a Odebrecht, apenas a líder do cabaré. 
Elas mantinham, ou ainda mantém,  seus cafetões e gigolôs, habitando a Casa de Tolerância chamada Congresso e dizendo aos supostos representantes do povo, qual é a pauta e a agenda do dia.
E nós, distinto público, pensando que a nossa opinião conta, que nosso voto vale. 

A depilação é uma coisa muito dolorosa, mas necessária. Melhor expor as partes pudendas para que se possa fazer uma limpeza geral. Fiquemos vigilantes porque os efeitos da depilação duram só um certo prazo. De tempos em tempos outras depilações serão necessárias.


segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Corrupção em "estado da arte"

Se há denunciados, indiciados e condenados pela Lava Jato, de vários partidos, o que diferencia o PT de todos eles?- perguntou-me outro dia um amigo petista. 
Respondo: O PT se diferencia de todos os demais partidos no quesito corrupção por um motivo muito simples. Está no DNA do PT o desrespeito à lei. 

O partido se considera o dono da verdade e tudo o que fez, faz e fará é o certo e ponto final. Sendo assim, o PT está acima da Lei e acima das leis. É assim que Lula pensa e é assim que eles pensam. O pensamento é messiânico, não muito estranho a  Lula, pois o messianismo e o milenarismo estão ainda muito vivos no nordeste de Antônio Conselheiro, Lampião e Padim Ciço.

Não estou dizendo que não haja dolo, intenção de se locupletar às custas do erário público, de privatizar vantagens espúrias em todos os casos e em todos os partidos. Não! Isso faz parte - como eles dizem - da regra do jogo. O que faz do petismo uma ideologia especialmente corrupta é derivado exatamento do seu messianismo. No petismo, assim como no stalinismo, no castrismo e em vários outros ismos,  não se questiona o líder, o messias, o salvador! Apesar de o PT se dizer um partido democrático, que conviveria internamente com correntes diversas, nada o diferencia dos Politburos soviéticos.

Há correntes, sim, mas que disputam entre si pelo poder, não por causa de diferenças ideológicas. Nessa área, não há discussão, pois não se discute o Dogma. O que está em disputa é somente o poder pelo poder e as benesses que ele traz. Simples assim.
O PT, portanto, nasceu, benzido pela Igreja, se convencendo de que era o portador da chama sagrada e que, em decorrência disso, tudo que fizesse estaria sempre justificado pelo "bem do Povo".

Foi assim que as primeiras prefeituras ficaram encarregadas de achacar e estorquir as empresas que tivessem contratos públicos, como ocorreu em Santo André, "para o bem e para os cofres do partido". E ninguém, dentro do PT, se espantou com isso. A primeira e única reação foi a de Celso Daniel, quando descobriu que, sendo a  carne fraca,  além de desviar para os cofres do partido, os agentes petistas desviavam também para si. 

Ingenuamente ou por erro de cálculo, tentou abrir uma discussão interna, mas o risco era grande demais para o partido naquele momento. Caso a notícia vazasse seria o fim do PT antes mesmo de começar. O que se viu então , foi Celso Daniel sendo emudecido para sempre... pelo "bem do Povo".

Só a título de recordação, o próprio Lula chegou a ser investigado internamente por José Eduardo Cardozo e Hélio Bicudo, a respeito do, até então, simples apartamento da Bancoop em Guraujá. Esse foi o motivo do ódio que Lula lhes devota desde então. Hélio Bicudo acabou por deixar o partido, convencido de que os líderes petistas podiam ser tudo, menos inocentes.

Uma organização dessas, que nasce com essa deformação, não poderia dar em outra coisa. A corrupção existe desde sempre e acompanha de perto o poder. Na política brasileira então, com a leniência e lassidão das nossas instituições, chegou ao "estado da arte".

Mas pela primeira vez, e pelas mãos do PT, a corrupção foi elevada ao estado de virtude política, tendo sido introjetada na ideologia como uma ferramenta de conquista de poder! É isso que levou à destruição do Estado brasileiro. As ruínas institucionais estão desmoronando à nossa volta e já surgem sinais do caos político querendo se instaurar.
Salvadores da pátria surgem, perigosamente, nessas horas e muitos deles estarão querendo salvar apenas as suas próprias peles. Muita calma será necessária, assim como muita lucidez dos homens de bem que ainda restam, para separar o joio do trigo.

sábado, 10 de dezembro de 2016

Supremo suicidio institucional

Estamos no mato sem cachorro! Não há para onde correr, nem para quem apelar! As instituições brasileiras estão podres! 

