sexta-feira, 30 de junho de 2017

Togas na lama

De vez em quando, murcha um pouco a esperança que a gente tinha de que esse país iria ser passado a limpo. Essas recentes decisões, a absolvição de João Vaccari e a restituição do mandato ao Aécio, são dois maus exemplos de que a reação à Lava Jato tem conseguido vitórias importantes. Tudo isso, sem falar na reação, aberta e frontal, que Gilmar Mendes vem comandando de cima de suas cadeiras, no Supremo e no TSE.
É a reação de quem quer preservar o velho, o antigo regime, o regime de benefícios e privilégios a uma casta, enquanto o restante da população só tem deveres e contas a pagar.

É por isso que chegamos a essa situação: um país rico com um povo pobre e ignorante. A esquerda sempre atribuiu esse descompasso social aos interesses imperialistas. Se fosse assim, estaria fácil a solução. Depois de 8 anos de governos petistas, não teríamos mais a tal influência imperialista e todos estaríamos no paraíso. 
Isso é a lenda. A realidade é que não há influência imperialista alguma. O que há é que os donatários das capitanias hereditárias estão ainda por aí. São eles que mandam e desmandam.  Antes, esses donatários eram escolhidos por el-Rey, dentre as famílias a quem interessava cooptar ou adular, em troca de apoio à Coroa.

Agora, são escolhidos pelos poderosos de plantão, entre as empresas com as quais interessa trocar favores. E o sistema funciona para protegê-los, de ambos os lados do balcão de negócios.

O mais nojento de tudo é ver o poder Judiciário fazendo parte desse teatro, dessa trágica peça terceiro-mundista. As togas ficam ainda mais ridículas nas costas de pessoas com as caras de Lewandowski, Gilmar Mendes e Marco Aurélio. Provocam vergonha alheia.

Tudo o que se fez na Lava Jato está sendo desfeito - despistadamente, mas está - quando os processos chegam aos "altos escalões da República". É um triste país, esse que não consegue sair da lama. E coitado do seu povo.


segunda-feira, 26 de junho de 2017

Temer: herança maldita

O americanos chamam de pato manco ("lame duck") ao presidente em final de exercício de mandato, quando já não manda nada; e nem os garçons lhe servem mais um cafezinho.

E o que é Michel Temer nessa altura do mandato senão um grande, enorme, exuberante, pato manco? O mandato ainda não está no fim. Ou está? Ninguém sabe, mas em qualquer circunstância, Michel Temer já não manda nada.
Michel Temer agora é um refém da Câmara. Dela agora depende o seu futuro, o seu foro privilegiado e seu próprio mandato. Que vai sangrá-lo até obter todo o butim ainda possível de ser obtido.

Após a denúncia de Janot, o governo Temer acabou. O que veremos daqui pra frente é um país em frangalhos, sofrendo, ansiando por uma liderança impossível, e tendo que assistir o tempo passar, até que 2018 chegue com suas novas, e mesmo assim, parcas, esperanças. E Michel Temer não terá a grandeza de renunciar. Jamais! Vai lutar com unhas e dentes para continuar sentado naquela cadeira, que o afasta de Sérgio Moro. E que se dane o país!

Temer jamais foi um gigante no espectro político. Ao contrário, sempre foi um anão. Sempre foi um homem de conchavos, de conversinha, de acertos de bastidores. Foi jogado ao proscênio da política, pelo PT, que precisava cooptar o PMDB para fazer as falcatruas que fez. Temer é a herança maldita do PT. Não podemos esperar agora, que esse anão político tenha um gesto de grandeza.

Temer foi um acidente de percurso. Em nenhuma outra circunstância, chegaria à presidência da República e sequer ao Senado. A Câmara é o seu habitat. A acomodação dos interesses do quadro partidário a sua força. Fora isso, não existiria o político Michel Temer. Mas, também não passa disso e só chegou à presidência pelas artes, ou melhor, pelas bruxarias do dono e senhor absoluto do PT. A vida política de Michel Temer está no fim. Vamos ver quanto tempo dura um pato manco.



domingo, 25 de junho de 2017

Bundas novas

Qual é a solução para o Brasil hoje? Tenho me perguntado isso e não estou encontrando resposta.

