terça-feira, 28 de abril de 2015

Fechando a porta do PT

Quem diria? Marta Suplicy, inegavelmente um dos ícones do partido, sair do PT dessa forma é uma coisa que seria impensável há alguns anos. O casal Suplicy quando se filiou ao PT deu um aval de classe média alta a um partido de barbudos, que só tinha apoio dos sindicatos, de uma parte da Igreja Católica e dos estudantes.
Ter o apoio e a filiação de duas pessoas oriundas de famílias ricas e tradicionais paulistanas  (quatrocentões como se dizia) não era um trunfo dos menos importantes.  O partido precisava se firmar, precisava buscar apoio fora dos seus rincões tradicionais, senão não deslancharia como força política nacional. Ficaria incrustado no ABC, elegendo uns gatos pingados e sendo apenas considerado para compor apoios na hora das coalizões eleitorais.
Para chegar ao poder de fato, ao poder central, precisaria sair do seu reduto e conquistar a confiança e os corações de outros setores da sociedade. Por isso, talvez, tenha sido tão emblemática essa filiação. A presença de Eduardo Supicy, mas principalmente a presença de Marta, mais aguerrida, mais incisiva do que ele, dava ao partido uma cara diferente, uma cara mais reconhecível para os paulistanos de classe média. Como eram ricos, sua presença no PT, funcionava como uma "garantia" de que, se chegasse ao poder, o PT não iria "tomar o apartamento" de ninguém. Por ironia, foi o próprio PT quem fez uma alegação semelhante agora na última campanha,  dizendo ao povo que se o PSDB voltasse ao poder a comida sumiria das mesas.
Obviamente não foi isso apenas que levou o PT a conquistar corações e mentes da classe média e acabar por eleger um presidente. Mas, como na vida e principalmente na política, o importante são os símbolos, ficou no inconsciente coletivo a imagem de Marta grudada no PT.
Pois agora, Marta se vai. E sai fiel ao seu estilo, atirando para todo lado. Sai dizendo as verdades que tem que ser ditas. Sai apontando os erros do partido, erros tais que inviabilizaram a sua permanência nele. Antes dela, sairam outros emblemas, como Hélio Bicudo, Marina Silva, Plínio de Arruda Sampaio e outros que simplesmente se afastaram.
Mas a saída de Marta tem um caráter simbólico especial. Com a sua saída, em sequência à de tantos outros, e diante do maior escândalo político jamais patrocinado por partido algum na história desse país, é como se um ciclo se encerrasse. É como se Marta, ao sair, estivesse fechando a porta do PT. Bye, bye.

domingo, 26 de abril de 2015

A mística vermelha

A culpa de tudo isso que os brasileiros estão enfrentando e ainda vão enfrentar nesse ano e em 2016 é do Lula! E, claro, dos eleitores que, enganados ou não, votaram no poste indicado pelo Lula.
Mas primordialmente a culpa é do Molusco. Se ele não tivesse feito seus planos individualistas e não tivesse escolhido propositalmente uma pessoa tão despreparada e sem expressão para sucedê-lo, nada disso estaria acontecendo.
Mas, ao escolher a pessoa que menos lhe poderia fazer sombra, acabou escolhendo a menos indicada. Tudo isso em nome de projetos pessoais megalômanos, amparado por um partido nutrido pela delinquência e por delírios autocráticos.
Perderam por completo a noção das coisas, esqueceram-se que por trás de tudo e, com expectativas e necessidades, havia um país, uma nação, um povo, que não se contentaria em fazer eternamente apenas o papel de coadjuvante nessa novela de segunda classe.
Agora, que o projeto fantasioso deu errado, o prejuízo não será deles, ao contrário, será distribuído por toda a população que trabalha e produz. E não erá distribuído equitativamente, mas o peso maior cairá nas costas daqueles que menos tem, nas costas dos desprotegidos de sempre, na massa pobre que depositou suas esperanças nesse partido que pura e simplesmente as traiu, como diz, em reportagem da revista Veja dessa semana, a senadora Marta Suplicy, fundadora do PT, e que os conhece muito bem.
Agora não adianta tentarem retomar o fio da história, sairem com as bandeiras vermelhas às ruas dizendo estarem se aliando aos protestos contra a terceirização ou similares. Soa falso e é falso! Ninguém acredita mais. Acabou-se a mística do partido de massas, nascido nas bases, popular.
Sabemos agora que foi tudo por dinheiro e o dinheiro é o que continua ainda a lhes ditar os passos políticos. O recente absurdo aumento do Fundo Partidário, quando o mesmo governo que o aprova impõe uma recessão ao resto do país, é a demonstração de que o objetivo continua a ser simplesmente o vil metal, obtido por qualquer meio, por vias legais ou ilegais. Querem a sobrevivência da sigla apenas para lhes garantir a possibilidade de continuar o processo de sangria dos cofres públicos e a obtenção dos votos dos bobos que ainda acreditam na mística vermelha.

