segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Escombros

Caia ou não caia, de imediato, essa presidenta que não governa, uma coisa é certa: esse modelo político acabou. Chega! O corporativismo, o fisiologismo, a privatização do Estado, tudo isso levou o Brasil à falência e agora o ciclo se fecha. Acabou. Game over.
Pelo menos o PT, ainda que involuntariamente, fez esse benefício ao país: mergulhou tão fundo e tão afoitamente no modelo que condenava, quando ainda era oposição, que fez o próprio modelo se esgotar. Gastou o que podia e o que não podia com benefícios exclusivos, privilegiando determinados grupos econômicos, para se beneficiar do dinheiro que esses agentes movimentavam e desviavam dos cofres públicos.
A história de terror do BNDES ainda está para ser contada, mas já se sabe hoje que o maior volume das pedaladas foi feito para manter o Bolsa-empresário. Nada, nada, foram 50 bilhões de subsídios doados pelo BNDES às empresas, portanto não foi o Bolsa-Família que provocou o rombo.
O pior para nós é que não há solução simples, nem de curto prazo. O imbroglio
é tal que qualquer solução é de difícil implementação. Aumentar os impostos não será facilmente deglutível pela população. Cortar gastos é coisa que governo nenhum consegue fazer, nem mesmo quando é competente.
A inflação, apesar da recessão, persiste em subir para a casa dos dois dígitos sem dar trégua. A taxa de juros foi aumentada para reduzir o crescimento econômico e diminuir a inflação. O crescimento econômico já está negativo e a taxa de juros não pode mais ser elevada, senão provoca mais... inflação! Além de provocar mais déficit.
O real desvalorizado, junto com a taxa exorbitante de juros, deveria estimular investimentos externos, mas esses investimentos não vêm porque ninguém confia nesse governo.
O governo nem fica, nem cai e o destino do país que se dane. A luta entre Dilma e Eduardo Cunha dá empate técnico e, por isso mesmo não nos leva a lugar algum.
Todos esses sinais já deveriam ter deixado bem claro que a festa acabou. Não há dinheiro, não haverá dinheiro e a recuperação econômica será lenta. Está na hora de esses atores saírem do palco e deixar espaço para outra gente, com outros valores, como outro modelo de governança. Esses atores ainda são desconhecidos por nós, mas existem. Estão se formando, se preparando e já está passando da hora de assumirem o papel político que é dado a toda juventude que se preocupa com o seu país. Esses jovens promotores do Ministério Público, por exemplo, são dessa casta, dessa geração.
É uma turma que está hoje entre os 30 e os 40 anos, bem formada, inteligente e não cooptada pelo lamaçal da política tradicional. É gente que foi criada com outros valores, que respeita a diversidade, que se preocupa com o meio ambiente, com o direito do outro, com a submissão de todos à lei. É uma classe que pode dar um "reset" nessa nossa famigerada república e reinstaurá-la em bases verdadeiramente democráticas, onde o direito de todos e o interesse público sejam prevalentes, onde não haja espaço político para Malufs, Renans, Cunhas, Barbalhos, Collors, Lulas e Dilmas.
Uma república assim pode nascer desses escombros políticos, mas para isso esses escombros tem que ser varridos do mapa. Compete a nós varrê-los.


