sábado, 5 de dezembro de 2020

Suprema Excrescência

Encolhidinho e minúsculo no tempo da ditadura militar, há muito, o Supremo passou a ser um poder que paira acima dos demais. Legisla, investiga, acusa, julga e executa. Fomos cedendo aqui e acolá e agora percebemos em que abismo estamos prestes a cair.

Para começar, a maneira como seus membros são escolhidos já é uma excrescência: o presidente escolhe quem quer e o Senado aprova o escolhido. A tal exigência de notório saber jurídico e reputação ilibada, tornaram-se cláusulas ridículas, a ponto de um plagiador ter sido o último ministro ungido e um outro ter sido reprovado duas vezes em concurso para juiz. Não pode ser juiz, mas pode julgar os juízes.

Com esse sistema, não deveria nos espantar a decadência e avacalhação com que essa Corte se apresenta à nação. O respeito do povo, esse tribunal já perdeu há muito tempo. Chegamos ao ponto em que um ex-presidiário grava um vídeo achincalhando alguns membros do Supremo, equiparando-os a michês e travestis e fica por isso mesmo. Diz Roberto Jefferson, no vídeo que está aqui, disponível para quem quiser ver que "alguns ministros tem rabo preso e dois tem rabo solto. Conhecidos, um como Cármen Miranda e outro como Lulu Boca de Veludo."

Esse mesmo Supremo que tanto se indignou com as "fake news" a ponto de abrir investigação, agora calou-se por completo. Nem um pio. E o vídeo está circulando desde 21/06/20.

Pois bem, essa mesma instituição está prestes a rasgar pura e simplesmente a Constituição. Já são quatro e meio votos permitindo a reeleição dos presidentes da Câmara e do Senado, ao arrepio do artigo 57, parágrafo 4º da Carta Magna. Digo quatro e meio, porque votaram pela excrescência, Gilmar Mendes, óbvio, Lewandowski, idem, Tófolli, ibidem e Alexandre de Moraes. O Kássio Kopia e Kola, deu meio voto a favor e meio contra.

Se essa monstruosidade passar, o Supremo estará decretando a sua ditadura. Não haverá mais Constituição. O Supremo poderá tudo, bastando para isso decidir por maioria de 6 pessoas dentre 11. Decisões serão tomadas ao bel prazer e a favor do interesse da maioria desses urubus de capa preta. E ninguém poderá falar nada. Ninguém? Bom, se Roberto Jefferson pode falar aquilo, que mais ele poderá nos dizer?

quinta-feira, 12 de novembro de 2020

Fascismo Nu

Contardo Calligaris, a propósito da biografia de Mussolini de Antônio Scurati  lançada no Brasil pela editora Intrínseca, faz um questionamento importante sobre o que devemos analisar em nós mesmos que contenha os germes, as sementes do fascismo.

Essa autoanálise é importante porque, como dizia Jung, o homem dito civilizado é apenas um bárbaro com um leve verniz de cultura. E o fascismo nada mais é que essa barbárie aflorada à pele e usada como método de conquista e manutenção do Poder. Henry Kissinger ainda completou: "o poder é o mais forte afrodisíaco". Que o confirmem todos os tarados sexuais.

Essa fórmula, portanto, não é nova e significa que o fascismo estará sempre à espreita dentro de nós. Quando pensamos que está acabado e derrotado, ao menor sinal de fraqueza das instituições civilizatórias, ei-lo de volta com suas garras entranhadas no coração das massas populares.

No pós-guerra, ficou muito claro ao mundo que o fascismo tinha ido longe demais: o racismo como política de Estado, a falta total de escrúpulos dos agentes públicos, o terror como mecanismo de controle, a industrialização da morte, tudo isso foi escancarado a um público estupefato, que horrorizado passou a considerá-lo como um desvio, quase uma doença, eliminando-o do espectro  político.

E passamos a acreditar que o fascismo estava erradicado. Ledo engano!

Reapareceu nos anos 80 e 90, na pele dos skinheads, mas foi considerado (erroneamente como sempre) uma aberração ridícula, uma palhaçada própria de guetos culturais. O problema então foi que os governos de esquerda, elevados ao poder, por conta do anti-fascismo, deram com os burros n'água e se mostraram corruptos e incompetentes, além de também sanguinários e inescrupulosos.

A descrença no sistema político, a desesperança das pessoas, está formando de novo o caldo de cultura no qual germinam novamente as sementes do fascismo. Essas sementes estão dentro de cada um de nós, mas quando as condições de vida se tornam precárias, os controles civilizatórios perdem força e emergem as condições primitivas que nos garantiram a sobrevivência em tempos bárbaros. Essas condições são as do eu contra você e, melhor, do nós contra eles.

quinta-feira, 15 de outubro de 2020

Relinchos presidenciais

 Dentre os relinchos do presidente, aos quais a gente devia estar acostumado, um dos mais recentes superou todas as expectativas. Jactou-se a cavalgadura que seria ele o responsável por acabar com a Lava-Jato.

Diante da obviedade de uma frase de efeito sem nenhuma relação com a realidade, devíamos reagir com  a mesma indiferença com que reagimos ao zurrar de um jumento. O problema entretanto é que esse relincho faz mal ao país. A Lava-Jato já está sendo atacada por todos os lados. Essa foi uma das razões da vitória do animal: a defesa da maior operação de limpeza e higienização do poder público jamais deflagrada no país.

Sabíamos que a reação viria. Sabíamos que os responsáveis pela operação pagariam um preço por seu patriotismo e isenção. Mas não se esperava que viessem ataques até mesmo daqueles que se alinhavam entre os antigos defensores da Operação.

Bolsonaro foi desvestindo a máscara logo após ter sido eleito. Foi se livrando de todos os companheiros "desagradáveis", que não aceitavam tão rápida mudança de rumo. E agora, em ataque de sinceridade, admite que acabou com a operação que o ajudou a eleger-se. 

Diz ainda que acabou com a corrupção no governo. Aí, nem os muares concordam com o relincho. Como assim, cara-pálida? Como pode alguém, seja quem for, assegurar uma coisa dessas? Ainda mais, quando acaba de entregar ao Centrão o comando da política nacional. 

Ontem mesmo, o seu vice-líder no Senado foi flagrado com dinheiro escondido na bunda. Não só dentro da cueca, quase dentro do ânus mesmo! Somos um pais inacreditável, surreal, no pior sentido do surrealismo.