A atual classe política, viciada, corrupta, é que vai fazer as reformas que são necessárias? Não estou falando da reforma trabalhista, nem da reforma da previdência, que são necessárias, mas secundárias, diante da importância maior da grande reforma, necessária e urgente, que é a reconstrução do Estado Brasileiro! Sem isso, qualquer outra coisa está fadada a, mais cedo ou mais tarde, nos conduzir a novas crises.

O modelo patrimonialista do Estado nos levou a essa catástrofe. Não podemos permitir que isso se repita. Não podemos aceitar que o Estado Brasileiro seja entregue nas mãos de grupos privados, enquanto o conjunto da sociedade, os financia, mediante impostos que não retornam em benefício algum.

Mas, se não for a classe política, quem é que vai conduzir esse processo? O executivo já está descartado por razões óbvias, até porque é a vertente mais perigosa da classe política, em função do poder que concentra. Seria então o poder Judiciário? Não me parece adequado, nem sequer possível.

A conclusão, a que se chega, é que não temos instituições preparadas para uma situação como essa. Fôssemos uma monarquia parlamentar teríamos a figura do monarca pairando acima dessa sujeira, dissolvendo o parlamento e convocando novas eleições, não só para formar um novo governo, mas até mesmo para elaborar uma nova Constituição.

Mas, se fôssemos uma monarquia parlamentar, provavelmente não teríamos chegado ao ponto a que chegamos... Porém, não adianta sonhar. Temos é que enfrentar a nossa dura realidade: não há, no horizonte político, uma solução à vista. E então? Como ficamos? Vamos continuar a arrastar essa crise até quando?

Alguém tem a ilusão de que em 2018 tudo vai se resolver com uma nova eleição, nos mesmos moldes de tudo o que já foi feito? Com a mesma divisão de poder e a mesma repartição do Estado? Mudaremos apenas as bundas nas cadeiras, mas os velhos métodos vão prevalecer?

Hoje sabemos que se, ao invés da Dilma, tivéssemos eleito o Aécio em 2014, estaríamos na mesma, ou até mesmo em uma pior situação. Portanto, não será elegendo um novo corrupto, efetivo ou em potencial, em 2018, que solucionaremos a questão.

É nesse horizonte escuro e enfumaçado que muita gente vê como solução a intervenção das Forças Armadas.  Elas tomariam as rédeas e conduziriam o país a uma refundação! Em tese, até poderia ser, mas quem é que garante que as Forças Armadas vão se comportar direitinho assim? Quem é que as controlará?

Não está fácil ser brasileiro hoje em dia. Mas, uma coisa é certa, precisamos mudar o país e as instituições já.  O sistema de privilégios e castas precisa ser abolido. O poder tem que realmente provir do conjunto dos cidadãos. O Brasil precisa se transformar urgentemente numa democracia, antes que se torne uma anarquia generalizada.

Cadê o líder?

Seria muita ingenuidade pensar que a operação Lava Jato continuaria a desvendar toda a sujeira escondida debaixo dos tapetes dos palácios de Brasília, sem ter nenhuma obstrução, nenhuma tentativa de bloquear suas atividades, ou, pelo menos, anular seus efeitos.

Tudo o que estamos vendo o governo Temer fazer, desde a nomeação do atual ministro da Justiça, é tentar melar todo o processo. O mesmo pode se dizer do conjunto da Câmara e do Senado, com algumas ramificações no Judiciário.
Estão todos combinados, articulados e orquestrados para fazer essa operação não chegar a lugar algum, ou, pelo menos isentar toda a classe política de qualquer punição. Agora, não importa mais a ideologia, nem o partido. Agora é "um-por-todos-e-todos-por-um". São eles contra o Brasil.

