terça-feira, 25 de outubro de 2016

Um senadoreco

O atleta esperneou feio diante da ação da PF em cumprimento a uma ordem do juiz Vallisney de Oliveira (guardem esse nome!). Atleta é o codinome do senadoreco, Renan Calheiros, nas planilhas da Odebrecht. Um senadoreco que já renunciou à presidência do Senado por ter prevaricado e, eleito novamente, tudo indica que prevaricou de novo. Há dois problemas aí: um, a lei que permite uma coisa dessas, o outro problema é o eleitor, que reelege um Maluf, um Fernando Collor, um Jader Barbalho e um Renan Calheiros.

O senadoreco, esperneando, chamou de juizeco ao juiz Vallisney por este ter autorizado o prisão de agentes da polícia legislativa.
Aí vem uma grande pergunta? Para quê existe essa policia legislativa? Para manter a segurança do Congresso não basta a polícia militar do Distrito federal, ou, se for o caso, a Polícia do Exército? Essa polícia legislativa é apenas uma milícia a serviço de bandidos travestidos de parlamentares.


Renan está raivoso porque sente a aproximação do xilindró. O STF bem que podia acelerar os oito processos em que ele está envolvido e, de imediato, destituí-lo de suas funções como fez com Eduardo Cunha. Em seguida, abrir o processo e julgá-lo com celeridade, como fez o juiz Sérgio Moro, com o mesmo Cunha.

Qual é a diferença entre Eduardo Cunha, Lula e Renan Calheiros? A meu ver, nenhuma, a questão é só de dimensão dos crimes, que variavam conforme a oportunidade dada a cada um de cometê-los, em razão da função pública que exerceram.

Renan Calheiros na presidência do Senado só faz por desmerecer a instituição. Calígula, para demonstrar seu desprezo pelo Senado Romano, fez nomear seu cavalo, Incitatus, senador. Será que essa gente vai fazer o Senado brasileiro chegar ao mesmo nível?

domingo, 23 de outubro de 2016

País da hipocrisia

No Brasil, a gente tem que ir se acostumando. Sempre haverá um modo de os nossos políticos nos surpreenderem, por mais calejados que sejamos. Agora, por exemplo, a operação Métis da PF desvenda a ação sofisticada da polícia legislativa para obstruir a Justiça e proteger investigados detentores de mandato, ou mesmo sem mandato.

Um policial, Geraldo César de Deus de Oliveira, confessou ter ido ao Maranhão, fazer uma varredura na casa do genro do senador Lobão, por ordem do presidente do Senado!!! Fez o mesmo na Casa da Dinda, residência particular do nosso velho conhecido Fernando Collor. É uma polícia sendo cooptada e posta a serviço de uma bandidagem travestida de senadores.

Eles, tomaram o Estado de assalto. Tomaram conta e, mesmo sob investigação, continuam agindo nas sombras, continuam organizando o crime e se protegendo uns aos outros, no melhor estilo da máfia siciliana.
Está claro, para todos os cidadãos de bem, que o Estado necessita de mecanismos rápidos e eficazes para vencer essa turba, ou vamos perder de balaiada, porque eles são rápidos, eles não tem escrúpulos de apelar para quaisquer meios. Eles não estão parados, ou dormindo à espera que a PF lhes venha bater à porta. Não! Ele estão agindo o tempo todo para se proteger.

Assim, por causa de escrúpulos ou tecnicalidades, estamos sujeitos a ver um Lula fugindo para o Uruguai, por exemplo. Um Sarney e uma Gleisi mandando apagar evidências. Um Renan tentando aprovar uma lei de amordaçamento dos juízes, do Ministério Público e da Polícia Federal e colocando funcionários públicos para agir em seu favor como contra-espiões.

Outra coisa, que precisa mudar, é a suavidade das punições. Uma pessoa que sofreu impeachment por roubo, como foi o caso do Collor, jamais poderia exercer (ou mesmo disputar) qualquer cargo público. Um condenado a 18 anos de reclusão, após cumprir 3 anos em regime fechado tem direito ao regime semi-aberto. Ora, um condenado a 18 anos não cometeu um crimezinho qualquer. Entretanto, fica 3 anos preso, bonzinho, fazendo ares de beato e sai da cadeia, com possibilidade de repetir tudo, como de fato, repetem.

