terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

Juiz de merda

O ministro José Celso de Melo não falha. Como o ex-ministro da Justiça, Saulo Ramos, deixou bem claro em seu excelente livro "O Código da Vida", na hora em que o calo aperta, Melo pula para o lado dominante. Foi por causa da pusilanimidade de Celso de Melo, que Saulo Ramos o chamou, como cita nesse livro (páginas 205 a 207), de "juiz de merda".

Um exemplo: no caso Renan Calheiros, partiu dele a engenhosa solução "salomônica" de fatiar a decisão mantendo Renan no cargo, mas retirando-o da linha sucessória à presidência.
Agora, no caso Moreira Franco, ele conclui (contra o fatiamento) que Angorá deve ser mantido não só no cargo, mas também com o direito ao foro privilegiado. Em outras palavras, resolveu mantê-lo com o escudo protetor do próprio Supremo, que não julga ninguém, e muito menos condena.

Nunca tivemos uma Suprema Corte de tão baixo nível. É um tribunal que decide com vários pesos e várias medidas, dependendo da situação e "cui bono" (a quem beneficia).

A cada decisão, o Supremo desce mais um degrau no respeito da opinião pública. Com a nomeação, praticamente certa, de Alexandre de Moraes, o nível dessa Corte já está abaixo da linha da cintura. E, se existe algo, que por si só, contribua para a desestabilização do sistema é essa desmoralização do mais elevado tribunal do país. Na hora em que já não se confia na Justiça, acabou a democracia, acabou o Estado de Direito. E a autoridade da Justiça é baseada absolutamente na confiança. O poder Judiciário não comanda forças armadas, nem nomeia para cargos. Sua força e sua autoridade reside na aceitação tácita que as pessoas que o integram e que vão julgar e decidir, são pessoas isentas, imparciais e de conduta inatacável. Sem isso, acabou o sistema.

Os agentes públicos no Brasil estão dançando na beira do abismo! Ora são os parlamentares tentando atropelar a Lava Jato e querendo promover uma auto-anistia absolutamente imoral, e sendo estimulados e apoiados pelo poder executivo nesse intento. Ora, é o presidente da República nomeando suspeitos de corrupção para cargos blindados. E quando se recorre à Justiça é esse vexame, como se viu agora com a decisão infeliz do ministro Celso de Melo.

Definitivamente, o país não pode continuar a depender de juízes de merda. Merecemos coisa melhor.


domingo, 12 de fevereiro de 2017

Alá-lá-ô

Em ritmo de batucada, a classe política carnavalizou de vez! Debochadamente, como convém a foliões convictos, eles não estão nem aí para a opinião dos outros, ou seja, a nossa opinião. O que eles querem é simplesmente se safar dos crimes cometidos e aplainar o terreno para continuarem a cometê-los!

Aliás, se acontecer o que eles querem, nem crimes serão mais. São eles que fazem as leis, em consequência, pensam poder fazer e aprovar a leis que quiserem. O caixa 2 dos partidos deixa de ser crime, por exemplo. É essa a proposta daquele energúmeno, que hoje infecta a cadeira de presidente da Comissão de Constituição e Justiça, o canalha Edison Lobão!

Esse homem está na política há 150 anos e não se tem notícia de um projeto seu em favor da sociedade. Aliás, quando foi ministro das Minas e Energia no governo da Anta, o que ele fez foi dar continuidade às indicações "políticas" para a Petrobras e depois passou a dar cobertura aos acusados, nas primeiras fases da Lava Jato, ainda chamada de petrolão. Foi governador do segundo Estado mais pobre do país, o magnífico vice-reino da familia Sarney. E já ungiu seu filho, como suplente de Senador, para substituí-lo, quando for conduzido coercitivamente a abraçar o capeta!

Esse filho, já se mostrou à altura do pai. Desde 2002, o Banco do Nordeste tenta penhorar seus bens por conta de um empréstimo não pago de 5,5 milhões. E, mesmo sendo réu em um processo por sonegação de impostos de cerca de 28 milhões, conseguiu tomar posse em subsituição ao pai.

Lobão, o pai, é investigado pelo Supremo desde 2015. No episódio da cassação do mandato do Delcídio, ele se absteve de votar. Foi a única abstenção. Não teve a coragem de votar a favor, nem contra.
Para quê, - pergunta-se - o povo brasileiro precisa de uma figura dessa como seu representante? E agora, vai comandar a CCJ, que será quem vai sabatinar os futuros ministros indicados para o Supremo, incluindo o próximo, Alexandre de Moraes.

