quarta-feira, 25 de dezembro de 2019

Um país sem esperança

Pra variar, ficamos no meio do caminho. O pacote anticrime, do ministro Sérgio Moro, foi desfigurado pelos ínclitos deputados e senadores, como seria de se esperar, visto ser o Congresso Nacional nada mais que um covil de ladrões.
Esperava-se, no entanto, que o presidente vetasse os penduricalhos estranhos, como a figura do Juiz de Garantias, introduzidos no texto original, de modo a manter o pacote o mais próximo possível daquele produzido pelo ministro da Justiça.
Eis que Bolsonaro, um traidor, saca de sua caneta Bic, vagabunda e populista, e resvala pelo texto, deixando intacto o pior de todos os jabutis.

 Alegria no Congresso, alegria no PT e na esquerda! Quem diria que o PT estaria aplaudindo algum ato do Bolsonaro!
É assim, infelizmente, a política podre que se faz no Brasil. São uns protegendo os outros e vice-versa. 

Na hora em que o calo aperta, todos colaboram, não importa a cor da camisa, não importa a ideologia. Aliás, não se pode falar em ideologia em relação a organizações criminosas e o que existe na política brasileira, com raras e honrosas exceções, são organizações criminosas. Umas de maior, outras de menor porte, algumas familiares, outras quase individuais, mas o todo funciona assim: cada um surrupia onde pode e, no momento em que são ameaçados, unem-se informalmente em busca de se proteção.

O que Bolsonaro está fazendo é tão somente blindar seus filhos larápios e, sabe-se lá se são só os filhos. Acabou com o COAF, uniu-se a Dias Tóffoli que bloqueou o processo do filho Flávio e agora sanciona essa lei sem vetar o pior de todas as excrescências nela alojadas.

Será que estamos condenados ao subdesenvolvimento e à corrupção eternamente?Parece que esse país não tem jeito. Até eu, que sou incorrigível otimista, estou perdendo as esperanças.

quinta-feira, 21 de novembro de 2019

Ele fala javanês

Para quem não sabe, Lima Barreto escreveu um hilário conto chamado "O homem que sabia javanês". Nessa alegoria, conta a história de um desempregado que fingiu saber falar javanês para conseguir um emprego e acabou ascendendo à carreira diplomática por ser o único que sabia tal idioma.
Referindo-se a esse conto, o ministro Barroso, do Supremo, escarneceu publicamente do voto de Dias Tófolli sobre a questão do COAF: "parece que agora vamos ter que aprender javanês".

Nada mais precisa ser dito. O que é Dias Tófolli, senão um novo especialista em javanês? Esse incompetente, com ares de sumidade intelectual falsificada, não tem a qualificação sequer para advogar em porta de cadeia. No entanto, por sorte dele e azar nosso, encontra-se sentado na cadeira mais alta do poder Judiciário.


Que não se fale de corrupção, nem prevaricação, mas apenas e tão somente na incapacidade funcional do sujeito. Não foi aprovado em dois concursos para juiz de Direito! E cabe na cadeira da Corte Suprema?! Um espanto! Só no Brasil se permite uma aberração desse tipo.

Isso precisa ser remediado rapidamente por emenda constitucional que estipule um mínimo de escolaridade e critérios objetivos e mensuráveis para que alguém possa ser indicado ao cargo. Não bastam afirmações genéricas e vazias de conteúdo, tais como reputação ilibada e notório saber jurídico para qualificar alguém a assumir cargo tão importante.

Tanto a reputação, quanto o notório saber são critérios muito, muito subjetivos e sujeitos às interpretações e narrativas ideológicas, como temos visto. Aí, dá no que deu! Um falante de javanês assume a cadeira de presidente do Supremo e, como ninguém mais fala idioma tão importante, o que ele diz não pode sequer ser entendido, muito menos contestado.

sexta-feira, 8 de novembro de 2019

Justiça a la carte

O STF inaugurou agora a Justiça a la carte. É servida conforme o gosto do cliente, que - é claro! - tiver condições de pagar por prato tão fino.
O serviço, nesses casos, é de primeira. Os garçons usam togas pretas e são chamados de excelências! Pensam até que são importantes, mas só estão alí a serviço. Os pratos do cardápio quem escolhe é o freguês:
-Sai uma dobradinha de "habeas corpus"?
-Quem sabe um ensopado de embargos infringentes ao molho Kakay!
-Ou um arroz de Lula à Gilmar Mendes!

Tudo se pode pedir, desde que se possa pagar.
Hoje é dia de festa em Brasília, os milionários escritórios de advocacia, pagos com dinheiro roubado conseguiram o que queriam.
Ganharam! E o Brasil que se dane!

sexta-feira, 11 de outubro de 2019

Humanidades A e B

A humanidade está rachando. De um lado estamos vendo espécimes de uma humanidade saudável, conectada, biônica, com expectativa de vida de mais de 100 anos, a humanidade A; de outro lado, convivendo na mesma cápsula do tempo, uma outra humanidade, doente, ignorante, atrasada, com expectativa de vida de 30 anos ou menos. A humanidade B.

Geneticamente ainda somos da mesma espécie.  Em breve, já não seremos.
Essa diferenciação acabará por criar duas espécies biologicamente diferentes. O processo se iniciou há 500 anos, mas foi se acelerando no século XX e o fosso entre essas duas sub-espécies já é evidente.

Vejamos apenas alguns dados elucidativos. Existem hoje 243 milhões de crianças e adolescentes que não estão frequentando escola alguma. Nessa multidão, os 10 países com maior número de crianças e adolescentes fora da escola são, na ordem, Somália, Sudão do Sul, Niger, Burkina-Faso, Mali, Afeganistão, Síria, Chad, Guiné e Senegal. A lista continua, com a preponderância absoluta da África.

Em número de analfabetos a lista é quase a mesma. Dos 20 países com maior número de analfabetos, 18 estão na África.

Do outro lado do muro, o lado da humanidade A, as 20 melhores universidades do mundo são, na ordem: MIT (USA), Stanford (USA), Harvard (USA), Oxford (UK), Cambridge (UK), CalTech (USA), Princeton (USA), Chicago (USA), Yale (USA), Berkeley (USA), Columbia (USA), Imperial College (UK), Pennsylvania (USA), ETH-Zurich (Suíça), John Hopkins (USA), UCLA (USA), UCL (UK), Cornell (USA), Washington (USA) e Nanyang (Singapura). São 14 universidades americanas, 4 do Reino Unido, 1 da Suíça e 1 de Singapura.

O que esses dados nos dizem? Apenas confirmam essa realidade bruta. O fosso entre esses dois mundos só se larga e, cada vez, mais rapidamente. Façamos as hipóteses que quisermos, mas, eu penso que não tem volta. O racha está criado.




terça-feira, 8 de outubro de 2019

Roubalheira institucional

A gente já sabia! Sabíamos que estávamos sendo roubados; que o sistema político brasileiro tinha sido construído para permitir e perpetuar essa situação; que os senhores de baraço e cutelo, do nordeste ao centro-oeste, do norte ao sul, tinham substituído a mão-de-obra escrava que lhes permitiu viver sem trabalhar, pela nossa.

É por isso que a carga tributária brasileira não parou de crescer e quase nada foi devolvido à população em termos de serviços ou infra-estrutura. 
Todas as vezes em que essa elite se viu ameaçada, entregou alguns anéis, para não perder os dedos, mas os recuperou (os anéis) com juros e correção monetária mais à frente.

O país foi construído assim. Seja República Velha, seja Estado Novo, seja Nova República, é tudo mais do mesmo. Repito: o país foi construído assim. Foi projetado para dar para alguns, em detrimento da maioria. Foi projetado para que o Estado sirva  aos donos do poder e mantenha o populacho sob controle, trabalhando e pagando as contas do andar de cima.

É por isso que temos cerca de 55.000 pessoas com foro privilegiado. Querem maior exemplo de anti-republicanismo do que esse? 
É por isso que nunca nos espantamos de os membros do poder judiciário terem as regalias que tem e de alguns, ainda reclamarem do "miserê" de 24 mil reais líquidos por mês. Sem contar com os demais penduricalhos que mais que duplicam os rendimentos líquidos desse cidadão. Há uma frase desse procurador que é emblemática desse país que descrevo. Ele diz em determinado momento que "não tenho origem humilde, não sou acostumado com tanta limitação".

Está claro que esse sujeito se julga no direito divino de usufruir dos privilégios que usufrui, não porque tenha trabalhado e conquistado esses direitos, mas simplesmente porque nasceu assim.

