sábado, 17 de dezembro de 2022

O tempo e a memória

Grandes autores falaram sobre a memória e o tempo. Érico Veríssimo em “O tempo e o vento”, Marcel Proust em seu “Em busca do tempo perdido” também.

Estão interligados. Perder a memória é também perder aquele tempo em que se viveu. Por isso, penso que a maior decrepitude a que pode chegar um ser humano é a decrepitude da memória. Os exemplos mais clássicos são os portadores da doença de Alzheimer. 

No final do processo, a pessoa que habitava aquele corpo já não existe mais. O tempo pra ela também já não existe, não passa. Tudo torna-se um eterno presente fosco e vazio. É a pior forma de não-existência. 

O maior prêmio a que um ser humano íntegro pode aspirar é terminar a vida consciente. Ter a consciência do momento final, sem medo e podendo se despedir dos entes queridos, agradecer pelo amor e cuidados recebidos e deixar a eles a última mensagem de carinho e amor incondicionais que permearam aquelas vidas. 

Se Deus existisse é isso que eu pediria a ele para os meus últimos momentos. 


(A propósito do texto de Adélia Prado: "O que a memória ama, fica eterno")

terça-feira, 25 de outubro de 2022

As duas Cármens

Facchin votou. Cármen Lúcia votou. E daí? Daí que esses dois votos devem entrar para os anais (nos dois sentidos) da história das mediocridades da Justiça brasileira.

Carminha já foi devidamente criticada por um ex-ladrão, ex-aliado do PT, ex-deputado, ex-mensaleiro, em termos de baixo calão, mas ela deu motivos. O voto dela também foi de baixo calão. Afinal, declarou, alto e bom som, que aquilo que estava sendo aprovado era inconstitucional, que a Constituição não admite "em hipótese nenhuma" a censura à liberdade de expressão, "mas"...apenas naquele caso...sabe como é... a gente deixa, né? 

O que se deve dizer dessa contradição em termos, explicitada por uma agente do Estado, exercendo um dos mais altos poderes desta república bananeira? Não há mais nada a dizer. O Jefferson tropical já disse tudo.

Quanto ao outro voto, o Facchin também deu um show. Disse ele: "a disseminação de notícias falsas, no curto espaço do processo eleitoral, pode ter a força de ocupar todo o espaço público, restringindo a livre circulação de ideias."

  1. Quer dizer então que se restringe a livre circulação de ideias (falsas ou não) para proteger a livre circulação de ideias?
  2. Quem é que determina o que é verdadeiro ou não? Teremos agora um Ministério da Verdade, tal qual em "1984"? É o STE/STF que decide qual notícia é falsa e qual é verdadeira?
Percebem o viés socialista, na sua grande visão do Estado totalitário controlando, se possível, os pensamentos da população? O Estado é quem sabe tudo. O Estado é quem decide o que é melhor para o cidadão, criatura infantil e desprovida de raciocínio, que necessita um tutor a lhe guiar os passos e os pensamentos.
Com seu voto, Facchin está a dizer que o eleitor brasileiro não tem capacidade para decidir se acredita ou não em uma notícia, entretanto está apto a decidir em quem irá votar. É espantoso, para dizer o mínimo. E essas sumidades escancaram tais raciocínios sem o menor pejo.

Ele mesmo diz, mais à frente, fazendo um jogo de palavras tão pretencioso quanto ridículo: "a liberdade de expressão não pode ser a expressão do fim da liberdade."

Então tá então, Carminhas.


segunda-feira, 17 de outubro de 2022

Hora de decisão (sem mimimi)

Neste segundo turno, até eu virei Bolsomínion, mas com parcimônia, que fique claro! Os aliados, por exemplo, apoiaram a URSS com comida, armas e treinamento na Segunda Guerra Mundial, porque a Alemanha nazista era um mal maior a ser combatido. Semelhantemente estamos agora aqui no Brasil.

Temos tudo a perder com Lula na presidência! O país vai pro buraco, apesar de alguns acharem que os dois são igualmente ruins. Não são!... O PT e o Lula são muito, mas muito, piores que o Bozo e sua família.

O Bozo é asqueroso, mas é político ruim tipo qualquer um. Fala merda pra caralho, mais que a média, bem mais, mas seu governo foi bem razoável...Galera reclama de vacina (eu vociferei contra ele mil vezes), mas o Brasil é campeão de vacinação e todo mundo que quis vacinar, vacinou, inclusive há doses sobrando. Então, ele é um bosta, mas seu governo não é dos piores. É até bem razoável, principalmente no aspecto econômico, infraestrutura e estatais.

