sexta-feira, 6 de abril de 2018

Supremo machismo

Foi interessante observar  como reagiram os ministros do Supremo, Lewandowski e Marco Aurélio, indignados com os votos de suas colegas. Interromperam-nas, agrediram-nas verbalmente, só faltaram mandá-las calar a boca ou irem pra casa lavar pratos.

Discordaram dos votos, mas esqueceram-se dos rapapés corteses com que costumam brindar seus colegas homens. Aliás, quanto a esses, mesmo expondo opiniões e votos em desacordo com o desejo e o interesse da dupla, mesmo seguindo na mesma linha de raciocínio das ministras, tiveram suas falas menos interrompidas e mais silenciosamente respeitadas.

Marco Aurélio chegou até a dizer que Rosa Weber votara como votou por ser inexperiente. Ao que ela respondeu, bem respondido, que tem 42 anos de magistratura e que quem acompanha sua trajetória sabe que ela vota dessa forma e que não se afasta dos seus princípios, sendo um deles, o respeito à colegialidade. Coisa que, digo eu, nem Marco Aurélio, nem Lewandowski, nem Gilmar Mendes parecem respeitar.

Aliás, esse trio, parece querer ditar normas no Supremo a seus colegas. Só não perceberam que a realidade mudou. Já houve tempo em que os conchavos de gabinete definiam os votos das turmas e do plenário. Hoje os novos ministros demonstram estar muito mais sintonizados com as ruas e o clamor público.
 Tem gente que não gosta. Diz que a Corte tem que se manter infensa a pressões externas. Balela! O STF nunca foi imune a essas pressões. Só que, antes, elas vinham de dentro do arcabouço institucional e dos escritórios de advocacia remunerados a peso de ouro.

Isso foi um dos fatores que nos levaram a situação atual. Essa Corte, supostamente impermeável à pressão, foi que permitiu a impunidade neste país até chegar ao ponto que chegou. A garantia da impunidade, reforçada pelo foro privilegiado, obviamente estimulou, estimula e estimulará, a ação deletéria daqueles que querem se apropriar do Estado em benefício próprio.

Há que dizer também, e ninguém diz, que essa impunidade interessa obviamente aos escritórios de advocacia, remunerados com o mesmo dinheiro surrupiado do Estado. Escritórios esses, muitas vezes pertencentes a membros do próprio Supremo. Ou seja, tudo faz parte do Mecanismo que subtrai do povo o retorno devido pelos impostos pagos.

A postura machista de Lewandowski e Marco Aurélio, representa os últimos estertores de um tempo, que, esperamos, esteja cada vez mais ficando no passado.





terça-feira, 3 de abril de 2018

Vale tudo?

No decorrer desses últimos anos, várias vezes nos dissemos que o Brasil estaria em uma encruzilhada institucional, que, dependendo do que acontecesse, o país andaria para frente ou para trás. Dessa vez, entretanto, a situação chegou ao paroxismo entre essas duas possibilidades.

Estamos diante de um Estado dominado pelo crime organizado versus uma sociedade civil indefesa. O que resta de idoneidade nas instituições estará em teste amanhã. Ou temos uma Justiça que funciona e funciona para todos, ou a justiça que temos está também cooptada pelo crime. Nesse caso, que Deus nos acuda.

Se a Justiça estiver cooptada, acabou o que restava de civilidade na vida brasileira. A barbárie já está instalada entre nós. Estamos acostumados a viver em sobressalto sob a ameça de a violência irromper em nossas vidas a qualquer momento, mas, ainda que só formalmente, as instituições existem e mais ou menos funcionam.

Se a Justiça se ajoelhar, nada mais resta de esperança de podermos recuperar uma vida normal em sociedade, a não ser o Poder Militar. Esse será a última cidadela da população indefesa e, mesmo esse, temos duvidas se conseguirá restabelecer alguma normalidade a curto prazo.

A decisão se vamos para a barbárie ou para a civilização será amanhã e está nas mãos do Poder Judiciário.

terça-feira, 27 de março de 2018

A cólera das Legiões

A história deveria ser revista e analisada pelos agentes políticos a título de aprendizado para suas ações presentes e futuras. Afinal, não há big data maior, nem mais importante, do que os eventos históricos havidos desde que o Homo sapiens desceu das árvores.

Pois a história nos ensina que, mesmo o maior império que existiu no planeta, em extensão, influência cultural, poder econômico e militar relativos às demais sociedades contemporâneas, o império Romano acabou em anarquia. Não foram as invasões bárbaras que destruíram o império, ao contrário, foi a destruição do império que permitiu as invasões bárbaras.
E o império foi destruído de dentro para fora, pela inépcia, corrupção e incúria dos seus governantes e a aceitação passiva e lasciva da população. Imperadores devassos e tiranos como Calígula, Nero e Cômodo representavam apenas a ponta do iceberg de degradação que se espalhava por toda a sociedade. Não teriam chegado ao poder em uma Roma republicana e austera dos primeiros tempos.

A anarquia chegou a tal ponto que as Legiões destacadas para manter o status quo, ou seja, garantir no poder os devassos, resolveram elas mesmas preservar o poder para si e exercê-lo, na falta de melhor opção.

Qualquer semelhança com o Brasil de hoje não é mera coincidência. A diferença é que nem de longe o Brasil pode se comparar ao império Romano, mas a degradação segue o mesmo padrão. Isso deveria fazer um alerta aos detentores do poder nas várias esferas, pois as legiões se cansam. Cansam-se de ser os guarda-costas dos que visivelmente não deveriam ocupar a posição que ocupam. Quando os governantes não tem mais nem o respeito, nem a admiração dos governados, deixam de ter legitimidade. O povo só respeita as autoridades que se fazem respeitar. E as legiões são o braço armado do Povo. Elas estão lá para servir à Pátria e não aos governos passageiros.

O aviso do General Mourão foi claro: "Cuidado com a cólera das Legiões".

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