Isso mostra que a força da Lava Jato é também a sua fraqueza. Ao desvendar a universalidade da roubalheira, a Lava Jato deixou claro que não é seletiva, não tem partido; mas, a exposição de gregos e troianos, demonstrando que todos estão no mesmo barco, fez com que eles se unissem no mesmo propósito.

Agora não interessa mais ao PT se degladiar com o PSDB, nem vice-versa. O que interessa agora é tentar salvarem-se todos. Para isso, são todos muito hábeis e traquejados. A mudança de tom de Gilmar Mendes e de Reinaldo Azevedo já foi o prenúncio de que a máfias estavam se unindo. Já não se vê, nas redes sociais, a petralhada atacando o Aécio, nem mesmo atacando o Temer. Aliás, quem ataca o Temer e o Aécio, agora, são os coxinhas de ontem.

Esse é um momento crítico de nossa história: ou eles vencem a guerra e saem livres e acaba-se o que resta desta malfadada república, ou vencemos nós e teremos que reconstruir esse país, com uma nova Constituição e novas estruturas de poder.
Para que ocorra a segunda hipótese, é necessária uma liderança política competente, isenta e comprometida com a cidadania, que possa coordenar esse processo, que não será fácil. O grande problema é: onde está essa liderança? Quem poderá desempenhar esse papel?

quarta-feira, 14 de junho de 2017

Avalanche de vícios

Além da corrupção pura e simples, simbolizada por mochilas de dinheiro vivo sendo entregues e recebidas sorrateiramente, há no comportamento dos agentes públicos desse país, uma frouxidão moral inquietante.

Juízes da Suprema Corte, por exemplo, não se avexam de pegar carona em jatinhos de terceiros, ou de receber, mediante sociedades das quais participam, polpudas doações ou "patrocínios" de empresas de duvidosa reputação. 
Um presidente da República é visitado à noite, clandestinamente, por um investigado da Lava Jato e tem com ele um diálogo pra lá de suspeito.

Já se foi o tempo em que se dizia que um agente público teria que ser como a mulher de César: ser e parecer honesto! Isso é a tal da reputação ilibada exigida pela Constituição para que se preencham determinados cargos da administração pública.

Hoje, basta não haver provas cabais contra o citado agente, ou mesmo, havendo abundância de provas, se por acaso, alguma tecnicalidade legal não for satisfeita, os homens públicos são considerados honestos para todos os efeitos. E a vida continua. É por isso que se chega ao ponto em que chegamos. É por isso que um Eduardo Cunha e um Sérgio Cabral são possíveis.

A tal da reputação ilibada virou letra morta e a atividade pública transformou-se em uma atividade de delinquentes, de todos os estratos, de todos os partidos e de todos os poderes.

A delinquência começa com pequenos gestos, pequenas violações, que, sendo aceitas, abrem a porta para comportamentos cada vez mais ousados. É assim na vida urbana e é assim na vida política. Assim como se faz nas megalópolis, temos que fazer na vida pública, para extirpar a bandidagem: tolerância zero! Alguns vão dizer que isso é fundamentalismo, ou histeria moralista. Que seja! Talvez seja necessário esse "excesso" de virtude para enfrentar a avalanche de vícios sob os quais a nação está sendo soterrada.

domingo, 11 de junho de 2017

Estado Islâmico no TSE

Prepare o seu coração pras coisas que eu vou contar 
Eu venho lá do sertão, eu venho lá do sertão 
Eu venho lá do sertão e posso não lhe agradar 
Aprendi a dizer não, ver a morte sem chorar 
E a morte, o destino, tudo, a morte, o destino,tudo 
Estava fora de lugar, eu vivo pra consertar 
Na boiada já fui boi, mas um dia me montei 
Não por um motivo meu, 
ou de quem comigo houvesse 
Que qualquer querer tivesse, 
porém por necessidade 
Do dono de uma boiada cujo vaqueiro morreu 
Boiadeiro muito tempo, laço firme, braço forte 
Muito gado, muita gente pela vida segurei 
Seguia como num sonho 
em que o boiadeiro era um rei
Disparada - Geraldo Vandré



Dentre todas as coisas esquisitas, suspeitas, maliciosas, ridículas, hilárias, cômicas e vergonhosas, desse julgamento do TSE, destaca-se uma pela bizarrice: o gesto do ministro Napoleão pedindo que a ira do Profeta caia sobre seus desafetos e lhes corte as cabeças!

