quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Pobre país rico

Qual é a diferença entre extrair petróleo de águas marítimas profundas e extraí-lo à flor da terra? Custo! A diferença, brutal, é o custo. Claro que trabalho e risco estão envolvidos, mas tudo isso pode ser convertido em números e ser traduzido por uma palavra: custo.
O custo muito mais baixo da extração do petróleo de xisto, comparado com o de águas profundas como o do pré-sal, se traduz, ou em maior lucratividade para as empresas exploradoras, ou em preços mais baixos do produto final. Geralmente, quando isso acontece e quando se associa a isso a "lei da oferta e da procura", com a maior abundância do bem oferecido as duas coisas se verificam: o lucro aumenta e os preços caem.
Aonde quero chegar com isso? Quero dizer que quando o governo faz as contas da dinheirama que pretende ganhar com o petróleo do pré-sal está contando com o ovo ainda no fiofó da galinha. 
Senão, vejamos. A estimativa de recuperação de óleo do pré-sal varia de 8 a 12 bilhões de barris, segundo a ANP. Fiquemos com 10 bilhões. O período de extração será de 35 anos até se esgotar a reserva. Ao preço de 100 dólares por barril essa reserva valeria mil bilhões (ou seja, 1 trilhão de dólares). O custo estimado da extração é de 25 dólares por barril. Até aí tudo bem. Todos estão ganhando muito. O problema é o "se". 
Com a descoberta das reservas de xisto nos EUA e considerando o custo muito mais baixo dessa extração, o preço do óleo (e gás) não se manterá em 100 dólares pelos próximos 35 anos! Também não se sabe ainda com certeza se o custo da exploração do pré-sal será só de 25 dólares por barril! pode chegar até 50!
Se o preço do gás já caiu de 13 para 2 dólares por BTU nos Estados Unidos e eles, que são o maior importador, tornando-se autossuficientes, pode se imaginar que efeito terá sobre os preços internacionais do petróleo.  Não seria espantoso, nesse cenário, se o preço do barril voltasse aos 30 dólares dos anos 80. Aí, bye, bye, valor das reservas do pré-sal.
Portanto o que Dilma tem a comemorar até agora é ainda um conjunto de incertezas. Não se sabe ainda se as reservas recuperáveis são mesmo de 10 bilhões de barris, não se sabe se o custo de extração nas águas ultra-profundas do pré-sal será mantido nesses 25 dólares por barril e não se sabe se o preço do petróleo permanecerá no patamar de 100 dólares.
Mas comemora-se assim mesmo, afinal o que interessa a ela é apenas a reeleição. Depois, quando as coisas derem errado, o problema será somente das futuras gerações do povo brasileiro.

Há países e países. Há aqueles cujo povo e, consequentemente, os dirigentes procuram construir uma nação rica e poderosa e há aqueles em que o povo e os dirigentes querem fazer o contrário. Ambos conseguem.

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Sucesso! A dívida da Petrobrás vai aumentar!

E viva o pré-sal! Aplausos! Maravilha! Vendemos a melhor parte da riqueza do pré-sal a um único ofertante e pelo preço mínimo do leilão. Ou seja, não houve leilão! Não houve disputa porque ninguém mais se interessou. Nem a gigante British Petroleum, nem a ExxonMobil, nem a Chevron, nem mesmo a mexicana Pemex ou a norueguesa Statoil se interessaram. Mesmo assim, Dilma comemorou a formação do "maior consórcio do mundo". Tinha que ser alguma coisa "maior do mundo". Menos que isso não atinge os objetivos marqueteiros e populistas do governo.
O "sucesso" foi também comemorado pelo ministro da Justiça e pela diretora da ANP, Magda Chambriard, que disse que um "sucesso maior que esse era difícil de imaginar".
Realmente. Imaginemos se houvesse dois ou mais consórcios concorrentes, disputando a tapa o campo de Libra. Que horror! Que falta de civilidade! O bom mesmo é fazer leilão com um só interessado.  Assim não há briga e todos saem satisfeitos comemorando.
Apesar desse "sucesso" todo, a presidente da Petrobrás, Graça Foster, não quis dar declarações. Talvez esteja preocupada com os 6 bilhões que a Petrobrás vai ter que pagar pela sua participação no consórcio, mas é uma bobagem se preocupar com isso.
Para quem já deve 176 bilhões (a maior dívida de empresa de capital aberto do mundo!), o que são mais 6 bilhões, menos 6 bilhões?

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Neo-liberalismo da Dllma

Estou apostando que quem vai ganhar a privatização do campo de Libra do pré-sal hoje (se o leilão puder ser realizado, apesar das liminares e dos protestos) será uma empresa... chinesa e, obviamente, estatal.
Os motivos são vários, mas chego a essa conclusão, principalmente, porque a China é o país que detm as melhores condições de poder bancar o pesado investimento que essa atividade exigirá de imediato. De quebra, entregará 15 bilhões de reais para o governo Dilma cobrir os rombos das contas públicas em 2013.
Melhor é impossível para a gerentona, que entrará em 2014 em plena campanha eleitoral buzinando aos quatro ventos as maravilhas da sua condução econômica, temporariamente "saneada".
E o seus partidos PDT/PT que tanto berravam contra o "entreguismo" das riquezas brasileiras ao capital estrangeiro, ficarão caladinhos, fingindo-se de mortos.
É claro que, para eles, "entregar" para a China não é o mesmo que "entregar" para os Estados Unidos ou para a nação britânica. Nisso, os brios e as coceiras nacionalistas petitas e pedetistas ainda mantém a mesma posição ideológica. Afinal a China, pelo menos na forma, é ainda um país comunista. Imperialismo e neo-colonialismo, para eles, é só aquele patrocinado pelo hemisfério norte de olhos azuis! Para os demais, como os "comunistas" chineses, isso deve ter um outro nome: talvez "cooperação estratégica" ou "parceira terceiro-mundista".

Após 5 anos das bravatas lulistas sobre o pré-sal, lá vamos nós ao primeiro leilão com a nossa estatal do petróleo quebrada. Sua dívida passou de 49 bilhões (em 2007) para os 176 bilhões atuais, mesmo tendo havido a tal megacapitalização. Ou seja, em cinco anos o PT quebrou a Petrobrás. A sociedade brasileira não pode deixar que os recursos do pré-sal sejam desperdiçados da mesma maneira. 
O discurso é um, mas a prática é outra. Por isso assistiremos hoje ao espetáculo tragicômico do petismo fazendo todos os malabarismos para justificar suas ações neo-liberais! 
Como no caso das biografias, na hora "H",  a ideologia que conta mesmo para eles é a que garante o vil metal.

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