sábado, 17 de outubro de 2015

Anarquia

Nem em 1964, um dos piores momentos políticos da nossa história, o Brasil passou por uma situação semelhante. Temos uma presidente, que acabou de tomar posse e já não governa, um congresso destrambelhado e sem comando que não sabe se tira a presidente ou se a deixa governar, um poder Judiciário constitucionalmente apolítico, que a toda hora intervém na política, ditando normas ou mudando-as ao sabor dos interesses de um lado ou de outro, os partidos governistas (PT e PMDB) fazem oposição ao governo que apoiam.
Ou seja, apesar de haver quem diga que as instituições estão fortalecidas e funcionando, isso é conversa para boi dormir. Não há nada no país que esteja, institucionalmente, funcionando como deveria.
O que há é um estado caótico na política e na economia. Não há liderança em nenhuma das duas áreas e, portanto, o país não anda para lado nenhum. As maiores empresas do país, públicas e privadas, estão envolvidas em um mar de lama de corrupção, consequentemente qualquer liderança empresarial é vista com descrédito. Uma das lideranças empresariais, por exemplo, o Sr. Johanpeter Gerdau (isso é uma constatação, não uma acusação) fazia parte do Conselho de Administração da Petrobras quando esse Conselho aprovou a compra da usina de Pasadena. Não houve voto seu contrário à transação. Então cabe a pergunta: se isso ocorresse em um empresa do grupo Gerdau, o Sr. Johanpeter teria aprovado essa compra? Se a resposta for sim, chegamos à conclusão de que o sucesso do grupo Gerdau se deu por acaso e não por conta de uma gestão competente. Se a resposta for não, pode-se concluir que o cuidado e a eficiência do Sr. Gerdau na gestão de suas empresas privadas são negligenciados quando se trata de gerir uma empresa pública. Nenhuma das alternativas, fala a favor de uma liderança empresarial desse tipo. Não cabe aqui mencionar sequer uma hipotética liderança de um Odebrecht ou um Mendes ou um Ricardo Pessoa, porque seria o absurdo do cinismo.
Na área política já vimos que nem a oposição-situação, nem a oposição-oposição assumem seu papel. Quando se trata de combater o ajuste econômico o PT é mais oposição que a oposição. Quando se trata de promover o impeachment da presidente baseado em mais que evidências de malversação e desrespeito ás leis, o PSDB se esconde e quem tem que liderar o processo é um respeitável cidadão, que entretanto não exerce cargo político algum, como é o caso do Dr. Hélio Bicudo.
"Não há vácuo na política", diz um velho ditado. Quando esse vácuo começa a se estabelecer, logo ele é ocupado pela primeira liderança, boa ou má, patriótica ou interesseira, que apareça. Isso é um perigo. Já vimos as consequências nefastas em outros países, da Alemanha ao Oriente Médio.
Estamos em um momento crítico e não sabemos resolvê-lo. A anarquia já está instalada. O caos econômico só vai piorar se não houver uma solução política rápida. Até quando esse país aguentará sem que haja uma explosão social? Parece que os políticos querem saber qual é esse limite.


terça-feira, 13 de outubro de 2015

Usurpação

É patética a posição de dona Dilma! Escorraçada por toda a nação, incluindo uma boa parte de quem votou nela, agarra-se à chicana e aos golpes mais baixos para poder ficar mais tempo no desgoverno do país. Essa apelação ao STF, que por sua vez contaminado de dilmite aguda, concedeu liminares interferindo diretamente em um processo legítimo de outro poder, mostra que não há barreiras ou limites ao que essa gente faz para não largar o osso. Que honra, que dignidade que nada! O negócio é continuar agarrado ao "pudê".
Primeiro foi o "toma-lá dá-cá" com o PMDB para ver ser conseguia barrar o processo. Agora quando percebeu que a coisa ia, apesar de tudo, tiveram que recorrer às barras das togas. São 11 pessoas jamais eleitas pelo povo que irão decidir se os mais de 500 representantes eleitos por esse mesmo povo podem ou não votar a destituição ou a manutenção do mandato de outro eleito?
Cassar a decisão do Congresso, ou pior, impedí-lo de decidir é cassar a voz do povo. Se o Congresso for impedido pelo Supremo de exercer suas prerrogativas é melhor então que seja fechado e que o Supremo passe a legislar em seu lugar.

Quanto mais o tempo passa, mais ficamos parecidos com a Venezuela. Lá há um arremedo de poder Judiciário, o Tribunal Supremo de Justicia, que em 1999 veio a substituir a Suprema Corte de Justicia, pois essa não atendia aos interesses do chavismo. Aqui as coisas funcionam de modo mais sutil, mas ao fim e ao cabo o objetivo é o mesmo: a perpetuação no poder sem contestação.
As coisas estão tomando o rumo determinado pelo Foro de S.Paulo e a sociedade brasileira assiste a tudo de boca aberta e sem saber o que fazer. E enquanto os atores políticos exibem suas performances e se engalfinham em briga de cachorros grandes, o país segue à deriva, com a inflação e o desemprego galopando, a moeda derretendo e a produção de riquezas andando para trás, para não falar da carência de segurança, de saúde, de educação...







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