sábado, 29 de maio de 2021

Idade das Trevas

Para alguns estudiosos, a História é cíclica. A teoria desenvolvida pelo historiador Reinhardt Kosseleck não foi a primeira a levantar essa hipótese. 

Karl Marx, citando Hegel, já afirmara: “Hegel observa em uma de suas obras que todos os fatos e personagens de grande importância na história do mundo ocorrem, por assim dizer, duas vezes. E esqueceu-se de acrescentar: a primeira vez como tragédia, a segunda como farsa”.

Considerando isso, estou convencido de que estamos entrando em uma nova Idade das Trevas. Os sinais estão em toda parte: fervor religioso extremo, fanatismo, negação da ciência - e até mesmo da realidade - em favor de uma narrativa mitológica (muitas vezes mitômana), regressão cultural, desvalorização do conhecimento. 

Paradoxalmente, nunca tivemos tanto domínio da tecnologia na vida diária. Da alimentação aos medicamentos, da universalização da informação às interações sociais e ao acesso físico e virtual a qualquer parte do globo rapidamente, a tecnologia está indissociável de nossas vidas. 

Ao mesmo tempo, nunca tivemos tanto medo dela. Proliferam por aí as mais estapafúrdias teorias sobre o que quer que seja. Seremos dominados pelas máquinas, a IA está controlando as nossas vidas, e por aí vão as teorias conspiratórias.

Vejamos o caso das vacinas, uma das maiores conquistas da medicina, porque evita a doença, ao invés de simplesmente lutar para curá-la ou amenizar seus efeitos. Pois não são poucas as pessoas, algumas de alto nível cultural, inclusive médicos, a propalar as maiores sandices contra a vacinação.

Outro exemplo: dominamos, ainda que incompletamente, as viagens espaciais. Temos tecnologia para mandar pessoas ou robôs a Marte. Para que isso seja possível tivemos que colocar todo o conhecimento da geofísica em ação, calcular os movimentos planetários relativos entre si, etc., etc.  Pois surge, em pleno século XXI, uma turma que não só acredita, mas desenvolve uma teoria conspiratória, a de que a Terra seja plana!

O ser humano acredita em tudo! Em pleno século XX, mata-se e se morre em nome de uma entidade abstrata, a que chamam Alá, Deus ou  Jeová. A partir daí, tudo é possível. Quem não mataria em nome de um poder mais palpável e mais concreto como um ditadorzinho local?

Concluindo: a tecnologia não melhora o animal Homo sapiens, só lhe confere maior capacidade de exercer sua ignorância e barbárie. A Idade das Trevas não nos abandona nunca.

sábado, 20 de março de 2021

Freud x Antônio Conselheiro

Desconfio muito de quem vive pregando lições de moral aos outros. Geralmente é um puritano com taras irreveláveis. Aquilo contra o qual investe, furiosamente, representa seus demônios interiores, que o atormentam diuturnamente e cujas imagens ele enxerga em tudo e em todos.

O melhor exemplo disso são os padres envolvidos com pedofilia, que, do alto dos púlpitos, geralmente, são os mais veementes e ardentes pregadores da moralidade sexual e da castidade, até que sejam descobertos!

Quanto mais fanático for o pregador, mais atolado estará nos pecados que condena. Freud explica.

Faço esse paralelo a propósito dos bolsonaristas, que vivem apelando para Deus acima disso, Deus acima daquilo. 

Autodenominam-se patriotas, excluindo dessa classificação todos os demais que não comungam da mesma cartilha aloprada. Supostamente só eles querem o bem do país e todos os seus adversários políticos representam o Mal encarnado. 

Dos que atrelam religião, então, aos seus discursos, deve-se correr léguas de distância. Falam de perdão, mas se pudessem, o atirariam ao fogo do inferno. Falam de caridade, de amor, mas ai de quem resolver criticar seus dogmas! Se tivessem poder para isso, fariam como a Inquisição.

O que mais me impressiona, entretanto, é o seu dogmatismo messiânico. Seu líder é a encarnação da perfeição humana, infalível e inatacável. Não conseguem ver nele a realidade de um político do baixo clero, inexpressivo, até cair-lhe nas mãos a bandeira anti-petista. Isso não combina com o fervor religioso.

No Brasil temos predecessores desse fenômeno. Desde Antônio Conselheiro em Canudos, esperando a volta de el-rey D.Sebastião, até o Messias Bolsonaro de agora, incluindo, é claro, o deus Lula, cada qual com seu séquito de seguidores fanáticos.

Coitado do país que precisa de um Salvador!

,

quinta-feira, 18 de março de 2021

E agora, Urubus?

Encontra-se no Youtube, um espantoso vídeo de uma "live" feita com o Roberto Jefferson, o ex-desembargador Ivan Sartori e o jornalista Paulo Enéas.

Espantoso porque Jefferson não tem papas na língua e fala o que quer e como quer e ataca os Supremo como um todo e seus membros em particular com expressões chulas, de baixo calão, e acusações graves, até de participação no crime organizado.  Não que o STF não mereça ser criticado - longe de mim essa ideia - mas diante da reação recente do ministro Alexandre de Moraes mandando prender um deputado por ter expressado opinião negativa sobre a Corte, o que fará então com Roberto Jefferson, se tiver coragem para tanto? 

Quem tiver paciência de assistí-lo na íntegra saberá do que estou falando.

Reproduzo aqui o texto recebido de uma pessoa amiga, com o qual concordo em gênero, número e grau:

O vídeo tem de mais de uma hora e o assisti todo. Destacam-se afirmações como: 
  • Democracia demais é anarquia; 
  • São 11 urubus
  • Fachin está ligado ao narcotráfico 
  • Elogio a Ustra

Roberto Jefferson tem excelente conhecimento da política no país e uma memoria privilegiada. Corajoso, como Tenório Cavalcanti, ameaçador como Lacerda,  evangélico assumido, o que não combina com a sua voz histérica e histriônica. 
Talvez pareça, sim, um pastor exorcista.

É um homem que detém segredos da República e de todos os Poderes. Sabe mais do que o cuspe acumulado no canto da boca, mais do que a saliva seca que não o intimida.

Bom orador, ameaçador, oferece um 38 para ajudar o presidente e os milicos. E revela vontade de duelar com o ex-guerrilheiro Zé Dirceu, o qual, recorda, lhe desperta "os instintos mais primitivos".

É um homem poderoso no sentido de deter segredos de autoridades. Só isso explica a sua desenvoltura.

Muito bem informado sobre o destino político do Presidente: PFL, só com a saída do traidor Major Olímpio e de outros 6; 

Por fim, lembra do cuspe do ex-deputado Jean Willys, a quem só se refere como sodomita,  em Jair Bolsonaro no dia da votação do impeachment da Dilma; e admite que o pegaria pelo colarinho e lhe quebraria os dentes , bem como rasgaria qualquer intimação dos ministros urubus. 
Me deu medo ."


A mim, medo não deu, mas curiosidade. Quero saber qual será a reação dos onze urubus, oops!, ministros. 







Seguidores do Blog

No Twitter:

Wikipedia

Resultados da pesquisa