O que não foi dito, ou melhor, não foi relinchado, é que de fato está tentando acabar com as investigações no seu governo. Removeu o COAF do Min. da Justiça e o dissolveu no Banco Central, totalmente descaracterizado. Aliou-se à escória da politica nacional, representada por Roberto Jefferson e Renan Calheiros e também à escória do STF.

E a corrupção, que teria acabado, volta a ser descoberta, em espécie, enfiada no fi-o-fó de um Senador aliado. Calígula escandalizou Roma ao fazer seu cavalo senador, aqui ninguém se espanta com cavalgaduras ocupando todos os postos. E relinchando alto!

segunda-feira, 5 de outubro de 2020

Neo-Bolsonarismo.

Mal chegou ao poder o presidente e sua trupe, começaram os expurgos. Defenestraram Magno Malta, encostaram o Onyx Lorenzoni, empurraram para fora o general Santos Cruz. Todos que não se alinhavam com as mudanças contínuas de linha do presidente, foram expurgados. Sérgio Moro foi apenas mais um, que aliás, nunca deveria ter entrado. 

O próximo da lista é Paulo Guedes, porque não consegue conter o presidente, que mergulhou de cabeça na piscina do Centrão. E o que o Centrão sabe fazer bem é gastar. Os gastos públicos já estão na estratosfera, mas não há sinal de que vão parar de aumentar. Com isso, Paulo Guedes terá sobrevida curta. Aliás, eu acho que chegou até longe demais.

Resultado: quebraremos! A culpa, é óbvio, vai ser da pandemia, mas quem vai sofrer, mais uma vez, será o povo (idiota) que confiou e elegeu essa pantomima. Estou me incluindo entre os idiotas.

Para contrabalançar os expurgos, eis que surge um novo movimento messiânico: o neo-bolsonarismo! Renan Calheiros, Roberto Jefferson, Dias Tófolli, Gilmar Mendes, Augusto Aras, Davi Alcolumbre e até Rodrigo Maia são os próceres desse movimento. 

Os bolsomínions de sempre, continuam babando e gritando loas ao seu líder máximo, mas lobotomia é assim mesmo, tira a capacidade de discernimento do ser, que passa a funcionar como um zumbi de manobra.

E o Brasil continua sua triste saga de só conseguir fazer voo de galinha e ter sempre as esperanças frustradas. Mais uma vez. Recomecemos.

quarta-feira, 9 de setembro de 2020

Os Brasis: de primeira e o de terceira.

 Leio duas notícias no mesmo dia e no mesmo veículo. Em uma se diz que "o filho do presidente do STJ recebeu 42,9 milhões para 'influenciar' ministros". 
Em outra: Deltan Dallagnol foi punido com pena de censura pelo CNMP por ter criticado o ínclito senador Renan Calheiros.

As duas manchetes, logo após o dia da Pátria,  por si só demonstram a classe de país em que vivemos. Alguns vivem no de primeira classe, com direito a mordomias e a fazer tudo o que querem, imunes que estão à Lei. Os demais, pagadores de impostos, somos condenados a sustentar essa primeira classe e a não poder sequer reclamar. E, quando alguém da terceira classe se levanta, como fez Dallagnol e Sérgio Moro, contra esse estado de coisas, confiando que o arcabouço jurídico lhes protegerá as funções, como está escrito, descobrem logo como estão enganados.

Tudo o que está no papel só vale para nós da terceira classe. Estão aí, os Lulas, os Aécios e os Renans da vida a rir na nossa cara. Estão aí os Gilmares Mendes e os Humbertos Martins (presidente do STJ) a demonstrar que eles podem tudo e nós não podemos nada. Estão aí os Cristianos Zanins, os Robertos Teixeiras, Os Tiagos Cedrazes, os Césares Asfor, os Wassefs, a debochar da própria Justiça, que deveriam representar.

Hão de perguntar: e o voto? Só se pode responder com outra gargalhada. O voto só serve a quem o sistema serve. Aécio encolheu de senador a deputado, assim como a Gleisi, mas seu foro privilegiado permanece garantido. É o que lhes interessa. E a instituição máxima do país, a que dita as regras em instância final sem apelação,  a que legisla, investiga, pune e absolve (em outras palavras a Ditadura Colegiada) é absolutamente fechada ao escrutínio público. Seus membros são escolhidos por quem ela deverá eventualmente julgar, ou seja, o sistema de compadrio está sacramentado.

Há solução? Não! O sistema só mudaria por uma força externa que o explodisse. Ou seja, só muda com muita luta e por uma força poderosa. A unica força possível que se pode vislumbrar, capaz de provocar essa mudança, seriam as Forças Armadas, que, entretanto, nunca estiveram tão acomodadas na história dessa triste nação.

terça-feira, 1 de setembro de 2020

Papai Noel de toga?

Por que o juiz de merda, segundo Saulo Ramos, não renuncia de uma vez? Falta pouco para se aposentar, e já está afastado mesmo em licença médica, é só uma questão de acelerar um pouco e permitir mais rapidamente o restabelecimento do quorum completo de 5 de julgadores da Segunda Turma.

Do jeito que está, os reús ganham todas, com os dois votos garantidos de Gilmar Mendes e Lewandowski. Não dá outra.

E, se não pode sequer participar de uma video-conferência de sua casa, é melhor um afastamento total e definitivo, ao invés de submeter o país a essa situação.

Seria uma atitude nobre. Mas esperar nobreza desses senhores é o mesmo que acreditar em Papai Noel.



segunda-feira, 31 de agosto de 2020

Mão na Cumbuca

 É impressionante que, apesar do julgamento do Mensalão, apesar da Lava Jato ainda estar em atividade, os políticos velhos ou novos não mudam: continuam roubando como se nada tivesse acontecido.

É claro, que eles não se intimidam muito. Afinal, foram poucos os políticos condenados que chegaram realmente a serem punidos exemplarmente. Pode-se contar nos dedos; Eduardo Cunha, Sérgio Cabral e quem mais? Os demais, como Lula e Zé Dirceu estão aí, livres, leves e soltos, a dar entrevistas, viajar para onde querem, dar palpites na política, etc. Além desses, muitos outros sequer chegaram a enfrentar algum período de cadeia. E as fortunas que roubaram continuam intactas e bem guardadas, obrigado. E os advogados pagos com parte do dinheiro sujo!