No poder Executivo ninguém confia há muito tempo. Há uma presidente deposta e um presidente instável e acuado pelo próprio passado recente, pipocando daqui e dali suspeitas e denúncias de sua participação e conivência nos mesmos casos escabrosos que tem escandalizado a nação todos os dias.

O poder Legislativo é uma piada...de mau gosto! Um presidente da Câmara também deposto e um presidente do Senado que só não foi deposto por causa de uma conchavo acobertado pelo outro único poder que restava com alguma autoridade moral.

Pois esse terceiro e último, que já andava meio carcomido por atuações nada ortodoxas de alguns de seus membros, cometeu um suicídio institucional! Implodiu-se deliberadamente nesse episódio da "salvação" do Renan. Ainda vamos nos debruçar por muito tempo para entender o que houve realmente e as razões que levaram o Supremo a desrespeitar a si mesmo e à nação. 
Nunca se viu, na história dessa malfadada República, uma Suprema Corte tão desmoralizada. Seria impensável, em tempos normais, assistirmos à presidente dessa Corte de juízes negociando com políticos implicados em processos que essa mesma Corte irá julgar! Procurando e achando um jeitinho jurídico à revelia do texto Constitucional que juraram manter e defender! É vergonhoso e triste!

Não temos a quem recorrer. Não podemos confiar em nenhum dos três poderes. E ainda vem mais! A lista dos envolvidos na mega-corrupção da Odebrecht nem sequer saiu. A se confirmar a participação de mais de 200 políticos de diferentes calibres e partidos, como é que se conduzirá o governo da nação daí pra frente? 

É óbvio que eles terão que ser apeados dos seus cargos, mas a  pergunta perplexa é: quem vai poder constituir o parlamento e o executivo a partir dessa devassa? Isso é o caos institucional, o fim da República, a dissolução do Estado. 
Onde estariam as reservas morais da nação para conduzí-la em uma hora dessas? Para quem vamos apelar? Para as Forças Armadas? Para o Papa? Só essa possibilidade configura um risco de o país entrar em uma situação de colapso, como já estamos vendo no Rio e em outros Estados, um estado de calamidade pública, de risco à segurança nacional. 

A irresponsabilidade e a cupidez dos agentes públicos, nos 3 poderes, nos levou a isso! Oremos!

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

A diferença entre Renan e Cunha (o que o Temer teme)

Qual é a diferença entre Renan e Cunha? Receberam, do Supremo, um tratamento tão díspar, que cabe a pergunta de leigo: qual é realmente a diferença entre eles?

Cunha foi apeado da presidência da Câmara e do próprio mandato. Renan, nem uma coisa, nem a outra. Entretanto, o argumento contra os dois é o mesmo. Ambos são réus em processo criminal e ambos estariam, por ocuparem os respectivos cargos, na linha sucessória à presidência da República. Pau que deu em Chico, teria que dar também em Francisco, mas não deu.

O que fica para a nação inteira é que a ação contra Cunha teve muito de retaliação, pelo fato de ele ter sido afinal o responsável pela tramitação do processo de impeachment. Cunha não tinha aliados. A então oposição estava contra ele; contra ele ficou também o PT e seus aliados; e nem o PMDB o defendeu, preocupado que estava com a entronização de Michel Temer e a nova "governabilidade" (nome que se dá à distribuição de cargos e benesses).



Cunha ficou sem pai, nem mãe, nem padrinhos. Já Renan, macaco bem mais velho e mais enredado nos meandros da República, ainda tem amigos. Ele ainda maneja suas armas no sentido de se preservar, preservando interesses de outros, ao mesmo tempo em que os conjuga com os próprios interesses pessoais. Ora ele ameaça o judiciário com leis e PEC's, ora agrada ao governo, prometendo votar o que o governo quer que se vote. E, na ausência de Renan, o Senado cai nas mãos do PT, que é tudo o que o governo Temer mais teme.

Por essas e por outras, o Supremo Tribunal Federal abriu as togas e mostrou o que há por trás delas: ao invés de juízes, frios, imparciais, técnicos, o que vemos são apenas um outro tipo de políticos e uma guerra de egos e vaidades! Pior para o Brasil!

