sexta-feira, 6 de junho de 2014

A Copa é nossa!

Copa do Mundo, estamos aí! Uma euforia quase obrigatória vai tomar conta das pessoas nas ruas. Carros embandeirados, gente com camisa da seleção, perucas verdes e amarelas. Cornetas, trombones, vários instrumentos de sopro e percussão soam perfurando os tímpanos de quem está por perto. Até caxirolas, apesar de banidas dos estádios, aparecem sendo vendidas pelos camelôs nas esquinas. Tudo é festa! 
Mas apesar das aparências, não se pode esconder que ressurge também aquele velho conhecido, o complexo de vira-latas, tão bem diagnosticado por Nélson Rodrigues. 
Sendo a Copa aqui, esse complexo fica ainda mais pungente. Queremos mostrar aos gringos que somos os mais espontâneos, os mais alegres, os mais descontraídos, os mais simpáticos, os mais isso e mais aquilo. Essa ânsia de "provar" o valor de ser brasileiro nada mais é que o velho complexo de vira-latas renascido com outra roupagem.
É que no fundo sabemos que essa fachada que queremos fazer passar por verdadeira é uma grande balela! Não somos nada disso. Somos um povo violento. Isso, sim. Estão aí as estatísticas a nos esfregar na cara essa realidade. Somos um povo mal-educado. As latinhas de cerveja atiradas pelas janelas dos carros o comprova. Somos desorganizados, não sabemos planejar, levamos tudo na brincadeira ou na base do famigerado "jeitinho". Aceitamos a corrupção endêmica e institucionalizada como se fosse um fato da natureza. A lei de Gérson nunca foi revogada e vigora em todo seu esplendor. É cada um para si e Deus contra! Esse deveria ser o lema nacional, ao invés da Ordem e Progresso da nossa bandeira.
Como não podemos esconder a triste realidade das crianças e adolescentes de rua, dos mendigos dormindo ao relento, das cracolândias, dos assaltos, do lixo e sujeira das ruas e calçadas, da prostituição de menores  e também dos pequenos golpes como o do taxista que encomprida o caminho, dos flanelinhas que "vendem" vagas de estacionamento na rua, dos bares e restaurantes que aumentam a conta,  e assim por diante, temos que inventar uma superioridade em alguma coisa, como compensação.
Senão, como olhar para um alemão, um inglês, um francês, sem baixar os olhos com vergonha? Se até mesmo uma Argentina, coitada, chega a nos provocar uma certa inveja...
Nosso complexo de vira-latas exige essa compensação. Então, tome espontaneidade, tome simpatia, tome descontração, mesmo que falsos. E tudo continua como antes no quartel de Abrantes.

quinta-feira, 5 de junho de 2014

Sem futuro

Não sei se é verdade. Circula na internet, nas redes sociais, um texto atribuído ao desembargador Rogério Medeiros. Nele, o desembargador contaria que como juiz da infância e da juventude em Montes Claros, ao prender pela enésima vez três jovens menores delinquentes reincidentes, foi procurado por "defensores" dos direitos humanos que ameaçaram denunciar o juiz à Corregedoria se não mandasse soltar os jovens. O juiz então lhes teria proposto uma solução: mandaria soltar os jovens com a condição que eles, os defensores dos direitos humanos, os levassem para casa e se responsabilizassem pelos menores judicialmente. Advinhem o que aconteceu?...
Essa é a grande questão. Seja verdadeiro ou apócrifo, o texto citado nos leva a refletir: essas ONG's e esses auto-intitulados defensores dos direitos humanos estão realmente interessados na defesa desses direitos e em melhorar as condições de vida sub-humanas em que padecem milhares de jovens pelas ruas das nossas cidades, ou seu interesse é apenas fazer politicagem? 
Esses "defensores" dos direitos humanos chegam a propor alguma coisa de concreto que possa ajudar a solucionar o problema? Será que os direitos humanos desses menores infratores terminam quando eles deixam a porta da cadeia? São muitas as perguntas sem resposta.
A solução, evidentemente, não é simplesmente pô-los na cadeia. Será que é tão difícil para as instituições do Estado, recolher esses jovens, assumir o pátrio-poder, dar-lhes um mínimo de dignidade, escola, higiene, socialização, profissionalização, enfim, dar-lhes um futuro?
Omitindo-se o Estado em cumprir suas obrigações, não é também simplesmente ficando "livres" desses menores que a solução será encontrada, porque, depois de soltos, daí em diante quem "cuida" deles é o traficante, o crime organizado, a quem eles são obrigados a servir. 
Portanto ao lutarem para que o Estado "liberte" esses jovens, o que esses "defensores" dos direitos humanos estão fazendo, conscientemente ou não, é aumentar a oferta de mão de obra escrava ao crime organizado. Ao deixá-los à solta e sob o domínio do crime organizado o Estado também comete por sua vez outro crime, o da negligência.
No texto em questão, o desembargador estaria fazendo uma sugestão. A de se criar o programa "Adote um preso". Assim os defensores dos direitos humanos, poderiam por em prática aquilo que defendem e ajudariam a solucionar dois problemas de uma só vez: o da superlotação carcerária e o do amparo a esses cidadãos carentes.
Não chego a esse ponto, mas eu gostaria realmente que tivéssemos gente que diz defender os direitos humanos, menos interessada na propaganda política e ideológica e mais interessada em promover e transformar essas crianças e adolescentes carentes em cidadãos plenos e com um futuro possível pela frente.