Então, a relação custo x benefício é favorável ao crime. É uma questão matemática! Tem gente que toparia pegar uns 2 ou 3 anos de reclusão, se pegar, em troca de, depois, poder usufruir uma fortuna de 20, 30, 100 milhões. 

Querem melhor explicação de porque a roubalheira não vai parar? Não vai. Há, evidentemente, aqueles poucos exemplares de políticos que não roubam, mas o butim atrai larápios, que tudo vão fazer para conseguirem um cargo que lhes permita botar a mão na cumbuca.

Enquanto a lei continuar leniente, enquanto a justiça continuar lenta, venal e corporativa, não haverá mudanças reais nesse processo nefasto.

Não se trata de o povo não saber votar. Trata-se de não haver opção para o povo votar, em virtude de um sistema que favorece o sucesso dos corruptos.

terça-feira, 25 de agosto de 2020

Crepúsculo

 As nações e as civilizações tem um ciclo de vida similar ao dos seres vivos: nascem, crescem, atingem o apogeu e depois vem o declínio. No caso do Brasil, já disse Claude Lévy-Strauss em "Tristes Trópicos",  chegamos ao declínio sem passar pelo apogeu, ou melhor: "passamos da barbárie à decadência, sem conhecer a civilização".

Não conhecemos a civilização! Essa é uma dura realidade. Alguns de nós, individualmente a conhecem, mas como povo, como nação, a desconhecemos completamente.  Fico a me perguntar: onde está o Brasil que eu imaginava ser possível? O Brasil cordial? O Brasil que na minha infância seria o país do futuro, já delineado no desenvolvimentismo, no modernismo dos anos 50? Estávamos à porta da civilização, mas nela não entramos.

E agora, ao acompanharmos o processo político, podemos ver claramente a linha descendente. Primeiro foram os militares que, ao implantarem uma ditadura sanguinária, romperam com os limites civilizatórios da decência: um Estado que admite a tortura não pode ser chamado de civilizado!
Depois, veio o processo de redemocratização em que cada governo ruim, foi sucedido por um governo pior. Assim chegamos à Dilma, que parecia ser o fundo do poço. Mas, não, afundamos ainda mais com Temer e seus amarra-cachorros correndo com mochilas de dinheiro, e agora estamos nos afogando no pântano do governo Bolsonaro. 

No pano de fundo, o Centrão sempre presente.

Obviamente, não é só no Executivo que se percebe o crepúsculo. Ele fica ainda mais evidente no Congresso. 

De um Senado da República, cujo primeiro presidente foi Floriano Peixoto, não se podia esperar grande coisa, mas também não precisávamos chegar a um Alcolumbre, tendo já se desmoralizado pela presidência de um Renan Calheiros, um Edison Lobão e um Jader Barbalho.
Da Câmara não convém nem falar, mas é irresistível comparar uma instituição que já foi presidida por um José de Alencar, um Martim Francisco de Andrada, um Pedro Aleixo e um Antônio Carlos de Andrada, com aquela que acabou sob a direção de um Rodrigo Maia, não sem antes passar pelas mãos de um Michel Temer, João Paulo Cunha, Severino Cavalcanti e Eduardo Cunha.

Entretanto, nada se compara à decadência do poder Judiciário. Aquele que deveria ser o fiel da balança, a última instância da cidadania, nos dá o veredito final, a confirmação de nossa precoce decadência. Basta lembrar que um Supremo, que já teve ministros da estirpe de Aliomar Baleeiro, Paulo Brossard, Evandro Lins e Silva, Thompson Flores, hoje é uma Corte absolutamente desmoralizada e ridicularizada nas redes sociais. E a culpa não é das redes sociais.

O que se pode dizer de uma Corte presidida por um Dias Tófolli, que nem juiz é? Não pode ser nada mais que o símbolo de uma decadência de todo um país. Infelizmente.


sábado, 22 de agosto de 2020

O dia da marmota

Feitiço do Tempo (ou O Dia da Marmota) é o nome de um filme. Quem assistiu, sabe do que estou falando. Quem não viu o filme, fique sabendo que existe uma tradição, no Estado americano do Kentucky, de que uma certa marmota sai da toca em determinado dia no final do inverno. Se ela voltar para a toca é sinal que a neve prosseguirá ainda por algumas semanas. Se ela não voltar, é sinal que o degelo vai começar. O filme conta a história de um repórter televisivo que vai a essa cidade para acompanhar a saída da marmota.
Acontece que ele fica preso em uma dobra do tempo e, quando amanhece o outro dia, na verdade ainda é o dia anterior e, mesmo que os acontecimentos sejam relativamente diferentes, o dia ainda é o mesmo. Isso se repete indefinidamente, mas ninguém, exceto o repórter,  se dá conta disso.

Esse grande introito foi para dizer que, no Brasil, vivemos um eterno dia da marmota. Sai governo, entra governo e permanecemos no mesmo lugar, com as mesmas mazelas, os mesmos cacoetes, os mesmos defeitos.

O governo Bolsonaro, apesar da rusticidade e até estupidez flagrante do governante incumbido, parecia que ia nos tirar desse ciclo vicioso. Nomeou um ministério técnico e, no geral, de excelente qualidade. Não deu oportunidade aos fisiológicos de botar suas garras nas tetas estatais. Quero dizer, não havia dado. A partir do momento em que seu filho 02 apareceu com as mãos na botija, no caso das "rachadinhas", pronto! Aquele governo Bolsonaro, que esperávamos, acabou e se transformou no quê? No mais do mesmo. A mesma velha porcaria pública a que dão o nome de política, mas que na verdade é apenas um assalto orquestrado e permanente ao nosso bolso, o bolso dos pagadores de impostos.

Aí começou o troca-troca de ministros, a desavença com as próprias bases, os arroubos autoritários e as declarações desaforadas e estapafúrdias, depois veio
 o silêncio obsequioso e os conchavos, por debaixo dos panos, com Tófolli e, sabe-se-lá-mais-quem do Supremo, para deixarem as coisas como estão. O governo encolheu, talvez tenha chegado ao seu verdadeiro tamanho agora que não tem mais Moro e se pendura ainda na capacidade do ministro da Economia, que vem durando no cargo surpreendentemente, mas não se sabe até quando.

