Uns tem xisto, outros tem xistose. E ainda dizem que Deus é brasileiro!
Dessa crença talvez resulte o nosso conformismo, a nossa inércia, a nossa resignação. Como já dizia Chico Buarque: "...diz que Deus dará. E se Deus negar, ó nega, eu vou me indignar e chega. Deus, dará. Deus, dará."
Acreditamos piamente que Deus teve um predileção especial pelo Brasil quando criou o planeta; plantou aqui as maiores delícias, o clima, a natureza exuberante, as praias maravilhosas, as frutas, o alimento fácil ("Em se plantando, tudo dá.").
E por fim, o que faltava, o petróleo, até esse apareceu. Na verdade, meio que escondido nas profundezas marítimas, mas está lá, esperando para ser retirado. Mais uma comprovação da cidadania divina! Será? Comparemos.
Há no hemisfério norte, uma nação de território ainda mais extenso que o território brasileiro, com quase as mesmas riquezas naturais, apesar do clima mais adverso e da frequência de catástrofes naturais (furacões, tufões, terremotos, nevascas). É uma nação também de imigrantes. Também teve a sombra da escravidão e foi também colônia de uma nação européia. Mas o povo, que diferença...
Esse povo não só tomou as rédeas de seu destino nas mãos, desde o princípio (Declaração de Independência - 1776), como também ajudou outros povos a definir o seu: inspirou a Revolução Francesa, a Inconfidência Mineira e ajudou a independência de Cuba, lutando contra a Espanha. Em 100 anos construiu uma nação tão próspera, que em 1876 Alexander Graham Bell já estava patenteando sua maior invenção, o telefone.
A nossa independência se deu 46 anos depois. Em termos históricos essa diferença temporal foi quase insignificante, mas em termos sociais parece que se passaram séculos. São várias e extensas as razões dessa diferença, mas cabe apontar uma delas, que, no meu entender, é o fator fundamental dessa desigualdade. A nação americana é meritocrática. Lá se valoriza aquele que trabalha e se esforça para progredir. Aqui se valorizam o parentesco e as relações sociais. Daí o nepotismo e o compadrio.
Lá o trabalho é o que promove a ascensão social, aqui a ascensão é promovida pela adesão fisiológica e o puxa-saquismo. Por isso se disseminou entre nós o culto da cordialidade e da resignação. Nós não protestamos. Nós aceitamos o poder discricionário e tentamos, ou aderir a ele ou burlá-lo. Não valorizamos o sucesso obtido com esforço. Como dizia Tom Jobim: "No Brasil, fazer sucesso é ofensa pessoal!"
Por isso perdemos os bondes da história, um atrás do outro e, enquanto eles, com naturais avanços e recuos, acabam por vencer as dificuldade e progredir, nós ficamos sentados à beira do caminho esperando o que Deus dará.
segunda-feira, 28 de outubro de 2013
sexta-feira, 25 de outubro de 2013
Promessas da candidata
Como a dita-cuja já está em plena campanha eleitoral, ou seja, está pedindo votos de novo ao povo brasileiro, não custa nada relembrar o que ela prometeu na campanha passada. Cada um que confira o que foi cumprido ou não. Vou dar só a lista:
Além dessas 13 promessas específicas, ainda fez outras vagas, como: erradicar a miséria e o analfabetismo, eliminar as filas para exames especializados, fazer uma reforma radical no sistema penitenciário brasileiro e proteger as fronteiras contra o tráfico de armas e drogas reequipando a polícia federal e comprando 10 drones (ou VANTs - Veículo Aéreo Não Tripulado) para isso.
Como dizia o Chico Anísio na pele do Coronel Pantaleão :
"- É mentira, Terta?
- Verdaaade..."
- Tornar o Brasil a quinta maior economia do mundo: caímos para o sétimo lugar.
- Reduzir a dívida pública líquida para 30% do PIB: aumentou para quase 60% do PIB.
- Reduzir fortemente os juros e manter o controle da inflação: sem comentários!
- Construir 8.600 unidades básicas de saúde em todo o país e 500 UPA's.
- Construir 6.000 quadras esportivas e 800 complexos esportivos, culturais e de lazer.
- Construir 6.000 creches.
- Construir 800 novos aeroportos e 5 refinarias com tecnologia de ponta.
- Construir 2 milhões de moradias no Programa "Minha Casa, Minha Vida"
- Terminar a transposição do S. Francisco.
- Investir 11 bilhões de reais em proteção de encostas e prevenção de enchentes.
- Investir 34 bilhões de reais em saneamento básico e abastecimento de água no Nordeste.
- Construir 2.883 postos de polícia comunitária.
- Aumentar para 7% do PIB os investimentos públicos na educação.
Além dessas 13 promessas específicas, ainda fez outras vagas, como: erradicar a miséria e o analfabetismo, eliminar as filas para exames especializados, fazer uma reforma radical no sistema penitenciário brasileiro e proteger as fronteiras contra o tráfico de armas e drogas reequipando a polícia federal e comprando 10 drones (ou VANTs - Veículo Aéreo Não Tripulado) para isso.
Como dizia o Chico Anísio na pele do Coronel Pantaleão :
"- É mentira, Terta?