sexta-feira, 24 de abril de 2015

Genocídios

O século XX poderia ser considerado, entre outras coisas, como o século dos genocídios. Não que nunca os tivesse tido antes. Infelizmente o ser humano é de uma estupidez tal, que a história da humanidade está recheada desses horrores.
Mas o século XX inaugurou uma forma de genocídio patrocinado não por clãs ignorantes ou decorrente de disputas tribais, mas esse século trouxe à tona o genocídio praticado como política pelo Estado moderno. Inaugurou-se o genocídio sem ódio pessoal, o genocídio a sangue frio, burocrático, tal como Hannah Arendt teve a surpresa de constatar diante do nazismo. Foi o que ela chamou "a banalidade do mal" e, por cuja expressão, foi tão mal compreendida.
O século XIX vinha vindo, com a segunda revolução industrial inglesa, forjando uma idéia de "progresso contínuo" e vislumbrado a possibilidade da "paz permanente entre os povos". Seria a vitória da deusa Razão, da deusa Ciência e da deusa Tecnologia sobre o atraso e a escuridão do passado.
O Homem teria atingido seu ápice cultural e a questão que ainda demandaria esforços era globalizar essa civilização, ensiná-la aos demais povos, que ainda viveriam na ignorância e assim, todos seriam felizes para sempre.
Claro que essa mesma revolução industrial estava calcada sobre a penúria de uma classe de pessoas, mas isso também seria temporário e passageiro; o reflexo dessa revolução inglesa no outro lado do Atlântico estaria a demonstrar essa verdade. Afinal o sonho americano prometia a cada um a possibilidade de ascensão e enriquecimento, não importando mais a classe de origem, nem o nascimento.
Essa visão idílica e romântica foi brutalmente destruída no romper do século. A guerra iniciada em 1914 mais uma vez jogou por terra as ilusões de paz permanente e sua brutalidade, até então desconhecida pela humanidade, trouxe talvez pela primeira vez na história o medo do extermínio total.
O homem perdeu ali a sua "inocência" e compreendeu então que, quanto mais progredia tecnologicamente, mais rapidamente caminhava para a possibilidade da autodestruição. 
E, no meio dos troares de canhões e do uso de aeroplanos pela primeira vez como máquinas de morte, surge o fantasma do genocídio, a sombra da morte planejada e proposital de grupos étnicos inteiros como um instrumento de política de um estado.
Esse genocídio inaugural, vamos dizer assim, foi o que hoje faz um centenário. Foi o genocídio dos armênios taõ pouco falado e tão pouco conhecido.
A população armênia que vivia em território do império otomano foi sistematicamente dizimada. De 1915 a 1918 foram mortos 50% dessa população e, como consequência, começou a diáspora armênia pelo mundo. 
Infelizmente, esse genocídio foi seguido por muitos outros, desde o emblemático Holocausto até os atuais ataques do Estado Islâmico contra os djezidis e cristãos assírios e nestorianos.
A selvageria e a ignorância humanas não dão trégua, não deixam vingar o sonho de paz e prosperidade. O homem continua sendo o lobo do homem, até quando não se sabe.


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