quarta-feira, 21 de setembro de 2022
Vira-latas
domingo, 21 de agosto de 2022
Hoje em si
Há alguns dias recebi uma ligação telefônica de uma empresa financeira. O seu funcionário, certamente não de baixo nível de educação, conseguiu, em 10 minutos, dar-me o exemplo da Nova Língua Brasileira que está nascendo.
Parece-se, vagamente, com o português do Brasil, mas não é. Por exemplo: não há plurais para os substantivos, nem para os adjetivos. O plural é indicado pelo artigo, simples assim: os omi vem agora; as pranta verde secou tudo; ele comprou os carro novo.
Os tempos verbais simplificaram-se em: pretérito perfeito (você andou) e imperfeito (eu andava), presente simples (nós anda), presente contínuo (estou andando) e futuro composto: eu vou andá, ela vai falá, nós vai cantá.
Obviamente, o "r" final do infinitivo desapareceu há muito tempo.
Não há futuro simples: andará, nem pensar. Mas há um futuro mais-que-composto: eu vou está falando, você vai está andando.
O modo subjuntivo foi abolido terminantemente. Eu andaria, se você andasse comigo, é quase intraduzível nessa nova língua. A não ser que se opte por um maravilhoso: se você andá comigo, eu vou está andando com você.
Tem também o "no qual" que surge inesperadamente sempre que falta alguma coisa na frase: "O contrato que você assinou, no qual eu vou mandar hoje para imprimir...";
Agora, novidade mesmo foi o "hoje em si", ao qual esse rapaz do telemarketing me apresentou. Não é hoje em dia. É hoje em si. "Hoje em si eu não posso te dar a resposta". Deve ter também o "agora em si".
- Agora em si eu não posso te dar a resposta. OK?
- Ah, é? E quando será?
- Daqui a umas meia hora. Ás uma, ou até as duas e pouca.
sexta-feira, 25 de fevereiro de 2022
Não combinou com os russos
Bolsonaro foi à Rússia no pior momento político. Como, coincidentemente, algumas tropas russas foram remanejadas, os bolsonaristas começaram a gritaria de que o Bozo tinha conseguido demover o Putin do intuito de invasão. Inclusive o Min do Turismo caiu no ridículo de postar essa bobagem nas redes sociais.
Bom, o que se viu é que a realidade não dá a menor bola para esse comitê de Fake News. Nem o Putin.
E agora, depois de ter prestado solidariedade à Rússia, o Bozo decide que o Brasil ficará neutro nessa questão. Como é, cara-pálida? Neutro? A Ucrânia, um país democrático, foi invadida sem nenhum motivo por um ditador e o Brasil, tradicionalmente um país pacífico, vamos ficar neutros?
Não que vá fazer alguma diferença a posição do Brasil. Nós não apitamos nada no cenário internacional. Mas tem o depois! Depois que o conflito acabar, como ficará a cara do Brasil perante as nações do mundo ocidental? Qual será nosso poder de barganha ou de persuasão, se na hora H, ficamos em cima do muro, com medo de tomar posição?
De que valeu então essa viagem do Bozo? Foi para quê?
E já que fez essa viagem inútil, em hora errada, por quê deixou de combinar com os russos???