domingo, 1 de junho de 2014

República Popular do Brasil

Pouca gente prestou atenção. A imprensa quase nada comentou. As redes sociais não detectaram, mas, na calada, sem fazer alarde, sorrateiramente, a dona Dilma assinou um Decreto que, na prática, pode acabar com a democracia representativa no Brasil, instituindo a chamada "democracia direta", ou "democracia popular", que de democracia não tem nada, só o nome. Estamos caminhando rapidamente para nos tornarmos uma nova Venezuela.
Trata-se do Decreto 8.243 de 23 de maio passado. Esse decreto institui mais um poder na República, que denominam Sistema Nacional de Participação Social (SNPS). Esse sistema obedecerá às regras de uma tal Política Nacional de Participação Social, instituída pelo citado decreto. A secretaria da Presidência é quem vai "II - orientar a implementação da PNPS e do SNPS nos órgãos e entidades da administração pública federal direta e indireta;"(Artigo 7º, inciso II).
O decreto cria também um Comitê Governamental da Participação Social que irá atuar "para assessorar a Secretaria-Geral da Presidência da República no monitoramento e na implementação da PNPS e na coordenação do SNPS.". E será o Sr. Gilberto Carvalho, o agitador, quem vai dispor sobre o seu funcionamento. Simples. O governo escolherá quem fará parte do tal Comitê, que regulará o tal Sistema. Tudo dominado!

Serão criadas: Conferência Nacional, Mesa de diálogo e Consultas Públicas. Qualquer semelhança com os comitês de fábrica soviéticos será mera coincidência.
Ao que tudo indica, essa Conferência Nacional vai se sobrepor ao Congresso e mesmo ao poder Judiciário, para, na prática, legislar, mudar a Constituição e fazer o diabo (não é assim que eles fazem em épocas de eleições?). 
A poderosa decreta, Art. 12º Parágrafo único:"As conferências nacionais serão convocadas por ato normativo específico"... Então, estamos combinados! Apesar do nome, "popular", nada de povo. Ninguém será eleito, os membros serão convocados.
Aliás já existe uma instância popular máxima que é o Congresso Nacional. Ruim ou não, pelo menos seus componentes foram escolhidos por voto popular e tem mandato fixo. Para quê haveria a necessidade de se criar mais uma "representação popular"? E ainda por cima, sem voto!
As tais Mesas de Diálogo, "criadas para o aperfeiçoamento das condições e relações de trabalho " se constituirão nos próprios "sovietes". 
Mas a cereja do bolo deles é o sistema de "consultas públicas", que podem versar sobre qualquer assunto e serem convocadas quando o governo quiser. Ou seja, quando dona Dilma e o PT decidirem que é hora de mudar a Constituição, farão uma "consulta pública" ao invés de um plebiscito. E vapt, vupt. Estará implantada a República Popular do Brasil.



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