terça-feira, 7 de maio de 2019

Dançando na beira do abismo

O poder Judiciário, por sua própria função na República, é uma instituição muito sensível e deve ter um caráter diferenciado dos demais poderes.
Seus membros não são eleitos. São escolhidos pelo chefe do poder executivo e homologados pelo Senado. Portanto, tudo começa com um calcanhar de Aquiles: até que ponto julgarão com isenção aqueles que os nomearam?

Para que possam exercer uma autoridade reconhecida, sua legitimidade tem que ser avalizada pelo povo e isso só se faz com base na confiança.

A eles é garantida a vitaliciedade, a inamovibilidade e a irredutibilidade dos salários e deles se exige o notório saber e a reputação ilibada.  Também não podem exercer outra profissão (a não ser a de professor) e nem receber salário de outra fonte.

Tudo isso na teoria. Na vida real, um ministro, atualmente exercendo a presidência do Supremo, sequer foi aprovado em dois concursos para juiz. Outro é dono de um "instituto" que recebeu "doações" até da JBS e nunca as explicou.

Onde é que fica a credibilidade dessa instituição? Como se pode exigir a confiança da nação?
Destruída a base da confiança, acabou-se o papel do Judiciário. E então, voltamos à selvageria, à idade das trevas.

Insensíveis a tudo isso, prosseguem impávidos os magistrados. E, casos suspeitos, pululam, sem que os doutos senhores se deem sequer ao trabalho de nos explicar.

Agora a revista Crusoé traz uma reportagem sobre obras suspeitas nos prédios dos tribunais. É sempre o mesmo "modus operandi". São licitações fajutas, empreiteiras previamente escolhidas, cartéis formados. Nesse quesito, até agora, o juiz Lalau foi o único efetivamente condenado.

Como cereja do bolo, a contratação pelo STF de um bufê extravagante foi mais um tapa na cara de todos os brasileiros. Deveriam se lembrar de Maria Antonieta em Versalhes pouco antes da queda da Bastilha, ou do Império brasileiro, dançando na Ilha Fiscal, às vésperas do 15 de Novembro.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seja bem vindo! Deixe aqui seu comentário:

Seguidores do Blog

No Twitter:

Wikipedia

Resultados da pesquisa