A gente já sabia de tudo isso. O que não sabíamos, e não esperávamos, era que ao eleger um partido de esquerda, e uma pessoa de origem social da casta mais baixa chegasse à presidência da República, esse grupo iria se associar aos oligarcas de sempre e privatizar ainda mais o Estado.

Por isso o espanto de agora com a delação do Palocci. Mesmo com tudo o que já foi revelado, agora com o Palocci contando os detalhes e as conexões, a gente fica de boca aberta. O assalto foi brutal. 
Quem ainda não tinha usufruído das  benesses do poder, se deslumbrou ao chegar lá e, talvez, para garantir desde logo a sua parcela no butim, não mediu esforços e não perdeu tempo. Abocanhou tudo o que pode, tudo o que viu pela frente como oportunidade de enriquecer.

Segundo Palocci, Lula tem 300 milhões de reais, além do sítio e do apartamento, escondidos em paraísos fiscais. E isso é fichinha diante do grosso de dinheiro público que foi surrupiado, só nos anos de governo petista.

 Nunca tivemos uma oportunidade como essa de abrir todas as caixas pretas e de refundar essa nação. Só não sei se sermos capazes de o fazer.

domingo, 6 de outubro de 2019

Decadência de um sistema

Estamos assistindo estupefactos ao desmanche do Supremo Tribunal Federal. Parece a derrocada do império romano, com bárbaros surgindo por todos os lados e os imperadores decadentes, enrolados em suas togas, não sabendo o que fazer, mas fazendo de tudo para se manterem no poder até o último minuto possível.

Gilmar Mendes já perdeu, há muito, todas as estribeiras. E, além delas, perdeu também o decoro, a vergonha, até mesmo qualquer simulacro de seriedade e gravidade. Agora utiliza-se do púlpito privilegiado para atacar os seus desafetos e a todos que possam representar alguma ameaça para si. Usa e abusa, em favor pessoal, de um poder da República.

Dias Tóffoli está adorando! Enquanto Gilmar bufa e atrai os holofotes para si, Tóffoli continua, nos bastidores, a costura para acabar com a Lava Jato, com o apoio do Senado e da Câmara (leia-se Alcolumbre e Maia) e, provavelmente, até do presidente.

Isso demonstra quão podre estava todo o arcabouço político do país. Sabíamos que haveria reação contra a Lava Jato, mas não esperávamos tanta desfaçatez. O Brasil precisa começar de novo, mas o problema é saber como e quem assumiria a liderança dessa empreitada.
Nós, cidadãos comuns, só podemos protestar, mas só os nossos protestos não vão mudar nada. O próprio sistema político evidentemente não vai cometer suicídio, portanto, se mudar, será para pior. 

O que resta então entre todas as possibilidades? Só vejo uma possibilidade efetiva para sanear todo esse sistema: se vier de fora para dentro. E a única instituição que pode fazer esse papel são as Forças Armadas. A que ponto chegamos!!??
Mas há momentos na vida de uma nação que, de tão graves, exigem uma ruptura. Só uma ruptura institucional, com posterior convocação de nova Constituinte, exclusiva e sem a participação dos fichas-sujas, poderia salvar esse país.


quinta-feira, 5 de setembro de 2019

Pobre Brasil

Pelo andar da carruagem, estou achando que Bolsonaro, o presidente que mais poderia ter dado certo no Brasil, com um time de ministros de primeira qualidade, vai pôr tudo a perder.

Ele não contém a língua, nem os dedos, fica em estado permanente de guerra ou provocação contra inimigos reais ou imaginários. Com isso, ajuda sobremaneira a esquerda, pois a mantém ativa e focada.

Caso não lhes desse atenção e se recolhesse à sua função mais importante de presidir a República, não estaria perdendo o suporte de seus eleitores e a esquerda estaria caindo cada vez mais no ostracismo político, recolhendo-se aos seus nichos eleitorais cada vez mais inexpressivos.

Além da belicosidade, está ficando cada vez mais claro, ser ele um dos maiores inimigos da Lava Jato. Tudo por causa do filho!? Ou tem mais coisa aí?

O fato é que desmontou o COAF, começa a desmantelar a Polícia Federal e, está claro, que a presença de Sérgio Moro no ministério da Justiça se tornou uma pedra no sapato para ele. Não só por causa da atuação sólida e firme do ministro contra a corrupção, mas também porque teme a candidatura dele em 2020.

Xingam-se uns aos outros, mas Bolsonaro está sendo melhor para o PT e seus amigos corruptos que se Haddad tivesse sido eleito. É desesperador! Pobre Brasil!

sexta-feira, 30 de agosto de 2019

Triste Brasil

Á guisa de prólogo:

"Triste Bahia! Ó quão dessemelhante
Estás e estou do nosso antigo estado!
Pobre te vejo a ti, tu a mi empenhado,
Rica te vejo eu já, tu a mi abundante.
A ti trocou-te a máquina mercante

Que em tua larga barra tem entrado
A mim foi-me trocando, e tem trocado,
Tanto negócio e tanto negociante."
  


O autor desses versos, Gregório de Matos Guerra, advogado baiano, do século XVII, tinha o apelido de "Boca do Inferno" e não era à toa, pois fazia críticas ferrenhas à sociedade da época, incluindo membros da alta cúpula da Igreja.
Por causa disso, foi condenado pela Inquisição ao degredo em Angola.

A semelhança com os tempos presentes não é mera coincidência. Quem desnuda o sistema e aponta os erros e crimes é que acaba sendo julgado. É só ver o que está ocorrendo com o procurador Deltan Dallagnol e com o ministro Sérgio Moro.
Ousaram tocar nos intocáveis da República e agora sofrem na pele as consequências de tal ousadia.

O mais irônico é que, contra eles, se aliaram os pretensos novos agentes políticos da esquerda, que criticavam as oligarquias, com os antigos oligarcas que jamais tinha sido molestados. PT e PCdoB aliados ao Centrão. Lula e Renan Calheiros de mãos dadas. Essa é a síntese do quadro político de hoje.

Gregório de Matos, se vivesse hoje, não teria menos motivos de destilar suas sátiras. Triste Bahia, uma de suas pérolas poéticas, que foi até musicado por Caetano Veloso, poderia bem ser intitulado Triste Brasil.

E, fazendo menção aos ínclitos ministros do Supremo, essa quadra lhes cai muito bem:

"Neste mundo é mais rico o que mais rapa;
Quem mais limpo se faz, tem mais carepa;
Com sua língua, ao nobre, o vil decepa;
O velhaco maior sempre tem capa."

terça-feira, 20 de agosto de 2019

Moro pra presidente

Se Bolsonaro, para defender seu filho, ou por qualquer outro interesse escuso, realmente se aliar à Orcrim e desidratar todo o trabalho desenvolvido até agora pelo ministro Sérgio Moro, pode apostar que terá o mesmo fim da ínclita presidenta Dilma.

Bolsonaro foi eleito, não por causa dos bolsominions e demais fanáticos da direita. Por eles, não passaria dos 15% de votos que apresentava no início da campanha. Foi eleito, sim, pela grande massa de eleitores que não votam de cabresto e que não queriam mais do mesmo na política.

A grande massa de eleitores do Bolsonaro votou em alguém que - acreditávamos - poderia fazer diferente. Os eleitores não lhe deram carta branca para fazer o que quiser. Nem o apoio ao seu governo será incondicional.  Quem dá apoio incondicional e trata seus líderes como semideuses é o pessoal do PT e assemelhados.

Se agora, arrependido, esse Jair Messias quiser voltar atrás, vai ficar falando sozinho; e arrependidos ficaremos todos nós, eleitores, que acreditamos nele. Mas, para nós, há remédio. A cada 4 anos podemos substituir a porcaria que elegemos anteriormente. Um dia acertaremos.

Bolsonaro deveria ter em conta que, se perder o apoio de seus eleitores, sua carreira política estará encerrada, como foi com Aécio Neves.

Nas eleições de 2022, há vários possíveis candidatos que ocupariam perfeitamente essa vaga à direita do espectro político: desde o governador Witsel, até o ministro Sérgio Moro.

Aliás, Sérgio Moro é um nome imbatível, se se dispuser a concorrer. Mas penso que, se ele esteve disposto a sacrificar uma carreira sólida, promissora e segura no judiciário para tentar fazer o bem para a nação, por quê não se disporia agora a disputar o cargo no qual poderá fazer muito mais e sem depender das idiossincrasias de algum chefe?

domingo, 18 de agosto de 2019

Quem é que manda?

