quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Decifrando Lula

A esfinge vai se deixando revelar. O senador Tasso Jereissatti em seu discurso de despedida do Senado disse que ficou decepcionado com Lula: "Lula foi uma decepção em vários sentidos. Lula nos decepcionou como político, como liderança comprometida com a ética e com a honestidade, como símbolo da mudança nas relações do governo com a sociedade, do Executivo com os demais poderes e, principalmente, como esperança de algo realmente novo na vida nacional". Esses sentimentos de frustração e decepção com certeza afloraram nas mentes e corações de muitos outros brasileiros, incluindo a mim.
Também fui ingênuo em acreditar, no passado, que o PT representaria algo novo na política brasileira e que Lula, o líder operário, tal qual o "bon sauvage" de Rousseau, nos iria redimir de nossa história centenária de coronelismo, peleguismo e dominação oligárquica.
Mas, eis que, chegando ao poder, Lula e o PT nos mostraram sua verdadeira face. Ninguém se transforma naquilo que não é. Portanto, a cara que Lula e seu partido passaram a mostrar a nação, era a carantonha feia e escusa que durante tanto tempo conseguiram esconder: a cara do oportunismo, da desfaçatez, da falta de ética, do maquiavelismo político, do lobo em pele de cordeiro. A cara do próprio regime que preconizavam e que, implantado em outros países, levou tantos sers humanos à dor, ao medo, ao desespero e morte. Não à toa, o primeiro ensaio já se dava nas prefeituras, como a de Santo André e que. muito coerentemente, terminou em um crime ainda não totalmente esclarecido.
Mas Lula é ainda maior que seu partido. O partido naufragou nas marolas do escândalo do mensalão, mas ele, entregando os "cumpanheros" para não entregar a si, sobreviveu politicamente. Sobreviveu e até chegou aos píncaros da glória da popularidade, mas não convenceu nem aos adversários, nem a si mesmo, que seria o grande líder que todos gostaríamos, no passado, que fosse. Por isso, agora vai deixando o que lhe resta de máscara cair. Lula não é do PT, nem é realmente de "esquerda". O unico partido de Lula é ele mesmo. Aprendeu isso no mundo sindical e jamais esqueceu, porque isso é o que lhe deu até hoje a sobrevivência política. Lula não tem ideologia, Lula é o político de resultados: não importa quem foram os adversários de ontem, nem quem sejam os aliados de hoje, o que interessa é empalmar o poder e nele permanecer. Se amigos cairem, paciência. Se inimigos, que ontem o vilipendiavam até mesmo na sua vida pessoal, forem agora convenientes que substituam os amigos de outrora. Assim vemos o PPS que foi aliado de outras derrotas, como a de 89, tornar-se naturalmente oposição ao seu governo. E Collor e Sarney, que eram os próprios diabos encarnados, tornam-se amigos de infância. É patético ver os vídeos em que Lula vociferava contra o clã Sarney e compará-los com os atuais em que vocifera a favor do clã Sarney. Como é que essa oligarquia jurássica, conseguiu, sem gritos e sem alarde, cooptar aquele que parecia ser o seu maior inimigo político e fazê-lo seu cão de guarda, rosnando e mordendo do alto dos palanques? Sábia oligarquia e esperta. Segue à risca o ditado: " o bom cabrito não berra" e permanece sempre à espreita dos líderes sem alma aos quais possa atrair com o simulacro do poder para continuar mandando e desmandando nesses tristes trópicos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seja bem vindo! Deixe aqui seu comentário:

Seguidores do Blog

No Twitter:

Wikipedia

Resultados da pesquisa