quinta-feira, 15 de outubro de 2020

Relinchos presidenciais

 Dentre os relinchos do presidente, aos quais a gente devia estar acostumado, um dos mais recentes superou todas as expectativas. Jactou-se a cavalgadura que seria ele o responsável por acabar com a Lava-Jato.

Diante da obviedade de uma frase de efeito sem nenhuma relação com a realidade, devíamos reagir com  a mesma indiferença com que reagimos ao zurrar de um jumento. O problema entretanto é que esse relincho faz mal ao país. A Lava-Jato já está sendo atacada por todos os lados. Essa foi uma das razões da vitória do animal: a defesa da maior operação de limpeza e higienização do poder público jamais deflagrada no país.

Sabíamos que a reação viria. Sabíamos que os responsáveis pela operação pagariam um preço por seu patriotismo e isenção. Mas não se esperava que viessem ataques até mesmo daqueles que se alinhavam entre os antigos defensores da Operação.

Bolsonaro foi desvestindo a máscara logo após ter sido eleito. Foi se livrando de todos os companheiros "desagradáveis", que não aceitavam tão rápida mudança de rumo. E agora, em ataque de sinceridade, admite que acabou com a operação que o ajudou a eleger-se. 

Diz ainda que acabou com a corrupção no governo. Aí, nem os muares concordam com o relincho. Como assim, cara-pálida? Como pode alguém, seja quem for, assegurar uma coisa dessas? Ainda mais, quando acaba de entregar ao Centrão o comando da política nacional. 

Ontem mesmo, o seu vice-líder no Senado foi flagrado com dinheiro escondido na bunda. Não só dentro da cueca, quase dentro do ânus mesmo! Somos um pais inacreditável, surreal, no pior sentido do surrealismo.

O que não foi dito, ou melhor, não foi relinchado, é que de fato está tentando acabar com as investigações no seu governo. Removeu o COAF do Min. da Justiça e o dissolveu no Banco Central, totalmente descaracterizado. Aliou-se à escória da politica nacional, representada por Roberto Jefferson e Renan Calheiros e também à escória do STF.

E a corrupção, que teria acabado, volta a ser descoberta, em espécie, enfiada no fi-o-fó de um Senador aliado. Calígula escandalizou Roma ao fazer seu cavalo senador, aqui ninguém se espanta com cavalgaduras ocupando todos os postos. E relinchando alto!

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