Não bastasse toda essa desfaçatez na nossa cara, a própria CCJ andou fazendo uma prévia, um ensaio de sabatina com o Alexandre de Moraes, em uma casa flutuante do lago Paranoá em Brasília, uma tal de Chalana Champagne, como nos informa Eliane Cantanhêde em sua coluna de hoje no Estadão. Desde quando, candidatos a ministro do Supremo fazem treino para serem sabatinados? Ainda mais nesse caso, quando a comissão já consta em sua maioria de investigados na Lava Jato!? O treino deve ter sido para os membros da comissão, para que não fizessem as perguntas erradas! Só pode ser.

Definitivamente, não há mais nem mesmo a tentativa de manter as aparências. A classe política jogou as etiquetas e os rapapés de lado e está disposta a continuar na folia, nem que a vaca tussa! Ainda mais que as vacas fardadas continuam cegas, surdas e mudas.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

Astrologia Política

Nesse fim de semana, os céus estarão convulsionados. Haverá um eclipse hoje e um cometa no sábado. Se isso for algum sinal para os políticos, podemos esperar chumbo grosso nos próximos dias.

De fato, o eclipse da ética já ocorreu há muito tempo e o cometa das lideranças políticas também eleva e derruba reputações uma atrás da outra. Para muita gente, o Armagedom já chegou. O desespero é tal que não se  tem mais pruridos, nem sequer se tenta manter as aparências, mas estão lutando, no tudo ou nada, para tão somente salvarem as próprias peles.

As entranhas estão escancaradas e não dá para despistar mais. O caos econômico e social vem mostrando sua face horrenda desde os episódios das carnificinas nos presídios e agora, com as greves das polícias, as carnificinas passam a acontecer nas ruas, à nossa vista.

Digo greve das polícias, porque vem mais. Policias militares de outros Estados, além do Espírito Santo, já se mobilizam. As "autoridades" protestam. Dizem que é chantagem, ameaçam os policiais com a Lei, etc., etc. A questão é que chegamos a essa situação, por culpa dessas mesmas "autoridades". Enquanto estavam roubando e dilapidando o patrimônio público, não achavam que deveriam ser confrontadas com a Lei. Dançavam com guardanapos nas cabeças, rindo de nós, os trouxas pagadores de impostos, e os serviços públicos foram simplesmente sucateados. Incluem-se, nesses serviços sucateados, as Polícias Militares, deixadas à míngua por anos a fio, assim como as escolas e os hospitais. 
A diferença entretanto é que ninguém se sente ameaçado com greves de professores. Com greves de agentes de saúde, já há um certo desconforto, mas como isso atinge principalmente os pobres, dá para aguentar sem maior desespero. Mas greve de polícia é diferente. Abrem-se os portões do inferno. A marginalidade, normalmente, já mal contida, avança em desabalada, como uma manada endoidecida, sobre tudo e todos. Aí, só quem é muito rico e possa ter segurança particular é que se sente a salvo. Mesmo assim, relativamente.
O campo de guerra das facções passa dos presídios para as ruas. É o Deus-nos-acuda em carne e osso.

Nada acontece por acaso. O caos que o Rio e o Espírito Santo estão vivendo é a consequência tardia do caos que a classe política estabeleceu nesse país. Seria bom se essa convulsão se desse em Brasília, se o povo ensandecido invadisse o Congresso Nacional e fizesse aqui uma Revolução à francesa que tanto nos faz falta. Cabeças já rolam por aí, mas são as cabeças erradas. As que deviam rolar mesmo estão naquele prédio duplo com duas abóbadas ao lado, uma delas premonitoriamente invertida.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

O bonde errado

Gilmar Mendes está pegando o bonde errado. Em um país, cujo maior problema é a impunidade generalizada, onde máfias se estabeleceram para usurpar o poder do povo contando justamente com essa impunidade histórica, quando um grupo de jovens promotores e juizes, como Sérgio Moro e Marcelo Bretas, resolvem virar o jogo e fazer valer a Lei, vem um ministro do Supremo em público dizer que o problema são as prisões alongadas? Francamente!
Isso partindo da boca de um advogado de defesa é até compreensível. Ele está fazendo o seu papel! Mas um ministro de um Supremo Tribunal, já desmoralizado por seu papel canhestro na história recente, achar que as prisões são exageradas é simplesmente um absurdo! As prisões são ainda poucas. Precisamos é de mais prisões de bandidos de colarinho branco! Precisamos é de mais políticos (e também juízes) na cadeia!