Paulo Guedes falou uma coisa muito importante, entre tantas outras coisas importantes que tem falado. Referindo-se à oposição política ele disse que em uma democracia há alternância de poder (Não é saci-pererê, disse ele, democracia anda com duas pernas).

Em outras palavras, uma hora é um que governa, outra hora é a oposição.

A esquerda perdeu dessa vez e deveria ter ido fazer o papel legítimo que uma oposição faz. Vigiar as ações do governo, apontar erros e desvios, pedir correção e até mesmo apoiar o que julga correto.

Mas não é isso que a atual oposição faz no Brasil. O que ela faz é tramar e urdir o tempo todo um modo de tentar derrubar o governo. Não é uma questão política, uma questão de pontos de vista divergentes, mas legítimos. A questão para a esquerda brasileira é que ela quer o poder a qualquer preço, para ela é o poder pelo poder.

Isso caracteriza qualquer coisa, menos uma atividade política democrática. É por isso que a ação oposicionista não se circunscreve às esferas dos poderes políticos institucionais. Não! Eles apelam até mesmo para a criminalidade, como foi essa invasão de privacidade das autoridades da República.

Sem contar com o atentado à vida do então candidato Bolsonaro, perpetrado por um suposto doente mental, mas que de qualquer modo já tinha uma vinculação político-partidária de esquerda na sua biografia, nada desprezível.

Essa oposição antidemocrática tem recebido a ajuda inestimável dos tradicionais ratos dos porões do poder, aqueles para quem pouco importa a ideologia, o que lhes interessa é o acesso à caixa-forte do Estado. Como a esquerda já lhes demonstrou o que lhes pode proporcionar de delícias, estão cerrados em fileiras para solapar o atual governo de todas as maneiras possíveis.

Mas esqueceram-se que há um outro agente, que antes ficava só assistindo, mas que agora resolveu participar da peça: o povo. O confronto é inevitável. As ratazanas vão lutar até o fim, para não serem pegas e para continuarem o velho processo de sangria dos recursos públicos. Para o povo brasileiro só há duas opções: ou enfrenta essa coligação criminosa e vence, ou se retira de cena e voltamos à velha história de subdesenvolvimento e expoliação.

Está chegando a hora de se saber quem é que manda, quem é que detém o poder soberano no país, ou se o que está escrito na Constituição é apenas uma letra morta.

terça-feira, 13 de agosto de 2019

Desordem e Progresso?

O presidente do STF, Dias Tóffoli declarou, segundo O Antagonista, num evento para banqueiros, o seguinte:
"O Brasil ficou travado 4 anos, num moralismo, enfrentando questões de ordem e esquecendo o progresso. Você nunca vai ter progresso, se tiver que ter ordem como uma premissa."

Vamos traduzir!

  1. A tentativa de se estabelecer um Estado republicano em Pindorama, no idioma toffoliano significa "moralismo paralisante". O que travou a economia, segundo Tóffoli,  não foi a roubalheira, foi a revelação dela.
  2. Enfrentar as organizações criminosas que solapam o Estado por dentro, significa "enfrentar questões de ordem". E, ainda, destruir o seu arcabouço e seu modus operandi, significa "esquecer o progresso".
  3. E por último, a pérola, a cereja do bolo: ordem e progresso são antagonistas. Ou uma coisa, ou outra.
    Então, na novilíngua de Tóffoli, anarquia, crime e roubalheira equivalem a progresso. 
Isso foi dito pelo presidente do Supremo Tribunal Federal, senhoras e senhores! A esse ponto chegamos! 
A impressão que dá é que a Máfia assumiu o controle de vez, retirou as máscaras e os capuzes porque já não são necessários, abandonou os ritos e as encenações, porque agora é a hora do vale-tudo, do vai-ou-racha. Ou estão realmente acuados ou estamos em perigo!
Onde estão aquele cabo e o soldado?

domingo, 11 de agosto de 2019

Lambendo botas

Segundo dados do próprio CNJ, no dia 17 de julho, havia no Brasil 812.564 presos. Desses, 41,5% estão presos sem condenação proferida!
Não, não se trata de condenação em segunda ou em terceira instância. Trata-se de condenação em primeira instância mesmo.
Vou repetir: no Brasil, 337.126 pessoas estão presas sem que tenham sido condenadas.

O STF sabe disso. Impossível não saber. No entanto, todo o STF se mobiliza para, no prazo récorde de 6 horas, analisar e decidir sobre o enésimo habeas corpus impetrado pela defesa de um ladrão, já condenado em 3 instâncias e com outra condenação em primeira instância.

E tudo provocado por uma decisão do juízo de execução que resolveu transferí-lo de uma cela especial para um presídio, local onde já deveria estar cumprindo sua sentença.

Vamos lá. Os 337 mil cidadãos, sem sentença condenatória, obviamente não estão alojados em celas especiais. Estão em celas comuns, superlotadas, subjugados às vontades das facções criminosas que mandam nos presídios, correndo permanente risco de serem mortos. Ninguém se importa. Por quê? Porque são pobres, não tem poder, pertencem à subclasse dos párias, dos excluídos.

E o Supremo Tribunal, que deveria ser exemplo de aplicação de justiça, dito guardião de uma Constituição que diz que todos são iguais perante a Lei, fecha os olhos a essa vergonhosa realidade, mas, corre, pressuroso, subserviente, a dar satisfações quando se trata de alguém do andar de cima, como temos visto nas várias vezes em que Lula recorreu a essa casa.

Lula, o semideus, tem um Tribunal lambe-botas para chamar de seu. O STF faz, todos os dias, com que os brasileiros definitivamente não creiam na Justiça de seu país.

sexta-feira, 9 de agosto de 2019

Dia dos pais?

Espanto total! Deve haver alguma coisa errada com o meu sistema de avaliação, meus códigos de valores, enfim, devo estar ficando gagá.
Pois li a notícia e não acreditei: Nardoni deixa a prisão para passar o dia dos Pais com a família!!!

É inacreditável gozar desse privilégio um homem que assassinou a própria filha. Podem os juristas e os exegetas do direito argumentar o que quiserem. Nada mudará a realidade! É um fato! Horrível, tenebroso, digno dos piores filmes de terror, mas é um fato. Ele é o assassino da própria filha!

Se está arrependido ou não é outra história. E, nem mesmo o mais profundo e amargo dos arrependimentos será capaz de apagar essa mancha.
Enfim, essa é uma questão de foro íntimo que, sinceramente, não me interessa. Ele que conviva lá com seus demônios e sua culpa, se tiver.

Porém a sua "saidinha" do presídio, especialmente para "comemorar" o dia dos pais, é mais uma agressão perpetrada por essa justiça brasileira, contra a sociedade. É uma agressão a todos os verdadeiros pais, que são capazes de dar a vida pelos seus filhos sem pestanejar e não de tomá-la.

Ao liberar esse facínora para festejar o esse dia, a justiça o está igualando a todos nós.

Do ponto de vista teórico, até parece que somos um exemplo civilizatório, que o sistema penitenciário brasileiro é de primeiro mundo e que casos como esse se deveriam tão somente a distúrbios emocionais.

Nada mais falso, mas acostumamo-nos a ver uma justiça absolutamente dissociada da nação, da sociedade, cuja vontade ela deveria refletir. Uma justiça assim não terá longo futuro. O maior problema então é que sem um judiciário confiável e aceito pela sociedade cairemos na barbárie, mais do que já estamos.



quarta-feira, 7 de agosto de 2019

Socialismo brasileiro

Não custa repetir George Orwell, que em sua emblemática parábola sobre o socialismo (Animal Farm ou Revolução dos Bichos), deixou-nos essa pérola:
"todos os animais são iguais, mas alguns animais são mais iguais que os outros".
Esse é o resumo do socialismo, essa religião política dogmática, que tanto mal fez e tem feito à humanidade.

Pois aqui em Pindorama temos assistido a essa manifestação, clara e inequivocamente. O partido, supostamente, dos trabalhadores, que prega a igualdade - principalmente nivelando por baixo, mas isso é um detalhe - entre as pessoas, acorreu em peso ao Supremo para pedir exatamente a manutenção dos privilégios para seu líder máximo e semideus.


O apenado iria ser transferido para um presídio "comum" em S.Paulo, mas os súditos não se conformariam com esse nivelamento. Correram ao Supremo para garantir, se não a liberdade, mas que ao menos seu Capo permanecesse na cela especial em Curitiba.

