quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Belo país, o Chile!

Santiago! A cordilheira domina tudo. Por onde quer que se dirija o olhar lá está ela, majestosa e ameçadora, como uma deusa ciumenta a proteger e a controlar a cidade. A cidade é ampla, as ruas são largas, os passeios generosos, o povo não é caloroso como o italiano, nem sorridente como o brasileiro, mas é polido, educado e não nos olha, a nós brasileiros, com o desprezo invejoso dos argentinos.
Mas dá para sentir que é um povo altivo, orgulhoso de si e de seu país, e que têm motivos para isso. Esse povo lutou para ter o que tem, sacrificou-se, mas não deixou sua história para trás e acabou encerrando nas grades o seu algoz de tantos anos. É um povo Mapuche, que jamais se entrega, jamais desiste.
É um povo que elegeu uma mulher, descasada, sem alarde algum, nem por ser mulher, nem por ser descasada, e que saiu do governo com uma popularidade altíssima sem contudo eleger seu sucessor. Acho que no Chile, ao contrário do Brasil e da Argentina, não há lugar para o populismo. Aqui, se quer um político que dirija a nação e a conduza na resolução de seus problemas. O Chile se recusa a fazer parte do Mercosul, talvez porque pressinta alí um arranjo politiqueiro que tem de tudo, menos seriedade. O Chile busca o melhor para si sem estar alinhado com ninguém. Mantém uma relação comercial especial com os Estados Unidos porque quer e lhe convém e não dá satisfação ao antiamericanismo infantil de outros países do cone sul. Não faz agrados nem a Chavez, nem a Evo Morales, não interfere na guerilha das Farc, não se alinha com a populista Kirchner, nem o fez com o demagogo Lula. Não apoiou a pretensão brasileira de sentar-se no Conselho de Segurança da ONU e nem se absteve de votar a favor de sanções contra o Irã no caso dos direitos humanos.
O Chile foi o único país das Américas a eleger democraticamente um comunista. Depois o retirou do poder, travou uma luta interna ideológica com muitos mortos dos dois lados e encerrou essa fase com a justiça atuando, prendendo, julgando e condenando os crimes cometidos pela direita militar.
E agora segue em frente, abandonando as ideologias ultrapassadas e desenvolvendo-se economicamente sem deixar parcelas de sua população para trás. Investe na educação de seus jóvens e não é à toa que pode se orgulhar de seus dois premios Nobel de literatura: Gabriela Mistral e Pablo Neruda.
O Chile deveria ser um exemplo para todos nós brasileiros de como se constroi uma nação. O Chile pode ter orgulho de sua história.

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