terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

O bonde errado

Gilmar Mendes está pegando o bonde errado. Em um país, cujo maior problema é a impunidade generalizada, onde máfias se estabeleceram para usurpar o poder do povo contando justamente com essa impunidade histórica, quando um grupo de jovens promotores e juizes, como Sérgio Moro e Marcelo Bretas, resolvem virar o jogo e fazer valer a Lei, vem um ministro do Supremo em público dizer que o problema são as prisões alongadas? Francamente!
Isso partindo da boca de um advogado de defesa é até compreensível. Ele está fazendo o seu papel! Mas um ministro de um Supremo Tribunal, já desmoralizado por seu papel canhestro na história recente, achar que as prisões são exageradas é simplesmente um absurdo! As prisões são ainda poucas. Precisamos é de mais prisões de bandidos de colarinho branco! Precisamos é de mais políticos (e também juízes) na cadeia!


O ministro Gilmar Mendes não engana ninguém. Estava dando todo apoio à Lava Jato quando parecia que era uma invetigação apenas do PT e de alguns peemedebistas. Desde o momento em que os nomes dos caciques tucanos começaram a aparecer nas delações, Gilmar Mendes mudou o discurso.  Começou a criticar a Lava Jato e chegou ao ponto de ir ao Congresso se contrapor ao relatório do deputado Lorenzoni sobre as Dez Medidas contra a Corrupção e combater o juiz Sérgio Moro.

É claro que para todo argumento há uma justificativa, uma razão publicável. O problema reside nas razões impublicáveis, que são essas as verdadeiras motivações dos agentes.

O ministro Gilmar faz o papel de testa de ferro do PSDB, mas ajuda por tabela o PMDB e o PT, acompanhado em silêncio por Lewandowski e Tóffoli, felizes por não terem de se expor. É um balé perfeitamente ensaiado. Gilmar Mendes esteve costurando e inclusive foi consultado por Temer sobre a indicação do novo ministro. Somente depois que ele "bateu o martelo" foi que Temer anunciou o nome de Alexandre de Moraes, um consenso entre seus futuros pares e um consenso no Senado, que o há de aprovar.

E, nós, a patuleia, vamos ficar assistindo a esses golpes atrás de golpes sem fazer nada? Onde está a força do povo que derrubou a Dilma e fez a Lava Jato avançar? Ela ainda precisa de nós, a fonte do poder legítimo, para fazer o bonde da história andar a nosso favor. Se não fizermos nada, seremos nós que teremos tomado o bonde errado.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

Os russos somos nós

Há muitas interrogações, nessa indicação do Alexandre de Moraes, ministro da Justiça, para o Supremo Tribunal Federal. A principal delas se refere à isenção do futuro ministro, à imparcialidade qu tem de ser a marca de um juiz da mais elevada Corte do país. E, todos sabem, que Alexandre de Moraes tem vínculos fortes com o PSDB, o que lhe tiraria, de cara, a isenção.

Mas o Supremo anda tão desmoralizado que se esse for o único "senão", está até bom. Ninguém, nessa altura, espera um julgamento totalmente isento dessa Corte que aí está. Uma Corte que tem ministros como Lewandowski e Dias Tóffoli não pode ser levada a sério nesse quesito. Sem falar na pavonice do ministro Marco Aurélio, no destempero de Gilmar Mendes e na pusilanimidade que o ministro José Celso de Mello revela quando o calo aperta. É só lembrar que foi o decano quem apresentou a "brilhante solução" para o caso: manter Renan na presidência do Senado, mas tirá-lo da linha sucessória à presidência da República. Foi o mesmo tipo de decisão como que Lewandowski tomou com relação à Dilma. Com essas duas decisões, o Supremo se rebaixou ao nível de uma Corte subalterna aos poderes executivo e legislativo. Nada estranho, portanto, que o presidente nomeie um amigo e ministro seu para integrar essa turma.

Aliás, para os tempos vindouros, com as delações ainda no forno, nada melhor do que garantir mais um voto a seu favor. Um voto pode decidir tudo.  A turma do lado de cá, do lado dos que se sentarão no banco dos reús, pode respirar mais tranquila. No encontro de Lula e Temer no velório de Marisa Letícia já foi dada a senha: vamos parar de nos atacar uns aos outros, senão todos afundaremos juntos.

Querem saber se não está sendo costurado um grande acordo pizzaiolo? É só prestar atenção na votação do Senado para homologar o novo ministro do STF. Se o PT ficar bonzinho na votação, podemos ter a certeza que o acordo foi costurado. Só que resta combinar conosco, os russos.

domingo, 5 de fevereiro de 2017

Primeira dama de terceiro mundo

Eu não ia comentar nada sobre a morte de Marisa Letícia em respeito à dor alheia. Afinal, apesar de cúmplice do marido e também beneficiada pela roubalheira, nesse evento era apenas uma esposa e mãe que estaria sendo pranteada pelos seus. Até aí ponto final.

Acontece que o seu marido, agora viúvo, aproveitou-se da oportunidade para transformar o velório particular em um evento público e político a seu favor. Mais uma vez, Lula demonstra que não tem escrúpulo de espécie alguma. E, mais uma vez, diante da certeza que será preso, Lula se agarra ao que pode, para tentar salvar-se.

Seus ataques ao juiz Sérgio Moro e a ridícula tentativa de atribuir ao magistrado a culpa pela morte da mulhar, nada mais são que medo, pavor mesmo, que Lula tem de ir para a cadeia. Se até o Eike, o Marcelo Odebrecht, o Sérgio Cabral foram presos, por quê, ele, Lula, o chefe da gangue, não seria? Lula acha que tem um escudo de defesa, a militância petista, como se essa militância pudesse, de fato, se opor à Lei e à decisão da Justiça.

No dia em que Lula for preso, seus capangas sindicalistas e outros arruaceiros profissionais vão gritar, vão sair à ruas com paus e pedras, mas isso não impedirá, nem poderia impedir, que o seu chefe seja trancado atrás das grades.

E, já que a morte dessa senhora foi usada para atacar a Lava Jato, temos que dizer que ela não virou santa após a morte, não. Sua memória estará para sempre manchada pelo que fez e pelo que não fez. Sempre nos lembraremos do seu desrespeito com a coisa pública quando mandou plantar  um jardim em forma de estrela nos jardins do Alvorada. Também nos lembraremos que mandou os que protestavam contra o governo petistas "enfiar as panelas no cu".
Enquanto seu marido esteve no poder, uma mulher de origem simples, do povo, poderia ter feito muito por esse mesmo povo, mas, ao contrário de Dona Ruth Cardoso, preferiu se entupir de botox, ficar reformando sítios e apartamentos "que não lhes pertencem" e se deslumbrar com a vida de madame, primeira-dama de terceiro mundo.
Foi, no máximo, uma nulidade, e no pior caso, uma cúmplice.

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