Citou, supostamente, um trecho do Alcorão e formulou o desejo que  as cabeças, dos que considera inimigos, sejam cortadas. Parecia um aiatolá em fúria!

Eu me perguntei se, acaso vivêssemos em um regime que desse tal poder a esse homem, não haveriam mesmo cabeças rolando. Haveriam! Podem ter certeza!

Pois em plena democracia, em um país majoritariamente cristão, esse homem, um juiz de um Tribunal Superior (que até parece ser evangélico), não um cangaceiro de Limoeiro, pedia de público a ira do Profeta (e ainda esclareceu, para quem tivesse dúvida, que se tratava do Profeta Maomé) e a degola, pura e simples, dos seus "inimigos", o que se poderia esperar se tivesse à sua disposição a Sharia e o fanatismo dos seguidores?

A que ponto chegamos? Esse gesto do Napoleão de Limoeiro sequer causa impressão. Foi mencionado "en passant" na mídia e pronto. Seus colegas ouviram em silêncio. Mesmo quem não concordasse não teve coragem de levantar a voz em protesto.

Isso demonstra que essa gente saiu das grotas, passou um verniz, vestiu uma toga, mas não deixou para trás os cacoetes de senhores de engenho. Pensam que ainda são coronéis, oligarcas, cuja vontade é absoluta, que tem poder de vida e de morte sobre seus súditos e não podem jamais ser contrariados, menos ainda contestados.

O Brasil está assim porque essa mentalidade de país agrário atrasado ainda está entranhada na cabeça e no comportamento da classe política dirigente. Estamos no século XXI, mas na cabeça deles ainda não saímos do XIX. Sejam esses políticos de aparência moderninha, como um Aécio, ou antiquada mesmo, como um Napoleão e um Gilmar Mendes, a mentalidade que os guia é a do "dono de gado e gente". 

E, infelizmente, até mesmo quem fazia parte do gado, quando "um dia se montou", resolveu também virar senhor de engenho. Como o poder é inebriante!

sábado, 10 de junho de 2017

Pra quê Justiça Eleitoral?

Ontem, ficou claro que a Justiça Eleitoral é de mentirinha, é uma brincadeira sem graça. Não serve para nada.

Pois ainda que diante de "provas oceânicas", como disse o ministro Herman Benjamim, quatro de seus integrantes as desconsideraram, tornando nulo um trabalho de mais de um ano, tornando nulo tudo o que se fez nessa investigação, jogando na lata do lixo tudo o que se provou ali, a pergunta que se segue é: para quê precisamos de uma Justiça Eleitoral?

O bufão-ministro Gilmar Mendes, em sua espalhafatosa fanfarronice, deveria ter dificuldade em explicar porque lutou tanto para instaurar esse processo, para, agora, ficar contra a consequência mais lógica dele, que seria reconhecer que a campanha foi tocada com propinas da Petrobras.

Mas o ministro aparentemente não teve essa dificuldade. Não há nada difícil para quem tem cara de pau. Ele quis nos convencer que, para ele, a montagem dessa farsa toda era só para nos intruir sobre como se fazem as campanhas eleitorais no Brasil. Da minha parte, eu agradeço, ministro, mas já sabia de tudo isso. Não precisava ter se dado ao trabalho.

Como eu, outras pessoas também concluiram isso, por exemplo:
SERGIO SPINOLA - No Estadão.
Pelo que entendi do portentoso Ministro Gilmar Mendes, o objetivo deste julgamento burlesco seria promover uma didática acerca da corrupção. Pelo que entendi, a lição ensinada às nossas crianças é a de que O Crime Compensa e que um resultado de julgamento pode ser previamente contratado, quando o acusado pode nomear seus julgadores. Para aplicar este tipo de lição, a este custo, melhor mesmo seria extinguir este tribunal e direcionar estes recursos para a saúde e educação básicas.
Aproveitando o momento em que estamos tentando colocar nos eixos as contas públicas, seria importante a sociedade decidir se quer continuar a bancar esse custo de 5,4 milhões por mês, apenas para o TSE, sem contar todas as demais instâncias, até aquelas que chegam ao interior de Limoeiro, terra do ministro Napoleão.

