sexta-feira, 31 de março de 2017

País tropical abandonado por Deus

A exemplar condenação de Eduardo Cunha deveria ser um alívio para nós cidadãos submetidos a esse horror que se chama gestão pública. Só não é porque, ao mesmo tempo, 5 Conselheiros do Tribunal de Contas do Estado do Rio foram presos em mais uma operação da Lava Jato. Na verdade e prisão deles também nos alivia. O que não alivia é saber, constatar, que estamos entregues às baratas, ou melhor, às raposas espertas, como diz hoje o editorial do Estadão ("De raposas e galinheiros").
Chega-se à conclusão de que não adianta criar órgãos de controle. Esse modelo de Estado que temos é incontrolável. O que devemos fazer é reduzir o Estado ao mínimo para que possa funcionar com eficiência e até seja mais fácil de ser fiscalizado. Mas isso é uma utopia longe de se ver realizada. Quem faria isso? Como? Com que meios? Da classe política, sabemos que não se pode esperar nada. Isso seria uma revolução nos padrões brasileiros, talvez a primeira verdadeira revolução da nossa história. Mas revoluções se fazem pela força e com a força.
Ninguém, que esteja no poder ou usufruindo dele, cede de graça e de mão beijada seus privilégios e seu lugar. Tem que ser retirado à força, como aconteceu na Revolução Francesa ou na Revolução Bolchevista de 1917. No nosso caso, não temos uma população apta a fazer revoluções. Apesar de todo o sofrimento, apesar da miséria e do abandono, nosso povo não se revolta. Ou porque não sabe como se revoltar, ou porque já está acostumado com o estado em que vive, ou porque é ignorante demais para compreender a realidade a que está sendo submetido, ou - pior - porque acredita nos discursos messiânicos de uma esquerda que lhes prometeu o paraíso e lhes entregou ao purgatório e ao inferno. 
O abuso, a que estamos submetidos, vem de longa data, mas agora escancarou-se de um modo que não pode ser escamoteado. Está, todos os dias, sendo esfregado na nossa cara. O que fazer então?
No próximo ano haverá eleições! Será que reconduziremos, à chefia do galinheiro, figuras escabrosas como Renan Calheiros (até rima), Fernando Collor, membros da família Sarney, Romeros Jucás, Geddéis Vieiras Limas, e outros iguais ou piores? Tudo é possível nesse país tropical, abandonado por Deus.

terça-feira, 28 de março de 2017

Malandragens

De vez em quando eu me pergunto: por que é que, nós brasileiros, somos tão incompetentes em estabelecer uma sociedade e um país digno, funcional e eficiente? Outros povos conseguiram.

Há mazelas que são universais, como o egoísmo, a corrupção, a sede desenfreada de poder, entretanto alguns povos conseguiram a façanha de confinar essas mazelas em limites civilizadamente aceitáveis. Outros, como o Brasil, parecem carecer de algo em sua constituição que faz com que essas mazelas não sejam somente toleradas, mas até mesmo estimuladas devido ao sucesso que certos indivíduos têm ao exercê-las em proveito próprio.

Ninguém, em lugar algum do mundo, conseguiu estancar a corrupção e a desonestidade, mas países como a Islândia ou Suécia ou a Finlândia, conseguem mantê-las em um nível que para nós seria considerado impossível. Lá, a probabilidade de alguém achar uma carteira com dinheiro em um Shopping e entregá-la intacta na seção de Achados e Perdidos é altíssima. Sendo assim, um cidadão comum, será assim também a classe política que o representa.

O que é que nos faz diferentes e em um nível tão baixo? Antropólogos, sociólogos, psicólogos e afins terão muitas respostas para isso. A Academia está cheia delas, mas nenhuma me convence, principalmente a que apela para a "exploração dos oprimidos" como uma justificativa para o "caráter" nacional. Para mim, essa é uma resposta religiosa, pois contém muito da culpa cristã embutida e disfarçada dentro dela. Essa mesma culpa, entretanto, é que mantém o "status quo", pois justifica e "perdoa" o erro, ao invés de corrigí-lo. Onde há culpa, acaba havendo uma desculpa. Em outras palavras, culpa e desculpa são as duas faces da mesma moeda.

A malandragem brasileira, tão cantada em verso e prosa, nos levou a essa sociedade desigual, injusta, desequilibrada e cruel. Essa malandragem chegou lá, ao poder, aos píncaros e só fez destruir o que havia ainda de bom e decente no país. Os malandros estão lá em Brasília, rindo da nossa cara. 