E ainda dizemos que estamos em um estado de direito. Talvez estejamos, mas é um direito parecido com os da novela de Orwell, alguns sempre tem mais direitos que outros. Basta pertencer à classe correta: ser rico, influente ou poderoso, que as leis se adaptam, macias e conformadas, a cada caso excepcional.

Se não, como explicar a prisão especial para Eduardo Azeredo, para Sérgio Cabral, para Lula?

Bastou uma simples ameaça e a coorte de submissos ao Capo se movimentou como pôde para evitar que seu líder fosse transportado para uma cela dita "comum" mas ainda muito superior em qualidade àquelas que abrigam a grande massa carcerária pobre desse país desigual; massa desvalida com a qual eles pouco se preocupam.

É assim o socialismo! Está em casa no Brasil!

quinta-feira, 25 de julho de 2019

Aloprados Verdes e Vermelhos

Mãe Dinah não entende nada de computador, mas sabe tudo sobre gente que se considera mais esperta do que é.

Esses novos aloprados, Verdes e Vermelhos, ou seja, a gangue que resolveu invadir os celulares de autoridades da República e fazer disso uma arma política, calculou mal sua própria competência.

Achou que dava um golpe de mestre e com isso resolveria todos os problemas da esquerda e dos demais comparsas dela, que estão tremendo de medo da Lava Jato.

Muita gente com assento no Congresso aplaudiu essa aberração, a começar pelo inefável e meio esquecido Renan Calheiros, passando por toda a turma do PSOL, PCdoB, PSB, PDT e, obviamente, do PT, sem contar com o regozijo do PMDB, da turma do Temer, de parte do PP e de ex-caciques tucanos. É uma gangue que abrange quase todo o espectro partidário e ideológico. Todos unidos pelo interesse comum de enterrar a Lava Jato. Não só por causa do seu (deles) passado sujo, mas também por causa do seu presente e do seu futuro.

Pois, Mãe Dinah conhece a todos e nos dá algumas informações:

  1. Esse iceberg é muito mais profundo do que se imagina; as investigações vão revelar um esquema de ilegalidade ainda maior que o da Petrobrás; 
  2. Será exposto também o grau de intrusão de agentes estrangeiros no processo político brasileiro (convidados obviamente por facções nacionais);
  3. E a maior revelação de todas será a de que o complô para invasão dos celulares é constituído do mesmo grupo que articulou, encomendou e pagou pela facada ao então candidato.
E, de quebra, ficaremos sabendo se Jean Willys afinal vendeu ou não seu mandato parlamentar.

O Brasil pode ser tudo, menos um país monótono.






terça-feira, 23 de julho de 2019

Doidivanas paranoides

Com tanta coisa importante para se resolver no país e tendo uma oportunidade ímpar de poder encaminhar soluções, essas doidivanas dos Bolsonaro nos fazem perder o "timing" e desestabilizam o próprio governo o tempo todo!

São os maiores aliados dos esquerdopatas, que não sossegam enquanto vislumbrarem uma possibilidade de retomar o poder. E os "meninos", involuntariamente ou não, os ajudam.

Dilapidam a própria base de sustentação política, afugentam companheiros, e vão cada vez mais se isolando num canibalismo burro e inconsequente.  Já defenestraram o gen. Santos Cruz, agora partem pro ataque contra o gen. Otávio Rego Barros.
O gen. Augusto Heleno já sofreu sua quota de ataques por conta do episódio da FAB, mas não está livre de sofrer outros.

Contra o gen. Mourão, só não foram mais além, porque ele ocupa um cargo para o qual foi eleito tão legitimamente como o próprio papai deles.

O que esses olavistas tem contra os militares? Só pode ser medo. Medo de que dêem um golpe e assumam o governo? Medo paranoico de que, eventualmente, emparedem o presidente? Quem nos dera! Talvez tivéssemos então um governo mais centrado nos objetivos nacionais, mais racional e mais eficaz na luta para o desaparelhamento e reforma do Estado.

Como é difícil para o Brasil andar para a frente! Eita caveira de Dana de Teffé que não aparece nunca!



segunda-feira, 22 de julho de 2019

De pavões e de lhamas

Não é possível que o país se vá ver preso à agenda de um suposto jornalista estrangeiro, atuando politicamente em uma nação da qual ele não possui cidadania.

A liberdade de imprensa não pode ser invocada para servir de escudo para essas atividades ilícitas, que vão desde a invasão de correspondência privada de autoridades ao uso politico-partidário dessas informações, sem falar da  sua manipulação e adulteração. São muitos os crimes cometidos e não podem ficar sem resposta do Estado, sob pena de desmoralização completa.

A atividade política, principalmente a político-partidária, é vedada aos estrangeiros. Isso é uma questao de segurança e soberania.

Isso não precisa ser investigado, nem demonstrado. É público e notório e as autoridades já deveriam ter agido. 

O que tem que ser investigado e, eventualmente, punido se for comprovada a culpa, são: a compra e venda  de mandato parlamentar; a espionagem de um ministro e um procurador;
a adulteração e falsificação de informações, a criação e divulgação de  noticia falsa; a perturbação da ordem.

O Estado brasileiro tem que agir em defesa de si e da população que o constitui. E rápido!

quinta-feira, 11 de julho de 2019

Sem Sherlock

Jean Willis, sob qualquer ângulo, é um cara nojento! Para mim, já bastava ter participado daquele programa ridículo da Globo, o Big Brother Brasil, para não ser recomendável como ser humano!

Entretanto, ele sempre se supera! Depois de virar uma lhama cuspideira, renunciou ao mandato de deputado, perdendo inclusive o foro privilegiado e vira e mexe, difama seu próprio país no exterior.

Seu envolvimento agora nesse "imbroglio" em que se misturam a possível venda do mandato, com a criminosa invasão dos celulares de autoridades da República, foi a superação de tudo.

Se ficar comprovado que vendeu o mandato para o "marido" do tal Greenwald,  a PF pode procurar mais que vai achar uma relação desse grupelho com a tentativa de assassinato do Bolsonaro.

Quem está no grupo? Paulo Pimenta do PT, Marcelo Freixo do PSOL e a trinca tresloucada, Jean, David e Greenwald, segundo o Pavão Misterioso. Estão agindo por conta própria ou há uma Orcrim por detrás? Isso ainda não sabemos. 

Sabemos porém que o "incapaz" Adélio, desempregado que tinha notebooks e celulares, pagava a pensão em dinheiro vivo e conta com uma equipe de advogados caríssimos que ninguém sabe quem os paga, teve registro de entrada da Câmara no mesmo dia em que cometia o atentado.

Isso diz o quê? Que Adélio não agiu sozinho, que havia um comparsa com acesso à Câmara, que há um financiador muito rico por trás do plano. É o mesmo perfil da situação atual de vazamento das conversas do ministro Sérgio Moro.

Não é preciso ser nenhum Sherlock para concluir isso!

sexta-feira, 28 de junho de 2019

Até tu, Angela?

A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, fez um pronunciamento absolutamente fora de qualquer propósito, a respeito do Brasil e do governo democraticamente eleito pelo povo brasileiro.

Disse estar "muito preocupada com a situação dramática do Brasil".  Como é, cara pálida? A situação dramática do Brasil ocorreu durante os anos de governo petista que dilapidaram a economia, promoveram índice recorde de desemprego, e roubaram do povo brasileiro o que puderam, onde puderam.

Durante esse tempo, em que "dormia a nossa pátria-mãe tão distraída, sem perceber que era substraída em tenebrosas transações" - obrigado, Chico Buarque - a sra. Merkel estava pouco se importando com o que acontecia nessa pátria desimportante pra ela.

A situação está ainda dramática. Ainda temos uma enorme Organização Criminosa instalada no mundo político, que está fazendo de tudo para passar incólume e manter seu poder. Mas não é a isso que a "alemoa" se refere. Na verdade, quis atacar e enfraquecer, antes da reunião do G-20, o governo Bolsonaro, um governo que está realmente empenhado em cuidar dos interesses brasileiros e não dos das potências industriais em processo de lenta, mas irreversível deterioração (é só olhar para a França e para a Grã-Bretanha).
Essa história de mudanças climáticas (que antes chamavam de aquecimento global) é conversa mole para boi dormir. 
Querem que mantenhamos a floresta amazônica intocada? Pois que paguem por isso! Paguem o pedágio de usarem o oxigênio gerado por nossa floresta, enquanto eles destruíram as deles e as dos outros.
É fácil manter uma Europa limpinha, boazinha e politicamente correta, quando já esgotou a exploração dos outros povos, quando a África já se tornou um continente exausto, quando o ouro e a prata das Américas foi todo transportado para os palácios e igrejas europeias. Nessa época, a revolução industrial europeia, queimava carvão e poluía o mundo inteiro sem se preocupar com os seus vizinhos, condôminos do mesmo planeta.

