quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

A conta já começou a chegar

Já sabemos que a inflação está ficando sem controle. E, pior, a conta fica mais cara nos gêneros de primeira necessidade, ou seja, como sempre é mais danosa para quem tem menos recursos.
Agora voltam os apagões. Primeiro no nordeste e agora em São Paulo. É claro que as autoridades de plantão tem mil e uma explicações. É claro que não são apagões, mas "apenas" interrupções temporárias de energia, como disse o inefável ministro Lobão. Do mesmo modo se poderia dizer das quase 900 vítimas da região serrana fluminense. Não são mortos, são pessoas com interrupção definitiva dos processos vitais. Belos eufemismos que não escondem a dura realidade dos que sofrem. Não é privilégio do PT e seus asseclas governar com incompetência de mãos dadas com a corrupção. Infelizmente a história do Brasil está cheia desses maus exemplos. Mas o que o governo petista fez de excepcional foi conseguir elevar isso ao estado da arte e ainda tentar tampar o sol com as peneiras mais furadas da ideologia.
Um militante é um ser fundamentalista. Não enxerga a realidade, mas apenas aquilo que o partido lhe diz para ver.
O único problema é que a realidade é teimosa e insiste em se infiltrar no mundo de faz-de-conta criado nessa nossa pobre quase-república. E já vem mostrando as garras, mais cedo do que se esperava. O dragão da inflação, devorando salários e aposentadorias, e destruindo sonhos de consumo. Daqui a pouco a classe C vai ser submergida novamente e vai gritar porque ninguém gosta de andar para trás. O apagão destruindo produtividades, produzindo mais caos urbano, decrescendo a qualidade da vida urbana só servirá de mais um fator de estresse. A partir daí, tolerância zero com os desmandos e roubalheira. Aí veremos se a gerenta presidenta é competenta ou não. Infelizmente não dá mais para acreditar em contos da carochinha: dragões, três porquinhos e Lobão só são bonitinhos nos filmes da Disney. Na verdade são tão feios quanto a bruxa mor.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Governo é governo, oposição é oposição

Esse título faz um plágio do bandido Lúcio Flávio, do tempo em que "bandido era bandido e polícia era polícia". Pois bem, lê-se no blog do PSDB (aqui) que vão fazer oposição. Grande novidade, pois a quem perde eleição não resta outra coisa a fazer, ou então, deve abandonar a política.
Ainda afirmam, porém, que vão fazer uma oposição não destrutiva.Não sei porque insistem tanto em destacar que não fazem oposição destrutiva. Oposição é oposição, não precisa de adjetivos. Quem se opõe é porque não concorda com o programa, ou atos, de quem está na situação. Quem faz oposição o deve fazer consciente de que tem melhores idéias, melhores soluções; e isso não é ser destrutivo, muito antes pelo contrário. Esse é o papel natural da oposição em um regime democrático de uma sociedade civilizada. Não entendo então porque essa insistência em dizer que a oposição não será destrutiva. Parece um pedido de desculpas antecipado. <<Olha, eu vou fazer oposição, mas não se preocupem, vai ser uma oposição "de leve", sem pisar no calo e pedindo licença antes de falar, viu?>>

Vá bem que nossa cultura privilegia o eufemismo em vez da franqueza. Verdades ditas na bucha são consideradas falta de polidez. Mesmo assim, é ser subserviente demais para assumir o papel que lhe foi destinado pelas urnas. O que os eleitores-que-não-votaram-no-governo querem não é uma oposiçãozinha meia-boca. Isso não é ser golpista, não é ser preconceituoso, não é ser nada, é exercer um direito e um dever constitucional.  O que esse eleitor quer é ser representado no Congresso. É ter uma voz que fale por si e não uma que faça oposição consentida como se vivêssemos em uma ditadura. 
Chega de pusilanimidade! Assuma o seu papel histórico PSDB, ou estará ajudando a desconstruir a democracia nesse país. E tem gente que a quer ver destruída, para se implantar o seu projeto de stalinismo tupiniquim.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Uma desgraça brasileira

Desde a época de D.Pedro II que se sabe ser a região serrana fluminense uma arapuca meteorológica. A Serra do Mar, de beleza ímpar, sobe imponente e íngreme e, por isso mesmo, transforma-se um anteparo natural ao movimento dos ventos e das nuvens, provocando precipitações abundantes e freqüentes, especialmente no verão, uma das razões da exuberância da mata atlântica naquela região. Não é preciso ser meteorologista para saber do regime de chuvas ali. E não é sequer preciso estudar engenharia para saber que a construção de casas nas encostas, especialmente numa região em que chove muito, oferece um risco aos seus moradores.
Como as pessoas insistem em ignorar as leis da física, por vários motivos, ignorância mesmo, ganância especulativa, falta de opção, cedo ou tarde temos que nos deparar com tragédias como essa que está ocorrendo agora. Alguns culpam as mudanças climáticas, mas já em 1966 houve uma tragédia semelhante no Rio. Se quisermos podemos listar várias delas: em Teresópolis, em Petrópolis, em Itaipava, em Nova Friburgo, em Angra e nos morros cariocas. As tragédias são repetitivas e previsíveis, como previsível é a reação das autoridades e dos políticos em geral. Todos com cara compungida, oferecendo condolências, lamentando-se, liberando verbas de emergência e prometendo planos para acabar de vez com esse problema. Depois, as chuvas passam, os mortos são enterrados, vêm o Carnaval e outras coisas a fazer esse povo de memória curta se esquecer, como rapidamente se esquecem também os políticos das promessas feitas, das verbas que não saíram do cofre ou não chegaram ao destino e dos planos que não saíram do papel.
Então,  daí a mais um ano ou dois, ou três,  em Janeiro voltam as chuvas e as tragédias a estampar as páginas dos jornais e tudo se repete num ciclo macabro indefinido. Até quando vamos viver assim como nação? Como povo, temos essa característica estranha de jamais resolvermos nossos problemas. Não resolvemos o problema da seca no nordeste, nem o da fome nas cidades, nem o das drogas, nem o da segurança pública, nem o da desigualdade social, nem o da distribuição de renda, nem o da saúde, nem o da educação, nem o da corrupção policial, nem o da infestação mafiosa da classe política. Vamos convivendo bem ou mal com essas mazelas, aceitando umas, contornando várias, resignando-se com outras, mas não tomamos uma atitude resolutiva. Somos inapelavelmente individualistas, não jogamos em equipe, cada um procura resolver seu problema como pode e dane-se o resto.
É assim que queremos emergir, fazer parte do grupo das nações desenvolvidas? Não vamos conseguir enquanto não mudarmos nossa conduta. Não adianta arranjar culpados, ou atirar pedras nas nações que nos superam. Eles nos superam porque são melhores do que nós. São cidadãos que pensam como tal e lutam por sua comunidade. Eles também tem problemas, mas a diferença entre uma nação desenvolvida e uma estagnada está não na ausência ou presença de problemas , mas na maneira de abordá-los e resolvê-los.

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