sábado, 12 de fevereiro de 2022

Por quê?

Meu irmão faleceu anteontem. Foi submetido a uma cirurgia de média complexidade, mas com prognóstico e perspectivas muito boas e... deu tudo errado! Não houve erro médico, já digo desde já. O que houve então? Houve vida! Foi a vida continuando a ser o que é, pois a morte é apenas uma das suas pontas. Tudo que começa acaba.

Entretanto, não me sai da cabeça a expressão de espanto,  a pergunta sem som que meu irmão me fez ao recobrar a consciência de sua última cirurgia, preso a uma cama de CTI, cheio de tubos, traqueostomizado: por quê?

Era um homem forte, decidido, gostava de desafios. E agora estava ali naquela situação e sem entender o que teria acontecido. Por quê? Único questionamento possível! Por quê?

Por quê surgimos do nada, nesse mundo hostil, que nos repele de cara? Por que percorremos os caminhos da vida, em luta permanente, tentando acertar e errando quase sempre? Por que amamos e somos amados e um dia tudo termina, para uns ou para outros e os que ficam, ficam moídos de dor por causa de uma separação que não queriam, não pediram e que quase não podem suportar?

Por quê? Essa é a pergunta sem resposta que todos consciente ou inconscientemente nos fazemos. Como Vinícius de Moraes: "se foi para desfazer, por que é que fez?".

Meu irmão se foi. Que esteja em paz. Mas a imagem de seu rosto perplexo, aquele olhar de interrogação e inconformismo, olhar que conheço bem desde a nossa infância, vai continuar comigo para sempre, assim como a sua pergunta muda e sem resposta: Por quê?

Um comentário:

  1. Lindo texto, tio.
    Papai se permitia uma vulnerabilidade com você que só è permitida entre irmãos. Assim como você e e ele, eu também gostaria de entender. As coisas só parecem bem escrotas agora, for lack of a better word.

    ResponderExcluir

Seja bem vindo! Deixe aqui seu comentário:

Seguidores do Blog

No Twitter:

Wikipedia

Resultados da pesquisa