E agora querem vir nos dar lição de moral? Vão cuidar dos seus imigrantes, vindo de países explorados por vocês!

Nós temos e vamos exercer o nosso direito ao desenvolvimento! Vamos cuidar de nossas florestas e rios por interesse nosso e não ditados por entidades alienígenas.

O mais paradoxal é que depois de se dizer preocupada com o Brasil, a dona Angela foi se encontrar toda sorridente e amistosa com quem? Com o Bin Salman, ditador biliardário da Arábia Saudita e provável mandante do assassinato de um jornalista que o desagradava. Pois é, Angela Merkel, eu não queria dizer isso, mas vocês alemães tem uma dívida impagável com a humanidade. Será que ainda não aprenderam, ou só enxergam o que lhes interessa?

terça-feira, 11 de junho de 2019

Qual é o crime?

De todas as tentativas de desestabilizar o governo Bolsonaro, a mais ridícula até agora foi essa de hackeamento do celular do ministro Moro.

Parecia que se armava um vendaval, um furacão de escândalos a invalidar os processos e a criar um ambiente insustentável para o ministro e para o governo como um todo.

A esquerda junto com a Orcrim - se bem que é difícil separar uma da outra- exultaram! Pensaram que tinham, afinal, a bala de prata para acabar com o governo Bolsonaro e, ao mesmo tempo, desmontar a operação Lava Jato, a única que, na história deste país, conseguiu levar políticos corruptos pra cadeia.

Durou pouco. Afinal, a lógica elementar diz que quando há crime, pode ser que não se consiga provar, mas quando não há, é impossível provar o contrário. É a imposição da realidade.
O ministro e os Procuradores não cometeram crime algum e isto está explícito em suas conversas, essas, sim, criminosamente invadidas.

O que a OAB deveria estar pedindo agora é que se descubra e se puna rapidamente, e com rigor, esse atendado às instituições. Gravar as conversas privadas de um ministro da Justiça é um atentado à própria segurança institucional do país.

Os Estados Unidos não deram folga pro Assange. E nós, o que faremos?

quinta-feira, 16 de maio de 2019

À procura de Dana de Teffé

Há muita gente que não sabe quem foi Dana de Teffé. Reproduzi abaixo um texto do Carlos Heitor Cony, a respeito dela:
Dana de Teffé 
Em cordial resenha ao meu último romance, Marcelo Coelho diz que estou preso a meus fantasmas, o que é uma verdade. E inclui entre esses fantasmas o de Dana de Teffé, uma estranha mulher que foi assassinada pelo amante e cujo cadáver nunca apareceu. Por isso, o amante não foi condenado: sem a existência do corpo delito, a justiça não admite a existência de um crime de morte.
Foi um caso que ocupou e preocupou a imprensa durante anos, todos procuraram a ossada de Dana: polícia, nobreza, clero, povo e demais interessados. Até hoje seus ossos não foram encontrados.
E olha que muita coisa aconteceu no mundo. Frank Sinatra veio ao Brasil e o homem foi à Lua - coisas que pareciam impossíveis. O papa ouviu Fafá de Belém, o juiz Nicolau entrou numa fria, eu entrei na Academia. Coisas absurdas aconteceram mas a ossada de Dana de Teffé nunca apareceu.

Tenho motivos para incluí-la entre meus fantasmas. Era uma judia tcheca ( ou uma cigana também tcheca) que traiu parentes e amigos durante o nazismo, ganhando muito dinheiro com isso. Casou com um conde e dançou no balé de Monte Carlo. Casou depois com um diplomata brasileiro, que era também automobilista. Viúva, veio para o Brasil coberta de jóias e dinheiro.

Caiu na asneira de arranjar um amante que era advogado e esperto. Sumiu misteriosamente e como o corpo dela nunca apareceu, o assassino não foi condenado.

Uma história macabra, fantasmagórica, que realmente incluo entre os meus fantasmas pessoais. E não é dos piores. Tenho outros mais cruéis e devastadores.

Foi o Cony quem atribuiu os sucessivos fracassos brasileiros a essa fantasmagoria. Disse ele que "enquanto não se achar o corpo de Dana de Teffé o Brasil não terá conserto."

Ao invés de ficarmos discutindo Reforma da Previdência e outros projetos que não vão passar nesse Congresso vagabundo, vamos então criar uma força-tarefa com representantes de cada um dos 3 poderes, fiscalizados pelo Ministério Público, para cavucar os barrancos ao longo da rodovia Dutra, do Rio até S.Paulo, para ver se lhe encontramos o corpo.

Ou talvez o astrólogo Olavo de Carvalho, ocultista que é, possa fazer uma mandinga que nos revele logo o local onde está enterrada a ossada. É a única salvação à vista.

Saiba mais em: https://noticias.r7.com/prisma/arquivo-vivo/carlos-heitor-cony-e-o-fantasma-dos-ossos-de-dana-de-teffe-26012018

terça-feira, 14 de maio de 2019

Inimigos internos

Se Bolsonaro exonerar o gen. Santos Cruz estará dando um tiro no pé do seu governo. A partir daí ficará refém da turma do Olavo de Carvalho, o que não será boa coisa, nem para sua governança, nem para o Brasil.

O autodenominado filósofo, que acredita em terra plana, não tem compromisso nenhum com o país. Mora fora daqui, não tem cargo algum no governo e as consequências de um eventual fracasso vão nos atingir muito mais que a ele (se é que o atingirão de algum modo).

Não dá pra entender porque os Bolsonaros criam tantas crises do nada. Até parece que estamos navegando em um mar de tranquilidade, que não temos problemas reais e urgentes para resolver; problemas que requerem atenção, tempo, mobilização. Mas ficam eles, todo santo dia, criando  e recriando novas crises absolutamente sem necessidade, ou melhor, aparentemente sem objetivo.

O que querem? Até parece que sua intenção é sabotar o próprio governo. Ou é deslumbramento com o poder? Um poder que não esperavam viesse a cair em suas mãos tão rapidamente e agora que acham que o têm, não querem dividi-lo com ninguém, sendo os militares, por óbvio, os que mais cabem nesse devaneio de "inimigos" internos.

sexta-feira, 10 de maio de 2019

O indulto do corrupto

Queria saber uma coisa: não sentem vergonha esses ministros do Supremo, se não todos, ou ao menos alguns deles, de terem acabado de confirmar o indulto de Michel Temer, preso por "suspeita" de corrupção, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha?

Como disse Josias de Souza: "Só no Brasil, preso por corrupção indulta preso por corrupção". Dá pra entender?

Os exegetas dirão que uma coisa é uma coisa, e outra é outra; dirão que a análise da legalidade do Decreto não leva em conta a pessoa que o decretou. É uma coisa fria.  E eu responderia: é uma coisa gelada, cadavérica!

Se assim for, então algo está profundamente errado no nosso ordenamento jurídico. Se chegamos ao ponto em que a Corte Suprema dá validade ao Ato de um corrupto protegendo a si e a seus pares, chegamos ao fundo do poço institucional.

Por mim, podem chamar o soldado e o cabo.

terça-feira, 7 de maio de 2019

Urucubaca

Já está beirando o ridículo essas manifestações pueris dos Bolsonaro contra os militares! O Brasil em estado de quase calamidade, com problemas gigantescos para resolver e esses moleques fazendo gracinha!

Pelamordedeus! Assim não dá. Alguém deveria mandá-los calar a boca e esse alguém deveria ser o pai, que não o faz por quê?  Porque não tem autoridade ou porque não lhe interessa fazê-lo?

Em ambos os casos, a situação é pior do que pensávamos. Se não tem autoridade com os filhos, (adultos que são, ou deveriam ser) teria que vir a público desmascará-los ou desautorizá-los. Deixar claro que não falam pelo presidente, nem em nome do presidente.

Se não age como pai, nem como presidente, isso significa que concorda com as atitudes dos filhos. Significa que lhe interessa a continuidade desse jogo absurdo e ridículo que ninguém entendeu ainda aonde nos quer levar.

O gen. Mourão é destratado como um possível conspirador! Isso em 4 meses de governo! O que eles queriam? Que não houvesse o vice? Ou que o vice fosse algum dos filhos?

