quinta-feira, 4 de novembro de 2010

A hora da ressaca

O nosso guia está ressaqueado. Talvez por ter-lhe "caído a ficha" que seu governo acabou. Apesar de ter feito a sucessora, nada será mais como antes. Todos os olhares, todos os holofotes voltam-se para a criatura. E o criador sai, discretamente ou não, de cena. Loas serão tecidas, sua sapiência e sagacidade serão exaltadas, mas nada disso substitui aquela sensação afrodisíaca do exercício do poder. Promovido a  povo no dia 1º de janeiro, Lula ainda será um mito vivo para os seus seguidores e correligionários, claro,  mas ainda assim mito e do qual todos convenientemente se afastarão pouco a pouco em busca das novas luzes que despontam, pois  assim é a natureza humana. 


Isso talvez explique o súbito mal-humor do presidente desde o dia da eleição, com aquele discurso absolutamente despropositado. Parecia até que estava perdendo. Depois sumiu e só foi reaparecer na tal entrevista coletiva, em que não conseguiu disfarçar o ressentimento não-se-sabe-de-quê da oposição. Talvez o que doa em Lula é saber que não foi a unanimidade que gostava de imagnar que fosse. Talvez porque 60% dos eleitores não votaram em sua candidata. Talvez porque saiba que, no fundo, no fundo, jamais poderá se comparar em estatura política e intelectual ao presidente Fernando Henrique Cardoso. Talvez por antecipar que o julgamento da história não será magnânimo como foram seus áulicos e nem brando como foi a oposição. A história o julgará pela aliança com as velhas oligarquias, pela falta de escrúpulos, pela demagogia, pelo assistencialismo barato, pela roubalheira que se implantou no governo, pelo aparelhamento do estado, pela falta de perspectiva histórica, pelo autoritarismo e pelo desprezo às instituições republicanas.

Por isso tem que continuar mordendo, tem  que continuar raivoso e espumante, vociferando que quem não concorda com ele, é porque tem preconceito. Vítima de seu complexo de inferioridade, podia aproveitar o tempo ocioso que terá pela frente para fazer uma psicoterapia.  Para o país, será tarde, mas quem sabe possa se reconciliar consigo mesmo, pois com o julgamento da história não tem mais jeito.

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