domingo, 5 de junho de 2011

A República assaltada (2)

O caso Palocci parece não ter fim. Ele mesmo se encarrega disso. Se era para fazer aquele tipo de declarações que fez na sexta-feira, não precisava ter nos incomodado, nem à rede Globo, bastaria continuar calado como já estava. O raciocínio de Palocci inclui supostamente uma audiência acima de tudo burra. Ele diz que não fez nada ilícito e ponto final, nós temos que acreditar em sua palavra porque, segundo ele, não há indícios de ilegalidade. Como não, cara pálida? Multiplicar o patrimônio por 20 em período de eleições e receber mais de 10 milhões após ter sido nomeado ministro da Casa Civil não é indício de nada ilegal? O que seria então? Precisava ter as cuecas revistadas para obtermos indício de alguma coisa? Quer dizer que a República tem que aceitar que a palavra do suspeito (cercada de sigilo sobre as atividades inconfessas) é bastante para eliminar a suspeita?
Meu caro, Palocci, nos poupe. Não nos chame de idiotas, porque, se uma parcela até majoritária da população preferiu fechar o olhos aos desmandos do governo anterior, isso não significa que os outros 44 milhões, que votaram contra, vão ficar de olhos fechados também.
Estamos atravessando tempos tristes e dolorosos. A ética nem sequer é considerada como uma possibilidade no mundo político. A Justiça é cega, surda, muda e paralítica. Mesmo assim há uma centelha de luz, mesmo assim há uma parte do povo que não se conforma com a desfaçatez, a cara de pau, a falta de vergonha. Mesmo assim há gente que ama seu país e o quer de volta. Quer vê-lo livre desses assaltantes que fizeram o Estado brasileiro refém de sua volúpia inesgotável de sanguessugas.
Não vamos nos conformar com essas pífias explicações, senhor Palocci e a senhora, presidenta, peça ajuda mesmo ao seu mentor e criador, já que não tem condições mesmo de governar com sua própria cabeça, mas faça logo o que tem que fazer antes que tudo desande. Ou antes que o PMDB engula o seu governo.
A nação não pode ficar paralisada à espera do desfecho desse caso, que é simplesmente um caso de polícia e deveria ser resolvido (não fosse o Palocci quem é e não fosse o Brasil o que é) em uma simples delegacia. A prepotência desse senhor, na entrevista, nos remete ao velho chavão: "Você sabe com quem está falando?" Foi isso o que ele deixou nas entrelinhas: "Eu sou o Palocci, como ousam suspeitar de mim?" "Eu quebro sigilos (dos outros), eu ganho dinheiro usando cargos públicos para me valorizar no mercado e vocês não tem nada com isso. Nada fiz de ilegal e vocês tem que simplesmente acreditar em mim e ponto final".
Será um grande teste para o Brasil o desenrolar dessa história. Se as instituições da República não se levarem a sério e começarem de imediato as investigações, podemos dizer que o petismo terá conseguido seu objetivo: acabou -se a República brasileira.

terça-feira, 17 de maio de 2011

A República assaltada.

O novo caso Palocci merece uma atenção detalhada. A degradação da função pública chegou a tal ponto que nem sequer causa espanto saber que o ministro-chefe da Casa Civil e ex-ministro da Fazenda, defenestrado por outro escândalo e acusado de violação de sigilo bancário, agora apresenta-se à nação como proprietário de um patrimônio que simplesmente cresceu 20 vezes no interregno entre um ministério e outro. Nada contra o enriquecimento. O problema, nesse caso é que é difícil explicar como esse surto de capacidade financeira acometeu Palocci só nos últimos 4 anos e, ainda mais, porque então ele deixou essa consultoria tão fantástica para voltar ao ministério e ganhar um salário de 11 mil reais por mês? Haja vontade de "servir" à nação.
O pior é que as instituições sequer fingem que estão cumprindo seu papel. Não se pode esperar nada do Congresso, mas uma Comissão de Ética Pública da Presidência da República dar o seu aval à varrição para baixo do tapete é demais. O presidente dessa comissão, Sepúlveda Pertence, simplesmente declarou: " Não nos cabe indagar a origem das fortunas dos pobres (?) e dos ricos que chegam a ministro de estado". É patético. Cabe então a nós, povo, indagar: Para quê serve então essa comissão de ética?
Apesar de, para o governo, tudo parecer "normal" e as instituições da República simplesmente ignorarem o assunto, Palocci deve-nos uma explicação. Não adianta desviar a atenção para a legalidade ou ilegalidade de manter uma empresa de consultoria enquanto atuava na campanha da Dilma. Isso é só uma cortina de fumaça. O que se deveria dizer ao povo brasileiro é como ganhou essa dinheirama em apenas quatro anos, que tipo de consultoria prestou e a quem.
Se não, cada vez mais fica exposta a fragilidade das nossas instituições. De quê adianta só cumprir esses rituais hipócritas de declarar patrimônio à Justiça Eleitoral, etc.? De quê adiantam leis e dispositivos constitucionais como o artigo 54 que veda aos deputados a prestação de serviços às empresas públicas e concessionárias? Sempre há uma brecha legal e, para orientar quanto a isso, estão ganhando rios de dinheiro os escritórios de advocacia, com nomes muitas vezes também egressos de funções públicas. Ou seja, é uma suruba total.
Enquanto isso a população ignara segue indiferente sem saber que o pão que lhes falta à mesa, a escola e o hospital que não têm para os filhos, a droga (em todos os sentidos) que lhes é oferecida, tudo isso é consequência desse assalto que algumas classes fizeram do estado brasileiro.

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