sábado, 20 de março de 2021

Freud x Antônio Conselheiro

Desconfio muito de quem vive pregando lições de moral aos outros. Geralmente é um puritano com taras irreveláveis. Aquilo contra o qual investe, furiosamente, representa seus demônios interiores, que o atormentam diuturnamente e cujas imagens ele enxerga em tudo e em todos.

O melhor exemplo disso são os padres envolvidos com pedofilia, que, do alto dos púlpitos, geralmente, são os mais veementes e ardentes pregadores da moralidade sexual e da castidade, até que sejam descobertos!

Quanto mais fanático for o pregador, mais atolado estará nos pecados que condena. Freud explica.

Faço esse paralelo a propósito dos bolsonaristas, que vivem apelando para Deus acima disso, Deus acima daquilo. 

Autodenominam-se patriotas, excluindo dessa classificação todos os demais que não comungam da mesma cartilha aloprada. Supostamente só eles querem o bem do país e todos os seus adversários políticos representam o Mal encarnado. 

Dos que atrelam religião, então, aos seus discursos, deve-se correr léguas de distância. Falam de perdão, mas se pudessem, o atirariam ao fogo do inferno. Falam de caridade, de amor, mas ai de quem resolver criticar seus dogmas! Se tivessem poder para isso, fariam como a Inquisição.

O que mais me impressiona, entretanto, é o seu dogmatismo messiânico. Seu líder é a encarnação da perfeição humana, infalível e inatacável. Não conseguem ver nele a realidade de um político do baixo clero, inexpressivo, até cair-lhe nas mãos a bandeira anti-petista. Isso não combina com o fervor religioso.

No Brasil temos predecessores desse fenômeno. Desde Antônio Conselheiro em Canudos, esperando a volta de el-rey D.Sebastião, até o Messias Bolsonaro de agora, incluindo, é claro, o deus Lula, cada qual com seu séquito de seguidores fanáticos.

Coitado do país que precisa de um Salvador!

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quinta-feira, 18 de março de 2021

E agora, Urubus?

Encontra-se no Youtube, um espantoso vídeo de uma "live" feita com o Roberto Jefferson, o ex-desembargador Ivan Sartori e o jornalista Paulo Enéas.

Espantoso porque Jefferson não tem papas na língua e fala o que quer e como quer e ataca os Supremo como um todo e seus membros em particular com expressões chulas, de baixo calão, e acusações graves, até de participação no crime organizado.  Não que o STF não mereça ser criticado - longe de mim essa ideia - mas diante da reação recente do ministro Alexandre de Moraes mandando prender um deputado por ter expressado opinião negativa sobre a Corte, o que fará então com Roberto Jefferson, se tiver coragem para tanto? 

Quem tiver paciência de assistí-lo na íntegra saberá do que estou falando.

Reproduzo aqui o texto recebido de uma pessoa amiga, com o qual concordo em gênero, número e grau:

O vídeo tem de mais de uma hora e o assisti todo. Destacam-se afirmações como: 
  • Democracia demais é anarquia; 
  • São 11 urubus
  • Fachin está ligado ao narcotráfico 
  • Elogio a Ustra

Roberto Jefferson tem excelente conhecimento da política no país e uma memoria privilegiada. Corajoso, como Tenório Cavalcanti, ameaçador como Lacerda,  evangélico assumido, o que não combina com a sua voz histérica e histriônica. 
Talvez pareça, sim, um pastor exorcista.

É um homem que detém segredos da República e de todos os Poderes. Sabe mais do que o cuspe acumulado no canto da boca, mais do que a saliva seca que não o intimida.

Bom orador, ameaçador, oferece um 38 para ajudar o presidente e os milicos. E revela vontade de duelar com o ex-guerrilheiro Zé Dirceu, o qual, recorda, lhe desperta "os instintos mais primitivos".

É um homem poderoso no sentido de deter segredos de autoridades. Só isso explica a sua desenvoltura.

Muito bem informado sobre o destino político do Presidente: PFL, só com a saída do traidor Major Olímpio e de outros 6; 

Por fim, lembra do cuspe do ex-deputado Jean Willys, a quem só se refere como sodomita,  em Jair Bolsonaro no dia da votação do impeachment da Dilma; e admite que o pegaria pelo colarinho e lhe quebraria os dentes , bem como rasgaria qualquer intimação dos ministros urubus. 
Me deu medo ."


A mim, medo não deu, mas curiosidade. Quero saber qual será a reação dos onze urubus, oops!, ministros. 







segunda-feira, 8 de março de 2021

Entre duas bostas

No Brasil certas coisas não acabam. Andamos, andamos e, como condenados, não saímos do lugar. Essa pena, nem Dante conseguiu imaginar em sua Comédia. Somos condenados a arrastar, como Sísifo, essa carga que constitui o Estado brasileiro, sobrecarregada com os bandos de políticos corruptos que tornam esse tormento ainda mais pesado.

Quando aparece no horizonte uma réstia de esperança, ela logo se esvai, como chuva de verão. Agora, por obra e graça do Facchin, Lula está inocentado. Como uma mágica, de repente, numa canetada, desaparecem todos os "malfeitos". Lula, livre, leve e solto pode concorrer à presidência em 2022. 

E, como efeito colateral, Facchin acabou de dar um senhor reforço à candidatura de Bolsonaro, que estava se desmilinguindo. E a corrida presidencial, então,  se anuncia um "deus-nos-acuda". Dependendo dos ânimos e das provocações dos petistas, essa será talvez a mais sangrenta campanha política da história brasileira.

Condenados estamos a ter que escolher entre o fogo e a brasa. Entre uma extrema porcaria de direita e uma extrema porcaria de esquerda. O Brasil não merecia isso. Já tivemos demais. Nossa economia não anda. O desemprego não cede. A corrupção não pára. Os poucos voos que, apesar de tudo, conseguimos alçar, não passam de voos de galinha. Nossa queda já está prevista com antecedência.

Por quanto tempo, suportaremos isso, sem reagir?


domingo, 7 de março de 2021

República de Sucupira

Bolsonaro é o nosso Odorico Paraguassu! Merecemos! Na novela de Dias Gomes, o prefeito de Sucupira tem como meta de governo, construir e inaugurar um cemitério na cidade.  Para atingir esse objetivo, move mundos  e fundos, chegando até a contratar um pistoleiro para "produzir" o primeiro defunto, já que ninguém morre na cidade, durante seu mandato. No seu discurso de campanha afirma: "Se eleito, o meu primeiro ato como prefeito será o de cumprir o funéreo dever de mandar fazer o construimento do cemitério municipal."

O presidente da Sucupira atual, não precisa contratar pistoleiros porque o que não está faltando, em seu governo, são mortos, aos quais ele se refere com desdém, até mais desdém do que Odorico Paraguassu.




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