domingo, 5 de janeiro de 2020

E agora, Macron?

Tenho a impressão que a decisão de Trump em ordenar a morte do general iraniano teve um propósito político interno. As eleições estão aí e Trump, apesar da alta popularidade, sofre um processo de impeachment.
Esse ato de agressão, aparentemente inócuo e desnecessário, contra o Irã, não passa de uma provocação. Não foi uma ação anti-terrorista, como a Casa Branca, quer fazer crer, mesmo porque o terrorismo não cessa com a morte de Soleimani, ao contrário, exacerba-se.
Então, qual seria o real motivo para que Donald Trump crie essa tremenda provocação e aumente em muitos graus a tensão no Oriente Médio? Ele está praticamente pedindo um ação violenta por parte do Irã. E haverá! O Irã não vai deixar de retaliar.
Então, quem ganha o quê com isso? Para os americanos e, em menor grau, para os europeus o risco aumenta e muito! 
Acontece que os americanos  tem a tradição de se enrolarem na própria bandeira e se alinharem com o líder de plantão - qualquer que seja ele - em períodos de risco e perigo. É isso que está nos planos de Trump. Ao criar um conflito externo, contra um inimigo fácil de ser provocado e com uma imagem bem estabelecida de vilão, ele monta uma estratégia eleitoral dificilmente superável pelos democratas e os coloca contra a parede.
Quem se atreveria a criticar um governo em ofensiva contra um inimigo externo? Isso seria visto como anti-patriotismo, um crime imperdoável para a opinião pública americana.
Do ponto de vista internacional, a França e Alemanha vão pedir calma e talvez condenar discretamente a ação dos Estados Unidos, mas sem maiores consequências. O Iraque já está alinhado com seu antigo arqui-inimigo e assim vai continuar. Israel vai fingir de morto e o Irã vai ter que deixar cair a máscara e assumir integralmente seu papel de financiador do terrorismo internacional. O tal tratado de pseudo-contenção do programa nuclear iraniano já foi pro brejo.
Melhor assim, afinal, até as pedras sabem que o Irã jamais deixou de avançar em seu objetivo de se tornar uma potência nuclear, com tratado ou sem tratado.
Agora, as coisas ficam mais explícitas e mais claras. Todo o mundo vai ter que escolher seu lado. Não vai dar mais para ficar em cima do muro, ouviu Macron?

quarta-feira, 25 de dezembro de 2019

Um país sem esperança

Pra variar, ficamos no meio do caminho. O pacote anticrime, do ministro Sérgio Moro, foi desfigurado pelos ínclitos deputados e senadores, como seria de se esperar, visto ser o Congresso Nacional nada mais que um covil de ladrões.
Esperava-se, no entanto, que o presidente vetasse os penduricalhos estranhos, como a figura do Juiz de Garantias, introduzidos no texto original, de modo a manter o pacote o mais próximo possível daquele produzido pelo ministro da Justiça.
Eis que Bolsonaro, um traidor, saca de sua caneta Bic, vagabunda e populista, e resvala pelo texto, deixando intacto o pior de todos os jabutis.

 Alegria no Congresso, alegria no PT e na esquerda! Quem diria que o PT estaria aplaudindo algum ato do Bolsonaro!
É assim, infelizmente, a política podre que se faz no Brasil. São uns protegendo os outros e vice-versa. 

Na hora em que o calo aperta, todos colaboram, não importa a cor da camisa, não importa a ideologia. Aliás, não se pode falar em ideologia em relação a organizações criminosas e o que existe na política brasileira, com raras e honrosas exceções, são organizações criminosas. Umas de maior, outras de menor porte, algumas familiares, outras quase individuais, mas o todo funciona assim: cada um surrupia onde pode e, no momento em que são ameaçados, unem-se informalmente em busca de se proteção.

O que Bolsonaro está fazendo é tão somente blindar seus filhos larápios e, sabe-se lá se são só os filhos. Acabou com o COAF, uniu-se a Dias Tóffoli que bloqueou o processo do filho Flávio e agora sanciona essa lei sem vetar o pior de todas as excrescências nela alojadas.

Será que estamos condenados ao subdesenvolvimento e à corrupção eternamente?Parece que esse país não tem jeito. Até eu, que sou incorrigível otimista, estou perdendo as esperanças.

quinta-feira, 21 de novembro de 2019

Ele fala javanês

Para quem não sabe, Lima Barreto escreveu um hilário conto chamado "O homem que sabia javanês". Nessa alegoria, conta a história de um desempregado que fingiu saber falar javanês para conseguir um emprego e acabou ascendendo à carreira diplomática por ser o único que sabia tal idioma.
Referindo-se a esse conto, o ministro Barroso, do Supremo, escarneceu publicamente do voto de Dias Tófolli sobre a questão do COAF: "parece que agora vamos ter que aprender javanês".

Nada mais precisa ser dito. O que é Dias Tófolli, senão um novo especialista em javanês? Esse incompetente, com ares de sumidade intelectual falsificada, não tem a qualificação sequer para advogar em porta de cadeia. No entanto, por sorte dele e azar nosso, encontra-se sentado na cadeira mais alta do poder Judiciário.


Que não se fale de corrupção, nem prevaricação, mas apenas e tão somente na incapacidade funcional do sujeito. Não foi aprovado em dois concursos para juiz de Direito! E cabe na cadeira da Corte Suprema?! Um espanto! Só no Brasil se permite uma aberração desse tipo.

Isso precisa ser remediado rapidamente por emenda constitucional que estipule um mínimo de escolaridade e critérios objetivos e mensuráveis para que alguém possa ser indicado ao cargo. Não bastam afirmações genéricas e vazias de conteúdo, tais como reputação ilibada e notório saber jurídico para qualificar alguém a assumir cargo tão importante.

Tanto a reputação, quanto o notório saber são critérios muito, muito subjetivos e sujeitos às interpretações e narrativas ideológicas, como temos visto. Aí, dá no que deu! Um falante de javanês assume a cadeira de presidente do Supremo e, como ninguém mais fala idioma tão importante, o que ele diz não pode sequer ser entendido, muito menos contestado.

Seguidores do Blog

No Twitter:

Wikipedia

Resultados da pesquisa