Nesse aspectos o PT é imbatível em ruindade! E esses são os fatores mais importantes para a diminuição da pobreza (ou para o aumento dela, dependendo de que lado você esteja) e para a prosperidade como um todo!! Não adianta ter um ministro da cultura legal, que vai falar bonitinho, politicamente correto, que vai dar voz aos marginalizados, se a porra da economia está indo pro buraco e a gente virando uma Argentina!!!!

O mundo está todo em crise econômica e, se o Brasil não cuidar muito bem da economia, a gente vai se danar! Se o PT fizer o que já fez e fala que vai repetir, nós estamos fudidos!!!!! E não tem discursinho de paz e amor que mude a realidade.

Prefiro um ogro falando merda todo dia, e eu criticando ele, do que uma fachada de benesses, com controle da mídia e todo mundo fudido!!!

Texto de Rafael Godoy


quarta-feira, 5 de outubro de 2022

Filme Velho

 

O movimento de resistência ao lulismo é muito maior que o bolsonarismo. 

Tem que ser! Afinal o Brasil não se resume a esses dois polos. O Brasil é maior que os dois juntos.

O lulopetismo não é sequer uma ideologia. É apenas uma construção política demagógica e corrupta, que só visa tomar o poder e se locupletar. Está muito longe de se constituir em ideologia, embora, sob seu guarda-chuva se abriguem algumas tantas maluquices, para dizer pouco.

Quanto ao roubo puro e simples, não é que outros já não tivessem feito o mesmo. Não foi exclusividade do PT.  Nossa história sempre foi a repetição desse mesmo padrão. É por isso que somos e estamos atrasados, apesar do potencial de riqueza que temos. 

O PT, antes de chegar ao poder,  prometia acabar com esse padrão, mas, ao invés de promover a mudança, o PT achou melhor aderir a ele, já que vislumbrava vantagens financeiras para o partido e para os donos do partido. O PT já tinha experimentado esse gostinho em algumas prefeituras e isso caía perfeitamente, como uma luva, no tal projeto de poder do Zé Dirceu.

Bolsonaro chegou ao poder, nem tanto por méritos próprios, mas principalmente por causa da revolta da maioria dos eleitores contra a roubalheira petista institucionalizada. O que mudou de lá para cá? O presidente é tosco, fala muita bobagem. Seus filhos não parecem flores que se cheirem, mas uma coisa é certa: O esquema de corrupção institucionalizada acabou. As estatais se recuperaram. A máquina pública, apesar das mazelas inerentes ao sistema, está andando com mais desenvoltura, investimentos em infraestrutura estão sendo feitos. Resumo da ópera: voltamos a ser um país normal.

E agora, José? Agora não há possibilidade de dúvida. Temos que arregaçar as mangas e nos unir contra o lulopetismo, que avança com suas forças ocultas ou nem tão ocultas assim. 

Bolsonaristas ou não, temos que nos unir contra Lula e o PT. Por pior que Bolsonaro seja, como pessoa ou mesmo como presidente, caso o PT vença as eleições, podemos nos preparar para uma versão piorada do filme já antes visto.

quarta-feira, 21 de setembro de 2022

Vira-latas

Nelson Rodrigues dizia que temos complexo de vira-latas. Pois eu acho que nós nos tornamos vira-latas. O exercício da politica, no Brasil, nunca foi nobre, nunca foi patriótico, desinteressado. Ao contrário! A política aqui sempre se fez em benefício de alguns e em detrimento da maioria da nossa população. Mesmo assim, no passado, ainda se mostrava uma aura de dignidade. 
Perdemos até isso! Hoje, as atitudes dos presidentes da República são jocosas, risíveis. E não falo só do Bolsonaro, falo da Dilma e do Lula também. Esse populismo rasteiro, essa máscara de “gente do povo” é um escárnio a quem tem inteligência e dignidade. 
Não deveríamos estar aplaudindo comportamentos desse jaez. Ao darmos apoio a isso vamos perpetuar esses comportamentos na função pública. O roubo do Erário é apenas uma parte do problema. Sejam rachadinhas bolsonaristas ou acordos milionários lulistas com as Odebrecht  da vida, isso só acontece depois que descemos alguns degraus na escala da civilidade. Isso só acontece quando o povo passa a latir também, vira-latas que nos tornamos.

domingo, 21 de agosto de 2022

Hoje em si

Há alguns dias recebi uma ligação telefônica de uma empresa financeira. O seu funcionário, certamente não de baixo nível de educação, conseguiu, em 10 minutos, dar-me o exemplo da Nova Língua Brasileira que está nascendo.

