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sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Hoje pode se ler nos jornais duas notícias interessantes. A primeira refere-se à condenação a 105 anos de reclusão do ex-suplente de deputado que mandou assassinar a deputada ganhadora e sua família para assumir o cargo no lugar dela.
O exercício da função pública, ao invés de ser um dever a ser cumprido, virou uma coisa tão cobiçada, porque lucrativa, que máfias se organizam no sentido de abocanhar e ficar com fatias de poder. Deve ter até cotação no mercado negro: quanto vale um cargo de vereador, ou de deputado, ou de prefeito? Os valores subindo e descendo conforme o "retorno" do "ativo". O assassinato da deputada eleita é apenas uma ponta escura do iceberg, que deveria ter ficado oculta, mas que por acaso, veio à tona a confirmar mais uma vez a podridão da política praticada no Brasil.
Pois nesse cenário, vem uma boa notícia: a condenação do assassino, com sentença exemplar. Pena que pela lei brasileira o máximo que esse degenerado vai ficar na cadeia é 30 anos, se chegar a tanto. Não dá para entender o motivo dessa benevolência na legislação brasileira com criminosos. Nem vale a pena falar da tal progressão da pena (que é na verdade uma regressão à incivilidade). Se a lei penal estabelece um prazo para a reclusão do facínora, porque outra lei vem dizer depois que não pode, não é bem assim, etcétera e tal...?
Pelo menos houve a condenação, coisa que não é muito comum por aqui quando o réu não pertence ao grupo dos cidadãos de segunda classe.
A outra notícia interessante foi a de que o secretário de Recursos Humanos do ministério do Planejamento, que faleceu subitamente, teve sua admissão recusada em dois hospitais de Brasília porque nenhum deles tinha convênio com seu plano de saúde e ele não portava cheques para deixar uma caução. O que é interessante na notícia não é a morte, evidentemente, nem a falta de atendimento médico. É o fato de isso ter acontecido com uma "autoridade" da República. Casos como esse ocorrem todos os dias por todo o território nacional. E o que é pior, acontece até mesmo no SUS. Pessoas desvalidas, pertencentes à segunda ou terceira classe da cidadania, tem de procurar somente o SUS e aguardar nas filas, rezando para terem capacidade de aguentar vivas até serem atendidas. Isso sem falar nas filas para transplantes, para hemodiálise, para quimio e radioterapias. Não é à toa que o "nosso guia" não fez por menos; foi logo se tratar no Albert Einstein, a catedral da excelência médica no país, para quem pode pagar por ela, é claro! Voltando ao caso do secretário: foi um azar danado! O homem pertencente ao núcleo do poder, cogitado pela ministra Miriam Belchior para uma promoção, foi bater de madrugada em duas clínicas particulares sem talão de cheques no bolso. Foi um azar para as clínicas também. Se tivesse sido um joão-ninguém, um zé-das-couves, o assunto não renderia nem nota de rodapé. Mas por pertencer à classe privilegiada de primeiros-cidadãos dessa República de bananas, a "presidenta" já acionou até o ministro da Saúde para "cuidar do caso", ou seja, é provável que as duas clínicas estejam se preparando agora para tomar chumbo.
Pois bem, o que liga essas duas notícias é que a sina destinada aos desprivilegiados de vez em quando atinge também alguém das esferas superiores. Se foi só um acaso e uma coincidência é pena. Mas pode ser também um sinal de novos tempos, quem sabe? A esperança é sempre a última que morre e com talão de cheques na mão, porque o seguro, irmão dela, morreu de velho.

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