Há alguns dias recebi uma ligação telefônica de uma empresa financeira. O seu funcionário, certamente não de baixo nível de educação, conseguiu, em 10 minutos, dar-me o exemplo da Nova Língua Brasileira que está nascendo.
Parece-se, vagamente, com o português do Brasil, mas não é. Por exemplo: não há plurais para os substantivos, nem para os adjetivos. O plural é indicado pelo artigo, simples assim: os omi vem agora; as pranta verde secou tudo; ele comprou os carro novo.
Os tempos verbais simplificaram-se em: pretérito perfeito (você andou) e imperfeito (eu andava), presente simples (nós anda), presente contínuo (estou andando) e futuro composto: eu vou andá, ela vai falá, nós vai cantá.
Obviamente, o "r" final do infinitivo desapareceu há muito tempo.
Não há futuro simples: andará, nem pensar. Mas há um futuro mais-que-composto: eu vou está falando, você vai está andando.
O modo subjuntivo foi abolido terminantemente. Eu andaria, se você andasse comigo, é quase intraduzível nessa nova língua. A não ser que se opte por um maravilhoso: se você andá comigo, eu vou está andando com você.
Tem também o "no qual" que surge inesperadamente sempre que falta alguma coisa na frase: "O contrato que você assinou, no qual eu vou mandar hoje para imprimir...";
Agora, novidade mesmo foi o "hoje em si", ao qual esse rapaz do telemarketing me apresentou. Não é hoje em dia. É hoje em si. "Hoje em si eu não posso te dar a resposta". Deve ter também o "agora em si".
- Agora em si eu não posso te dar a resposta. OK?
- Ah, é? E quando será?
- Daqui a umas meia hora. Ás uma, ou até as duas e pouca.