Grandes democracias, como os Estados Unidos e o Reino Unido, jamais tiveram ou cogitaram em ter uma Justiça Eleitoral. O que há é Justiça e pronto. E que funciona.







As fotos da netinha!

Resultado posto na mesa, resta agora tocar a bola pra frente. Essa constatação porém não nos impede de examinar como foi que as coisas se deram. Ao contrário, temos a obrigação de examiná-las, para saber o que devemos mudar nas nossas instituições para que elas representem a vontade e o interesse públicos.

Os bandidos conseguiram vencer essa batalha, mas não vão conseguir vencer a guerra contra o país. Temer, usando de sua prerrogativa constitucional (mais um ponto a ser mudado na reforma política), indicou, às vésperas da votação, dois ministros. Coincidentemente, votaram a favor de quem os indicou.

Um deles, Admar Gonzaga, teve seu impedimento argüído pelo Ministério Publico, uma vez que teria participado como advogado de uma das campanhas de Dilma. O vice-procurador , ao fazer essa argüição, estava cumprindo seu dever de ofício, entretanto foi violentamente atacado por Gilmar Mendes.
A mensagem que esse destempero passa ao país é que a casta dos juízes é intocável. Estão acima de todos e da Lei. Não podem ser contestados, nem confrontados! Calma lá, Gilmar Mendes! Talvez lá, em suas terras do Mato Grosso, como disse Joaquim Barbosa, o ministro grite com seus capangas e seja senhor de baraço e cutelo, mas não na mais alta corte eleitoral do país! Isso é inadmissível!

O Brasil precisa mudar muito! Ainda estamos longe de ser uma república! Certas "autoridades" ainda pensam que podem fazer o que quiserem, que são cidadãos de uma classe especial, imune ao alcance da lei, e que não tem satisfações a dar a quem lhes paga os salários. Isso não é república, quando muito uma república de bananas!

Outro fato muito estranho terá que ser investigado e esclarecido ao país. De repente, o filho do ministro Napoleão chega ao tribunal e, quer porque quer, entrar no plenário, onde se desenrolava a sessão, para entregar ao pai um envelope, que segundo o próprio Napoleão, conteria fotos de uma neta!

Conta outra, ministro! Qual seria a urgência de lhe entregarem as fotos? Era uma urgência de tal ordem, que teria que se interromper uma sessão histórica do tribunal? Isso não poderia esperar pelo intervalo de almoço? E, em tempos de mídia social, essas "fotos" não poderiam ter sido mandadas por algum aplicativo de celular?

Pode até não acontecer nada, mas a nação não deveria ter que conviver com mais esse mistério. Nós não merecemos isso! Ou será que merecemos?

sexta-feira, 9 de junho de 2017

Defender o mandato ou o país?

Qualquer que seja o resultado do julgamento de hoje da chapa Dilma-Temer, no TSE, uma coisa é certa: o ministro Herman Benjamin entrou para a história e para o panteão dos homens dignos dessa sofrida Pátria.
Dentre suas frases lapidares e seu estilo direto e didático destaca-se uma, referindo-se aos colegas que querem enterrar provas: 
"Eu recuso o papel de coveiro de prova viva. Posso até participar de velório, mas não carrego o caixão".
É assim, que, aos poucos, vamos identificando no meio dos escombros de um país arrasado pela corrupção, que ainda existem homens públicos honrados. Isso nos resgata um fio de esperança. Nem tudo está perdido.