Está difícil tirá-los de lá. Agora, só nos resta uma esperança: no próximo ano haverá eleições. Será que os malandros bocós de cá, vão reeleger os mesmos malandros espertalhões de lá?



domingo, 19 de março de 2017

Sem luz no fim do túnel

Está difícil ser brasileiro por esses dias!...O que esses canalhas fizeram com o país só tem um nome: alta traição! Eles trairam a confiança da sociedade em todos os níveis. São representantes que não representam nada a não ser os próprios interesses mesquinhos e escusos; são fiscais que nada fiscalizam a não ser o próprio bolso recheado de propinas; são policiais que fazem vista grossa ao tráfico, em troca da "mesada" das bocas de fumo. E por aí vai a série escabrosa de ineficiência e venalidade dos agentes públicos.
Onde quer que haja a presença do Estado, há um agente desse mesmo Estado sendo pago para não cumprir a sua função. Então para quê precisamos deles? Para quê precisamos de fiscalização sanitária, para quê precisamos de senadores, deputados, ministros? Para quê precisamos das agências reguladoras?
E aí, vamos mais longe: para quê precisamos de uma justiça do trabalho? Para quê precisamos de uma justiça eleitoral? Para quê precisamos de um Supremo Tribunal?

A resposta a todas essas perguntas é uma só: precisamos desses órgãos e agentes para cumprirem a sua função legal. Se for só para nos enganar e encher os bolsos de propinas, agradecemos, mas vamos constituir um outro modelo de estado, de organização política e institucional. O que está aí, já demonstrou que não presta e que, longe de ser uma solução, é na verdade a causa dos nossos problemas.

Estamos chegando à beira da ruptura e do colapso. Irresponsavelmente, as maiores empresas do país em conluio com essa degradada classe política, estão levando o país ao caos. E ainda nem sabemos da caixa preta do BNDES, da Nossa Caixa, do Banco do Brasil, etc., etc. O que faremos no próximo ano? Quem vamos eleger para nos representar?

Quanto mais andamos nesse túnel, mais escuro ele fica, e não há sinal de nenhuma luz.

quarta-feira, 15 de março de 2017

Segredo de Justiça

Se existe uma área em que a transparência deve ser total e absoluta é a área que compete à Justiça. Afinal, nessa área atuam meros cidadãos, aos quais a sociedade deu a autorização e a incumbência de julgar os demais e e o poder de definir, para o bem ou para o mal, como esses cidadãos, que porventura sentar-se-ão (desculpem a mesóclise) no banco dos réus, sua futura vida em sociedade.

Essa outorga investe o cidadão que se transforma em juiz, de uma responsabilidade ímpar e, portanto devedor permanente de prestação de contas à sociedade.

Nesse contexto, não se admitem segredos de Justiça, a não ser em casos particularíssimos, como, por exemplo, o direito de família, em que a disputa entre as partes não interessa a mais ninguém. Ou, quando a eficácia da investigação requer o sigilo, e esse deve ser aplicado tão somente na fase investigatória. Uma vez, concluída, a regra deve ser a da transparência.
Não se justifica portanto, de maneira alguma, que esses processos cuja abertura foi pedida pela PGR ao Supremo, sejam mantidos sob esse manto protetor aos acusados.

Quem se dispõe à vida pública, como o nome está dizendo, não pode ter vida privada. Ou uma, ou outra. Uma vez que escolheu a vida pública e foi escolhido pelos eleitores direta ou indiretamente, passa a ter um compromisso 24 horas por dia com esses eleitores. Quem não quer que assim seja, que se recolha à privada (a vida privada, "por supuesto"). Ninguém é obrigado a  candidatar-se a coisa alguma. Ninguém é obrigado a aceitar cargo algum.

Exercer uma atividade pública é (ou deveria ser) antes de tudo um serviço. Sei que estamos longe disso, nesse país semi-selvagem da América do Sul, mas a regra não muda conforme o estado de civilização em que um povo se encontra. Temos é que ir, aos trancos e barrancos, aprimorando nossas instituições até que um dia possamos nos chamar de civilizados.

