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segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024

Portugal brasileiro

A colonização portuguesa na África, Ásia e América foi um horror. Não que alguma colonização tenha sido boa, mas a colonização ibérica de modo geral, além de especialmente sanguinária, foi catastrófica para os colonizados mesmo após a descolonização. A Espanha foi responsável pelos genocídios dos Aztecas e dos Incas. Portugal dizimou populações indígenas no Brasil, além de traficar populações inteiras da África para cá, trazidas como escravos. Um quinto dos que saiam na África, morriam dentro dos navios negreiros, que eram também chamados de tumbeiros por causa da quantidade de mortos. 

Isso foi o passado, dizemos. Mas, até a morte do ditador Salazar, em 1970, a atitude portuguesa na África não foi diferente. A descolonização só terminou  em 1975 e nenhuma ex-colônia portuguesa, incluindo o Brasil, pode se gabar de ter uma situação social ou econômica invejável. 

Agora, Portugal está sendo invadido por brasileiros. Ex-colonizados migrarem ao país colonizador não é novidade, porém, o que nesse caso é diferente, é que os imigrantes atuais, em Portugal, não são pessoas despossuídas em busca de acolhimento. Ao contrário, são pessoas de classe média alta, ou francamente ricas, que resolveram viver em um país europeu, sem os problemas de violência e corrupção que temos aqui, e, supostamente, com mais facilidade de integração por questões históricas, culturais e linguísticas. Aí é que reside o engano! O povo português está cada vez mais revelando uma xenofobia insuspeita até então. Apesar de a economia portuguesa depender cada vez mais do mercado brasileiro, no dia a dia a convivência tem se tornado árida, áspera, quando não francamente agressiva. É isso que tem sido reportado nas redes sociais. Vídeos e mais vídeos demonstram o desprezo, a raiva, de portugueses com relação aos brasileiros que lá vivem. 

Eu diria que o primeiro componente desse comportamento é o despeito. Portugal é um país pequeno geograficamente, mas é também tacanho na mentalidade. Depois das grandes navegações e de alguns inegáveis bons escritores, nada de extraordinário surgiu naquela terra. Saramago, em "Jangada de Pedra" faz uma alegoria em que Portugal se separa fisicamente da Europa e sai à deriva pelo oceano Atlântico. Muito interessante essa alegoria, afinal Portugal jamais foi um país plenamente europeu, no sentido cultural. 

Ao mesmo tempo, Portugal não é africano, nem asiático. Poderia, sim, talvez, estreitar laços com o Brasil, o que os beneficiaria enormemente, dado que somos um mercado 20 vezes maior. Para isso, deveriam se despir de sua arrogância e admitir que sua ex-colônia é hoje, apesar de tudo, uma potência econômica incomparável com a terrinha. Aceitar a convivência com os brasileiros que para lá migraram, vai mudar sua cultura, o seu falar, a sua música, os seus gostos, as relações sociais da juventude e isso já está acontecendo, quer queiram, quer não queiram. 

Mas as mudanças que se vêem, até agora são benéficas. Lisboa está se despindo da vetustez e assumindo ares de metrópole jovial, festiva, o que vem atraindo também o turismo de outros países europeus. É uma mudança inexorável! Melhor aceitá-la com alegria, do que com ressentimento. Afinal, o destino se cumpre ao revés. Ao invés de o Brasil se tornar um imenso Portugal, será Portugal quem vai se transformar num pequeno Brasil na Europa.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Estado privado x nação sem povo

O Brasil nunca foi uma nação de fortes vínculos sociais. Nossa sociedade começou constituída por partes estranhas entre si: representantes da metrópole portuguesa, escravos, e uma classe empobrecida de brancos, mulatos e pardos, pequenos proprietários rurais e pequenos comerciantes urbanos, que não se percebiam como elementos de uma só nação. Ninguém queria trabalhar pois o trabalho estava reservado aos escravos, que o faziam por obrigação e sob o chicote. A organização social era zero, cada um por si. O Estado já estava constituído. Era um Estado importado e imposto de cima para baixo, cuja existência tinha o único propósito de arrecadar toda a riqueza que pudesse e levá-la para a matriz, sem qualquer compromisso com o povo que aqui vivia. Isso perpassou todos os séculos 16,17, 18 e 19.
Com a independência e principalmente depois com a República se poderia esperar que a nação tomasse as rédeas do Estado e o submetesse a estar a serviço do povo e não a ser servido por ele. Infelizmente não foi isso o que aconteceu. As oligarquias locais, que antes davam vênias às cortes portuguesas, tomaram conta do butim e fizeram do Estado uma espécie de fazenda particular. Todos os movimentos com a intenção de fazer do Estado realmente uma coisa pública, fracassaram. Essa oligarquia sempre foi "sábia" como a famosa frase de Antônio Carlos de Andrada: façamos a revolução antes que o povo a faça. Ou seja, mudemos para que tudo fique como está.
Assim chegamos ao século XXI e quem vemos no poder? uma ex-guerrilheira, um ex-metalúrgico! , agarrados a eles, a mesma velha oligarquia, agora representada por Sarney, Collor, Temer e companhia; A mesma oligarquia dos velhos tempos, agora aliada ao PCdoB, PDT, PTB, etc., repartindo privadamente a mesma carcaça do Estado.
Dá para entender porque é que nossos problemas nunca se resolvem. Enquanto não alijarmos essa gente e não tornarmos o Estado brasileiro realmente uma coisa pública, nada vai mudar nesse país.

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