Nesse processo doloroso, já pudemos identificar, além do nome mais emblemático, o do juiz Sérgio Moro e dos procuradores de Curitiba, representados por Deltan Dallagnol,  outros, como o juiz federal Marcelo Bretas do Rio, o de Brasília, Valisney Oliveira. Agora, tomamos conhecimento da composição do TSE, e o ministro Herman Benjamin fez um trabalho espetacular, não só no sentido de desmontar a trama urdida por detrás das fachadas de legalidade das campanhas eleitorais, como preparou um voto primoroso e o defendeu com unhas e dentes no plenário, ao ponto de o ministro Admar Gonzaga (que foi indicado com a missão de defender o Temer) confessar seu constrangimento diante do relator.
Como, diante de provas oceânicas de corrupção, como afirmou o ministro Herman, ainda se vai dizer que não houve abuso de poder econômico? tem que ficar constrangido mesmo! 

Oxalá, esse constrangimento seja suficiente para o ministro Admar e o ministro Napoleão mudarem de ideia e resolverem defender o Brasil.

Cousas e lousas II

O Brasil não pára de produzir momentos hilários de subdesenvolvimento. Que falta faz um Stanislaw Ponte Preta!

  • Distraído, Temer viajou, mais de uma vez, no jatinho de prefixo PR-JBS. Mesmo não sabia quem era o dono da aeronave, nem desconfiava.

  • No dia do embarque para Comandatuba, Joesley mandou entregar flores para a Marcela no hangar e provocou a fúria ciumenta de Michel. Teve que dizer que sua mãe era quem tinha mandado o buquê.

  • Uma mulher tentou entrar no palácio do Planalto hoje (07/09) e, quando foi impedida pelos seguranças, jogou-se ao chão gritando: "Michel Temer, eu te amo!" O nome dela é Janete!

  • Eduardo Cunha e Henrique Eduardo Alves mantinham uma conta conjunta na Suíça! Que lindo!

quarta-feira, 7 de junho de 2017

Suruba geral

Michel Temer e toda a família viajaram para Comandatuba no jatinho particular do Joesley Safadão. Confrontado com a delação, Temer inicialmente, como todos fazem, negou.

Depois, diante de fatos incontestáveis, passou a admitir que viajou, sim, como vice-presidente no tal jatinho e, para não perder o costume, a viagem não foi registrada na agenda oficial da vice-presidência!

Diz também que não sabe quem era o dono da aeronave e que, obviamente, não pagou pela viagem da tropa! Como assim? Uma aeronave aparece do nada? Surge assim no aeroporto e o vice-presidente fica sabendo que pode embarcar nela, com toda a família, sem pagar um centavo e viajar para onde quiser! Ida e volta! E, nem sequer tem a curiosidade de saber quem é o generoso benfeitor?

E a segurança oficial? Deixa o vice viajar assim com a família em uma aeronave de proprietário desconhecido?

Gente, chega disso! É tudo uma suruba geral! Presidente, vice-presidente, senadores, governadores  e outros, não registram encontros furtivos, reuniões secretas, viagens não-contabilizadas. E com cara de inocentes enfrentam a opinião pública e conseguem dizer as maiores barbaridades na nossa cara nos chamando de idiotas! É um país inacreditável!

terça-feira, 6 de junho de 2017

Cousas e lousas

O ex-deputado Rocha Loures, aquele que tentou surrupiar uma propina da propina, agora está preocupado se vão raspar-lhe o cabelo! Fui ver na foto, se o cabelo dele era essa coisa toda! Meu Deus! É melhor que raspem!
O deputado Jean Wyllys (Escreve-se com dois Y mesmo) quer incluir na reforma da Previdência, uma aposentadoria especial para as prostitutas, ao completarem 25 anos de "trabalho". Jean Wyllys não esclareceu de onde virá o dinheiro para pagar essa conta, nem como esse período trabalhado vai ser comprovado. Na sua ótica, basta fazer a lei e pronto.
Pensando bem, faz sentido. Sobre a questão dos recursos, o deputado poderia propor que se criasse um fundo com as propinas roubadas por Lula, Dilma, Mantega e Palocci para garantir a aposentadoria das prostitutas. Afinal, as pessoas devem cuidar de suas mães na velhice.
A Polícia Federal, no âmbito do processo investigativo do presidente da República, fez a ele 82 perguntas. Umas delas chama-nos a atenção:
Pergunta 12. Vossa Excelência tem por hábito receber empresários em horários noturnos e sem prévio registro em agenda oficial? ...
Conforme a resposta, Temer será também candidato a receber a aposentadoria especial proposta por Jean Wyllys.

segunda-feira, 5 de junho de 2017

Já deu!