- Verdaaade..."
quarta-feira, 23 de outubro de 2013
Pobre país rico
Qual é a diferença entre extrair petróleo de águas marítimas profundas e extraí-lo à flor da terra? Custo! A diferença, brutal, é o custo. Claro que trabalho e risco estão envolvidos, mas tudo isso pode ser convertido em números e ser traduzido por uma palavra: custo.
O custo muito mais baixo da extração do petróleo de xisto, comparado com o de águas profundas como o do pré-sal, se traduz, ou em maior lucratividade para as empresas exploradoras, ou em preços mais baixos do produto final. Geralmente, quando isso acontece e quando se associa a isso a "lei da oferta e da procura", com a maior abundância do bem oferecido as duas coisas se verificam: o lucro aumenta e os preços caem.
Aonde quero chegar com isso? Quero dizer que quando o governo faz as contas da dinheirama que pretende ganhar com o petróleo do pré-sal está contando com o ovo ainda no fiofó da galinha.
Senão, vejamos. A estimativa de recuperação de óleo do pré-sal varia de 8 a 12 bilhões de barris, segundo a ANP. Fiquemos com 10 bilhões. O período de extração será de 35 anos até se esgotar a reserva. Ao preço de 100 dólares por barril essa reserva valeria mil bilhões (ou seja, 1 trilhão de dólares). O custo estimado da extração é de 25 dólares por barril. Até aí tudo bem. Todos estão ganhando muito. O problema é o "se".
Com a descoberta das reservas de xisto nos EUA e considerando o custo muito mais baixo dessa extração, o preço do óleo (e gás) não se manterá em 100 dólares pelos próximos 35 anos! Também não se sabe ainda com certeza se o custo da exploração do pré-sal será só de 25 dólares por barril! pode chegar até 50!
Se o preço do gás já caiu de 13 para 2 dólares por BTU nos Estados Unidos e eles, que são o maior importador, tornando-se autossuficientes, pode se imaginar que efeito terá sobre os preços internacionais do petróleo. Não seria espantoso, nesse cenário, se o preço do barril voltasse aos 30 dólares dos anos 80. Aí, bye, bye, valor das reservas do pré-sal.
Portanto o que Dilma tem a comemorar até agora é ainda um conjunto de incertezas. Não se sabe ainda se as reservas recuperáveis são mesmo de 10 bilhões de barris, não se sabe se o custo de extração nas águas ultra-profundas do pré-sal será mantido nesses 25 dólares por barril e não se sabe se o preço do petróleo permanecerá no patamar de 100 dólares.
Mas comemora-se assim mesmo, afinal o que interessa a ela é apenas a reeleição. Depois, quando as coisas derem errado, o problema será somente das futuras gerações do povo brasileiro.
Há países e países. Há aqueles cujo povo e, consequentemente, os dirigentes procuram construir uma nação rica e poderosa e há aqueles em que o povo e os dirigentes querem fazer o contrário. Ambos conseguem.
O custo muito mais baixo da extração do petróleo de xisto, comparado com o de águas profundas como o do pré-sal, se traduz, ou em maior lucratividade para as empresas exploradoras, ou em preços mais baixos do produto final. Geralmente, quando isso acontece e quando se associa a isso a "lei da oferta e da procura", com a maior abundância do bem oferecido as duas coisas se verificam: o lucro aumenta e os preços caem.
Aonde quero chegar com isso? Quero dizer que quando o governo faz as contas da dinheirama que pretende ganhar com o petróleo do pré-sal está contando com o ovo ainda no fiofó da galinha.
Senão, vejamos. A estimativa de recuperação de óleo do pré-sal varia de 8 a 12 bilhões de barris, segundo a ANP. Fiquemos com 10 bilhões. O período de extração será de 35 anos até se esgotar a reserva. Ao preço de 100 dólares por barril essa reserva valeria mil bilhões (ou seja, 1 trilhão de dólares). O custo estimado da extração é de 25 dólares por barril. Até aí tudo bem. Todos estão ganhando muito. O problema é o "se".
Com a descoberta das reservas de xisto nos EUA e considerando o custo muito mais baixo dessa extração, o preço do óleo (e gás) não se manterá em 100 dólares pelos próximos 35 anos! Também não se sabe ainda com certeza se o custo da exploração do pré-sal será só de 25 dólares por barril! pode chegar até 50!
Se o preço do gás já caiu de 13 para 2 dólares por BTU nos Estados Unidos e eles, que são o maior importador, tornando-se autossuficientes, pode se imaginar que efeito terá sobre os preços internacionais do petróleo. Não seria espantoso, nesse cenário, se o preço do barril voltasse aos 30 dólares dos anos 80. Aí, bye, bye, valor das reservas do pré-sal.
Portanto o que Dilma tem a comemorar até agora é ainda um conjunto de incertezas. Não se sabe ainda se as reservas recuperáveis são mesmo de 10 bilhões de barris, não se sabe se o custo de extração nas águas ultra-profundas do pré-sal será mantido nesses 25 dólares por barril e não se sabe se o preço do petróleo permanecerá no patamar de 100 dólares.
Mas comemora-se assim mesmo, afinal o que interessa a ela é apenas a reeleição. Depois, quando as coisas derem errado, o problema será somente das futuras gerações do povo brasileiro.
Há países e países. Há aqueles cujo povo e, consequentemente, os dirigentes procuram construir uma nação rica e poderosa e há aqueles em que o povo e os dirigentes querem fazer o contrário. Ambos conseguem.
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