O gen. Santos Cruz é outro desafeto! Por quê? Porque é sensato? Porque é competente? Por que tem um nível educacional melhor que eles?

E o país assiste boquiaberto a esse show de horrores, já não bastasse o show de horrores anterior que tivemos que suportar sob os governos do PT. Pobre Brasil, parece que não tem jeito! Eita, urucubaca!

Dançando na beira do abismo

O poder Judiciário, por sua própria função na República, é uma instituição muito sensível e deve ter um caráter diferenciado dos demais poderes.
Seus membros não são eleitos. São escolhidos pelo chefe do poder executivo e homologados pelo Senado. Portanto, tudo começa com um calcanhar de Aquiles: até que ponto julgarão com isenção aqueles que os nomearam?

Para que possam exercer uma autoridade reconhecida, sua legitimidade tem que ser avalizada pelo povo e isso só se faz com base na confiança.

A eles é garantida a vitaliciedade, a inamovibilidade e a irredutibilidade dos salários e deles se exige o notório saber e a reputação ilibada.  Também não podem exercer outra profissão (a não ser a de professor) e nem receber salário de outra fonte.

Tudo isso na teoria. Na vida real, um ministro, atualmente exercendo a presidência do Supremo, sequer foi aprovado em dois concursos para juiz. Outro é dono de um "instituto" que recebeu "doações" até da JBS e nunca as explicou.

Onde é que fica a credibilidade dessa instituição? Como se pode exigir a confiança da nação?
Destruída a base da confiança, acabou-se o papel do Judiciário. E então, voltamos à selvageria, à idade das trevas.

Insensíveis a tudo isso, prosseguem impávidos os magistrados. E, casos suspeitos, pululam, sem que os doutos senhores se deem sequer ao trabalho de nos explicar.

Agora a revista Crusoé traz uma reportagem sobre obras suspeitas nos prédios dos tribunais. É sempre o mesmo "modus operandi". São licitações fajutas, empreiteiras previamente escolhidas, cartéis formados. Nesse quesito, até agora, o juiz Lalau foi o único efetivamente condenado.

Como cereja do bolo, a contratação pelo STF de um bufê extravagante foi mais um tapa na cara de todos os brasileiros. Deveriam se lembrar de Maria Antonieta em Versalhes pouco antes da queda da Bastilha, ou do Império brasileiro, dançando na Ilha Fiscal, às vésperas do 15 de Novembro.


domingo, 28 de abril de 2019

Suprema palhaçada

Não li, não vi, não verei e nem lerei uma linha dessa palhaçada que foi a tal entrevista com o presidiário. O que um criminoso contumaz, condenado já em dois processos e indiciado em outros tantos, terá de importante a dizer para a nação? Absolutamente nada!

Um cidadão que se desvia da Lei não tem nada a ensinar a ninguém; ao contrário, tem é que ser ensinado, se for possível, e é para isso que o Estado dispõe dos meios punitivos. Uma das funções do aprisionamento é, ou deveria ser, a reeducação do preso. É o que dizem os exegetas do Direito e é o que consta no primeiro artigo da Lei de Execução Penal:
Art. 1º A execução penal tem por objetivo efetivar as disposições de sentença ou decisão criminal e proporcionar condições para a harmônica integração social do condenado...
(LEI Nº 7.210, DE 11 DE JULHO DE 1984.)
Diante disso, a entrevista com um ex-presidente condenado por corrupção, crime, ao meu ver, agravado pelo fato de ter sido praticado quando o atual detento exercia a função mais elevada da República, é um achincalhe, um tapa na cara de toda a nação. Eu me sinto pessoalmente ofendido com essa entrevista.

Ocupar o honroso cargo de Chefe de Estado e, ao invés de respeitá-lo e dar o exemplo, assumir o comando de uma organização criminosa contra esse mesmo Estado é um agravante tal, que nenhum órgão de imprensa, que se respeitasse, deveria se dar o trabalho de o fazer.

Mesmo sem ter lido ou  visto, posso imaginar o monte de mentiras e desfaçatez que esse presidiário deve ter desfilado. Deram-lhe um palanque, de graça, com  a anuência de seu ex-menino de recados, atualmente exercendo a presidência da Suprema Corte. Com esse palanque gratuito, o ex-sindicalista só precisou reincarnar a figura nefasta de demagogo, mentiroso contumaz e enganador de otários, que é a única coisa que sempre fez na vida.

 A que ponto de degradação chegamos!



quarta-feira, 17 de abril de 2019

Supremo lixo

Nunca antes na história desse país, houve um tribunal tão desmoralizado! Esse Supremo Tribunal Federal vai entrar pra história como o mais desrespeitado e achincalhado de todos os tempos. E por culpa dele mesmo. Por culpa de alguns de seus membros que não preenchem as mínimas condições de ali estarem: seja pela sua falta de decoro, seja por suspeitas diversas, seja pela simples e pura ignorância jurídica. E por culpa dos demais que não reagiram e nem reagem a essa situação calamitosa. Seja por espírito de corpo, seja por qual motivo for, ao não reagirem como magistrados que deveriam ser, não contribuem para restaurar a honorabilidade do tribunal ao qual pertencem.

Dias Toffoli e Gilmar Mendes estão brincando de Nero e vão acabar ateando fogo na Corte, quiçá na República. Estão enterrando o STF para salvar as próprias peles. Se os demais não reagirem, vão se queimar todos juntos.
Quando forem enterrados na vala comum do  lixo da história não se fará diferença entre eles. 

segunda-feira, 15 de abril de 2019

A conivência silenciosa

Reproduzo aqui o texto do jornalista Augusto Nunes:


"Todo pretendente a uma vaga no Supremo Tribunal Federal precisa atender a duas exigências estipuladas pela Constituição: 1) deve ser provido de notável saber jurídico e 2) ter reputação ilibada. José Antônio Dias Toffoli virou titular do time da toga e hoje preside a Corte sem atender aos dois requisitos constitucionais.

Em 2009, o saber jurídico do chefe da AGU continuava tão raso que, na imagem perfeita de Nelson Rodrigues, uma formiga poderia atravessá-lo com água pelas canelas. E a reputação era tão ilibada quanto pode sê-lo a de um doutor em métodos eleitorais do PT, com PhD em José Dirceu. Apesar disso — ou por isso mesmo — virou ministro do Supremo.

Nesta semana, amparada em documentos e em mais revelações de Marcelo Odebrecht, a revista Crusoé publicou uma reportagem que deixou a folha de serviços de Toffoli com cara de prontuário. Sabe-se agora que, nas catacumbas que abrigaram bandalheiras de dimensões amazônicas, o ainda chefe da AGU era identificado por Marcelo como o Amigo do Amigo de meu pai. É com tal codinome que Toffoli entra em cena durante a sequência de maracutaias abastecidas por hidrelétricas projetadas para o Rio Madeira."


Diante desse libelo produzido por um dos mais competentes e isentos jornalistas do País, dizer mais o quê?
Agregar o que um reles cidadão pensa do Judiciário: eles deveriam ser os primeiros a exigir explicações, pois a autoridade judicial é delegada pelo Povo sob a pressuposição da probidade, isenção e conhecimento técnico. Faltando qualquer um desses pré-requisitos, falta tudo! E o silêncio do judiciário só pode ser interpretado como CONIVÊNCIA!




terça-feira, 2 de abril de 2019

Ofensa pessoal

O brasileiro é um povo despeitado. Tem despeito e inveja do sucesso de quem quer que seja. Ainda mais se o vitorioso for da mesma origem, da mesma cepa. Isso é inaceitável! Onde já se viu?

Tom Jobim já dizia que para o brasileiro médio: o sucesso [do outro] é uma ofensa pessoal. 
O sucesso do estrangeiro, do diferente, daquele de outra origem, outra escola, outra formação, outros recursos, é o único sucesso que o brasileiro pode aceitar. Por que é um sucesso que não o compromete, não pode ser comparado.

Mas o sucesso do amigo de infância, ou do vizinho, é intolerável. Esse sucesso grita na cara: você é incompetente! Seu amigo teve as mesmas oportunidades e os mesmos obstáculos e conseguiu. Você, seu bosta, ficou aí parado ou andou pra trás.

Somos um povo incapaz de reconhecer que o sucesso do outro foi baseado em muito trabalho, muito esforço e dedicação. E que o nosso eventual insucesso é consequência da indolência, do comodismo e da pura e simples preguiça. Preferimos atribuir o sucesso do outro à sorte ou mesmo a atitudes moralmente escusas.