O ministro Gilmar Mendes não engana ninguém. Estava dando todo apoio à Lava Jato quando parecia que era uma invetigação apenas do PT e de alguns peemedebistas. Desde o momento em que os nomes dos caciques tucanos começaram a aparecer nas delações, Gilmar Mendes mudou o discurso.  Começou a criticar a Lava Jato e chegou ao ponto de ir ao Congresso se contrapor ao relatório do deputado Lorenzoni sobre as Dez Medidas contra a Corrupção e combater o juiz Sérgio Moro.

É claro que para todo argumento há uma justificativa, uma razão publicável. O problema reside nas razões impublicáveis, que são essas as verdadeiras motivações dos agentes.

O ministro Gilmar faz o papel de testa de ferro do PSDB, mas ajuda por tabela o PMDB e o PT, acompanhado em silêncio por Lewandowski e Tóffoli, felizes por não terem de se expor. É um balé perfeitamente ensaiado. Gilmar Mendes esteve costurando e inclusive foi consultado por Temer sobre a indicação do novo ministro. Somente depois que ele "bateu o martelo" foi que Temer anunciou o nome de Alexandre de Moraes, um consenso entre seus futuros pares e um consenso no Senado, que o há de aprovar.

E, nós, a patuleia, vamos ficar assistindo a esses golpes atrás de golpes sem fazer nada? Onde está a força do povo que derrubou a Dilma e fez a Lava Jato avançar? Ela ainda precisa de nós, a fonte do poder legítimo, para fazer o bonde da história andar a nosso favor. Se não fizermos nada, seremos nós que teremos tomado o bonde errado.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

Os russos somos nós

Há muitas interrogações, nessa indicação do Alexandre de Moraes, ministro da Justiça, para o Supremo Tribunal Federal. A principal delas se refere à isenção do futuro ministro, à imparcialidade qu tem de ser a marca de um juiz da mais elevada Corte do país. E, todos sabem, que Alexandre de Moraes tem vínculos fortes com o PSDB, o que lhe tiraria, de cara, a isenção.

Mas o Supremo anda tão desmoralizado que se esse for o único "senão", está até bom. Ninguém, nessa altura, espera um julgamento totalmente isento dessa Corte que aí está. Uma Corte que tem ministros como Lewandowski e Dias Tóffoli não pode ser levada a sério nesse quesito. Sem falar na pavonice do ministro Marco Aurélio, no destempero de Gilmar Mendes e na pusilanimidade que o ministro José Celso de Mello revela quando o calo aperta. É só lembrar que foi o decano quem apresentou a "brilhante solução" para o caso: manter Renan na presidência do Senado, mas tirá-lo da linha sucessória à presidência da República. Foi o mesmo tipo de decisão como que Lewandowski tomou com relação à Dilma. Com essas duas decisões, o Supremo se rebaixou ao nível de uma Corte subalterna aos poderes executivo e legislativo. Nada estranho, portanto, que o presidente nomeie um amigo e ministro seu para integrar essa turma.

Aliás, para os tempos vindouros, com as delações ainda no forno, nada melhor do que garantir mais um voto a seu favor. Um voto pode decidir tudo.  A turma do lado de cá, do lado dos que se sentarão no banco dos reús, pode respirar mais tranquila. No encontro de Lula e Temer no velório de Marisa Letícia já foi dada a senha: vamos parar de nos atacar uns aos outros, senão todos afundaremos juntos.

Querem saber se não está sendo costurado um grande acordo pizzaiolo? É só prestar atenção na votação do Senado para homologar o novo ministro do STF. Se o PT ficar bonzinho na votação, podemos ter a certeza que o acordo foi costurado. Só que resta combinar conosco, os russos.

domingo, 5 de fevereiro de 2017

Primeira dama de terceiro mundo

Eu não ia comentar nada sobre a morte de Marisa Letícia em respeito à dor alheia. Afinal, apesar de cúmplice do marido e também beneficiada pela roubalheira, nesse evento era apenas uma esposa e mãe que estaria sendo pranteada pelos seus. Até aí ponto final.

