domingo, 6 de outubro de 2019

Decadência de um sistema

Estamos assistindo estupefactos ao desmanche do Supremo Tribunal Federal. Parece a derrocada do império romano, com bárbaros surgindo por todos os lados e os imperadores decadentes, enrolados em suas togas, não sabendo o que fazer, mas fazendo de tudo para se manterem no poder até o último minuto possível.

Gilmar Mendes já perdeu, há muito, todas as estribeiras. E, além delas, perdeu também o decoro, a vergonha, até mesmo qualquer simulacro de seriedade e gravidade. Agora utiliza-se do púlpito privilegiado para atacar os seus desafetos e a todos que possam representar alguma ameaça para si. Usa e abusa, em favor pessoal, de um poder da República.

Dias Tóffoli está adorando! Enquanto Gilmar bufa e atrai os holofotes para si, Tóffoli continua, nos bastidores, a costura para acabar com a Lava Jato, com o apoio do Senado e da Câmara (leia-se Alcolumbre e Maia) e, provavelmente, até do presidente.

Isso demonstra quão podre estava todo o arcabouço político do país. Sabíamos que haveria reação contra a Lava Jato, mas não esperávamos tanta desfaçatez. O Brasil precisa começar de novo, mas o problema é saber como e quem assumiria a liderança dessa empreitada.
Nós, cidadãos comuns, só podemos protestar, mas só os nossos protestos não vão mudar nada. O próprio sistema político evidentemente não vai cometer suicídio, portanto, se mudar, será para pior. 

O que resta então entre todas as possibilidades? Só vejo uma possibilidade efetiva para sanear todo esse sistema: se vier de fora para dentro. E a única instituição que pode fazer esse papel são as Forças Armadas. A que ponto chegamos!!??
Mas há momentos na vida de uma nação que, de tão graves, exigem uma ruptura. Só uma ruptura institucional, com posterior convocação de nova Constituinte, exclusiva e sem a participação dos fichas-sujas, poderia salvar esse país.


quinta-feira, 5 de setembro de 2019

Pobre Brasil

Pelo andar da carruagem, estou achando que Bolsonaro, o presidente que mais poderia ter dado certo no Brasil, com um time de ministros de primeira qualidade, vai pôr tudo a perder.

Ele não contém a língua, nem os dedos, fica em estado permanente de guerra ou provocação contra inimigos reais ou imaginários. Com isso, ajuda sobremaneira a esquerda, pois a mantém ativa e focada.

Caso não lhes desse atenção e se recolhesse à sua função mais importante de presidir a República, não estaria perdendo o suporte de seus eleitores e a esquerda estaria caindo cada vez mais no ostracismo político, recolhendo-se aos seus nichos eleitorais cada vez mais inexpressivos.

Além da belicosidade, está ficando cada vez mais claro, ser ele um dos maiores inimigos da Lava Jato. Tudo por causa do filho!? Ou tem mais coisa aí?

O fato é que desmontou o COAF, começa a desmantelar a Polícia Federal e, está claro, que a presença de Sérgio Moro no ministério da Justiça se tornou uma pedra no sapato para ele. Não só por causa da atuação sólida e firme do ministro contra a corrupção, mas também porque teme a candidatura dele em 2020.

Xingam-se uns aos outros, mas Bolsonaro está sendo melhor para o PT e seus amigos corruptos que se Haddad tivesse sido eleito. É desesperador! Pobre Brasil!

sexta-feira, 30 de agosto de 2019

Triste Brasil

Á guisa de prólogo:

"Triste Bahia! Ó quão dessemelhante
Estás e estou do nosso antigo estado!
Pobre te vejo a ti, tu a mi empenhado,
Rica te vejo eu já, tu a mi abundante.
A ti trocou-te a máquina mercante

Que em tua larga barra tem entrado
A mim foi-me trocando, e tem trocado,
Tanto negócio e tanto negociante."
  


O autor desses versos, Gregório de Matos Guerra, advogado baiano, do século XVII, tinha o apelido de "Boca do Inferno" e não era à toa, pois fazia críticas ferrenhas à sociedade da época, incluindo membros da alta cúpula da Igreja.
Por causa disso, foi condenado pela Inquisição ao degredo em Angola.

A semelhança com os tempos presentes não é mera coincidência. Quem desnuda o sistema e aponta os erros e crimes é que acaba sendo julgado. É só ver o que está ocorrendo com o procurador Deltan Dallagnol e com o ministro Sérgio Moro.
Ousaram tocar nos intocáveis da República e agora sofrem na pele as consequências de tal ousadia.

O mais irônico é que, contra eles, se aliaram os pretensos novos agentes políticos da esquerda, que criticavam as oligarquias, com os antigos oligarcas que jamais tinha sido molestados. PT e PCdoB aliados ao Centrão. Lula e Renan Calheiros de mãos dadas. Essa é a síntese do quadro político de hoje.

Gregório de Matos, se vivesse hoje, não teria menos motivos de destilar suas sátiras. Triste Bahia, uma de suas pérolas poéticas, que foi até musicado por Caetano Veloso, poderia bem ser intitulado Triste Brasil.

E, fazendo menção aos ínclitos ministros do Supremo, essa quadra lhes cai muito bem:

"Neste mundo é mais rico o que mais rapa;
Quem mais limpo se faz, tem mais carepa;
Com sua língua, ao nobre, o vil decepa;
O velhaco maior sempre tem capa."

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