E a pandemia não tem nada a ver com isso. A verdadeira pandemia interna que está matando o país é nossa velha conhecida. É ela que nos faz ficar parados há décadas no mesmo lugar, revendo todos os dias o mesmo filme da corrupção insanável da vida pública brasileira.



quarta-feira, 19 de agosto de 2020

Nova Idade das Trevas

Ninguém tem mais dúvidas que o comunismo foi uma falência sob qualquer ponto de vista: econômico, social, de direitos humanos; mas em uma coisa esse sistema foi muito eficiente: na manutenção do Estado Totalitário! Nisso, eles são insuperáveis. Haja vista a China, um dos últimos bastiões dessa desgraça que se abateu sobre a humanidade no século XX.

Exatamente por isso, o comunismo ainda é um ameaça a todos. Não me refiro à Coreia do Norte. Aquilo é mais ou menos um feudo falido, com armas atômicas, mas que não serão disparadas contra ninguém, uma vez que isso ensejaria a sua varrição imediata do planeta. Que fiquem lá, quietos, com seus ditadores delirantes até que algum dia a população escrava acorde e os defenestre.

A China, porém, é diferente. Na economia foram espertos o suficiente para abandonar todas as premissas socialistas, mas mantém, com mão de ferro, um Estado controlador, vigilante, que não abre nenhuma brecha nesse controle e demonstra, pouco a pouco, suas intenções com relação ao resto do planeta. A China sempre foi expansionista. Ao mesmo tempo que xenófobo e isolacionista, o Império do Meio foi abocanhando, ao longo da história, todos os territórios vizinhos: Manchúria, Mongólia, Tibet. E ainda quer mais, quer Formosa e as ilhas japonesas vizinhas ao seu território. Não foi por acaso que as primeiras grandes navegações aconteceram da China para o Ocidente, tendo chegado até o Império Romano do Oriente.

Pois agora, com o poder econômico recém-desenvolvido, aos poucos a China vai mostrando suas garras. Já domina a extração mineral na África, presa fácil constituída de países pobres e governantes corruptos. Com sua mão-de-obra "barata", para não dizer escrava, os produtos chineses são fabricados com custos incomparavelmente mais baixos que os do ocidente. Impossível competir com eles. É só analisar, por exemplo, a quantidade de vacinas contra o coronavírus, já quase em etapa final de produção, fabricadas na China em comparação dos as dos demais países. As chinesas Sinovac, Sinopharm, CanSino Biological e Zhifel estão na fase 3 de produção, enquanto que a Pfizer, Merck e Johnson estão ainda na primeira fase. Concorrendo com as chinesas em rapidez, em todo o ocidente, só há duas vacinas, a de Oxford e a da Moderna.

O maior risco do domínio econômico chinês, porém, está na dominação cultural. Lá, o comunismo demonstrou como controlar as massas, pelo controle estrito da informação e, mais perigoso ainda, pela desinformação programada. Eles vêm pelas beiradas; se deixarmos, vamos afundar em uma nova idade média.


quinta-feira, 4 de junho de 2020

Briga na Zona

A política no Brasil está igual a briga na zona, todo mundo bate em todo mundo e ninguém sabe de que lado está. E, ainda por cima, apagam a luz!

Já há algum tempo em que a degradação do nível da nossa política foi se aproximando do baixo meretrício. Venais, como putas rodando bolsinha, nossos ínclitos deputados e senadores encastelam-se no Congresso, a casa de Mãe Joana, à espera do cafetão, o plantonista do planalto, o homem da caneta, do qual vão extrair os cargos, as emendas, as nomeações pelas quais usarão do poder, que não lhes pertence, para vender favores à banca e a quem mais os quiser comprar.

Puta é assim mesmo. Não escolhe freguês. Desde que tenha a carteira recheada, tudo bem!

Do outro lado da rua,  mora o grande cafetão desse puteiro, que se chama presidente da República. O sistema foi beem engendrado. O presidente tem a caneta, mas não manda, só pode vender ou comprar favores. Para que qualquer coisa aconteça no país é necessário que as meretrizes do Congresso o aprovem. E para que aprovem, todos sabemos o que querem. 

Era para funcionar. Na zona boêmia também é assim. Uns compram e pagam, outros vendem, e todos ficam felizes. Mas, de vez em quando, sai um furdunço. Alguém passou alguém pra trás, alguém não recebeu o combinado e aí o tempo fecha. De repente, a zona toda briga. Voam cadeiras, quebram-se copos, navalhas saem das algibeiras. É um salve-se-quem-puder, tudo pode acontecer.
Pois é assim que está o panorama político atual. Até há pouco tempo, sabia-se quem estava do lado de quem, quem era da esquerda ou da direita, quem continuava a apoiar o PT, quem era bolsominion.

A confusão foi se desenrolando até que chegamos ao ponto em que um Alexandre Frota está quase defendendo o Lula. Os terraplanistas atacam os militares.  Joyce Hasselman é inimiga número 1 do clã Bolsonaro. Paulo Marinho, suplente de senador do 01 faz declarações contra o seu ex-aliado. Roberto Jefferson, ex-tropa de choque do Collor, ex-aliado do PT, ex-comparsa de Zé Dirceu, passa a atacar o ex-juiz Sérgio Moro, a defender Bolsonaro e consegue emplacar um aliado seu no Banco do Nordeste, que, no entanto, dura apenas 24 horas no cargo. 

O mais espantoso, porém, é esse ex-promotor, ex-filiado do PSOL, Sr. William Koressawa, passar a integrar uma tropa de choque pró-Bolsonaro, o movimento "300 do Brasil" liderado pela recém-famosa Sara Winter e, por duas vezes, se dirigir ao Superior Tribunal Militar para pedir a prisão do Moro e de ministros do Supremo!

Dá para entender? Quem puder que me explique.


quarta-feira, 3 de junho de 2020

"Diga-me com quem andas...

... e te direi quem és". Esse velho e conhecido ditado, ensinado por nossos pais e avós, continua plenamente válido hoje em dia. Há outro, de significado similar: "gambá cheira gambá". 

A sabedoria contida nesses ditados nos indica que não é preciso de provas jurídicas incontestáveis para se deduzir o caráter, ou a falta dele, de qualquer pessoa. Bastam certos indícios inequívocos, tais como a condição "sine qua non"Grupos divergentes em objetivos, motivos e ideias não se juntam. Em outras palavras, tal como postulado na homeopatia, semelhante atrai semelhante.

Assim, não deixa de ser curiosa, para dizer o mínimo, essa associação do governo Bolsonaro com o Centrão. Aparentemente, não poderiam haver agendas mais divergentes que as do Centrão e as do liberalismo econômico que impulsionou a candidatura de Bolsonaro.