Insegurança Jurídica Institucional

O Presidente do Senado, na qualidade de presidente do Congresso, chefia um dos poderes da República, o Legislativo. Se, por decisão de ontem do Supremo, uma pessoa, na qualidade de réu, não pode chefiar o poder Executivo, como pode essa mesma pessoa chefiar o poder Legislativo?

O Supremo está afirmando que existe uma escala de valores entre os poderes, sendo o poder Executivo superior aos demais! Para ser o chefe desse poder as exigências são maiores do que as que se reputam necessárias para chefiar o Legislativo. Não há outra conclusão a seguir essa decisão exdrúxula!

O STF tem sido pródigo em produzir jabuticabas! A mais recente até então tinha sido a que permitiu o fatiamento da punição à ex-presidente. Criou-se uma regra inexistente na Constituição e ficou por isso mesmo. Agora, vem essa mesma Corte, criar uma figura inexistente no texto constitucional, o presidente do Senado impedido de assumir, se necessário, a presidência. 
A regra que o Supremo inovou aplica-se não mais ao cargo, mas à pessoa. Não é mais o presidente do Senado quem possa eventualmente substituir o presidente, tal como está escrito na Constituição. E não é a condição de réu que barra o acesso de alguém à presidência do Senado! É um conjunto de fatores, dependendo de quem sejam as pessoas e de que lado o pêndulo do Supremo esteja.

O STF inaugurou com toda pompa e circunstância a Insegurança Jurídica Institucional! E escreveu mais alguns capítulos na Constituição Federal: 

  • há dois tipos de presidente do Senado, o que pode e o que não pode substituir o presidente da República; 
  • dependendo de quem seja, uma ordem judicial pode ou não ser cumprida
Ontem foi um dia que ficará na história da nação como um dos mais vergonhosos para o Supremo! Nem mesmo sob a ditadura militar o STF se agachou tanto. A presidente, ministra Cármen Lúcia, fez um papelão, conduzindo um conchavo entre o Supremo e o Senado. Podia ter passado sem essa mancha na sua biografia. O ministro Celso de Melo, decano da Corte escalado para levantar a bola da excrescência jurídica, tentou, em um voto cheio de palavras mas vazio de conteúdo, fazer as piruetas jurídicas que pudessem justificar o injustificável. Até foi buscar no latim o termo "per saltum" para dizer que no caso, a linha sucessória deveria saltar um cargo, mesmo que em flagrante desrespeito à Constituição que não prevê salto algum.

"Per saltum", foi a decisão deles ontem, saltando com vara a Carta Magna do país, e produzindo acrobacias jurídicas para tentar fazer o quadrado virar círculo.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

O Supremo baixou as calças

O dia 07 de dezembro de 2016 vai ficar conhecido como o dia em que o poder Judiciário abriu mão de suas prerrogativas constittucionais e se submeteu a outro poder, o Legislativo.




Renan Calheiros, o capanga da República, ganhou. Peitou uma decisão de um ministro do Supremo e conseguiu seu objetivo. Uma vergonha!
O Supremo Tribunal Federal prevaricou ao não aplicar a lei no caso da desobediência pública e  flagrante de Renan Calheiros! O Supremo não vale mais nada perante a nação! Cármen Lúcia, que tanto prometia em termos de lisura, rendeu-se à tese da governabilidade e pisou feio na bola. Que governabilidade teremos agora, se nem as decisões da Suprema Corte valem alguma coisa?
A partir de agora, acata-se uma decisão do Supremo, quem quiser e quando quiser. Para Eduardo Cunha, valeu. Para Renan não vale. Cunha deve estar furioso consigo mesmo: por que não fez o mesmo quando foi afastado? Por que não resistiu e peitou o STF? Teria sido, muito provavelmente, também bem sucedido!

Além de mostrar toda a tibieza, o Supremo também cria figuras constitucionais absolutamente novas. Já o havia feito quando fatiou a punição à Dilma, afastando-a do cargo, mas preservando seus direitos políticos. Agora cria a figura do Presidente Pro Forma do Senado. Afasta-o da linha sucessória, mas preserva-o no cargo de presidente do Senado. Como? Se na Constituição está escrito no artigo 80: "Em caso de impedimento do Presidente e do Vice-Presidente, ou vacância dos respectivos cargos, serão sucessivamente chamados ao exercício da Presidência, o Presidente da Câmara dos Deputados, o do Senado Federal e o do Supremo Tribunal Federal."
Para que tal decisão seja válida há que mudar-se a Constituição. Mas não é atribuição do Supremo alterar a Constituição. Ao contrário, cabe-lhe preservar e proteger a Carta Magna!