Somos o país da hipocrisia. Temos a capacidade de aceitar uma verdadeira guerra civil pela ruas, onde se mata por causa de um celular; as nossas prisões estão desumanamente superlotadas; as condições carcerárias, para quem não tem dinheiro, são sub-humanas, entretanto consideramos um horror uma condenação à prisão perpétua, por exemplo. Na Lei, naquilo que só vale para os ricos e poderosos, a pena tem que ser abrandada para proporcionar a "recuperação" do condenado. Haja hipocrisia!

Se essa mentalidade não mudar, não haverá Lava Jatos que cheguem.

sábado, 22 de outubro de 2016

Codinomes

Dá para fazer um estudo sócio-psicológico dos apelidos do pessoal da propina, revelados pela operação Lava Jato.

Começou com o "Brahma", para designar o chefe da quadrilha, o mesmo que, nas planilhas da Odebrecht recebe o codinome de "Amigo". Ficou famoso também o "Feira" e sua mulher "Dona Xepa".
O estudo desses codinomes revela muita coisa, desde a imagem que deles tinham os corruptores, os ativos da relação, até características físicas ou de personalidade exibidas por eles.
Fico pensando: se a adoção de codinomes visava esconder a verdadeira identidade do agente passivo, por que não se adotava um codinome neutro, como XY57A, ou simplesmente um número de matrícula, tal como 007?
A segunda pergunta é: quem seria o criativo responsável pela invenção e adoção desses codinomes? Seria sempre a mesma pessoa? Ou o Departamento de Propinas, oops, Operações Estruturadas, tinha uma divisão que cuidava da atribuição desses apelidos de acordo com certas normas e regras burocráticas?
Acho que essas perguntas ficarão sem resposta, até porque são meras curiosidades socio-piscológicas. Os codinomes só interessam à Lava Jato até serem decifrados. Depois, viram folclore.

A lista é extensa e aqui vão alguns casos mais emblemáticos. O Italiano Antônio Palocci é uma referência óbvia. O Pós-Itália, já exige alguma interpretação, mas fica claro quando se considera que Guido Mantega, também tem origem italiana e sucedeu ao Palocci como ministro da Fazenda.
Feira, codinome de João Santana,  é evidentemente uma referência à feira de Santana. Dona Xepa se refere à barganha que se faz com os produtos restantes no final da feira.

Cajú poderia ser referência à cor dos cabelos de algum político, o que dificultaria muito a identificação, mas a referência é mais simples e direta, trata-se apenas de Romero Jucá.

Moch faz referência à famosa mochila onde João Vaccari Neto carregava dinheiro vivo, mas em outras planilhas, ele é identificado simplesmente como JVN.

Proximus é Sérgio cabral, governador do estado, onde está a sede da Petrobras, o alvo da sangria. Escritor é Sarney, membro da Academia Brasileira de Letras e autor de "Marimbondos de Fogo". Rio é Marcelo Nilo.

Atleta é Renan Calheiros, talvez uma referência às suas performances fora do Senado. Nervosinho é Eduardo Paes, o que não deixa de ser uma crítica, assim como Caranguejo atribuído a Eduardo Cunha.

Avião é o codinome da bela deputada pelo PCdoB, Manuela D'Ávila e Lindinho o de Lindbergh Farias. E não deixam de ter uma pitada de humor os codinomes Drácula, para Humberto Costa, Colorido para Fábio Branco e Eva para Adão Vilaverde.

Mais hilário ainda é houve até quem quisesse escolher o próprio apelido. Foi o caso da doleira, Nelma Kodama, que escolheu o codinome Angelina Jolie. Esse seria mesmo um codinome bastante difícil de se relacionar à pessoa. Basta olhar a foto da doleira e cada um conclua por si.
E há outros casos, também mais complicados de se correlacionar, ou mais misteriosos, como Passivo, atribuído a Jacques Wagner. Por quê será?  Por outro lado, Gim Argello era identificado como Alcoólico, o que é óbvio demais para quem queria esconder a identidade.

Agora com a liberação dos dados das contas da Suíça, não teremos mais codinomes, mas as verdadeiras identidades dos ladrões de dinheiro público. Perde-se em folclore, mas ganha-se em respeito à coisa pública.












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