Um quer mamar no Estado, como sempre fez, o outro quer o Estado mínimo, como é a espinha dorsal da corrente liberal. A adesão ao Centrão - não foi o Centrão que aderiu ao governo, o Centrão está onde sempre esteve - indica que o governo Bolsonaro capitulou. Entregou os pontos. Acabou. Agora quem governa são as mesmas velhas raposas que dobraram a espinha do PT. Como amor da epístola de S.Paulo aos Coríntios, o Centrão é paciente, tudo suporta, tudo perdoa, tudo espera. 

O governo Bolsonaro acabou mesmo foi no momento em que as transações mal-explicadas de seu filho Flávio vieram à tona. A partir daí, o presidente nada mais fez que tentar impedir as investigações e o devido processo legal. Ainda, no princípio do governo tentou simular que a agenda liberal continuava sendo a prioridade, mas à medida em que a situação foi se desenrolando de modo diverso ao que lhe interessava e, no momento da saída do Moro, tendo ficado exposta essa estratégia de obstrução à justiça, Bolsonaro abriu mão do resto de seu discurso e aderiu. A quem? Ao que já estava só esperando o momento de abocanhar o bolo. 

O Centrão tem uma estratégia infalível. Provoca o sangramento da vítima até o ponto de sua capitulação, mas não a deixa morrer, passa a sugar-lhe o sangue em doses equilibradas que a mantém viva, porém exânime. Até o momento que que a carcaça não mais lhe interessa. Aí, passa a mirar na próxima vitima em potencial.

Isso ocorreu no governo Collor, no segundo mandato do FHC, nos governos Lula-Dilma-Temer e agora continua. Desses, 2 não conseguiram finalizar seus mandatos. No governo Sarney não houve isso, porque o governo Sarney era o governo do próprio Centrão, ainda que não tivesse esse nome.

Ao eleger Bolsonaro, grande parte dos eleitores brasileiros acreditava sinceramente que ele seria um anteparo ao Centrão. Acho que até o próprio Centrão pensava isso. A surpresa foi a reação apavorada do mandatário ao perceber o "perigo" batendo à sua porta. Aí o Centrão percebeu a sua chance.
Infelizmente para o Brasil, ganhou mais uma vez. Parabéns, Roberto Jefferson!

quinta-feira, 7 de maio de 2020

Quem não deve, não teme

O capítulo mais recente da interminável novela política brasileira é essa resistência inexplicável de o governo entregar ao Supremo a gravação da reunião de ministros, citada pelo Moro, como prova de quem é que mente e quem é que diz a verdade.

Logo após a demissão de seu ministro da Justiça, Bolsonaro fez questão de vir a público e, em transmissão televisiva, dizer que iria publicar o vídeo dessa tal reunião como prova de que o ex-ministro mentia. Não só mentia, como o caluniava. Não só o caluniava, como o traía.
Melhor oportunidade para destruir a argumentação do Moro seria essa. Os fatos são, ou deveriam ser, incontestáveis.

Não dá para entender ou justificar então essa atitude de lutar com unhas e dentes para que essa gravação não seja revelada. Motivos de Estado, uma pinoia! Segredos de Estado,  por suposto, não serão revelados por um ministro do Supremo, afinal um outro poder da República. É assim que as coisas funcionam, ou deveriam funcionar.

Vamos ver se Celso de Mello na sua, talvez, última oportunidade de proferir uma decisão que pode ser histórica como ministro do STF, não recue, não trema, como já fez em alguns outros momentos cruciais. Aquele, a quem Saulo Ramos chamou "juiz de merda", tem essa oportunidade histórica de cravar uma estrela dourada na própria biografia. 

Quanto ao Bolsonaro, essa atitude só diminui sua credibilidade e dá margem aos ataques dos inimigos. A esquerda nunca teve um alvo tão fácil. Eles nem estão se aproveitando muito da situação. Aliás, a esquerda não precisa bater em Bolsonaro. Ele e seus filhos batem em si mesmos.

sexta-feira, 24 de abril de 2020

Vitória da Mediocridade

Bolsonaro reduziu-se ao seu verdadeiro tamanho.  Mesquinho, oligofrênico, 
incapaz de perceber a oportunidade histórica que teve em mãos, incapaz de pensar no país, apesar de bater no peito e reivindicar patriotismo como se fosse uma exclusividade sua.

Ao votar nele, obviamente, ninguém imaginava que estaria elegendo um intelectual para a presidência, até porque depois de Lula e Dilma, qualquer um estaria em melhor posição. Mas não imaginávamos também que estaríamos elegendo um energúmeno, beirando a psicopatia.

Desde que foi eleito, o que fez, foi dar tiros no pé e indispor-se com os mais variados aliados. Ao invés de se compor para aprovar as reformas necessárias ao país, preferiu ficar no varejo, nas briguinhas, nas bravatas pela internet, que não levam a nada.

Tinha o melhor ministério dos últimos tempos, mas, não sei se, por vaidade ou por cálculo político errado, colidiu com vários dos ministros de Estado. Esvaziou a própria equipe. Desautorizou, relegou a segundo plano, expeliu gente do ministério para dar lugar a terra-planistas, olavistas e outras excrescências do submundo político.

O que dá pena é que quem mais perde é a nação. Uma nação cansada, frustrada, descrente e descontente há muitas décadas.  E essa nação tem lutado! Lutamos pelas eleições diretas e pela Constituição, criamos esperança com o plano Cruzado e nos frustramos com esse e com os demais planos econômicos, elegemos FHC com seu plano Real, elegemos Lula porque FHC tinha comprado o Congresso, Lula comprou o Congresso e apoiamos o mensalão, lutamos pela prisão do Lula e pelo impeachment da Dilma e, finalmente elegemos Bolsonaro!

E estamos hoje, estupefactos, assistindo ao desmoronamento de mais um sonho. O sonho de um Brasil, limpo, honesto, digno e próspero. Outras nações conseguem, por que não conseguimos nós? Será que somos um bando de idiotas, condenados a sermos governados por corruptos e espertalhões? Não sei a resposta, mas estou muito desconfiado...

Esse dia ficará marcado como um dia negro na nossa história. O dia da Vitória da Mediocridade. Cada um tem a Vitória que merece.





quinta-feira, 23 de abril de 2020

Solidariedade no COVID-19

Toda a sociedade está mobilizada nesses tempos de pandemia. Com erros e com acertos, as pessoas estão procurando fazer a sua parte, ajudando os que precisam, dando sua quota de contribuição sem pedir nada em troca, mostrando enfim o melhor da espécie humana. Somos capazes disso também.