É por isso que não avançamos como civilização. Até, ao contrário, me parece que estamos regredindo. As pessoas estão cada vez mais individualistas, egoístas, mal-educadas, quando não grosseiras ou mesmo agressivas!

O sucesso, ao invés de emular, de estimular pelo exemplo, nos derrota. É ofensa pessoal!

quinta-feira, 28 de março de 2019

De furores, furos e furadas

A Rede Globo, desde a posse de Bolsonaro, tem revelado, no seu noticiário, um viés tendencioso  contra esse governo que chega a ser insuportável e, obviamente, incompatível com uma imprensa que se diz independente. Foca nas questiúnculas, no periférico, nos desarranjos naturais de um governo que se inicia de modo absolutamente diferente do que vinha sendo feito até agora. O ministério foi preenchido com nomes que nada tinham a ver com política. São nomes técnicos, de pessoas que são reconhecidamente especialistas nas respectivas áreas.

Desnecessário dizer que essas pessoas não tem o traquejo das velhas raposas. Cometem erros bobos, às vezes até erros de comunicação. Mas para isso é que Bolsonaro foi eleito. Não para encher o governo com as raposas da velha política!

E a rede Globo não perdoa. Deita e rola, faz parecer que o governo está destrambelhado, sem rumo, quando na verdade nunca se viu um governo recém empossado mostrar trabalho tão rápido. O projeto da reforma da Previdência já está no Congresso há um mês. O projeto anti-crime do Moro também. E o Congresso o que fez até agora? Reclama que o governo não "articula", mas nós sabemos bem o que querem que seja "articulado". Isso não terão! E a rede Globo, que perdeu os caraminguás da publicidade estatal, fica furiosa e destila seu furor todos os dias no horário nobre.

Chega ao ponto de uma jornalista com a experiência e o gabarito da Eliane Cantanhêde dar um "furo" de reportagem com uma "fake news". Que vexame!
A ânsia de criticar é tanta que, basta surgir a possibilidade de apresentar algo que deponha contra o governo, isso logo é levado ao ar, sem a necessária e devida checagem.
Pois dessa vez, quebraram a cara: a rede e sua funcionária. Talvez se tenha inaugurado no Brasil a furada de reportagem! Afinal, somos muito criativos!

quarta-feira, 13 de março de 2019

A casa de Gilmar

Gilmar Mendes não é um deus, mas comporta-se como tal. É um intocável da República. Está acima das leis e acima do Bem e do Mal. Ninguém mexe com ele. Por quê?

Por que cargas d'água, Gilmar Mendes se comporta como um déspota, agride seus pares, é truculento, bufa, atua de modo indecoroso quando não se declara impedido de votar casos em que sua esposa advoga para parte interessada, recebe doações pra lá de suspeitas em sua instituição e tudo fica por isso mesmo?

Só me lembro de um caso semelhante na política brasileira: o caso de Antônio Carlos Magalhães, que chegou até a confessar quebra de sigilo do voto de senadores e nada lhe aconteceu.

No caso de ACM, o que se dizia é que ele tinha dossiês de todo mundo. Todos os que deviam, tinham uma pontinha do rabo dentro da gaveta do ACM. E ele sabia, como ninguém, usar o método da chantagem velada.

Pois, GM se assemelha muito a ele. Será que as semelhanças são só exteriores? Ou GM também tem dossiês de quase todo mundo? Só isso explicaria a sua inimputabilidade.

Pode ser, mas uma hora a casa cai.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

Duas tragédias irmãs

Baixada a lama, agora já dá para se comentar a tragédia com a visão mais clara.
Pela segunda vez, atônitos, assistimos ao mesmo mar de lama avassalador destruir vidas humanas, animais, casas, rios, etc.
Parece um destino inevitável - como o daqueles países que de tempos em tempos são abalados por terremotos, erupções vulcânicas ou tornados - que o Brasil seja assolado por tragédias como essa com uma frequência assustadoramente elevada.

Fomos poupados desses sinistros, esses que são injunções da natureza, mas infelizmente fomos bem aquinhoados com todas as demais pragas derivadas diretamente da ação ou da omissão humana.

Nossa tragédia é a proporção de canalhas que vivem entre nós. São brasileiros que, ao invés de se darem por satisfeitos por terem nascido em um país abençoado, ainda querem mais, sempre mais, não se importando com o rastro de destruição que vão deixando por onde passem.

O primeiro mar de lama, o de Mariana, ainda poderia ser atribuído a alguma inexperiência ou falta de informação, apesar de se tratar de uma empresa pertencente a duas das maiores mineradoras do mundo, o que não justificaria a falta de monitoramento adequado e não uso preventivo da tecnologia disponível. Mas, se ainda assim, houvesse tido alguma justificativa, agora jamais poderia ter se repetido a tragédia. Menos ainda com a autoria de uma das empresas envolvida no primeiro caso!

Todo mundo se pergunta: o que aconteceu? Talvez a melhor pergunta fosse: o que NÃO aconteceu? Sabe-se que relatórios foram emitidos informando a precariedade da manutenção da barragem, portanto não foi falta de informação. Por quê a empresa não agiu a tempo, não providenciou ao menos um sistema de alarme suficiente, não mudou os escritórios de posição? 

A triste resposta pode ser encontrada naquilo que o caráter brasileiro tem de pior: a falta de escrúpulos e de empatia com o outro. Dizem que somos um povo cordial. Só na aparência.
Vivemos como se o outro não existisse. Jogamos lixo pelas janelas dos carros, deixamos parques e jardins entupidos com nossos restos, destruirmos as lixeiras nas ruas, os passeios são abandonados, esburacados e dane-se a mobilidade dos deficientes. Não podemos nos distrair um segundo dos nossos pertences em local público, que alguém se encarrega de fazê-los desaparecer. Espantamo-nos de saber que em países como a Suíça, por exemplo, as pessoas compram jornais e depositam as moedas em uma caixinha. Não há ninguém para cobrar e todo mundo paga. O motivo de espanto é porque, para nós, "dar o cano" é natural.

Pois bem, o que isso tem a ver com a recente tragédia? Tem tudo a ver, a começar pela incúria dos funcionários, gerentes e diretores responsáveis pela segurança. É a cultura do "deixa como está, para ver como é que fica". É a cultura ibérica do papelório que (pretensamente) substitui a realidade.

Diferentemente do direito saxão, o "nosso" direito diz: o que não está nos autos (ou seja, nos papéis) não está no mundo. E por aí vamos!

A Vale tinha os papéis "em ordem", mas a realidade é que essa ordem era apenas fictícia, como em muitas outras grandes corporações. Todo mundo brincando à beira do abismo. Daí para o desastre foi um passo.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019

Democracia?

Democracia é quando eu mando em você; ditadura é quando você manda em mim (Millôr Fernandes)


No terreno pantanoso da política, existem alguns poucos conceitos que são tidos e havidos como verdades fundamentais, as quais ninguém discute. Um deles é o conceito de democracia. Desde os regimes mais liberais até os mais fechados, quase todos usam o conceito de democracia ao se referirem a si próprios. 

O exemplo mais atual é o moribundo regime bolivariano da Venezuela, mas há outros exemplos clássicos, como: a extinta República Democrática Alemã (Alemanha Oriental); o Camboja, durante o regime ultra-fechado e sanguinário de Pol Pot, que matou entre 20 e 25% da população cambojana, e que se denominava Camboja Democrático; mas o melhor exemplo dessa distorção é a República Democrática e Popular da Coreia (mais conhecida como Coreia do Norte). Portanto, democracia é um conceito um tanto elástico, que serve a variados propósitos políticos, e em nome do qual se cometem tantos crimes.

Acontece, porém que, independentemente de qualquer distorção, há uma questão fundamenta que jamais é discutida: será a democracia o melhor regime político para toda e qualquer nação?
Não se faz essa pergunta! Quem sequer ousar perguntar será queimado em praça pública como herege. É assumido, como postulado que não precisa de provas,  que a resposta a essa questão só pode ser afirmativa. A democracia seria o regime ideal, excelente, sob o qual todos os povos deveriam viver felizes para sempre e cuja verdade não se discute.

Entretanto, deveríamos discutir desarmadamente. Vamos começar com um exemplo corriqueiro; não é incomum pais dizerem a seus filhos: Isso aqui é uma família, não uma democracia! 
Nada mais verdadeiro. Numa família, em que os filhos sejam menores ou incapazes, não se decidem coisas pelo "voto majoritário", mas pela autoridade de quem cuida dessa prole. 
As empresas também não são um ambiente democrático e os exemplos em que se tentou implantar uma gestão coletiva (como nos países socialistas), foram retumbantes fracassos.

