sábado, 22 de agosto de 2020

O dia da marmota

Feitiço do Tempo (ou O Dia da Marmota) é o nome de um filme. Quem assistiu, sabe do que estou falando. Quem não viu o filme, fique sabendo que existe uma tradição, no Estado americano do Kentucky, de que uma certa marmota sai da toca em determinado dia no final do inverno. Se ela voltar para a toca é sinal que a neve prosseguirá ainda por algumas semanas. Se ela não voltar, é sinal que o degelo vai começar. O filme conta a história de um repórter televisivo que vai a essa cidade para acompanhar a saída da marmota.
Acontece que ele fica preso em uma dobra do tempo e, quando amanhece o outro dia, na verdade ainda é o dia anterior e, mesmo que os acontecimentos sejam relativamente diferentes, o dia ainda é o mesmo. Isso se repete indefinidamente, mas ninguém, exceto o repórter,  se dá conta disso.

Esse grande introito foi para dizer que, no Brasil, vivemos um eterno dia da marmota. Sai governo, entra governo e permanecemos no mesmo lugar, com as mesmas mazelas, os mesmos cacoetes, os mesmos defeitos.

O governo Bolsonaro, apesar da rusticidade e até estupidez flagrante do governante incumbido, parecia que ia nos tirar desse ciclo vicioso. Nomeou um ministério técnico e, no geral, de excelente qualidade. Não deu oportunidade aos fisiológicos de botar suas garras nas tetas estatais. Quero dizer, não havia dado. A partir do momento em que seu filho 02 apareceu com as mãos na botija, no caso das "rachadinhas", pronto! Aquele governo Bolsonaro, que esperávamos, acabou e se transformou no quê? No mais do mesmo. A mesma velha porcaria pública a que dão o nome de política, mas que na verdade é apenas um assalto orquestrado e permanente ao nosso bolso, o bolso dos pagadores de impostos.

Aí começou o troca-troca de ministros, a desavença com as próprias bases, os arroubos autoritários e as declarações desaforadas e estapafúrdias, depois veio
 o silêncio obsequioso e os conchavos, por debaixo dos panos, com Tófolli e, sabe-se-lá-mais-quem do Supremo, para deixarem as coisas como estão. O governo encolheu, talvez tenha chegado ao seu verdadeiro tamanho agora que não tem mais Moro e se pendura ainda na capacidade do ministro da Economia, que vem durando no cargo surpreendentemente, mas não se sabe até quando.

E a pandemia não tem nada a ver com isso. A verdadeira pandemia interna que está matando o país é nossa velha conhecida. É ela que nos faz ficar parados há décadas no mesmo lugar, revendo todos os dias o mesmo filme da corrupção insanável da vida pública brasileira.



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