Pode parecer estranho, mas a prisão do Rocha Loures piorou as coisas...pro Lula! Explico: o maior argumento de Lula e do PT é que haveria uma perseguição política contra ele e contra o seu partido.

Os fatos recentes derrubam essa tese de uma vez por todas. A prisão da irmã do Aécio, a sua defenestração do cargo de Senador e agora  a prisão do assessor especial e homem de absoluta confiança do Temer, demonstram que não há perseguição alguma. Quem tem culpa no cartório está sendo confrontado pela operação Lava Jato, seja quem for, pertença a que partido pertencer.

Só nessa breve análise, são 3 os partidos envolvidos e os maiores e mais importantes politicamente. E os personagens também não ficam atrás: um presidente em exercício, um ex-presidente (também em pleno exercício de qualquer coisa e eterno candidato) e um senador que quase foi presidente. Não é pouca porcaria! Ao contrário!

Mas agora, o Lula vai dizer o quê? Que contra os outros é verdade e só é perseguição quando é contra ele? Ou então vai dizer que estão sendo todos perseguidos? Por quem? Qual é esse poder oculto que resolveu perseguir a toda a classe política indistintamente?

Acabou, não é, Lula? Já deu!

domingo, 4 de junho de 2017

Quem não deve, não Temer

O trocadilho é infame, mas irresistível e, além disso, expressa uma verdade cristalina da qual nos esquecemos no dia a dia da política suja desse país. É costume ver-se no noticiário, coisas como: fulano de tal teme a delação de A ou de B. 

Hoje, por exemplo, a manchete principal do Estadão é: "Rocha Loures é preso e Planalto teme delação". 
A pergunta que cabe a seguir é: por que o "Planalto" teme? Se teme é porque o delator tem algo a dizer que compromete o atual chefe de Estado. Ao manisfestar temor o suspeito só faz aumentar o grau de suspeita sobre si. É praticamente uma confisão de culpa.

Fosse o "Planalto" inocente, não temeria coisa alguma. Ao contrário, faria como Itamar fez no caso Hargreaves (então ministro da casa Civil): demitiu o funcionário suspeito e o readmitiu depois que, terminadas as investigações, concluiu-se que não havia indícios para incriminá-lo.

Nesse caso, o "Planalto" saiu ileso. Mesmo que Hargreaves tivesse sido acusado, e eventualmente condenado, o "Planalto" teria continuado ileso. Essa foi uma atitude de chefe de Estado, que não devia e não temia. E, só uma notinha a mais de esclarecimento, Henrique Hargreaves era amigo pessoal de longa data de Itamar. A relação entre os dois não se abalou nem um pouquinho.

Bom, isso é de uma época em que negócios de Estado não se confundiam com negócios de partido, e, muito menos, com negócios pessoais. Portanto, aqueles que dizem que a corrupção vem desde o descobrimento, e que isso e aquilo, que não tem jeito, que atinge a todos, etc., etc., fiquem sabendo que, mesmo assim, mesmo no reino normalmente sujo da política, há possibilidade de se fazer as coisas sem a malfadada corrupção. 

Além do exemplo de Itamar, na democracia, há o exemplo de Castelo Branco, na ditadura, que demitiu seu próprio irmão, Lauro, da Receita Federal por ter recebido um fusca (ou Aero Willis, segundo outras fontes) como presente. Castelo teria exigido a devolução, ao que Lauro argumentou que ficaria mal como ocupante do cargo, por ter que devolver o presente. Teria que pedir demissão. Castelo respondeu: demitido do cargo, você já está. O que estou decidindo é se mando prendê-lo ou não. 




sábado, 3 de junho de 2017

Caê, o vanguardista ultrapassado

Pessoas de vida pública, como artistas, por exemplo, deveriam saber envelhecer e não querer ficar bancando o adolescente anacrônuco.
A respeito disso, aqui vai uma excelente crônica de Jerônim Teixeira, publicada em Veja:
Síndrome do Vanguardista Ultrapassado: temos de ser compreensivos com quem padece dessa merencória condição.