Está tudo indo de cabeça para baixo nesse país! O próprio guardião da Constituição a desrespeita! O que o Supremo poderia ter feito era não dar sustentação à liminar do ministro Marco Aurélio, ou seja, cassar a liminar. Nesse caso manteria Renan na presidência do Senado e na linha sucessória. Péssima decisão ao meu ver, mas uma solução possível dentro da normalidade institucional. O problema, nesse caso, é que estaria desautorizando e expondo um de seus ministros! Então, optou-se por uma solução política e aí fez muito pior, porque não só não deixou de expor o ministro, como também expôs a todos os que votaram pela solução exdrúxula. O Supremo baixou as calças! Que será deste país?

domingo, 4 de dezembro de 2016

Que República!

Que Republica é essa? O presidente do Senado é réu de processo criminal, o ex-presidente da Câmara está preso, o ex-presidente da República é réu em 2 processos, o ex-governador do segundo maior Estado também está preso, assim como o ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil e outro ex-ministro da mesma Casa Civil. Na lista há também 2 ex-senadores,  um cumprindo pena e outro em liberdade só porque fez um acordo de delação premiada.
E uma ameaça bem real paira sobre a cabeça de mais uns 200 parlamentares.
Chegamos no limite, aliás, ultrapassamos o limite do aceitável em qualquer República que se preze.
Não há sequer uma solução institucional para um caso como esse. Não foi previsto, porque inimaginável!
O que faremos então se as previsões se confirmarem e mais de 200 deputados e senadores forem denunciados e virarem réus? É óbvio que não poderão continuar a exercer seus mandatos. 
Se vivêssemos em um regime parlamentarista, o rei ou presidente dissolveria o Congresso e convocaria novas eleições gerais! Mas, desafortunadamente escolhemos o pior regime para um país instável como o Brasil. Assim todo problema político gera crise.
Talvez seja o momento de passar tudo a limpo e recomeçarmos do zero, mas como fazer isso sem ruptura institucional? A pergunta fica no ar, mas os senhores políticos estão empurrando o país nessa direção.

sábado, 3 de dezembro de 2016

Alta traição!

O Congresso brasileiro chegou ao nível mais baixo possível. Perdeu toda e qualquer compostura e nem mesmo por hipocrisia sequer finge ter alguma dignidade! 
O povo brasileiro nunca esperou grande coisa de seus "representantes", com raríssimas exceções, mas acho que ninguém imaginaria uma situação como essa. Enquanto, a nação anseia e precisa de uma solução para os graves problemas econômicos que a gestão petista nos legou, os deputados e senadores resolvem trabalhar até de madrugada para resolver tão somente os seus próprios problemas. Problemas causados por crimes anteriormente cometidos por eles mesmos. 
Legislar em causa própria já é vedado a qualquer parlamentar. Legislar para anistiar os próprios crimes e tentar criminalizar os seus julgadores é simplesmente um absurdo. O absurdo dos absurdos.
O Congresso demonstra que, ou estão realmente,  em sua maioria, enrolados com a criminalidade e precisam desesperadamente tentar se livrar da punição, ou não estão nem um pouco preocupados com a opinião dos seus eleitores. 
O fato de mais de 300 picaretas terem votado a favor da inclusão da cláusula contra juízes e promotores, é desalentador. No Senado não teria sido diferente se não houvesse a grita geral. 
O mais espantoso e vergonhoso é que até líderes do PSDB, como Aécio, estiveram mancomunados com o requerimento de urgência, felizmente derrotado.
Aecio enterrou sua carreira política nesse episódio. Os mineiros de brio e honra tem de levantar-se contra ele e exigir a sua renúncia ao Senado. Com essa atitude perdeu qualquer legitimidade de representar Minas nessa malfadada República. 
Amanhã nas ruas, vamos gritar, #fora_Renan, #fora_Gilmar Mendes, #fora_Temer, #fora_Maia, #fora_Aécio!

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