Parece-se, vagamente, com o português do Brasil, mas não é.  Por exemplo: não há plurais para os substantivos, nem para os adjetivos. O plural é indicado pelo artigo, simples assim: os omi vem agora;  as pranta verde secou tudo; ele comprou os carro novo.

Os tempos verbais simplificaram-se em: pretérito perfeito (você andou) e imperfeito (eu andava), presente simples (nós anda), presente contínuo (estou andando) e futuro composto: eu vou andá, ela vai falá, nós vai cantá.

Obviamente, o "r" final do infinitivo desapareceu há muito tempo.

Não há futuro simples: andará, nem pensar. Mas há um futuro mais-que-composto: eu vou está falando, você vai está andando.

O modo subjuntivo foi abolido terminantemente. Eu andaria, se você andasse comigo, é quase intraduzível nessa nova língua. A não ser que se opte por um maravilhoso: se você andá comigo, eu vou está andando com você.

Tem também o "no qual" que surge inesperadamente sempre que falta alguma coisa na frase: "O contrato que você assinou, no qual eu vou mandar hoje para imprimir..."; 

Agora, novidade mesmo foi o "hoje em si", ao qual esse rapaz do telemarketing me apresentou. Não é hoje em dia. É hoje em si. "Hoje em si eu não posso te dar a resposta".  Deve ter também o "agora em si". 

- Agora em si eu  não posso te dar a resposta. OK?

- Ah, é? E quando será?

- Daqui a umas meia hora. Ás uma, ou até as duas e pouca.


sexta-feira, 25 de fevereiro de 2022

Não combinou com os russos

 Bolsonaro foi à Rússia no pior momento político. Como, coincidentemente, algumas tropas russas foram  remanejadas, os bolsonaristas começaram a gritaria de que o Bozo tinha conseguido demover o Putin do intuito de invasão. Inclusive o Min do Turismo caiu no ridículo de postar essa bobagem nas redes sociais.

Bom, o que se viu é que a realidade não dá a menor bola para esse comitê de Fake News. Nem o Putin.

E agora, depois de ter prestado solidariedade à Rússia, o Bozo decide que o Brasil ficará neutro nessa questão. Como é, cara-pálida? Neutro? A Ucrânia, um país democrático, foi invadida sem nenhum motivo por um ditador e o Brasil, tradicionalmente um país pacífico, vamos ficar neutros? 

Não que vá fazer alguma diferença a posição do Brasil. Nós não apitamos nada no cenário internacional. Mas tem o depois! Depois que o conflito acabar, como ficará a cara do Brasil perante as nações do mundo ocidental? Qual será nosso poder de barganha ou de persuasão, se na hora H, ficamos em cima do muro, com medo de tomar posição? 

De que valeu então essa viagem do Bozo? Foi para quê? 

E já que  fez essa viagem inútil, em hora errada, por quê deixou de combinar com os russos???

sábado, 12 de fevereiro de 2022

Por quê?

Meu irmão faleceu anteontem. Foi submetido a uma cirurgia de média complexidade, mas com prognóstico e perspectivas muito boas e... deu tudo errado! Não houve erro médico, já digo desde já. O que houve então? Houve vida! Foi a vida continuando a ser o que é, pois a morte é apenas uma das suas pontas. Tudo que começa acaba.

Entretanto, não me sai da cabeça a expressão de espanto,  a pergunta sem som que meu irmão me fez ao recobrar a consciência de sua última cirurgia, preso a uma cama de CTI, cheio de tubos, traqueostomizado: por quê?

Era um homem forte, decidido, gostava de desafios. E agora estava ali naquela situação e sem entender o que teria acontecido. Por quê? Único questionamento possível! Por quê?

Por quê surgimos do nada, nesse mundo hostil, que nos repele de cara? Por que percorremos os caminhos da vida, em luta permanente, tentando acertar e errando quase sempre? Por que amamos e somos amados e um dia tudo termina, para uns ou para outros e os que ficam, ficam moídos de dor por causa de uma separação que não queriam, não pediram e que quase não podem suportar?

Por quê? Essa é a pergunta sem resposta que todos consciente ou inconscientemente nos fazemos. Como Vinícius de Moraes: "se foi para desfazer, por que é que fez?".

Meu irmão se foi. Que esteja em paz. Mas a imagem de seu rosto perplexo, aquele olhar de interrogação e inconformismo, olhar que conheço bem desde a nossa infância, vai continuar comigo para sempre, assim como a sua pergunta muda e sem resposta: Por quê?

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