terça-feira, 13 de dezembro de 2016

A de(pi)lação da Odebrecht

A Odebrecht depilou as partes íntimas da República. Está tudo exposto, à vista de quem quer que seja. Quase ninguém escapa. Todos os antros e meandros foram raspados e mostrados, de frente e de costas, de cima e de baixo, ao distinto público, que, boquiaberto, assiste perplexo a esse filme pornô sem censura e sem fim.

O pior é que o distinto público é quem paga a produção desse filme, mas só descobre tardiamente que foi ele quem pagou pela espetaculosa produção. Os atores e atrizes já são velhos conhecidos do público. Estão sempre atuando e fazendo os papéis mais diversos. A maioria sempre preferiu o papel de mocinhos, mocinhas e santos pudicos e compenetrados, mas agora foram obrigados a se despir e mostrar tudo. Ou melhor, a Odebrecht, a cafetina do showbizz que vivia em conjunção carnal com esses atores, vinha gravando todas as cenas e agora é quem nos está mostrando esse filme pornô classe B.

O filme é nauseante não só para os ingênuos e os moralistas, mas também para quem já adotou uma postura cínica diante das telonas dessa República malcheirosa. Muitos de nós já imaginávamos as cenas picantes, as conversas sussurradas, as promessas veladas, as piscadelas de olhos, os bilhetes indecorosos, os michês passados debaixo das mesas, mas o filme produzido e que está em cartaz foi muito além da mais obscena imaginação.

O conúbio da Odebrecht com o poder demonstra como a nossa República está apodrecida. Demonstra que a democracia aqui é simplesmente uma ficção. Quem elege, quem manda, quem decide onde gastar o dinheiro público, que projetos aprovar, que projetos rejeitar, que prioridades atender são essas cafetinas, cuja maior representante é a Odebrecht, apenas a líder do cabaré. 
Elas mantinham, ou ainda mantém,  seus cafetões e gigolôs, habitando a Casa de Tolerância chamada Congresso e dizendo aos supostos representantes do povo, qual é a pauta e a agenda do dia.
E nós, distinto público, pensando que a nossa opinião conta, que nosso voto vale. 

A depilação é uma coisa muito dolorosa, mas necessária. Melhor expor as partes pudendas para que se possa fazer uma limpeza geral. Fiquemos vigilantes porque os efeitos da depilação duram só um certo prazo. De tempos em tempos outras depilações serão necessárias.


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