Anteontem, o ator Carlos Nunes e o Cine-teatro Brasil Vallourec, fizeram uma apresentação online ("live") do espetáculo teatral "Pérolas do Tejo", que está lá, disponível no Youtube, para quem quiser assistir. Já não sei quantos vídeos foram publicados de músicas, de mensagens de apoio psicológico aos que estão em quarentena, filmes baixados de graça, redes de televisão por assinatura abrindo o sinal gratuitamente, empresas fabricando máscaras para doar; a lista se estende indefinidamente, sem falarmos nos profissionais da saúde, que literalmente arriscam a vida diuturnamente, na prestação de serviços aos doentes de coronavírus.

Eu disse que toda a sociedade estaria mobilizada, mas devo me corrigir: quase toda! Um segmento econômico da sociedade, até onde eu saiba, não moveu uma palha para contribuir com os demais! E esse segmento é dos mais poderosos do país. Além de movimentar somas absurdas, equivalente a 5 % do PIB, fazem lucros anuais sempre crescentes, não importando se o país está crescendo ou em recessão. Só em 2019, os lucros desse segmento cresceram 18% em relação a 2018. 

     


Estou a falar, naturalmente, dos bancos, o setor mais lucrativo do país. Qual foi a contribuição dos bancos em tempos de coronavírus? Reduziram suas taxas de juros, "spreads" e que-tais, para prestarem alguma ajuda às empresas? Reduziram tarifas ou facilitaram o acesso ao crédito às pessoas físicas, autônomos, micro-empresários? Estão disponíveis para renegociar dívidas, alongando os prazos? 

Se alguém sabe de algum banco que esteja fazendo qualquer coisa dessas em benefício do seu paradisíaco país e de seus concidadãos, faça o favor de  publicar aos quatro ventos, pois será uma novidade de sarapantar, como dizia Macunaíma.




segunda-feira, 13 de abril de 2020

Não faremos falta

Com certeza ninguém precisa de mais um pitaco nessa história de enfrentamento ao coronavírus. O mundo já se dividiu em 2 metades: os que pregam que o confinamento é absolutamente essencial e os que acham que isso é uma rematada tolice, quando, não, uma atitude politiqueira.
Aliás, a politicagem pegou carona com força nessa pandemia. Engraçado é que, de repente, a esquerda ficou muda. Quem está brigando agora são os que estavam antes do mesmo lado.

O fato de a esquerda ter emudecido, também pode não ser um bom sinal. Eles estão esperando para ver qual lado vai prevalecer, para atacar pelo outro. Se prevalecer a tese do confinamento, vão atacar o Bolsonaro como irresponsável, dizer que deu maus exemplos. Se o confinamento perdurar e a economia ruir, vão dizer que é culpa do governo liberal e que está usando a pandemia como desculpa pela queda econômica que virá.

A questão mais grave, entretanto, é que talvez não haja sequer espaço para essa velha disputa política. Estamos, meio que, no mato sem cachorro, a humanidade inteira! Não se apresenta uma solução fácil. Todas são dolorosas e difíceis de serem tomadas. Estamos em guerra! E na guerra só se pedem sacrifícios, uns maiores, outros menores.

No mais, a humanidade está passando por um grande teste. Aquele que demonstra que fronteiras são algo fictício, o mundo é um só; que tanto nações ricas e poderosas, quanto as pequenas e pobres estão sujeitas ao mesmo destino planetário; que só há uma espécie humana e, se for extinta, o universo continuará do mesmo jeito, indiferente, e talvez o planeta Terra até se rejubile, aliviado! Ou seja, não faremos falta!

quarta-feira, 25 de março de 2020

Perigo para o vírus

A história da humanidade é uma vergonhosa sucessão de horrores: guerras, pilhagens, assassinatos, estupros, escravidão, torturas, enfim, sofrimento de todas as formas e graus, imposto aos nossos semelhantes por causa de etnia, raça, cor da pele, nacionalidade, gênero, casta, nível social, religião, gosto, cultura e por mais qualquer outra ínfima coisa que possa servir para nos distinguir uns dos outros.

O outro, o diferente, é sempre visto como a encarnação do Mal. Entretanto, mesmo os iguais, não são tão iguais assim. Os reinos e impérios, desde sempre, mesmo que constituídos de apenas um grupo étnico homogêneo, tal como os mongóis, os aztecas e os egípcios, todos eles impuseram mais sofrimento do que benefícios às respectivas populações. A começar muitas vezes na família. 
Não era incomum, em muitas culturas, que a sucessão na liderança do grupo fosse precedida ou sucedida por um derramamento de sangue dentro da própria família. Isso chegou a ser até uma tradição no Império Otomano, quando a morte de um sultão, implicava em que o herdeiro e sucessor, imediatamente, ordenasse a execução de todos os seus irmãos.

Ou seja, o Homo sapiens é uma espécie animal muito feroz e muito perigosa! Sem sombra de dúvida, a espécie mais perigosa do planeta. Onde chegamos, houve destruição, seja de espécies vegetais, seja de espécies animais, seja do ambiente físico.

E estamos com medo de um vírus!


domingo, 22 de março de 2020

Loucos anos 20

Esse veio com força! Não suspeitávamos em dezembro, o que seria esse ano bissexto! Agora já dá para sentir-lhe o pulso. Veio com força!

Além das vidas perdidas, o maior problema, que nos deixará esse 2020, será a recessão econômica, até porque não dá para estimar precisamente ainda o tamanho do buraco e sua duração.

Tenho para mim, que essa queda da economia poderá ser maior que a depressão decorrente da quebra da Bolsa em 1929. O desemprego será produzido quase que imediatamente, decorrente das falências e paralisações inevitáveis.

Entre 1929 e 1932, o PIB mundial caiu 15%. Em relação ao PIB estimado da época, a queda foi de aproximadamente 24 bilhões de dólares.
Agora, as previsões são de uma perda econômica de 3 a 4 trilhões de dólares, entre 2020 e 2023.

Claro que, considerando o tamanho da população à época e agora, a perda do PIB per capita em 1929 é imbatível, mas, o impacto da recessão atual sobre uma população muito maior, pode ser mais devastador.

