sexta-feira, 19 de junho de 2015

Humor a favor?

É, Jô! Não sei porque mas eu sabia que um dia você ia dar uma bola fora.
O problema não é você apoiar a Dilma e achar que ela seja uma excelenta presidenta. Isso é problema e um direito seus, como um cidadão qualquer. Mas fazer em seu programa de TV a apologia do descalabro, da incompetência e da má-fé, isso não é direito seu.
Apresentar argumentos rasos, como: se foi eleito, temos que aguentar! Não é assim e você sabe disso. Quando o Collor foi defenestrado, de que lado você estava? Defendendo  a legitimidade do então presidente, tão eleito quanto a Dilma? Que você não queira a Dilma fora do Planalto é opção sua, mas não pode querer desmoralizar, com essa argumentação fajuta, quem pensa que ela deva sair.
Fiquei com a pulga atrás da orelha pensando sobre o que é que me teria sempre inspirado uma certa desconfiança em suas atitudes. Sabe o que concluí? O seguinte: durante todos os anos da ditadura militar em que muitos artistas e humoristas (até Moacyr Franco foi censurado!) foram perseguidos, presos e exilados, você passou de liso. Seu programa fez initerruptamente sucesso na TV Globo, aquela que, por apoiar a ditadura (e se apoiar nela), um dia já foi alvo da ira da esquerda.
Enquanto a censura comia solta, você encarnava papéis com o do Gandola, aquele que tinha contatos no Exército, o do Capitão Gay e até mesmo fazia humor com a condição dos exilados, na pele do personagem "Sebá, codinome Pierre",  o último exilado, que telefonava de Paris para a sua mulher Madalena no Brasil e sempre terminava com o bordão: você não quer que eu volte! E a Censura não o incomodava.
Isso não é uma acusação de nada, obviamente, mas também não é um atestado de desassombro e coragem.
Talvez seja isso, essa pulga talvez tenha tido sua origem nessa época. Por isso quando você fez esse papel ridículo achei que você tinha finalmente encontrado o seu verdadeiro personagem.
Como dizia o Guru do Méier: Só existe humor contra. O resto é armazém de secos e molhados.

Erga Omnes - O Fim do Mundo

Agora vai. Não é possível. Diante de todas as evidências de que o Capo, o Exu Nove-Dedos, enfiou a mão e o pé na jaca da maracutaia e da corrupção não seria possível que ele continuasse a pairar como uma entidade acima da lei e acima do bem e do mal.
Em nações civilizadas a Lei vale para todos. É isso o que nos ensina a Magna Carta britânica que agora faz 800 anos. A lei vale para todos e não distingue ninguém. É isso também o que nos diz o codinome da 14ª operação da Lava Jato, chamada "Erga Omnes", "contra todos", ou "vale para todos".
Portanto se queremos nos considerar uma nação civilizada há que investigar o Molusco pelos possíveis crimes que cometeu, mandou cometer e deixou que se cometesse.
Finalmente a prisão dos chefões da Odebrecht e Andrade Gutierrez devem nos levar às pistas do gato-escondido-com-o-rabo-de-fora. Se o mensalão não levou, por conta da fidelidade cumpanhera do Zé Dirceu; Se o caso Rose não chegou lá, devido à operação cala-a-boca desenvolvida rapidamente pelo faz-tudo Okamoto; agora não é crível que esses manda-chuvas de empresas como a Odebrecht e Andrade Gutierrez vão preferir tomar 50 anos de cadeia, a dedurar o Nove-dedos.
Nesse momento não há Paulo Okamoto que dê jeito. Uma coisa é um cumpanhero que não trai porque partilha do mesmo bolo desde sempre, outra coisa é uma secretária xinfrim que se locupletava pelas beiradas do poder, mas uma outra coisa muito, muito diferente, é um homem de negócios que fez negócios com a corja poderosa e agora se vê sem os negócios e sem o acesso ao poder, tendo pela frente a possibilidade de tomar alguns anos de xilindró. Só não fala se for bobo ou se for silenciado.
A PF e o Ministério Público em breve serão alvos de artilharia ainda mais pesada, mas é nessa hora que saberemos a cor dos gatos. Não serão todos pardos. Há de haver na política brasileira, por mais baixo que tenha descido, um mínimo de decência e dignidade preservados e que depois do dilúvio seria a semente do nascimento de uma nova nação. Pois parece que essa operação realmente vai nos levar ao fim-do-mundo, ao fim de um mundo que já deveria ter acabado há muito tempo, ao fim de um mundo que já não tem lugar nas nações civilizadas.
E se tiverem que cair políticos também dos partidos de oposição que caiam. E já irão tarde. Erga Omnes!
O Brasil não merece essa corja. O Brasil é maior que essa corja. Que ela acabe de vez.