A SVU (não confundir com SUV, detestado veículo da elite suja de Higienópolis) é uma espécie de Parkinson estético, produzindo tremores das convicções artísticas e políticas.


Eis aí Caetano Veloso, o tropicalista, o criador de discos para “entendidos”, o qualquer coisa, o leãozinho, o quereres. Gosto da música dele, mesmo. Da música que o cara já fez: não corro atrás de discos novos. O mais recente está lá no Spotify e eu não ouvi. Pois o baiano insiste em matar o velhote inimigo que morreu ontem. Golpe, fora Temer, a treta toda. A UJS que vaiava no Festival da Record agora pira. Os stalinistas que antes achavam a coisa toda muito alienada e colonizada, hoje convertidos em freixistas e haddadetes, estão prontos pra deixar o corpo ficar Odara. Aplaudem. Viva a Vaia? Não mais: Viva o Véio!

Mas então a Folha foi lá descobrir um coxinha do MBL que faz carreira paralela num tal Bonde do Rolé. Parece que o cara falou de uma “direita transante”. (Eu não entendi a novidade: fascista decerto não faz sexo? Esses bolsonaros juniores que concorrem a todos os cargos possíveis acaso nasceram por geração espontânea?) Bastou isso pro desespero bater em Painho: epa, tem algo novo aí! O Bonde do Rolé vai passar e eu vou ficar comendo poeira nos trilhos urbanos. E lá vai o Caetano, na mesma Folha, caetanear, aliterativo: “a direita transante é interessante”.

A expressão não é dele, certo. Mas a alegria, a alegria com que ele a abraçou! Terá escutado nela uma alusão lisonjeira ao disco londrino Transa? (Narciso, afinal, só acha bonito o que é espelho.)

Transante, derivado do verbo transar! Quando até o pueril “ficar” já caducou nestes dias do rude “pegar”, “transar” é uma brasa, mora? Nada denuncia tanto a idade quanto uma gíria ultrapassada.

quinta-feira, 1 de junho de 2017

Danos irreparáveis

É inacreditável! Um ex-ministro da Fazenda, por 8 anos, teve  e ainda tem uma conta no exterior, não declarada ao fisco, no valor de 600 mil dólares!
Durante esses 8 anos em que foi o chefe da Receita Federal, órgão encarregado de fiscalizar, entre outras coisas, as contas no exterior dos cidadãos brasileiros, o Sr. Guido Mantega, então ministro, simplesmente se esqueceu de declarar essa conta!

Acontece que Guido Mantega simplesmente chefiava o órgão arrecadador ao qual deveria, como cidadão, tê-la declarado! E isso não causa comoção alguma! É apenas mais um registro no meio de toda essa podridão que está sendo escancarada aos nossos olhos.

Definitivamente, o Brasil não é um país sério! Como é que as pessoas podem acreditar nas instituições de uma republiqueta como essa? Seria mais ou menos equivalente ao ministro da Justiça ser traficante de drogas, ou o ministro do Trabalho não registrar a sua empregada doméstica!

Até mesmo os petistas, acostumados a defender o indefensável,  se espantaram! Valter Pomar, quadro histórico do PT, escreveu sobre isso, reclamando que a existência dessa conta desde 2006, sem ser declarada, durante todo o tempo em que Mantega esteve ministro, era um petardo contra o PT. E previu que "isso é um detalhe perto do que está por vir".

Será que ele estava se referindo às possíveis contas do Lula no exterior, provável assunto principal da delação do Palocci? O que mais falta ser revelado e que poderia causar danos irreparáveis ao PT? Naõ tenho imaginação suficiente para isso.

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