Essas rupturas costumam acelerar ou precipitar acontecimentos históricos. O crash de 29 foi seguido pela ascensão de regimes totalitários em todo o mundo e pela Segunda Guerra Mundial. A derrocada política do comunismo em 1989, que culminou com o fim da União Soviética em 1990, foram precedidos e influenciados pelo desastre de Chernobyl em 1986.

Resta-nos torcer para que a queda não seja tão profunda e duradoura e que as mudanças que, porventura, vierem a ocorrer sejam aquelas benéficas das quais andamos tão necessitados.


domingo, 8 de março de 2020

Show Medicina

Aviso: Se não tiver estômago não leia esse post.

O Dr. Dráuzio Varella em seu recente show televisivo em uma penitenciária, ao se deparar com um(a) transexual e ao ficar sabendo que havia 8 anos o(a) transexual não recebia visitas sequer da família, emocionou-se e o(a) abraçou. Foi um momento Shirley Temple na Globo.

O "clima" criado na ocasião indicava que o(a) presidiário(a) teria sido abandonada(a) pela família por causa de sua sexualidade. O Dr. Dráuzio, então, com o abraço, deu uma estocada e uma lição de moral nos intolerantes. Tudo muito bonito e educativo na telinha.

Agora na vida real: o(a) presidiário, recluso por mais de 30 anos, estuprou algumas crianças de 3, 5, 7 anos de idade, tendo sido preso, julgado e condenado a essa pena, por ter estuprado e estrangulado uma criança de 9 anos, ter mantido o cadáver em sua sala por 2 dias (sabe-se lá por quê e para quê) e depois o jogado à porta do infeliz pai dessa infeliz criança.

O(a) transexual não recebe visitas da família, não é porque sejam pessoas frias, egoístas e sem sentimento; ao contrário, eles sentem vergonha e nojo pelo que ele(a) fez a essas criaturas indefesas.

Diante da reação negativa, Dr. Dráuzio apela para a santidade: estava lá como médico e não como juiz; e, como médico não pergunta a seus pacientes o que eles fizeram.

Muito bonito! Entretanto,...
1-Se o(a) transexual é paciente do Dr. Dráuzio, ele sequer poderia expô-lo(a)
assim na televisão. 
2-Como médico, o Dr. Dráuzio sabe que esse(a) presidiário(a) é um(a) psicopata irrecuperável.
3- Sabe também que há parentes dessas crianças sofrendo muito mais que sofre o psicopata (aliás os psicopatas não sentem empatia e portanto não sofrem por ninguém).

Mas essas pessoas não cometeram crimes, não estão presas, não tem portanto
direito ao abraço televisivo do médico Global.
Desculpe-me, Dr. Dráuzio, o senhor não estava lá como médico, estava lá, sim, como showman de um programa televisivo.


domingo, 16 de fevereiro de 2020

O Papa é um gambá

O Papa Francisco recebeu Maduro, recebeu Raul Castro, Rafael Correa, Evo Morales e agora um condenado em 3 instâncias por ter roubado seu povo.
Esse mesmo Papa condena a economia de mercado, atribuindo a ela a causa da pobreza, quando na verdade a salvação dos pobres é exatamente a economia de mercado. 
Foi a economia de mercado que proporcionou a oferta atual abundante de alimentos (apesar da enorme fome e desnutrição que ainda persistem, principalmente em países onde não há economia de mercado). 
Foi a economia de mercado que criou e barateou a internet, a telefonia celular, a possibilidade de uso da energia fotovoltaica, que pode ser uma solução desenvolvimentista para a África, por exemplo.
Foi a economia de mercado que criou as vacinas e o sistema de vacinação em massa. Seria cansativo enumerar todos os avanços civilizatórios promovidos pela economia de mercado.

Então, das duas, uma: ou é um ingênuo, ou é um safado! Se for ingênuo não deveria ser Papa, aliás não ficaria por muito tempo sentado no trono de S.Pedro. Os ingênuos que, por acaso lá chegaram, não esquentaram a cadeira. O último deles foi o Papa João Paulo I, que "reinou" por apenas 33 dias.

Se for safado, não deveria também estar lá, mas nesse caso ele estará muito bem acompanhado, pois há inúmeros precedentes. Há muitos exemplos de safados que se sentaram naquela cadeira e foram até muito bem sucedidos, sendo o mais simbólico deles o cardeal Rodrigo Bórgia, que exerceu o papado sob o nome de Alexandre VI.

O fato, porém, é que, safado ou ingênuo, esse Papa está fazendo muito mal às vítimas desses ditadores e desse ladrão e à própria Igreja ao deixar-se vincular a esses tiranos como Maduro ou a um condenado como Lula. Coisas que seus antecessores, Ratzinger e Wojtyla, jamais fariam. 
Ao recebê-los com beijos e abraços o Papa está lhes dando o aval da Igreja, o que, politicamente, não é pouca coisa, considerando os bilhões de católicos que podem ser influenciados por essa decisão.

É fato que, cada vez mais, cada vez menos pessoas estão se lixando para o que o Papa faz ou diz, mas ainda é grande a multidão de ovelhas. E o Pastor as está conduzindo para o abismo. Será que esse argentino não se dá conta de quantas crianças passam fome, adoecem e morrem na Venezuela? Quantas gerações perderam o bonde da história por terem o azar de ter nascido em Cuba? E, como sofrem os pobres no Brasil por causa do desemprego, do sucateamento do sistema de saúde e da escalada da violência urbana no Brasil nos anos em que a política aqui foi comandada pelo meliante de nove dedos?
O Papa não sabe disso? É óbvio que sabe. Então por que aceita fazer esse papel ridículo? 
Só há uma resposta: é porque o Papa concorda com as idéias e as atitudes desses seres desprezíveis. Há um ditado que diz: um gambá cheira o outro.

terça-feira, 14 de janeiro de 2020

Totalitarismo em vertigem

O filmeco de Petra Costa, Democracia em Vertigem, foi indicado ao Oscar e, por isso, provoca orgasmos intelectuais em toda a esquerda no país, apesar de Oscar ser uma coisa imperialista e capitalista.
Mas, como ficou demonstrado nas relações com a Odebrecht, a esquerda gosta, sim, do capitalismo, quando é o capitalismo-a-favor.
 Não vi e não vou ver a porcaria porque já sei do que se trata. O cardápio da esquerda não muda. Quando a democracia a alija do poder, o que ela faz é dizer que a democracia acabou; ponto!

