domingo, 13 de março de 2011

A altivez do Japão

Definitivamente o Japão não é um país de coitadinhos. Pertencendo ao único país que já sofreu um ataque nuclear (duplo!),  o povo japonês não se abateu, como não se abate também agora com essa catástrofe natural.
Isso não quer dizer que seja um povo passivo, que aceita tudo. Ao contrário, durante a Segunda Guerra provaram ser dos mais valentes, capazes dos maiores sacrifícios, até mesmo o de entregar a vida pelo seu país sem pestanejar. Depois da guerra, com o país devastado não ficaram lamentando o sofrimento. Puseram mãos à obra e construíram a segunda (agora terceira por causa da China) economia mundial, com uma população quase igual à do Brasil, mas ocupando um território 22 vezes menor, cheio de ilhas, montanhas e vulcões.
Enquanto isso, nós, República desde 1889, sem sofrer ataques de nenhum país, com um território vastíssimo, o maior manancial de água doce do mundo, a maior floresta, a maior área de terra agricultável, sem falar de outras tantas benesses que se tornaram até lugar-comum, permanecemos deitados em berço esplêndido. 
Enquanto isso,  nós, que reclamamos sem reivindicar;  que queremos direitos de mão beijada sem dar a contrapartida dos deveres, que buscamos privilégios ao invés de cidadania, que temos um cipoal de leis que não cumprimos,  mendigamos tanto, acusamos tanto outras potências de nos explorarem, jogamos tanto a culpa de nossos males nos outros ou no "destino histórico" e nada fazemos para reconstruí-lo, que já fomos conhecidos como o país dos coitadinhos. E continuamos, coletivamente, aceitando tudo que nos é impingido: ineficiência do Estado, burocracia excessiva, tributos escorchantes, corrupção dos agentes públicos, políticos da pior qualidade; e, individualmente, ficamos tentando escapar ou driblar esse estado de coisas mediante a malandragem, sonegação, propinas, ou seja, atitudes em que não se enfrenta e não se  resolve o problema.
Até quando? Até quando vamos permanecer essa nação infantil, incapaz de tomar seu próprio destino nas mãos e construir uma sociedade realmente rica, ou seja, próspera, fraterna, justa, igualitária, republicana? Até quando vamos nos recusar a crescer e enfrentar as dificuldades com altivez e determinação, como está a nos dar o exemplo o povo japonês?
Temos agora um momento histórico excepcional, e "de quebra" um bônus demográfico em que nossa população não é extremamente jovem, nem extremamente velha, ou seja, estamos no auge de nossa capacidade de trabalho e geração de riqueza. Não podemos perder essa oportunidade, mas temo que já estamos atrasados em várias áreas cruciais, em especial na educação. E sem educação, não seremos cidadãos plenos. Sem plena cidadania, não seremos capazes de exigir mudanças e tomar as rédeas do poder soberano, que teoricamente emana do povo. Nossa grande diferença para a nação nipônica está aí: na cidadania plenamente exercida com deveres e direitos sendo respeitados e cumpridos. Portanto, não pedem esmolas, mas ação legítima de governo. E não ficam a esperar, põem as mãos à obra, ajudam-se mutuamente e constroem e reconstroem seu próprio país, tantas e quantas vezes for necessário. Banzai! 万歳  

Um comentário:

  1. Gostei do blog! Tem mais um seguidor: o Fusca das charges indóceis. Se quiser, é só ir no blog e copiar uns rabiscos para reproduzir em seu inteligente blog.

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