Há ainda um outro exemplo: as organizações militares, que, para serem eficientes, são estruturadas em uma rígida hierarquia, cuja quebra, quando acontece, leva toda a sociedade ao caos. Ainda poderia citar as organizações religiosas, educacionais, mas já basta. O que se vê, em comum a todas essas organizações não-democráticas, é que elas são mais eficientes em cumprir seu papel. E, onde a democracia impera, a situação às vezes beira o caos. Um exemplo claro e recente foi a decisão democrática britânica do Brexit. Ao fim e ao cabo, ninguém está satisfeito e o Reino Unido nem entra, nem sai da União Europeia.

Quase que daí surge uma conclusão: das democracias não se pode esperar eficiência. A democracia é intrinsecamente um regime de confusão. Os objetivos são mudados de tempos em tempos conforme o governante de plantão, não há garantia de continuidade (até pelo contrário) e, ás vezes, fica-se andando para lugar nenhum.

Dito isso, cabe a pergunta: apesar de tudo, será a democracia o melhor regime mesmo? E por quê seria? Respostas, ou melhor, livres elucubrações, no próximo capítulo.



domingo, 20 de janeiro de 2019

Facadas

Não há opção. O Bolsonaro-presidente terá que se desvencilhar do filho problemático, se quiser continuar o papel para o qual foi eleito. No aspecto pessoal, vai ser difícil, pois antes de ser presidente, Jair Bolsonaro é pai. Compreendo e até me solidarizo com ele, nesse momento de dificuldade, mas ele terá que optar por um dos papéis: o de pai de um "garoto problemático" ou o de presidente de uma nação com 200 milhões de pessoas.

Como presidente, terá que entregar o filho às feras. No mínimo, terá que se distanciar dele, até, pelo menos, que esse assunto esteja esclarecido e, se for o caso, demonstrado cabalmente que não houve nenhuma ação ilegal por parte do senador Flávio.

O ideal, agora, seria que o senador renunciasse a qualquer foro especial a que tenha direito, para manter a coerência com o discurso do pai,. E, como quem não deve, não teme, deixar a investigação correr solta na primeira instância e nas mãos da Polícia Federal.

Aí, haverá duas possibilidades: ou Flávio tem mesmo "culpa no cartório" e deve receber a punição prevista na Lei, ou é inocente e então poderá prosseguir na sua carreira política sem esqueletos no armário. Não há terceira via: a de manter-se a salvo do alcance da Lei em virtude de especificidades legais próprias de uma republiqueta de  bananas. Se essa terceira via for trilhada, ao modo de Aécio Neves, Flávio Bolsonaro terminará o serviço que Adélio começou: estará dando uma facada mortal no governo de seu pai.

E, o pior, é que essa facada não atingirá somente o governo, mas toda a nação brasileira, que nele está depositando suas mirradas e calejadas esperanças.

domingo, 6 de janeiro de 2019

João de quem?

A credulidade humana não tem limites. Somos primatas assustados e perplexos diante da complexidade da existência. Não sabemos de onde viemos, por quê viemos, e muito menos para onde vamos, se é que vamos a algum lugar além da sepultura.
No intervalo entre esses dois infinitos, o antes e o depois do Ser, tentamos dar uma explicação e um sentido ao incognoscível. Aí entra o fator credulidade. 

Como não há meio de se conhecer a "realidade em si", criamos, nós mesmos, as mais variadas explicações e hipóteses, todas elas sem o menor embasamento que não seja a fé, ou, melhor dizendo, a crença, ou ainda, a credulidade. 

As pessoas creem em qualquer coisa na qual queiram! Não há necessidade de provas! Quando entra a crença, a razão sai de cena. Não há como discutir com as crenças. É por isso que tanto charlatão surge e obtém sucesso explorando a credulidade alheia, mesmo que o interesse financeiro esteja ululando de obviedade. E, nessa nossa época de relativismo cultural e politicamente correto, não se pode criticar esses charlatães, em nome do respeito às religiões.

Não é de se espantar, portanto, que acabem, por surgir, na esteira dessas atividades "religiosas", várias delinquências, tais como a pedofilia e outros abusos sexuais. A síndrome é a mesma: dinheiro, poder e sexo.

A diferença do mundo profano é que, neste, a troca de uns pelos outros se faz às claras. Todos sabem que comercia-se sexo por poder e/ou por dinheiro. Mas nesse caso, o preço é negociado de antemão e todos os atores sabem do que se trata e, desde que não envolvam menores ou pessoas vulneráveis, não é crime. Em outras palavras, a putaria é mais honesta.

O crime surge inapelavelmente quando entra um quarto elemento: o da exploração da crendice alheia. É a mesma coisa que exploração de vulnerável porque o crédulo nada mais é que isso: uma pessoa em estado de vulnerabilidade. E, além da fé, há sempre a presença de outros fatores que ajudam a desestabilizar psicologicamente essas vítimas: a doença, o sofrimento físico e/ou psicológico, o medo da morte.

Quem frequenta esses ambientes são pessoas em estado de sofrimento e que acreditavam que a fé as salvará. São pessoas que tem fé na fé. Nada mais propício para embotar a razão e jogá-la no porão da psique. Aí entram em cena os variados charlatães, prometendo curas milagrosas, nas quais as vítimas desesperadamente querem acreditar.
E, esse João, autodenominado "de Deus", um grande predador, farejava essas vítimas e sabia como lidar com elas, como encurralá-las e dar o bote final, quer seja o bote para obtenção de dinheiro, quer seja o da satisfação da sua lascívia, o que é mais ou menos a mesma coisa (ver Freud).

Como resolver isso? É preciso antes de mais nada que o Estado deixe de privilegiar entidades religiosas. Tem que tratá-las como qualquer outra organização civil, sujeita à fiscalização de suas atividades, inclusive sob o ponto de vista da segurança pública e, por que não?, sujeita ao pagamento de impostos sobre suas arrecadações. Depois, trata-se de um processo de educação secular, que tanta falta faz no Brasil, um processo educativo que eleve o homem à soberania sobre sua vida, que transmita às crianças e adolescentes a segurança de pensarem com a própria cabeça ao invés de acreditarem em mitos, ou de entregarem seu destino nas mãos de outrem.
Em tal sociedade haverá pouco espaço para Joões de Deus.



quarta-feira, 2 de janeiro de 2019

Ano novo

Ano novo, vida nova! O Brasil inicia o ano com uma perspectiva histórica: pela primeira vez, temos um governo liberal-conservador no estilo mais clássico formulado pelo irlandês Edmund Burke.

O conceito liberal-conservador pode parecer uma antítese inconciliável. Burke era filiado ao partido Liberal, seu pensamento econômico se aproximava do de Adam Smith, seu contemporâneo, e ambos nutriam admiração um pelo outro. Por outro lado, sua formulação filosófica da história postulava que " ...a história é feita de um longo depósito de tradições, de prudência, de moral, incorporadas nos usos e nas civilizações, e não de elaborações intelectuais". Assim sendo, era conservador.

O governo que temos no Brasil hoje se aproxima dessa vertente política. Como liberal, rejeita toda interferência do Estado na vida dos cidadãos. Isso é novidade no Brasil, porque historicamente somos uma nação fundada na onipresença do Estado. Fomos levados a crer que a solução dos nossos problemas tem de vir do Estado. Não é por outro motivo que não conseguimos nos desenvolver.

O Estado é tão somente um mal-necessário e deve ser reduzido ao seu papel minimo de regulação das relações entre os agentes sociais.

Por outro lado, o governo é conservador, no sentido em que abomina as "revoluções", acha que a evolução social tem que se fazer por etapas naturais que devem ser respeitadas. Isso está em plena consonância com a sociedade brasileira, que se identificou com essa posição.

Como dizia Einstein: "Estupidez é fazer a mesma coisa e esperar por resultados diferentes". Já fizemos isso e sabemos que não deu certo. Agora, pela primeira vez, vamos tentar algo diferente, realmente novo. Com esperança, torcemos para que as boas intenções não se percam pelo caminho e que o presidente tenha perseverança, porque as reações contrárias serão fortes. Aqueles que foram apeados do poder não ficarão quietos. Ao contrário, tentarão de tudo, por todos os meios, impedir que essa nação avance livre.

Mas, tudo indica que o momento histórico é esse. Chegou a hora! É a nossa vez!

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