sexta-feira, 12 de junho de 2015

Maioridade penal

A questão de quando um indivíduo da espécie humana pode ser considerado adulto tem respostas que variam de acordo com os tempos e os lugares. Na antiguidade clássica uma criança se tornava adulto quando já podia fecundar ou ser fecundada. Ou seja, na puberdade.
Para quem não se esperava que vivesse mais que 35 anos, 13 ou 14 anos eram perfeitamente aceitáveis como idades em que a vida adulta começava. Esse conceito, no Ocidente, se estendeu até o início do século XX, quando até então os jovens, que desde cedo eram braços produtores, logo na puberdade se tornavam também produtores de novos braços.

Com o declínio do trabalho braçal, tornou-se desnecessário empregar jovens tão cedo, a mão de obra se tornou cara e a necessidade dela cada vez menor, até mesmo na atividade rural, que cada vez mais se automatiza. Ao mesmo tempo com o surgimento de novas profissões exigindo uma especialização cada vez maior e mais tempo dedicado ao estudo e à preparação para o trabalho, criou-se uma etapa intermediária entre a infância e a maturidade, a chamada adolescência.
Nas sociedades industriais, o aumento espetacular da expectativa de vida passou a exigir como contrapartida uma taxa de fertilidade menor. As famílias passaram a ter menos membros, porque também já não eram mais necessários e às vezes se tornavam um estorvo, ao invés de uma ajuda. 
Nesse ambiente, que se intensificou nas sociedades pós-industriais altamente tecnologicas, essa etapa entre a infância e a idade adulta, considerando-a como aquela em que a pessoa está plenamente capacitada para o trabalho, passou a ser um longo período de mais de 20 anos. Nessas sociedades a idade adulta plena é atingida somente aos 30 e poucos anos de vida.
Portanto a etapa a que se dá o nome de adolescência é apenas uma construção social. Na biologia nada mudou. Um menino de 13 anos e uma meninda de 12 já podem ser férteis e portanto, no conceito "natural",  já seriam adultos. 
Nas religiões isso também fica claro. São adultos do ponto de vista religioso, para os católicos por exemplo, aqueles que já foram crismados. Para os judeus, não coincidentemente, são adultos os que já fizeram o bar-mitsvá, aos 13 anos. Ou seja, o que as religiões estão dizendo é que indivíduos da espécie humana já são plenamente conscientes dos valores morais e dos conceitos de bem e mal, de certo e errado, já a partir dessa idade. Por isso, do ponto de vista religioso, são adultos, ou seja, são responsáveis pelo que fazem e estão sujeitos à sanção religiosa e à punição divina.
Essa é a questão de fato que se discute em relação à maioridade penal. Quando é que um indivíduo pode ser plenamente responsabilizado pelos seus atos? 
Essa resposta já está dada e só não a vê quem não quer. Se aos 15 anos subiu ao trono do Império brasileiro o seu segundo chefe de Estado; se aos 16 anos a lei considera esses individuos capazes de fazer escolhas políticas das mais importantes, por que deveriam continuar inimputáveis pelos crimes que venham a cometer?
Não é à toa que a maioria de 80% da população quer a redução da maioridade penal para os 16 anos. Só não a querem aqueles que tem a consciência culpada e deformada pela pregação esquerdopata das ciências políticas e sociais. Ou aqueles que tem alguma coisa ganhar com a manutenção do "status quo" por motivos geralmente inconfessáveis.

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