terça-feira, 28 de março de 2017

Malandragens

De vez em quando eu me pergunto: por que é que, nós brasileiros, somos tão incompetentes em estabelecer uma sociedade e um país digno, funcional e eficiente? Outros povos conseguiram.

Há mazelas que são universais, como o egoísmo, a corrupção, a sede desenfreada de poder, entretanto alguns povos conseguiram a façanha de confinar essas mazelas em limites civilizadamente aceitáveis. Outros, como o Brasil, parecem carecer de algo em sua constituição que faz com que essas mazelas não sejam somente toleradas, mas até mesmo estimuladas devido ao sucesso que certos indivíduos têm ao exercê-las em proveito próprio.

Ninguém, em lugar algum do mundo, conseguiu estancar a corrupção e a desonestidade, mas países como a Islândia ou Suécia ou a Finlândia, conseguem mantê-las em um nível que para nós seria considerado impossível. Lá, a probabilidade de alguém achar uma carteira com dinheiro em um Shopping e entregá-la intacta na seção de Achados e Perdidos é altíssima. Sendo assim, um cidadão comum, será assim também a classe política que o representa.

O que é que nos faz diferentes e em um nível tão baixo? Antropólogos, sociólogos, psicólogos e afins terão muitas respostas para isso. A Academia está cheia delas, mas nenhuma me convence, principalmente a que apela para a "exploração dos oprimidos" como uma justificativa para o "caráter" nacional. Para mim, essa é uma resposta religiosa, pois contém muito da culpa cristã embutida e disfarçada dentro dela. Essa mesma culpa, entretanto, é que mantém o "status quo", pois justifica e "perdoa" o erro, ao invés de corrigí-lo. Onde há culpa, acaba havendo uma desculpa. Em outras palavras, culpa e desculpa são as duas faces da mesma moeda.

A malandragem brasileira, tão cantada em verso e prosa, nos levou a essa sociedade desigual, injusta, desequilibrada e cruel. Essa malandragem chegou lá, ao poder, aos píncaros e só fez destruir o que havia ainda de bom e decente no país. Os malandros estão lá em Brasília, rindo da nossa cara. 

Está difícil tirá-los de lá. Agora, só nos resta uma esperança: no próximo ano haverá eleições. Será que os malandros bocós de cá, vão reeleger os mesmos malandros espertalhões de lá?



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