Democráticos, para eles, são o regime de Maduro na Venezuela se perpetuando no poder. Isso é democracia! Democrático é o regime cubano, o da Coréia do Norte e - com alguma concessão - a babaquice francesa.
Os Estados Unidos, a partir da eleição do Trump, para essa gente delirante e de mau-caráter, não é mais um país democrático!

Pena que não haja mais exemplos de democracia no mundo! São só três ou quatro. 
Sob essa perspectiva, realmente a democracia está vertiginosamente desaparecendo no mundo. E, tomara que essa "democracia" desapareça mesmo. Não serão filmecos como esse que reverterão o quadro.

A esquerda já teve o seu momento histórico, chegou ao poder e teve a oportunidade de colocar em prática tudo que havia pregado até então. Marx não tem do que reclamar: regimes marxistas estiveram no poder em toda parte. Em todo o Leste europeu, incluindo obviamente o império soviético e variando no espectro, desde o mais fechado como o regime albanês, até o menos fechado regime iugoslavo, ou quase rebelde, como na Hungria. 
Na Ásia, países tão diversos quanto: Afeganistão, Mongólia, China, Vietnã, Camboja e Coreia do Norte em algum momento caíram nessa armadilha. Até mesmo na sempre combalida África, houve regimes marxistas em Moçambique, Angola, Congo, Etiópia e Somália, fora alguns "simpatizantes".
Na América Latina já tivemos 3 casos de infecção: a Nicarágua, Cuba e a Venezuela.

Pois hoje só restaram a China (comunismo que faria Marx pirar),  a Coreia do Norte, Vietnã, Cuba e Venezuela. À exceção da China, todos os demais com a economia em frangalhos.

Em outras palavras, essa "democracia" deles é que está em vertiginoso declínio. Mas isso o filme não mostra.

quinta-feira, 9 de janeiro de 2020

Fanatismo

O funeral do general Soleimani matou mais gente que o ataque americano! Foram 7 iranianos mortos no ataque e mais de 50 pisoteados no seu funeral. 
E depois disso, um míssil disparado de terra atingiu o avião da Ukraine Airlaines e matou mais 176 pessoas. Entre elas havia 82 iranianos.
Isso mostra que os iranianos são mais perigosos para seus compatriotas que o grande Satã.

Uma coisa já devia ter ficado clara para a humanidade: religião e poder político são misturas fatais. O poder político, por si só, já é um problema. Não se inventou ainda um método suficiente para controlá-lo e, nas mãos de um ser humano desequilibrado, esse poder sempre causou muitos estragos e muito sofrimento.

Quando, além do poder político, essa pessoa ou grupo detém também o poder religioso, aí o estrago se potencializa em uma escala gigantesca. A história tem nos mostrado isso. A Inquisição é um exemplo clássico, mas as recentes assunções do Islã à política, são exemplos vivos e terríveis do mal que uma religião pode fazer.

A crença religiosa, qualquer que seja, tem como componente principal a irracionalidade. Não há religião racional. Não pode haver. A palavra crença, automaticamente, exclui a racionalidade, cuja característica é descrer, é questionar, é duvidar.

Quem questiona e duvida (o ser racional) não pode ser religioso. A autoridade religiosa exije submissão. Por acaso, ou talvez nem tão por acaso, a palavra Islã significa submissão. O crente se submete a Deus e pronto. Não pergunta, não duvida, não questiona. Para que essa submissão ocorra, é necessário que as leis religiosas tenham origem divina, ou então não teriam essa validade absoluta. As religiões mais fanáticas consideram seus livros sagrados como inspirados ou ditados pelo próprio Deus.

A partir daí, tudo se justifica: o maior absolutismo, os maiores absurdos, os maiores crimes. E, quem duvida ou não aceita essa imposição é execrado, é um infiel, um excomungado. Daí os grupos religiosos, com poder nas mãos, serem mais intolerantes e seus seguidores, mais fanáticos. O Islã é o exemplo atual. O Islã está em guerra permanente contra os "infiéis". E o "ocidente" tem sido demasiado tolerante e leniente com os muçulmanos dentro de suas próprias fronteiras.




domingo, 5 de janeiro de 2020

E agora, Macron?

Tenho a impressão que a decisão de Trump em ordenar a morte do general iraniano teve um propósito político interno. As eleições estão aí e Trump, apesar da alta popularidade, sofre um processo de impeachment.
Esse ato de agressão, aparentemente inócuo e desnecessário, contra o Irã, não passa de uma provocação. Não foi uma ação anti-terrorista, como a Casa Branca, quer fazer crer, mesmo porque o terrorismo não cessa com a morte de Soleimani, ao contrário, exacerba-se.
Então, qual seria o real motivo para que Donald Trump crie essa tremenda provocação e aumente em muitos graus a tensão no Oriente Médio? Ele está praticamente pedindo um ação violenta por parte do Irã. E haverá! O Irã não vai deixar de retaliar.
Então, quem ganha o quê com isso? Para os americanos e, em menor grau, para os europeus o risco aumenta e muito! 
Acontece que os americanos  tem a tradição de se enrolarem na própria bandeira e se alinharem com o líder de plantão - qualquer que seja ele - em períodos de risco e perigo. É isso que está nos planos de Trump. Ao criar um conflito externo, contra um inimigo fácil de ser provocado e com uma imagem bem estabelecida de vilão, ele monta uma estratégia eleitoral dificilmente superável pelos democratas e os coloca contra a parede.
Quem se atreveria a criticar um governo em ofensiva contra um inimigo externo? Isso seria visto como anti-patriotismo, um crime imperdoável para a opinião pública americana.
Do ponto de vista internacional, a França e Alemanha vão pedir calma e talvez condenar discretamente a ação dos Estados Unidos, mas sem maiores consequências. O Iraque já está alinhado com seu antigo arqui-inimigo e assim vai continuar. Israel vai fingir de morto e o Irã vai ter que deixar cair a máscara e assumir integralmente seu papel de financiador do terrorismo internacional. O tal tratado de pseudo-contenção do programa nuclear iraniano já foi pro brejo.
Melhor assim, afinal, até as pedras sabem que o Irã jamais deixou de avançar em seu objetivo de se tornar uma potência nuclear, com tratado ou sem tratado.
Agora, as coisas ficam mais explícitas e mais claras. Todo o mundo vai ter que escolher seu lado. Não vai dar mais para ficar em cima do muro, ouviu Macron?

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