segunda-feira, 13 de março de 2017

Lulismo: o fim do petismo

Reproduzo, a seguir, trecho do editorial de hoje do Estadão (ver texto integral aqui):
No mesmo dia em que tomou conhecimento do escabroso volume de dinheiro sujo usado pela Odebrecht para, no dizer do ministro Herman Benjamin, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), “apropriar-se do poder público”, o País foi apresentado ao resultado negativo do Produto Interno Bruto (PIB) de 2016. Poderiam ser dois dados estanques que apenas por uma infeliz coincidência vieram à luz ao mesmo tempo. Mas não são. Está-se diante do mais eloquente painel do desastre que representou o governo do ex-presidente Lula da Silva, um tétrico quadro dos males infligidos aos brasileiros pelo lulopetismo.É este o verdadeiro legado de Lula – a pior recessão econômica desde 1948, quando o PIB passou a ser calculado pelo IBGE, e uma rede de corrupção sem precedentes, cuja voracidade por dinheiro público parece não ter deixado incólume sequer uma fresta do Estado Democrático de Direito.
Nem os piores inimigos do petismo, em momento de extrema má-vontade, poderiam prever uma situação como essa. Seria considerado um exagero por conta da cegueira política. E, no entanto, agora parece normal uma coisa dessas. E digo mais, o lulismo acabou com o petismo. 

Qualquer coisa nobre, ou digna, ou interessante, do ponto de vista ideológico que ainda existisse sob a camada burocratizante da esquerda fanática e burra, foi tragado pelo lulismo, que, dentro de um ideário socialista, representa a forma de individualismo mais extrema, aquela do culto à personalidade.

O socialismo tem dessas contradições. Prioriza o coletivo a ponto de massacrar o indivíduo, mas, ao mesmo tempo - como a compensar a perda de identidade individual dos seguidores -   a individualidade de seus líderes é exacerbada ao ponto de serem elevados ao status de entidades divinas. Foi o caso de Stálin, de Fidel Castro, de Mao e mesmo de um idiota como Hugo Chávez.

O lulismo, representando apenas a sede de poder de um ignorante, restringiu o petismo à sua estatura nanica. E, ao final, ficou apenas a face corrupta escancarada para todos nós.

Imagino que alguns petistas, aqueles convictos, sinceros em sua escolha política - eles devem existir - estarão sem chão e sem ar. Como ainda poderão defender sua ideologia diante de tudo que fizeram com ela? Usaram a ideologia como um papel higiênico, para com ela tentar limpar os dejetos que a cupidez, a ganância e o escasso senso ético, produziram ao longo de seus intermináveis anos de poder. E agora devolvem o papel higiênico usado para esses militantes, dizendo: vamos limpar tudo e refundar o PT.
Ora, papel higiênico não se limpa. Papel higiênico se joga na privada e se dá descarga. É o que o Brasil fará com o petismo. Adeus!

domingo, 12 de março de 2017

Acabou pra Lula

Acabou pra ele. Não há outra possibilidade, Lula tem que ser preso! O que Marcelo Odebrecht revela sobre a planilha da propina não deixa mais margem a dúvidas. Lula era o "Amigo", o Capo, o Chefão da quadrilha que assaltou, durante mais de 10 anos, os cofres públicos!

A Odebrecht, por sua vez, pagou entre 2006 e 2014, cerca de 3,4 bilhões de dólares em propinas, equivalentes a mais de 10 BILHÕES de reais.
Para consentir em pagar mais de 10 BILHÕES em propinas, a empresa faturou indevidamente mais de 100 bilhões em obras daqui e dali que cobrou sem fazer, fez com medições infladas ou com preços superfaturados, etc, etc.

Isso explica tudo! Explica a eterna falta de dinheiro para melhorar a vida do cidadão, explica a falta de políticas públicas para a saúde, para a educação, para a segurança, explica a falta de investimento em infraestrutura, explica o atraso em que vivemos, nós, um dos países mais ricos do mundo.

E isso é só a Odebrecht. Ajunte-se a ela, a OAS, a Camargo Corrêa, a Mendes Júnior, a Andrade Gutierrez, a Queiroz Galvão, a UTC, a MRV Engenharia, as empresas do Eike Batista e outras menos ilustres, mas nem porisso menos corruptas, como a Galvão Engenharia, a Construcap, a Carioca, a Direcional, a WTorre e ainda muitas outras. São muitos bilhões, incalculáveis montanhas de dinheiro, que foram drenadas dos cofres públicos. Esse dinheiro é nosso, é o dinheiro de nossos impostos, que vem sendo sistematicamente roubado por essa quadrilha de políticos e empresas corruptos.