Acontece que o seu marido, agora viúvo, aproveitou-se da oportunidade para transformar o velório particular em um evento público e político a seu favor. Mais uma vez, Lula demonstra que não tem escrúpulo de espécie alguma. E, mais uma vez, diante da certeza que será preso, Lula se agarra ao que pode, para tentar salvar-se.

Seus ataques ao juiz Sérgio Moro e a ridícula tentativa de atribuir ao magistrado a culpa pela morte da mulhar, nada mais são que medo, pavor mesmo, que Lula tem de ir para a cadeia. Se até o Eike, o Marcelo Odebrecht, o Sérgio Cabral foram presos, por quê, ele, Lula, o chefe da gangue, não seria? Lula acha que tem um escudo de defesa, a militância petista, como se essa militância pudesse, de fato, se opor à Lei e à decisão da Justiça.

No dia em que Lula for preso, seus capangas sindicalistas e outros arruaceiros profissionais vão gritar, vão sair à ruas com paus e pedras, mas isso não impedirá, nem poderia impedir, que o seu chefe seja trancado atrás das grades.

E, já que a morte dessa senhora foi usada para atacar a Lava Jato, temos que dizer que ela não virou santa após a morte, não. Sua memória estará para sempre manchada pelo que fez e pelo que não fez. Sempre nos lembraremos do seu desrespeito com a coisa pública quando mandou plantar  um jardim em forma de estrela nos jardins do Alvorada. Também nos lembraremos que mandou os que protestavam contra o governo petistas "enfiar as panelas no cu".
Enquanto seu marido esteve no poder, uma mulher de origem simples, do povo, poderia ter feito muito por esse mesmo povo, mas, ao contrário de Dona Ruth Cardoso, preferiu se entupir de botox, ficar reformando sítios e apartamentos "que não lhes pertencem" e se deslumbrar com a vida de madame, primeira-dama de terceiro mundo.
Foi, no máximo, uma nulidade, e no pior caso, uma cúmplice.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

Algoritmos

Ah, os algoritmos! Como são misteriosos os caminhos que levam aos algoritmos do mundo dos bits. Nessa Matrix qualquer coisa pode acontecer! A realidade é plasmada exatamente pelos bits e bytes. Basta um deles fora do lugar  e tudo muda. Para o bem ou para o mal.

Um algoritmo pode, por exemplo, inverter o resultado de uma eleição, e se os votos são também fumaça virtual, como se há de conferir? Fica valendo, para todo o sempre, o resultado proclamado pelo algoritmo. 
É mais ou menos como a eleição papal. Só que lá eles ainda votam no papel e os queimam ao final, tenha havido, ou não, um papa eleito. É a tal da fumacinha negra, fumacinha branca. Os nossos votos aqui,  já são fumaça no momento em que são "colocados" na urna, nem precisam ser queimados. 

Ontem a nação inteira ficou sabendo que o sorteio do relator da Lava Jato, não foi bem um sorteio. Diga-se de passagem que o resultado até que foi bom. Foi o melhor possível considerando a situação e as alternativas! Mas a questão, que se discute aqui não, é essa. O que se discute é que diabo de algoritmo é esse que "faz" o sorteio, pesando prós e contras, ponderando as chances e depois dispara em nossa direção o nome do "ganhador". 

Não dava para ser um sorteio mais tradicional, com algumas bolinhas numeradas por exemplo, rolando dentro de uma gaiola esférica e toda a nação acompanhando e torcendo? Cada ministro, por exemplo, receberia um número com 5 ou 8 dígitos, que iriam "saindo" um a um, da gaiola, para ficar mais emocionante! 
Ou então, as bolinhas teriam os nomes dos "candidatos" e o sorteio seria por eliminação. Quem ficasse por último seria o escolhido, bem ao estilo de "os últimos serão os primeiros"!

O que fica estranho é essa coisa toda de algoritmo, que ninguém sabe bem o que é, e quem sabe não confia. O processo é invisível, fica lá dentro da máquina, do computador, e temos que acreditar que tudo foi limpo e honesto e seguiu estritamente as regras da imparcialidade. Queria ver se esse tal algoritmo tivesse sorteado um Lewandowski para relator. O país estaria pegando fogo agora.


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