E, Lula, ainda quer se lançar candidato! Ainda fala em políticas sociais, sem ficar roxo de vergonha! Não dá mais! Já está passando da hora de o chefe se juntar aos outros membros da quadrilha. O Brasil precisa de uma confirmação urgente de que a Lei vale para todos, sem exceção. Só depois da prisão do Lula e seu julgamento é que vamos poder virar essa página.

sexta-feira, 10 de março de 2017

Empresas que doam

No afã de defender, por antecipação, os seus amigos do PSDB, o ministro Gilmar Mendes acaba de fazer mais uma declaração desastrada e desairosa para o Supremo Tribunal, que já anda tão desacreditado.
Disse ele que "caixa 2 deve ser desmitificado" e que seria "uma opção da empresa que faz a doação".
Um ministro do tribunal mais elevado do país dizer que um ato ilícito e ilegal deva ser desmitificado, seria um absurdo inconcebível, fosse o Brasil um país decente e normal. Só não é absurdo e, talvez, ninguém se espante, porque o Brasil não é um país normal, nem decente.

Na semana passada, Roberto Pompeu de Toledo, relembrou um poema de Carlos Vogt, "Identidade Nacional", que repito abaixo: 
"Terra de contrastes, como sempre, tudo é igual a si e a seu contrário, o temporário segue permanente e o permanente permanece temporário".
É uma bela definição desse país estranho, virado de cabeça para baixo, no hemisfério sul. 

Quer dizer então, senhor ministro, que caixa 2 é "normal"? Então as empresas, não me refiro àquelas bafejadas com contratos milionários nas estatais, refiro-me às outras, as que pagam impostos, taxas, emolumentos, contribuições e outros quejandos; quer dizer então que essas podem também escolher? Se não quiserem pagar essas taxas, impostos, emolumentos, contribuições e que tais, elas podem optar pelo caixa 2 e deixar de contabilizar seus ganhos?
Que bela notícia seria, se fosse verdade; mas não é.

O ministro não está estendendo seu raciocínio a todo gerador de riqueza nesse país, não. Ele só se refere às empresas que doam, não às empresas que doem. As que doam são inocentes de qualquer coisa, por princípio. Elas podem optar, podem escolher se querem doar no caixa 1 ou caixa 2. Afinal, se doam para quem pode perder as eleições, melhor doar no caixa 2, escondido de tudo e de todos. E como a escolha é delas, o pobre coitado do humilde e inocente político que apenas recebe a doação, não pode ser responsabilizado pela escolha que o outro fez. Assim, está resolvido! Quem doou, doou e pronto! Doa a quem doer! Ou melhor, doe a quem doar.

sexta-feira, 3 de março de 2017

O ser humano

Há momentos em que se chega a concordar com os filósofos pessimistas, como Schopenhauer, que não acreditam no ser humano. Nossa espécie é dentre todas, a que mais males causa si mesma e às demais. Nós nos agredimos o tempo inteiro, impomos a nós mesmos e aos nossos semelhantes, sofrimentos absolutamente sem sentido e desnecessários e, basta o controle social afrouxar um pouco, transformamo-nos em bárbaros selvagens. 

Em nome de um deus qualquer, mutilamos, decapitamos, queimamos na fogueira, tal como fez a Igreja na Idade Média ou faz hoje o Estado Islâmico. Em nome de uma filosofia qualquer, mandamos milhares aos fornos crematórios, submetemos crianças a experimentos "científicos", segregamos famílias e amigos, como se fez e ainda se faz no tráfico de escravos, ou nos regimes salvacionistas do nazismo e do comunismo.

Em escala menor, mais próxima de nós, acontece um fenômeno assustador que confirma todo esse pessimismo:o ex-goleiro Bruno, condenado pelo assassinado brutal de sua amante, foi recebido como celebridade em Sete Lagoas, depois de sua libertação. Mulheres se aglomeraram na porta da delegacia, ansiosas por tirar "selfies" com ele! O que é isso? Que fenômeno é esse? Francamente, não consigo entender.

Outro absurdo é o massacre de macacos por populações assustadas com a febre amarela. Não só estão perseguindo e matando macacos perfeitamente sadios, como ainda os submetem a rituais de tortura! Isso é demais! A polícia militar está sendo obrigada a intervir para tentar impedir esses crimes hediondos. A invés de se revoltar contra os políticos que fizeram com que a saúde pública nesse país chegasse a esse ponto, essas populações atacam quem nada tem a ver com a história.

Meu pai, que era um outro pessimista, nunca acreditou na espécie humana, com exceção de um ou outro indivíduo. Dizia ele que o ser humano é um projeto fracassado; que, se Deus existisse (ele era ateu) devia ter muita vergonha de sua obra. Eu, que sou um incorrigível otimista, nessas horas chego a concordar com ele.

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